Escrito por
Publicado em
26.4.2018
Escrito por
Equipe Afya Educação Médica
minutos
Uma das admissões mais comuns em unidades de emergência é o paciente que chega desacordado. Aplicar o protocolo adequado para o manejo dessa situação é extremamente importante, pois nem sempre é possível estabelecer o diagnóstico rapidamente. Assim, realizar a anamnese e o exame físico de forma minuciosa pode fazer toda a diferença.
Você sabe lidar com pacientes desacordados na emergência? Conhece os protocolos e consegue identificar rapidamente as medidas a serem tomadas? Então, confira o post que preparamos com as principais condutas a serem seguidas nessa situação.
É importante ressaltar que quando o paciente chega desacordado na emergência, a falta de consciência pode ser devido a uma síncope. A diminuição de irrigação sanguínea cerebral e consequente diminuição do aporte de oxigênio nesse órgão caracterizam esse quadro clínico.
A síncope é, portanto, um sintoma e não um diagnóstico. Apresenta início rápido, curta duração e recuperação espontânea.
Dessa forma, é fundamental diferenciar a síncope de outras condições como, por exemplo, complicações cardiorrespiratórias que necessitam de um manejo clínico diferente. A anamnese incorreta pode piorar a situação do paciente e informações importantes podem passar despercebidas.
O manejo desses pacientes é um desafio na emergência e, mesmo quando a etiologia não é imediatamente clara, medidas de ressuscitação, suporte e estabilização devem ser realizadas rapidamente.
Abaixo estão as 6 principais ações que devem ser tomadas nos primeiros 10 minutos em que o paciente é admitido:
Logo após checar o pulso do paciente desacordado, deve-se avaliar as vias e frequência respiratórias. Isso auxilia na diferenciação de alguma possível obstrução desse trato ou parada cardiorrespiratória.
Em seguida, a prioridade é excluir as chances de hipoglicemia, overdose e hipertensão intracraniana que podem ser rapidamente fatais. Além de checar a glicemia, uma análise minuciosa dos sinais vitais é fundamental.
Nesse exame são observados com cuidado os aspectos neurológicos, como movimentos oculares e reflexos, além de sinais respiratórios, cutâneos e aqueles que possam indicar algum tipo de trauma.
Caso seja identificado um quadro de hipoglicemia, deve-se administrar solução de soro glicosado por via intravenosa. Se houver suspeita de intoxicação, naloxona intravenosa deve ser administrada de forma gradativa e empírica. E, se for detectada aumento da pressão intracraniana, é necessário intubar e sedar o paciente imediatamente.
Desde o início da abordagem clínica, poucos minutos são necessários até chegar a este ponto. É importante reavaliar as vias aéreas, circulação e frequência respiratória.
Solicita-se, então, o exame de eletrocardiograma com 12 derivações para identificar possíveis alterações cardíacas, além do de exame ultrassom, a fim de avaliar as condições da aorta, presença de hipotensão e hemorragias.
Se houver algum achado a partir dessas avaliações, deve-se administrar fluidos específicos em caso de hipotensão. No caso de arritmias, hipercalemia ou outras alterações que forem identificadas no eletrocardiograma, gluconato de cálcio intravenoso deve ser administrado.
Uma anamnese com familiares, enfermeiros e médicos da ambulância e prontuários prévios (se disponíveis) do paciente deve ser realizada detalhadamente. Até este momento deve-se excluir as possibilidades do paciente estar desacordado devido à abstinência alcoólica, crise psicogênica não epilética ou outros distúrbios metabólicos, como a cetoacidose diabética.
Assim, coletar todas as informações possíveis contribui significativamente para estabelecer o raciocínio clínico.
Se todas as possibilidades mais graves forem descartadas até esse ponto, deve-se iniciar a antibioticoterapia empírica e solicitar o hemograma e hemocultura. A tomografia computadorizada (TC) também é importante, uma vez que imagens do sistema nervoso auxiliam em diagnósticos como a hemorragia intracraniana.
O paciente desacordado pode ser levado para a unidade de emergência devido a inúmeras causas. Desde uma síncope vasovagal (muito comum em idosos), até complicações cardiorrespiratórias que podem evoluir a óbito em pouco tempo. Por esse motivo, considerar e avaliar os problemas cardíacos inerentes ao paciente é essencial para o manejo clínico adequado.
De acordo com as diretrizes da American Heart Association (AHA), a anamnese profunda, mais uma vez, tem papel fundamental. A Organização descreve que pacientes do sexo masculino com mais de 60 anos são os mais propensos a serem admitidos desacordados em emergência quando apresentam as seguintes características:
Na emergência são comuns os casos de síncope ou perda de consciência em todas as idades. Porém, crianças e idosos são mais vulneráveis e requerem atenção especial.
Quando um paciente pediátrico é admitido desacordado, deve-se checar se ele engasgou com algum objeto ou secreção, desobstruindo a via aérea o mais rápido possível. E, caso a criança não volte a respirar, deve-se realizar a ressuscitação cardiopulmonar adequada.
A maioria dos testes neurológicos, cardíacos e físicos que se aplicam aos adultos também podem ser adotados para as crianças. Ademais, síncopes vasovagais e neurológicas são as principais causas pelas quais esses pacientes são encaminhados desacordados para o hospital.
Os idosos, no entanto, requerem um manejo mais complexo, pois o espectro clínico desses indivíduos é consideravelmente amplo. A anamnese pode ser imprecisa devido a déficits cognitivos do paciente ou informações incompletas providas pelos familiares.
Além disso, há maior probabilidade do desenvolvimento de doenças cardíacas associadas a outras comorbidades. Sendo assim, é necessário realizar uma avaliação multifatorial, considerando todos os aspectos pertinentes ao diagnóstico e manejo dos pacientes geriátricos.
Como podemos perceber, o raciocínio clínico deve ser delineado de forma cautelosa assim que o paciente desacordado chega para a equipe de saúde. Os primeiros minutos são cruciais e, se as medidas clínicas e a coleta de dados forem precisas, há maior chance de se identificar as causas e determinar um diagnóstico assertivo.
Gostou do nosso conteúdo? Que tal seguir nossas páginas nas redes sociais e permanecer atualizado quanto à publicação dos posts? Siga nossos perfis no LinkedIn, Instagram e Facebook!