Oncologia pediátrica: conheça a especialidade

Aug 13, 2025 . 9 minutos de leitura
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Veja como a oncologia pediátrica evoluiu, quais são os desafios e oportunidades para médicos.

A oncologia pediátrica é uma área da Medicina que reúne ciência, tecnologia e, principalmente, sensibilidade. Ao lidar com crianças e adolescentes diagnosticados com câncer, essa especialidade exige não apenas profundo conhecimento técnico, mas também empatia e habilidade para lidar com as famílias em momentos de grande fragilidade emocional. Essa é uma habilidade-chave.

No Brasil, a oncologia tem avançado significativamente nas últimas décadas. Novos protocolos terapêuticos, centros de referência e políticas públicas específicas têm contribuído para melhorar as taxas de sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes oncológicos.

Mas afinal, como surgiu a oncologia pediátrica? Qual é o papel do oncologista pediátrico? Como é o mercado para essa especialidade e quais são as perspectivas para o futuro? Nos próximos minutos, vamos responder a essas perguntas e mostrar por que investir nessa área pode ser uma escolha estratégica e gratificante para médicos que buscam uma carreira de impacto.

Qual é o panorama da oncologia no Brasil?

O câncer é um dos maiores desafios de saúde pública no mundo. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que mais de 700 mil novos casos de câncer ocorram no Brasil a cada ano.

Entre as crianças e adolescentes, os números são bem menores — cerca de 12 mil diagnósticos anuais —, mas ainda representam uma preocupação significativa por envolver uma faixa etária tão vulnerável.

Graças aos avanços no diagnóstico precoce, nas terapias multimodais (cirurgia, quimioterapia e radioterapia) e no suporte multidisciplinar, as taxas de sobrevida têm melhorado expressivamente. No caso dos cânceres pediátricos, cerca de 70% a 80% das crianças podem ser curadas quando recebem tratamento adequado em centros especializados.

Essa evolução reforça a importância de profissionais capacitados em oncologia pediátrica, capazes de oferecer um cuidado diferenciado que considere as particularidades do organismo infantil, os aspectos emocionais e o acompanhamento a longo prazo.

Como surgiu a oncologia pediátrica?

A oncopediatria é relativamente recente quando comparada a outras áreas da Medicina. Até meados do século XX, as crianças com câncer recebiam tratamentos adaptados dos protocolos para adultos, sem um olhar específico para suas necessidades biológicas e psicossociais.

Foi apenas a partir da década de 1960 que a oncologia pediátrica começou a se consolidar como uma especialidade própria, com pesquisas focadas em tumores típicos da infância, como leucemias, linfomas e tumores do sistema nervoso central.

Nos Estados Unidos e na Europa, surgiram os primeiros centros dedicados exclusivamente ao tratamento do câncer infantil, o que permitiu grandes avanços em protocolos terapêuticos e suporte ao paciente pediátrico.

No Brasil, os serviços especializados começaram a ser estruturados nas décadas de 1970 e 1980, principalmente em hospitais universitários e instituições filantrópicas, como o Hospital do Câncer de Barretos (atual Hospital de Amor) e o Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRAACC), em São Paulo.

Desde então, a área evoluiu de forma expressiva, incorporando novas drogas, técnicas de radioterapia mais precisas e terapias-alvo, além de cuidados integrados com equipe multidisciplinar.

Como o oncologista pediátrico atua?

O oncologista pediátrico é o médico responsável pelo diagnóstico, tratamento e acompanhamento de crianças e adolescentes com câncer. Sua atuação é ampla e vai além da prescrição de quimioterapia ou radioterapia.

Quais são as principais funções do oncologista pediátrico?

O oncologista pediátrico desempenha um papel essencial no diagnóstico e tratamento do câncer em crianças, lidando com uma série de responsabilidades que vão desde o diagnóstico até o acompanhamento pós-tratamento.

Aqui estão as principais funções desse especialista!

Diagnóstico e estadiamento do câncer infantil

O oncologista pediátrico é responsável por avaliar os sintomas apresentados pela criança e solicitar os exames laboratoriais e de imagem necessários para determinar o tipo e o estágio do tumor. Isso inclui exames como biópsias, tomografias e ressonâncias, essenciais para identificar a extensão da doença e elaborar um plano de tratamento eficaz.

Definição do plano terapêutico

Com base no diagnóstico, o oncologista pediátrico cria um plano terapêutico individualizado, levando em conta a idade da criança, o tipo de câncer e o estágio da doença. O tratamento pode incluir uma combinação de quimioterapia, radioterapia, cirurgia ou outras terapias específicas, sempre buscando a abordagem mais adequada para cada caso.

