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31.3.2021
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A pandemia de COVID-19 mudou muito a vida de todos nós em diversos aspectos: no trabalho, nos estudos, nos espaços e momentos de lazer. Essa mudança brusca e profunda tem impacto direto sobre nossa saúde mental e física, especialmente aquelas relacionadas às medidas de isolamento social recomendadas por governos em todo o mundo como forma de evitar a disseminação do vírus causador da pandemia. A fadiga social causada pelo isolamento social, o medo sempre presente de ter a doença, perder a própria vida ou de alguma pessoa querida, o risco de desemprego causado pela piora nos índices econômicos, a falta de perspectiva para o fim da pandemia.
Todos esses sentimentos podem impactar de forma bastante perigosa o psicológico da população. Pessoas que sofrem de transtornos alimentares sentiram de forma ainda mais forte todas essas mudanças e sentimentos negativos. E elas não são poucas. Para se ter uma ideia, apenas no Brasil 4,7% da população sofre de algum transtorno de compulsão alimentar (TCA), segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo a OMS, os transtornos alimentares podem ser caracterizados como um conjunto de doenças de origem psicológica, ambiental, genética ou mesmo hereditária, que causam perturbação persistente na alimentação de uma pessoa. A anorexia, a bulimia e a compulsão alimentar são alguns dos principais transtornos alimentares que impactam a população brasileira.
Estudos recentes sugerem que pacientes com transtornos mentais sofrem ainda mais os efeitos do período de isolamento forçado pelas medidas de enfrentamento da COVID-19, como é o caso das pessoas diagnosticadas com transtornos alimentares. Embora ainda sejam estudos iniciais, já há algumas hipóteses a respeito de como alguns fatores ambientais poderiam interferir na saúde desses pacientes:
A ansiedade desencadeada pela falta de contato social pode levar muitas pessoas a um desequilíbrio bioquímico e, instintivamente, a buscar soluções em sensações de prazer rápido, como o consumo de alimentos que a pessoa mais gosta. Isso pode levar o indivíduo a comer para se sentir melhor toda vez que se sentir mal. O isolamento contribui para os chamados gatilhos emocionais que estão associados à compulsão alimentar, ao início de um quadro de sobrepeso ou até mesmo a obesidade.
Os tratamentos para quadros de transtorno alimentar não mudaram significativamente com a pandemia Continua valendo a recomendação de uma análise completa do quadro do paciente para diagnosticar o transtorno. Dependendo do caso, o tratamento pode envolver o uso de medicamentos e atendimento psicoterápico por uma equipe multidisciplinar com psiquiatra, psicólogo e nutricionista.
Em casos mais graves, em que existe a necessidade de internação, podem ser necessários um médico clínico e uma equipe de enfermagem para acompanhar de perto o paciente. Com as medidas de distanciamento social, a telemedicina tem mostrado bons resultados em diversas áreas da medicina, e não é diferente no tratamento de pacientes com transtornos alimentares. Através de teleconsultas médicos podem encaminhar pessoas com quadros de TCA para profissionais especializados mesmo à distância.
Com a pandemia a necessidade de uma educação nutricional do paciente se faz ainda mais presente. Há duas etapas no tratamento nutricional de transtornos alimentares: educacional e experimental. A educação nutricional inclui conceitos de alimentação saudável, tipos de alimentos, suas funções e fontes dos nutrientes para o corpo, recomendações nutricionais, consequências físicas e psicológicas da restrição alimentar e das purgações. Na fase experimental, o time multidisciplinar trabalha a relação do paciente com os alimentos e o seu corpo, auxiliando a pessoa a identificar os sinais naturais do corpo e a relação desses sinais com a alimentação.
Como anda a saúde do seu paciente em tempos de isolamento social?