X Fechar
Em breve você receberá uma confirmação da assinatura da nossa newsletter por e-mail!
Oops! Algo deu errado, tente novamente.
Sem spam. Cancele a inscrição a qualquer momento.
Blog
Por que se preocupar com a saúde mental dos estudantes de Medicina?

Por que se preocupar com a saúde mental dos estudantes de Medicina?

Após os recentes casos de suicídio envolvendo futuros médicos, a saúde mental dos estudantes de medicina passou a ser um tema recorrente, tanto nas universidades quanto fora delas. Engana-se quem pensa que a alta carga de estresse termina após a faculdade. Pesquisas apontam que um a cada dois médicos sofre de depressão, sendo que esses profissionais tiram a própria vida cinco vezes mais do que a população em geral.

O problema está relacionado a uma série de fatores, como rigor acadêmico, estresse, privação do sono, alto grau de responsabilidade, fácil acesso a medicamentos, etc. Neste artigo, você vai entender por que a saúde mental dos estudantes de Medicina é um tema atual e necessário, que deve ser debatido em todas as esferas da sociedade. Confira!

A alta carga de estresse começa ainda no ensino médio

Não é exagero dizer que a pressão sobre os estudantes começa ainda no ensino médio, quando eles têm cerca de 16 anos. Isso ocorre porque a medicina é um dos cursos mais concorridos nos vestibulares. A ideia dos pais, professores e colegas, portanto, é que o aluno que deseja ingressar na área da saúde deve se esforçar mais do que os outros.

Mesmo com tanto empenho, estatísticas mostram que dificilmente um estudante vai passar no vestibular de medicina na primeira tentativa — é comum que ele faça anos de cursinho. Na Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, o número de calouros com 17 anos em 2016 representava menos de 10% do total dos recém-chegados no curso.

Universidade

Quando o futuro médico consegue entrar na universidade, ele se depara com um alto rigor acadêmico. De acordo com o pesquisador Stuart Slavin, autor do artigo “Saúde mental de alunos de medicina: cultura, ambiente e a necessidade de mudar”, as faculdades são extremamente rigorosas porque a medicina é uma profissão exigente. A ideia é que se os alunos não forem fortes para aguentar o curso, eles devem mudar de ramo.

No entanto, o pesquisador foi um dos responsáveis por implementar uma mudança curricular na Universidade de Saint Louis (EUA), em 2009. Entre as modificações, estava a redução do tempo em sala de aula. Após as medidas, as taxas de depressão caíram de 27% para 11% e o resultado dos alunos nas provas melhorou.

Problemas comuns

Além da exigência das faculdades, os estudantes enfrentam outros fatores estressantes, como alta competitividade entre eles, privação do sono por decorrência do elevado volume de estudos, contato constante com doenças e morte, entre outros. Todos esses fatores contribuem para o aumento do estresse entre os futuros médicos, condição que pode desencadear problemas psicológicos, como ansiedade e depressão.

Além disso, pesquisadores da Universidade de São Paulo afirmam que os estudantes de medicina são cheios de idealizações antes de entrarem em uma instituição de ensino. O problema é que no decorrer dos anos as esperanças pregressas vão dando lugar a uma certa desilusão.

41% dos estudantes brasileiros têm depressão

A saúde mental dos estudantes de medicina é um tema muito sério que tem rendido diversos estudos pelo mundo. Um deles é o da pesquisadora Fernanda Mayer, da Faculdade de Medicina de São Paulo, que publicou uma tese sobre o assunto. Segundo ela, cerca de 41% dos estudantes de medicina do Brasil têm depressão. Além disso, 81,7% apresentam ansiedade em algum momento da graduação. Para concluir o levantamento, foram ouvidos 1.350 alunos de 22 universidades públicas e privadas. Em alguns estados e faculdades brasileiras os números podem ser ainda mais alarmantes. Na Universidade Estadual do Maranhão, por exemplo, estima-se que quase metade dos universitários de medicina (47,5%) tenham sintomas depressivos.

Suicídio

Problemas psicológicos, alta carga de estresse e cobrança excessiva fazem surgir um outro índice preocupante: a taxa de suicídio entre os estudantes. Estudos comprovam que alunos de medicina tendem a tirar a própria vida mais do que a população em geral. São muitos os casos que atestam essa afirmativa. Em novembro de 2017, por exemplo, um aluno do primeiro período do curso se matou em uma faculdade de Belo Horizonte (MG). Dias antes, outro estudante — também de medicina — cometeu o mesmo ato. Segundo os próprios alunos, a carga de horário excessiva dos cursos está entre os principais fatores que desencadeiam problemas psicológicos nos futuros médicos.

Projeto de Lei prevê que os alunos tenham atendimento psicológico

O Projeto de Lei 157/2017, que atualmente tramita no Senado, quer obrigar as instituições públicas e privadas de ensino a fornecer atendimento psicológico gratuito aos alunos de medicina. O objetivo é assegurar assistência emocional aos estudantes.

Universidades devem se preocupar com a saúde mental de seus estudantes

Diante desses dados preocupantes, é fácil concluir que as universidades do país devem investir em programas voltados para a qualidade de vida dos estudantes. De acordo com Stuart Slavin, a maioria das faculdades que aborda o problema foca em soluções ligadas a cuidados pessoais, como incentivar os alunos a comer bem e a praticar exercícios físicos. No entanto, isso tira a responsabilidade da instituição.

Afinal, a depressão não deveria ser comum em um ambiente onde os alunos estudam, especificamente, sobre a saúde. É papel das instituições oferecer um currículo e uma carga horária mais humana, olhando o aluno como um ser com limitações e problemas.

Ajuda

Se você tem ou conhece alguém com problemas psicológicos, não deixe de procurar ajuda especializada — para você ou para seu amigo. Lembre-se de que as doenças psicológicas são tão sérias quantas as físicas. Portanto, cuide-se! Também é interessante observar o método de ensino da instituição antes de se matricular em um curso de graduação ou em uma pós.

Sempre que possível, converse com professores e antigos alunos e pergunte como é a carga de estudos na faculdade. Nem sempre a instituição com a maior carga horária será a melhor. Afinal, para ser um bom profissional, a sua própria saúde (física e mental) deve estar em dia, não é mesmo? Como pudemos ver, a saúde mental dos estudantes de medicina é uma tema muito amplo que deve ser debatido entre alunos e universidades. Por isso, compartilhe este artigo em suas redes sociais e inicie uma discussão com os seus colegas!