Acompanhamento dos efeitos colaterais

Durante o tratamento, é comum que as crianças apresentem efeitos colaterais, como náuseas, fadiga, imunossupressão e outros sintomas adversos causados pelos tratamentos agressivos, como a quimioterapia. O oncologista pediátrico é responsável por monitorar esses efeitos e oferecer manejo adequado para minimizar o impacto na saúde e bem-estar da criança.

Avaliação do desenvolvimento infantil

O tratamento oncológico pode afetar o crescimento e o desenvolvimento da criança, tanto fisicamente quanto psicologicamente. O oncologista pediátrico acompanha esses aspectos de perto, ajustando o tratamento conforme necessário e oferecendo suporte adicional para garantir que o desenvolvimento da criança seja o mais saudável possível durante o processo.

Orientação e acolhimento da família

O oncologista pediátrico desempenha um papel fundamental no apoio emocional à família da criança. Além de ser o responsável pela comunicação clara sobre o diagnóstico, o prognóstico e as opções de tratamento, o especialista oferece suporte psicológico e orientação contínua para ajudar os pais a lidar com as dificuldades emocionais e práticas que surgem durante o tratamento.

Reabilitação e cuidados paliativos

Em casos onde a cura não é possível, o oncologista pediátrico também atua no fornecimento de cuidados paliativos. Isso envolve aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida da criança, proporcionando conforto e apoio à família. A reabilitação também pode ser parte do processo, com foco em recuperar a funcionalidade e o bem-estar da criança, ajudando-a a se adaptar ao tratamento e suas consequências.

Além disso, o oncologista pediátrico trabalha em conjunto com uma equipe multiprofissional que inclui enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas e assistentes sociais.

Quais procedimentos o oncologista pediátrico pode realizar?

A atuação do oncologista pediátrico envolve procedimentos clínicos e, em alguns casos, acompanhamento de intervenções cirúrgicas. Entre os procedimentos mais comuns estão:

  • punção de medula óssea para diagnóstico de leucemias e linfomas;
  • biópsias de tumores para confirmação histológica;
  • implante e manejo de cateteres venosos centrais, utilizados para administração de quimioterapia;
  • prescrição e monitoramento de quimioterapia sistêmica;
  • encaminhamento e acompanhamento em cirurgias oncológicas;
  • planejamento de radioterapia em conjunto com o radioterapeuta.

Embora o oncologista pediátrico não seja necessariamente um cirurgião, ele é o responsável por coordenar todo o tratamento oncológico, garantindo que cada etapa seja integrada e segura para o paciente.

Quais são os tipos de câncer mais comuns na infância e adolescência?

A Oncologia Pediátrica difere bastante da oncologia do adulto em relação aos tipos de tumores mais prevalentes. Nos adultos, predominam os cânceres de pulmão, mama, próstata e cólon, associados a fatores ambientais e ao envelhecimento celular. Já nas crianças e adolescentes, os tumores mais frequentes têm origem embrionária ou genética.

Os principais são:

  • leucemias (principalmente leucemia linfoblástica aguda – LLA);
  • tumores do sistema nervoso central, como meduloblastoma;
  • linfomas de Hodgkin e não Hodgkin;
  • neuroblastoma, típico da primeira infância;
  • tumor de Wilms, que afeta os rins;
  • sarcomas ósseos e de partes moles, como osteossarcoma e rabdomiossarcoma.

Por isso, o oncologista pediátrico precisa ter conhecimento aprofundado nas características específicas desses tumores para oferecer o tratamento mais eficaz. Isso é essencial tanto para o sucesso na carreira médica, quanto para o bem-estar dos pacientes!

Como é a carreira na oncopediatria?

A carreira em oncologia pediátrica é desafiadora, mas extremamente gratificante. O especialista pode atuar em diferentes contextos.

Vamos conhecer alguns deles?

Hospitais de referência em oncologia

Muitos hospitais desse tipo contam com alas exclusivas para oncologia pediátrica, com equipe multidisciplinar dedicada. Afinal, os pequenos pacientes precisam de cuidados específicos e de uma equipe preparada para atendê-los.

Clínicas especializadas

Além disso, os profissionais podem trabalhar em clínicas, atendendo pacientes em regime ambulatorial ou acompanhando tratamentos prolongados.

Centros de pesquisa clínica

Outra possibilidade é trabalhar participando de estudos para desenvolvimento de novas drogas e protocolos terapêuticos.

Organizações não governamentais (ONGs)

E isso não é tudo! Eles também podem atuar atendendo crianças em situação de vulnerabilidade social que necessitam de acesso ao tratamento oncológico.

Docência e pesquisa acadêmica

Por fim, é possível contribuir para a formação de novos profissionais e para a evolução do conhecimento científico na área.

