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Neuroplasticidade: o que é e como funciona

Neuroplasticidade: o que é e como funciona

A neuroplasticidade é um fenômeno excepcional que ocorre no sistema nervoso e otimiza os processos fisiológicos, de recuperação e reabilitação de pacientes com sequelas neurológicas significativas.

Ao longo da evolução da Medicina, em que se acreditava que os neurônios não se regeneravam, as pesquisas vieram para mostrar que, além disso acontecer, o processo é fisiológico e pode melhorar significativamente a vida dos doentes.

Portanto, os neurologistas e neurocirurgiões monitoram a neuroplasticidade por meio de exames precisos e com tecnologias avançadas para fazerem intervenções que ajudem na recuperação dos neurônios ou reduzam as sequelas que outrora eram impossíveis.

Quer saber mais sobre como funciona a neuroplasticidade? Então, não perca as explicações a seguir!

Afinal, o que é neuroplasticidade?

A neuroplasticidade é uma capacidade de adaptação do Sistema Nervoso Central (SNC) em modificar as propriedades fisiológicas em resposta às alterações do ambiente. Isso significa que as células neuronais serão capazes de recuperar áreas cerebrais que foram lesionadas.

A lesão neuronal decorrente de sequelas de acidentes automobilísticos, doenças neurodegenerativas e motoras, destruindo uma parte neuronal funcionante que será adaptada pelas células remanescentes.

A plasticidade neural é estudada ao longo dos anos, trazendo potencialidade para funções neuronais que foram perdidas, sendo monitoradas pelos exames de imagem e eletroneurofisiológicos.

Quais são os principais tipos de neuroplasticidade?

A plasticidade neuronal pode se manifestar de diversas formas, mas você sabe quais são os principais tipos? Confira!

Plasticidade regenerativa

Trata-se de um plasticidade em que se recupera a função axonal devido a um novo crescimento dos axônios que foram lesionados e o processo é mais evidente nos nervos periféricos.

Quando ocorre uma lesão do nervo periférico, dependendo do nível de compressão dos vasos sanguíneos e da complexidade do problema, é possível que ocorra a plasticidade regenerativa e retorno gradual às atividades diárias com supervisão de profissionais.

Mas existem lesões que causam um comprometimento severo no arcabouço de sustentação, gerando uma reação inflamatória ao trauma, dificultando, nesses casos, a regeneração axonal desse conjunto.

Plasticidade somática

Esse tipo de neuroplasticidade acontece no período embrionário, para a construção do sistema nervoso, portanto não sendo influenciadas pelo ambiente externo. Ela também está relacionada a regulação, proliferação e morte dos neurônios.

A neuroplasticidade somática é importante para o equilíbrio do organismo, principalmente durante a formação do embrião, visto que algumas estruturas neurais são estabelecidas provisoriamente para que o processo ocorra de forma fisiológica.

Plasticidade axônica

A neuroplasticidade axônica ocorre entre o nascimento do bebê e perdura até os dois anos de idade. Esse processo é bastante importante visto que o sistema nervoso ainda está se desenvolvendo.

A medida que as crianças recebem novos estímulos externos, como experiências e aprendizados, além de aumentar a sociabilidade, ocorrem novas formações e prolongamento dos axônios.

Plasticidade dendrítica

Os dendritos são as pequenas ramificações dos neurônios, estruturas fundamentais para o recebimento dos estímulos nervosos. Quanto mais extensões foram surgindo dos neurônios, maior é a neuroplasticidade.

A quantidade de conexões formadas reflete no aumento do conhecimento, integração de saberes e novas reflexões a respeito de uma função neural que foi perdida em uma lesão de grande proporção.

Plasticidade sináptica

As sinapses são as formas de comunicação entre os neurônios, portanto quanto mais fortalecidas, melhor é a função neuronal subjacente. Nesse sentido, a plasticidade sináptica fortalece ou enfraquece as conexões neurais para melhor adaptação fisiológica.

Conhecida anteriormente como Sinapses de Hebb, esse tipo de plasticidade é um dos pontos chaves para melhoria da cognição ou recuperação de áreas cerebrais importantes. como percepção da fala e compreensão das palavras.

Qual é a importância da neuroplasticidade?

Saber o que é neuroplasticidade e entender sua importância ajudará o profissional  a fazer intervenções no paciente que foi diagnosticado com lesão neuronal significativa e passará por reabilitação.

Além dos fenômenos de neuroplasticidade ocorrerem ao longo dos anos, é possível observá-los também quando o indivíduo aprende um novo idioma ou busca por novas habilidades, como tocar um instrumento musical.

Acontece que em algumas condições patológicas em pacientes com depressão, com diagnóstico da síndrome do espectro autista, vítimas de acidentes vasculares encefálicos, dor do membro fantasma, entre outros, a plasticidade é estimulada.

Como a neuroplasticidade funciona na reabilitação?

Sabendo que a neuroplasticidade é um mecanismo fisiológico já esperado, é importante que o neurologista faça o diagnóstico correto da lesão, por meio dos exames mais apropriados, institua uma terapia analgésica (quando necessária) e acompanhe a evolução do quadro clínico.

Considerando os processos patológicos que ocorrem após uma lesão neural, sabe-se que as células remanescentes liberam aminoácidos e neurotransmissores, tornando-as mais excitadas e vulneráveis, consequentemente, à morte por necrose celular devido a cascata bioquímica complexa.

Contudo, os mecanismos de reparação celular ocorrem ao longo do tempo, variando entre meses e anos, que são provenientes dos diversos processos de neuroplasticidade descritos anteriormente.

O importante é identificar precocemente as lesões neuronais, tratá-las de forma eficiente e adequada, além manter as informações a respeito da evolução clínica para o paciente e seus familiares. Isso porque existem áreas lesionadas em que o processo é lento e pouco produtivo, enquanto em outras é possível visualizar grandes progressos.

Quais são os mecanismos de reparação e reabilitação do sistema nervoso?

A neuroplasticidade pode se desencadear de quatro maneiras. São elas:

  • recuperação da eficácia sináptica: realizada por meio da injeção de fármacos neuroprotetores que ajudam na criação de um ambiente favorável à recuperação das sinapses nervosas;
  • potencialização sináptica: processo que otimiza as sinapses nos pontos que não foram lesionados por meio de desvio de neurotransmissores para essa área;
  • supersensibilização de denervação: estímulo de novos receptores da membrana do neurônio pós sináptico em virtude da denervação;
  • recrutamento de sinapses silentes: estímulo de sinapses pouco funcionantes ou inativas que serão recrutadas em situações fisiológicas.

Mantenha-se atualizado!

A neuroplasticidade é um fenômeno que ocorre fisiologicamente no organismo e de forma adaptativa em decorrência de uma lesão neuronal. Nesse último caso, cabe ao profissional de saúde entender a complexidade do problema, acompanhar a evolução clínica e prover um prognóstico adequado à situação.

Por isso, é fundamental a atualização constante dos conhecimentos. E você, quer saber mais sobre assuntos dessa área? Então, não deixe de acompanhar nosso blog!