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5.3.2021
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Equipe Afya Educação Médica
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A Neuroendocrinologia é uma área da Endocrinologia que estuda as interações anatômicas e funcionais entre o sistema nervoso central e o sistema endócrino. Nosso foco principal ao estudar esse tema é a glândula hipofisária, hipófise, ou ainda, derivado do inglês, glândula pituitária.
A hipófise está localizada abaixo do hipotálamo, na base do cérebro, sendo composta de um lobo anterior, um lobo intermediário e um lobo posterior (Figura 1). Ela se conecta ao hipotálamo por meio do infundíbulo.
A hipófise anterior (adenohipófise) produz e secreta hormônios essenciais, como o hormônio do crescimento (GH), a tiroxina (TSH), o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), a prolactina e os hormônios sexuais folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH). As células secretoras predominantes na adenohipofise são as somatotróficas, células acidófilas que produzem GH.
A secreção desses hormônios é regulada principalmente por fatores hipotalâmicos (Tabela 1). A hipófise posterior (neurohipófise) secreta apenas os hormônios ocitocina e vasopressina (ADH) que são produzidos por células gliais modificadas, neurônios e processos axonais que compõem o hipotálamo.
Você sabia que a hipófise pesa cerca de 0,6g e mede aproximadamente 13 x 9 x 7 mm (T x AP x V) em adultos? Apesar de seu diminuto tamanho, a hipófise desempenha um papel fundamental na regulação de várias glândulas endócrinas.
As regiões selares e parasselares são anatomicamente complexas, de maneira que podem ser comprometidas por muitas doenças, entre elas as neoplásicas, infecciosas, granulomatosas e vasculares. Dentre as doenças neoplásicas, os tumores da adenohipófise, também chamados de adenomas hipofisários, são os principais tumores selares e representam 10-15% de todos os tumores intracranianos operados.
Outros tumores são meningioma, craniofaringioma, tumores de células germinativas, cordomas, cistos da bolsa de Rathke e as metástases. Sarcoidose, tuberculose e hipofisites são exemplos das doenças infecciosas/ granulomatosas que podem acometer a hipófise.
Os adenomas hipofisários podem ter a apresentação clínica muito diferenciada a depender do tamanho da massa selar, do tumor ser funcionante ou não funcionante e da anatomia infiltrativa da massa selar, como exemplo se há ou não invasão de seios cavernosos.
Os seios cavernosos são seios venosos da dura-máter que percorrem a sela turca bilateralmente e por onde passam alguns nervos cranianos e a artéria carótida interna. Os adenomas funcionantes apresentam geralmente o padrão do hormônio secretado em excesso, como o caso dos somatotropinomas (Acromegalia ou Gigantismo) e os prolactinomas.
Já os adenomas não funcionantes, que se apresentam geralmente como macroadenomas (lesão selar > 10mm), apresentam um padrão com sintomas neurológicos e/ou hipopituitarismo. Entre os sintomas neurológicos, os déficits visuais e a cefaléia são os mais predominantes.
Em relação ao hipopituitarismo, o hipogonadismo e o mais frequente. As demais massas selares podem promover um comportamento muito semelhante aos dos pacientes com adenomas hipofisários, principalmente os sintomas neurológicos e de hipopituitarismo.
O exame clínico do paciente associado ao rastreamento laboratorial dos hormônios hipofisários deve ser crucial para o diagnóstico, principalmente dos adenomas hipofisários funcionantes. Já o diagnóstico dos adenomas hipofisários não funcionantes se torna mais complicado, já que este é um tumor que não secreta nenhum hormônio em excesso, dificultando assim seu diagnóstico diferencial com outras massas hipofisárias.
A ressonância magnética (RM) da hipófise é o exame de escolha para a avaliação diagnóstica dessas massas selares. A tomografia computadorizada (TC) de hipófise pode ser um exame complementar, principalmente para verificar a presença de calcificações que sugerem outras lesões, menos comumente os adenomas. O diagnóstico das massas selares pode ser desafiador e, sendo assim, necessita da avaliação e do acompanhamento multidisciplinar de especialistas, com testes endocrinológicos, neurológicos e oftalmológicos.
Por Dra. Debora M. Nazato
Mestre em Endocrinologia pela Universidade Federal de São Paulo- UNIFESP.
Médica endocrinologista do Centro de Endometriose São Paulo.
Médica endocrinologista da Associação Nacional de Atenção ao Diabetes.
Professora da Pós-Médica Lato Sensu em Endocrinologia da IPEMED.
Título de Especialista em Endocrinologia e Metabologia pela SBEM.
Membro da Endocrine Society – Sociedade Americana de Endocrinologia.
Referências: