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Prevenção ao suicídio: qual o papel dos médicos?

Prevenção ao suicídio: qual o papel dos médicos?

De acordo com dados levantados pela OMS (Organização Mundial de Saúde), mais de 700 mil pessoas morrem anualmente por suicídio, representando uma a cada 100 mortes registradas.

Os números, de fato, são extremamente preocupantes: entre 2011 e 2022, a taxa de suicídio entre jovens aumentou 6% ao ano no Brasil, segundo o estudo recente publicado na The Lancet Regional Health – Americas, conduzido pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde. Daí a grande relevância da prevenção ao suicídio (e para além do Setembro Amarelo).

Inclusive, você sabia que os médicos desempenham um papel de peso nessa iniciativa? Pois é! Nas próximas linhas, vamos abordá-lo e até mesmo explicar como os profissionais da área podem acompanhar a saúde mental dos seus pacientes — mesmo os generalistas. Continue a leitura!

Qual é o papel dos médicos na prevenção do suicídio?

A conduta suicida é considerada uma emergência médica, pois pode levar o indivíduo a produzir lesões graves contra si mesmo ou até a própria morte. A OMS, inclusive, aponta três características vistas como psicopatológicas bastante comuns no estado mental de pessoas com tendências suicidas que demandam observação e cautela: rigidez, impulsividade e ambivalência.

Diante disso, o profissional da área médica deve saber manejar as circunstâncias, o que nem sempre é uma situação fácil. No entanto, os médicos exercem um papel de grande importância na prevenção ao suicídio, não apenas instruindo e alertando a coletividade, mas também atuando no cotidiano de forma humanizada e colocando os seus pacientes em primeiro lugar.

O fato é que, independentemente da especialidade, esses profissionais tendem a fazer toda a diferença no atendimento amigável às pessoas, levando em consideração que alguns problemas de saúde podem resultar em depressão. É primordial ter em mente que a forma como os indivíduos se sentem escutados e direcionados impacta diretamente o quão se sentirão também acolhidos.

Além disso, nos casos de urgência e emergência, os profissionais devem, de imediato, reduzir os riscos, orientando aos familiares, por exemplo, quanto à remoção de objetos que possam ser usados para autolesão.

Como os médicos — generalistas ou não — podem acompanhar a saúde mental dos seus pacientes?

A melhor maneira de os profissionais da área de Medicina ajudarem no combate ao suicídio é preservando um olhar humano e também estudando e trocando ideias com outros médicos no intuito de conhecerem outros casos e aperfeiçoarem a própria forma de atendimento.

Não raramente, os pacientes com possível risco de suicídio chegam ao médico generalista com queixas diferentes daquelas que relatariam aos psiquiatras. Normalmente, o que os leva a buscar a consulta envolve queixas somáticas. Portanto, é determinante saber escutar ativamente o paciente e compreender suas eventuais motivações subjacentes.

Além disso, de forma geral, todos os pacientes que fazem menção ao suicídio têm um risco potencial e, portanto, merecem uma atenção especial. Novamente, a escuta ativa e um bom julgamento clínico se tornam decisivos.

Geralmente, o manejo se inicia ao longo da investigação de risco. Nesses casos, vale ressaltar que a abordagem verbal pode ser tão essencial (ou mais) do que a medicamentosa. A razão é simples: a partir de uma interação humanizada, o paciente tende a se sentir mais aliviado, valorizado e acolhido, o que fortalece a relação com o profissional da área médica.

Quais são os principais sinais aos quais ficar atento?

Comumente, os pacientes que chegam a cometer suicídio sofrem com transtornos comórbidos. Todos os tipos de transtornos de humor, por exemplo, vêm sendo associados ao ato. Inclusive, em episódios depressivos típicos, a pessoa geralmente apresenta:

  • humor deprimido (tristeza);
  • perda de interesse no prazer;
  • diminuição da energia (redução das atividades cotidianas e fadiga).

Inclusive, como sabemos que "prevenir é sempre o melhor remédio", também são sintomas que devem "despertar" o alerta nos médicos:

  • presença de dores em diferentes regiões do corpo;
  • distúrbios do sono;
  • irritabilidade;
  • perda de concentração;
  • ansiedade;
  • cansaço;
  • tristeza.

Mais um ponto interessante envolve o estabelecimento de um "contrato de não suicídio". Em alguns casos, trata-se de uma técnica útil na prevenção do autoextermínio, e terceiros, próximos ao paciente, podem ser envolvidos na estratégia.

A "negociação" deve promover o debate de vários aspectos relevantes, mas vale destacar que esse tipo de medida só tende a funcionar quando o indivíduo ainda mantém controle sobre as suas ações.

Quando o paciente já se encontra em tratamento psiquiátrico, o risco se torna maior naqueles que:

  • tiveram recentemente alta do hospital;
  • têm histórico de tentativas suicidas anteriores.

Quando os profissionais da área médica têm indicativos razoáveis de que o paciente pode ser um suicida em potencial, eles se veem enfrentando um grande dilema acerca de como proceder.

Há, sim, profissionais que ainda se sentem desconfortáveis em situações assim e, nesses casos, é importante que eles estejam conscientes desse sentimento e, inclusive, busquem o apoio de colegas, haja vista que é imperativo não ignorar o risco.

E, quando falamos de médicos generalistas, é essencial reconhecer quando encaminhar o paciente a um especialista, o que se faz altamente recomendável nos seguintes casos:

  • presença de doença psiquiátrica;
  • histórico de tentativas suicidas anteriores;
  • histórico familiar de suicídio, transtornos psiquiátricos ou abuso de álcool;
  • presença de doença física;
  • suporte social precário.

Nessas circunstâncias, optando pelo encaminhamento, é fundamental:

  • explicar pacientemente ao indivíduo sob cuidados a razão de fazê-lo;
  • reduzir a ansiedade e o estigma relativos às medicações psicotrópicas;
  • elucidar o quão eficazes são as terapias farmacológicas e psicológicas;
  • enfatizar que o encaminhamento ao especialista não significa "abandono";
  • agendar uma consulta com um psiquiatra;
  • dedicar um tempo ao paciente após a consulta com o especialista;
  • garantir que a relação com o paciente encaminhado continuará.

Como vimos, não só no mês se setembro, marcado pelo Setembro Amarelo, iniciativa de prevenção ao suicídio, devemos ressaltar a importância da valorização da vida. O autoextermínio é uma realidade triste que acomete indivíduos de todas as idades e classes sociais no mundo todo.

Nesse cenário, os médicos — especialistas ou generalistas — emergem como agentes importantíssimos na identificação do risco, no acolhimento humanizado e na prestação de apoio emocional, atuando também diretamente no cuidado multidisciplinar, lado a lado com outros profissionais.

Percebeu o quão valioso é o papel dos médicos na prevenção ao suicídio? Agora, aproveitando o gancho, inscreva-se na nossa newsletter gratuitamente e receba periodicamente na sua caixa de entrada as nossas novas publicações!