Além da atuação assistencial, muitos oncologistas pediátricos participam de comitês de ética e políticas públicas, ajudando a definir diretrizes nacionais para o tratamento do câncer infantil.

Como está o mercado de trabalho para oncologistas pediátricos?

O mercado para oncologistas pediátricos no Brasil é considerado em expansão. Isso porque:

  • ainda existe escassez de profissionais especializados em muitas regiões, principalmente fora dos grandes centros;
  • a demanda é crescente por atendimento humanizado e multidisciplinar, com foco não apenas na cura, mas também na qualidade de vida;
  • o aumento das taxas de sobrevida gera a necessidade de acompanhamento prolongado desses pacientes, o que amplia a demanda por especialistas.

Hospitais públicos, instituições filantrópicas e clínicas privadas constantemente buscam profissionais qualificados para compor suas equipes. Além disso, a área oferece oportunidades em pesquisa clínica e desenvolvimento de novas terapias, que têm ganhado destaque nos últimos anos.

Quais são as perspectivas de crescimento para a oncologia pediátrica?

As perspectivas para o futuro da Oncologia Pediátrica são muito positivas, impulsionadas por avanços científicos e tecnológicos, como as que vamos compartilhar a seguir. Confira:

Terapias-alvo e imunoterapia

Nesse contexto, novos medicamentos estão sendo desenvolvidos para atacar especificamente as células tumorais, reduzindo os efeitos colaterais.

Genômica e Medicina personalizada

Além das terapias-alvo e da imunoterapia, a análise genética dos tumores permite tratamentos cada vez mais individualizados. Essa é uma abordagem bem interessante para personalizar os protocolos.

Telemedicina e acompanhamento remoto

O uso da tecnologia facilita o monitoramento de pacientes em tratamento prolongado ou em cidades distantes dos centros de referência. Isso diminuir a necessidade de visitas presenciais e protege pacientes, especialmente os que se encontram imunossuprimidos por conta dos tratamentos.

Integração com cuidados paliativos pediátricos

Outra abordagem é a integração de cuidados, que traz maior atenção ao conforto e à qualidade de vida em casos avançados.

Projetos de políticas públicas

Por fim, esses projetos são focados na expansão do acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento especializado no SUS. E a ideia é que o assunto cresça cada vez mais!

Essas tendências indicam que a oncopediatria continuará sendo uma área estratégica e em constante evolução.

Por que investir na carreira de oncologista pediátrico?

Investir na oncologia pediátrica é uma decisão que une propósito e excelência técnica. Entre os principais motivos para seguir essa área, destacam-se:

  • impacto direto na vida de crianças e famílias, oferecendo chances reais de cura e qualidade de vida;
  • alta demanda por profissionais especializados, com oportunidades em hospitais, clínicas e centros de pesquisa;
  • contato com tecnologia de ponta, desde terapias inovadoras até exames genéticos avançados;
  • possibilidade de atuar em diferentes frentes, como assistência, pesquisa, docência e políticas públicas;
  • satisfação pessoal e profissional, por trabalhar em uma área que exige sensibilidade, empatia e resiliência.

Além disso, o oncologista pediátrico desenvolve habilidades de comunicação e liderança, fundamentais para coordenar equipes multidisciplinares e lidar com situações complexas.

Como se tornar um oncologista pediátrico?

O caminho para atuar na oncologia pediátrica geralmente envolve:

  • graduação em Medicina;
  • residência em Pediatria, com duração de 2 a 3 anos;
  • residência em Oncologia Pediátrica ou curso de aperfeiçoamento e pós-graduação em Oncopediatria;
  • obtenção do título de especialista pela Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE), por meio de prova específica.

Para médicos que já atuam na pediatria ou em áreas correlatas, uma pós-graduação médica em Oncologia Pediátrica é uma excelente forma de aprofundar os conhecimentos, atualizar-se com as melhores práticas e ampliar as oportunidades de atuação.

A Afya Educação Médica oferece programas completos de pós-graduação, com foco na prática clínica, professores renomados e conteúdo alinhado às demandas reais do mercado, preparando o profissional para atuar com segurança e excelência!

Essa é uma alternativa interessante, pois permite maior flexibilidade para os estudantes. Assim, você pode trabalhar e estudar ao mesmo tempo, conciliando melhor os dois mundos e fazendo com que a sua renda seja otimizada ao longo da preparação, algo que a residência nem sempre permite.

Como você viu, a Oncologia Pediátrica é muito mais do que uma especialidade médica: é um campo que une ciência de ponta, empatia e impacto social. O oncologista pediátrico tem a missão de oferecer diagnóstico preciso, tratamento eficaz e suporte integral para crianças e adolescentes com câncer, ajudando-os a superar uma das fases mais difíceis da vida.

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