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Obesidade pode atingir 30% dos adultos brasileiros em 8 anos

Obesidade pode atingir 30% dos adultos brasileiros em 8 anos

Não é apenas a Covid que pode se tornar uma pandemia mundial nos próximos anos. Segundo projeções do “Atlas Mundial de Obesidade de 2022”, divulgado recentemente, a obesidade é outro fator preocupante no mundo todo. A pesquisa traz dados alarmantes: em 2030, o Brasil deverá ter cerca de 30% de adultos obesos. Também em 2030, a projeção é de que o número de pessoas obesas no mundo chegue a 1 bilhão.

A obesidade é fator de risco para doenças cardiovasculares, que são a principal causa de morte no Brasil e no mundo - a exemplo de infarto e AVC -, e doenças como hipertensão (pressão alta), diabetes, problemas musculoesqueléticos, depressão e ansiedade. Os dados preocupam também em relação aos jovens brasileiros: em 2030, a prevalência de obesidade deverá ser de 22,75% entre crianças de 5 a 9 anos e de 15,71% entre crianças e jovens de 10 a 19 anos

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e publicado no Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics, por exemplo, indicou que o alto consumo de ultraprocessados - como bolachas recheadas, salgadinhos, embutidos, refrigerantes -  pode aumentar em 45% o risco de obesidade em adolescentes. 

Vale destacar que o acúmulo de gordura abdominal alerta para o risco de entupimentos em artérias, dificultando o desempenho adequado do coração e de outros órgãos. Estas células de gordura podem formar placas nas artérias e são essas placas que podem obstruir a passagem do sangue e ocasionar infarto, AVC e outras doenças. 

A questão do ‘sobrepeso’ (caracterizado pelo excesso de peso, mas numa faixa anterior à que se classifica como obesidade) já têm risco de ter taxas de glicemia, triglicérides, entre outras, alteradas - o que aumenta o risco de doenças. Mudar esse futuro que se desenha exige ações imediatas. E isso significa não apenas incentivar, mas ampliar campanhas sobre alimentação saudável e a importância de praticar atividades físicas. Também é preciso compreender que a condição tem múltiplos fatores envolvidos. Por isso, abordagens sociais e psicológicas também são importantes.

Obesidade: uma questão de saúde pública

A obesidade é considerada hoje como um problema de saúde pública, que está associado ao desenvolvimento de muitas outras doenças, como vimos acima. Ela também é responsável por mortes prematuras, reduzindo a expectativa de vida das pessoas afetadas. Espera-se que, mesmo com a ausência de políticas públicas ou privadas efetivas, a taxa de obesidade no País continue a crescer 5% ao ano (foi entre 2003 e 2019), e a prevalência poderá atingir a marca de 46%, em 2030, segundo o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).

A obesidade e seus impactos financeiros no futuro 

Por conta dessa taxa de prevalência altíssima, o IESS também encomendou estudos específicos para mostrar seu impacto na evolução dos custos. Intitulado “Cenários para o futuro: como o aumento da prevalência da obesidade entre beneficiários pode impactar a sustentabilidade da saúde suplementar”, o levantamento mostra um cenário base para 2030, tanto do crescimento do PIB per capita, quanto das despesas com saúde dos beneficiários de planos de saúde.

Como cenário alternativo, consideram-se intervenções bem-sucedidas, visando a prevalência da obesidade à metade em 2030, para 13,4% em vez de 46%. Nessa situação, a taxa de prevalência da obesidade se reduziria a 3,7% ao ano nesse período.

Com o objetivo de mostrar a tendência de aumento da prevalência da obesidade, o Fórum de Davos resolveu equipará-la a uma pandemia mundial. Se comparados com o PIB, podemos notar que os impactos são expressivos: o PIB per capita deverá crescer menos aceleradamente nesse período - com taxas mais altas, os custos assistenciais per capita devem passar de R$ 2,2 mil, em 2020, para R$ 3,1 mil, em 2030. Isso mostra um crescimento de 42%, em contraste com aumento de apenas 7,7% do PIB no período.

Mesmo que contenham certa imprecisão, esses números são bastante significativos para recomendar ações e políticas que visem a contenção e redução dessa escalada da obesidade.

O estudo adota como parâmetro que o percentual de custos atribuíveis à obesidade representa 9,3% dos gastos registrados com saúde suplementar, o que deriva do fato do número de procedimentos de cirurgias bariátricas realizados na saúde suplementar serem cinco vezes maiores que os realizados pelo SUS.

O fator ‘obesidade’ encarece custos para a saúde suplementar

Outro estudo encomendado pelo IESS, realizado pela Orizon, apresenta dados e informações de custos diretos e atribuíveis à obesidade grave e mórbida no sistema de saúde suplementar do Brasil. Revelam que o custo por beneficiário representa R$ 33 mil por ano e que 22% dos sinistros, entre 2015 e 2021, (R$ 4,8 bilhões), estão relacionados a consequências diretas com a doença.

A base do estudo contempla dados de faturamento de nove milhões de beneficiários (cerca de 19% do total de vínculos da saúde suplementar). Das 80 mil pessoas estudadas com obesidade grave ou mórbida, observou-se que 60% dos gastos das operadoras são com o público feminino e 32% masculino. Constatou-se, ainda, que o diabetes tipo 2 é a doença que mais custa para o sistema entre as comorbidades que podem ser prevenidas com a obesidade.

A importante atuação do Endocrinologista no combate à obesidade

No tratamento da obesidade, o papel do endocrinologista é crucial. Entre muitas coisas, é ele quem avaliará se o ganho de peso é potencialmente prejudicial à saúde e qual a possível causa desse aumento. Baseado no quadro de saúde completo do indivíduo, o médico pode argumentar com real embasamento quanto à importância do papel do paciente no seu próprio tratamento. Caberá também a esse profissional a eventual indicação de cirurgia como estratégia de tratamento da obesidade naquele paciente.

Como vimos neste texto, a obesidade clínica é uma questão de saúde pública com proporções epidêmicas e consequências socioeconômicas, que precisa ser urgentemente controlada. 

O papel do endocrinologista é essencial nesse controle e há uma demanda crescente por esse profissional no mercado. Se você se interessou pelo trabalho que o endocrinologista pode desenvolver no atendimento a pacientes com obesidade, considere aprimorar seus conhecimentos nessa área. 

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