O uso de APPs como forma de cuidado

Autor(a)
Dr. Guilherme Carneiro Rodrigues

Médico Editor Afya Educação Médica. Médico Oftalmologista titulado pela AMB (Associação Médica Brasileira e pelo CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia). Formação em Oftalmologia no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho – Universidade Federal do Rio de Janeiro (HUCFF-UFRJ) com Fellowship Cirúrgico em Cirurgia de Catarata no CO SC (Cirurgia Ocular São Cristóvão - Grupo Opty).

Nos últimos anos, a tecnologia tem desempenhado um papel cada vez mais crucial na promoção da saúde e para monitorar doenças, revolucionando a forma como abordamos o cuidado com o bem-estar. O uso da tecnologia para monitorar, facilitar o cuidado e melhorar a adesão aos cuidados de saúde já é uma realidade, promovendo uma melhor integração entre equipes multidisciplinares e usuário/paciente (ROCHA et al, 2017).

Os avanços constantes na área da tecnologia da informação, têm propiciado mudanças constantes e, em sua maioria, benéficas em diversas esferas do conhecimento. Destaca-se, nesse contexto, no campo da Medicina, que tem se beneficiado amplamente das oportunidades proporcionadas por esse processo. Uma das maneiras mais notáveis pelas quais a tecnologia tem impactado positivamente nossa saúde é através do desenvolvimento e uso de aplicativos de saúde.

A tecnologia possibilita o desenvolvimento e o fortalecimento de ações de educação em saúde e o gerenciamento do cuidado em saúde, pois há a possibilidade de utilização de diversos aparatos tecnológicos, a exemplo dos aplicativos instalados em dispositivos móveis, os quais podem auxiliar no desenvolvimento e na disseminação das informações de educação em saúde (ROCHA et al, 2017).

Essas poderosas ferramentas digitais oferecem uma gama de recursos que variam, desde os aplicativos que possuem a função de entretenimento, até aqueles que buscam orientar pacientes e profissionais quanto ao cuidado e manutenção da saúde, pois capacitam indivíduos a rastrear sua atividade física, monitorar sua nutrição, gerenciar medicamentos, controlar condições crônicas e, até mesmo, acessar cuidados médicos remotamente. O desenvolvimento de aplicativos com finalidade terapêutica é uma realidade que deve ser explorada em toda a sua amplitude tanto pelos pacientes quanto pela equipe multiprofissional (HEFFERNAN et al. 2016; GEORGE; DECRISTOFORO, 2016).

A utilização adequada e orientada de informações relacionadas aos cuidados de saúde desempenha um papel fundamental como uma estratégia terapêutica relevante no manejo de condições patológicas. Quando empregadas em conjunto com abordagens terapêuticas específicas, essas informações podem proporcionar vantagens significativas no tratamento, sem comprometer a qualidade do cuidado. Isso resulta em uma melhor compreensão do conhecimento por parte dos pacientes, profissionais de saúde e pesquisadores envolvidos (OLIVEIRA et al. 2016).

A utilização de aplicativos no âmbito da saúde apresenta vantagens notáveis graças aos elementos inerentes a essa tecnologia emergente, incluindo a acessibilidade, a mobilidade e a capacidade contínua de transmitir informações, frequentemente, em tempo real. Além disso, esses aplicativos incorporam recursos de multimídia e geolocalização.

Alguns deles também oferecem jogos (conhecidos como "serious games"), os quais podem ser facilmente incorporados em estratégias terapêuticas e no fornecimento de cuidados de saúde (FREE et al. 2010). Aplicativos destinados à promoção, educação e cuidados com a saúde devem ser cuidadosamente embasados em evidências científicas e teorias que harmonizem com as preferências dos usuários, visando maximizar seu engajamento e subsequente adesão aos programas a que se propõem (ROCHA et al, 2017).

Os dispositivos móveis proporcionam uma oportunidade única para coletar e monitorar remotamente os dados relacionados à saúde e ao estilo de vida dos usuários. No entanto, ainda não está claro em que medida a adesão dos participantes a essas práticas é adequada e eficaz. Alguns estudos indicam uma possível saturação no uso diário de aplicativos, especialmente entre pessoas com doenças crônicas, que, teoricamente, seriam as mais beneficiadas pelo uso desses aplicativos, uma vez que frequentemente enfrentam desafios na adesão ao acompanhamento e tratamento convencionais (SHAW et al. 2016).

Inúmeras investigações têm sido conduzidas de maneira contínua com o propósito de confirmar a eficácia de intervenções terapêuticas e estratégias de promoção da saúde por meio de aplicativos. Estes estudos desempenham um papel fundamental na orientação do desenvolvimento de aplicativos como uma opção complementar ao tratamento tradicional para pessoas que enfrentam diferentes condições de saúde, bem como na supervisão e estímulo daqueles que buscam melhorar seu bem-estar e qualidade de vida (IRVINE et al. 2015).

O uso de aplicativos promove independência para o usuário, oferecendo alternativas para a gestão de necessidades específicas que podem complementar abordagens terapêuticas tradicionais, resultando em benefícios tangíveis para o tratamento. Em muitos casos, essas soluções são economicamente acessíveis, especialmente aquelas que oferecem práticas de saúde seguras e gratuitas, alcançando um grande número de pessoas devido à sua facilidade de acesso.

Isso, por sua vez, facilita a troca de informações no ambiente virtual, permitindo que os indivíduos compartilhem experiências, pesquisas e avaliem a eficácia dessas ferramentas em relação aos seus objetivos e satisfação pessoal (IRVINE et al. 2015). Faz-se necessário conduzir novas pesquisas com o propósito de validar aspectos como autogestão, índices de adesão, retenção de usuários e utilização contínua, com o objetivo de assegurar a eficácia e os benefícios dos aplicativos direcionados à promoção da saúde (MUMMAH et al. 2016).

REFERENCIAS:

ROCHA et al,. Uso de apps para a promoção dos cuidados à saúde. III STAES. 2017.  

HEFFERNAN, K.J. et al. 2016. Guidelines and recommendations for developing interactive eHealth apps for complex messaging in health promotion. JMIR mHealth and uHealth, n.4, v.1, 2016.  

GEORGE, T.P; DECRISTOFARO, C. 2016. Use of smartphones with undergraduate nursing studentes. Journal of Nursing Education, n.7,v.55, 2016.  

OLIVEIRA, R.M. et al. 2016. Development of the tabacoquest app for computerization of data collection on smoking in psychiatric nursing. Rev. Latino-am. Enfermagem, 2016, n.24, v.e2726.  

FREE, C. et al. 2010The effectiveness of Mhealth technologies for improving health and health services: a systematic review protocol. BMC Res Notes. 3, (250), 1-7, 2010.

SHAW, R.J. et al. Mobile health devices: will patients actually use them? J Am Med Inform Assoc. v. 23, n. 3, 2016.  

IRVINE, A. B. et al. 2015. Mobile-Web app to self-manage low back pain: randomized controlled trial. J Med Internet Res., n. 17, v.1, 2015  

MUMMAH, S. A.; et al. 2016. Iterative development of Vegethon: a theory-based mobile app intervention to increase vegetable consumption. Int J Behav Nutr Phys Act., 2016.

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