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Nem sempre é Lúpus — entenda como fazer um diagnóstico preciso

Nem sempre é Lúpus — entenda como fazer um diagnóstico preciso

Lúpus, também chamado de lúpus eritematoso sistêmico ou pela abreviação "LES", é uma doença autoimune na qual o sistema imunológico do paciente não reconhece as células do próprio organismo e começa a atacar o tecido conjuntivo presente em diversos órgãos, por meio de anticorpos e da ativação do sistema complemento, provocando dano tecidual e inflamação.

Assim, o lúpus pode acometer praticamente qualquer parte do organismo, como as articulações, pele, rim, coração, pulmões, vasos e sistema nervoso. Não há como saber se a doença se manifestará um dia e que parte será afetada caso isso aconteça.

Mas para a maioria das pessoas, o lúpus é uma doença que afeta sistemas específicos, não acometendo todos os órgãos simultaneamente. É comum que os sintomas surjam e desapareçam repetidamente, criando um ciclo com fases de surto e remissão da doença.

Você sabe quais são as causas, sinais e sintomas mais comuns no lúpus? Sabe como se dá o diagnóstico da doença e como abordá-la na anamnese? Então continue acompanhando nosso post. Vamos falar mais sobre tudo isso a seguir!

Quais são os tipos de lúpus?

O lúpus pode ser dividido em quatro tipos. São eles:

Lúpus discoide

A lesão é restrita à pele. Este tipo de lúpus é identificado pelo surgimento de lesões cutâneas eritematosas em forma de placas que frequentemente aparecem na face, na nuca ou no couro cabeludo.

Lúpus sistêmico

O lúpus sistêmico é o tipo mais comum da doença, variando da forma leve à grave. As lesões ocorrem no organismo como um todo, atingindo vários órgãos ou sistemas, não se restringindo à pele. Algumas pessoas com a forma discoide da doença evoluem para a forma sistêmica.

Os sintomas provocados por esse tipo de lúpus dependem do local das lesões, incluindo problemas de rins, coração, pulmões, além de distúrbios neuropsiquiátricos, gastrointestinais, lesões cutâneas e nas articulações.

Lúpus induzido por drogas

Algumas medicações, como os anti-inflamatórios e anticonvulsivantes, provocam uma inflamação temporária enquanto seu forem administradas, provocando sintomas semelhantes aos do lúpus sistêmico, como a chamada "síndrome lupus-like".

O mais comum é que essa síndrome ocorra após a administração de hidralazina, procainamida e difenilhidantoína, mas ela já foi associada a centenas de drogas, inclusive as utilizadas no próprio tratamento do lúpus sistêmico. O que define esse diagnóstico, no entanto, é o desaparecimento das manifestações com a suspensão do medicamento.

Lúpus neonatal

O lúpus neonatal é uma condição pouco comum que acomete filhos de mulheres com lúpus, sendo provocada por anticorpos da mãe que atravessam a placenta e afetam a criança ainda no útero. Ao nascer, o neonato pode ter erupção cutânea, alterações hepáticas, pancitopenia, leucopenia, anemia ou trombocitopenia.

Bebês com lúpus neonatal podem ainda apresentar defeitos cardíacos graves. Com exames apropriados para essa faixa etária, é possível identificar a grande parte das mães em risco, e o bebê pode ser tratado antes do parto e melhor acompanhado com o diagnóstico precoce.

Qual é a causa do lúpus?

A causa do lúpus ainda não é conhecida, apesar de muitas pesquisas na área. É provável que não exista uma causa única, mas uma combinação de fatores genéticos, ambientais e possivelmente hormonais que trabalham juntos para causar a doença.

Lúpus não é contagioso e nem causado por nenhum agente específico. Nenhum gene específico foi encontrado para explicar a doença, mas é conhecida a relação familiar de pacientes lúpicos.

Fatores de risco

  • acomete mais as mulheres;
  • afeta mais jovens e adultos, de 15 a 40 anos, apesar de poder aparecer em qualquer idade;
  • é mais frequente em afro-americanos, hispânicos e asiáticos do que em caucasianos e europeus;
  • exposição à luz solar pode ser desencadeante ou agravar uma lesão preexistente;
  • infecções podem iniciar lúpus ou provocar uma recaída em algumas pessoas;
  • exposição ao cigarro ou a sílica;
  • uso de determinados antibióticos, anti-inflamatórios, medicamentos anticonvulsivantes e anti-hipertensivos que induzem a síndrome lupus-like.

Quais são as manifestações clínicas do lúpus?

Os sinais de lúpus variam muito de acordo com a pessoa acometida. Seus sintomas podem incluir:

  • sinal da "borboleta" (eritema malar) na face, uma área escurecida no nariz e bochechas que lembram as asas de uma borboleta aberta;
  • erupção cutânea em partes mais expostas à luz solar;
  • úlceras indolores na mucosa oral e nasal;
  • artrites;
  • febre;
  • anemia, leucopenia e trombocitopenia;
  • perda de peso;
  • perda de cabelo;
  • fadiga;
  • pleurite com dor torácica ventilatório-dependente;
  • dedos roxos ou pálidos;
  • dor abdominal;
  • inflamação dos rins e proteinúria;
  • dores de cabeça;
  • alucinações;
  • depressão;
  • problemas para organizar os pensamentos;
  • problemas de memória;
  • convulsões;
  • acidente vascular encefálico;
  • coágulos sanguíneos, predispondo trombose e embolia pulmonar.


Como é feito o diagnóstico de lúpus?

O lúpus pode ser difícil de diagnosticar, à medida que os sintomas desaparecem e reaparecem e podem imitar os de muitas outras doenças. O diagnóstico é complexo e deve incluir.

Histórico médico e anamnese

Colher a história pregressa do paciente durante a anamnese é o primeiro passo para suspeitar de lúpus. É importante perguntar sobre sinais e sintomas que possam ter melhorado e não estarem presentes no momento da consulta.

Estas informações, juntamente com um exame físico e testes laboratoriais, ajudam a excluir outras doenças que podem ser confundidas com o lúpus e evita erros médicos.

Dosagem de anticorpos

O teste de fator de anticorpos antinucleares (FAN) é comumente solicitado para ajudar no diagnóstico, assim como outros anticorpos envolvidos na patofisiologia do lúpus (anti-P, anti-hemácia, antilinfócito, antiplaqueta, antifosfolipídeo e antineurônio).

Vale ressaltar, no entanto, que a maioria das pessoas com lúpus tem FAN positivo, mas outras condições médicas podem se apresentar com um teste positivo e é preciso pedir um painel detalhado para descobrir quais os anticorpos antinucleares presentes. O anti-Sm, por exemplo, é o mais específico para o LES, enquanto o anti-DNAdh está mais associado à nefrite lúpica e o anti-Ro ao lúpus neonatal.

Pontuação por sintomas

Tendo 4 ou mais dos 11 sintomas de lúpus, conforme definido abaixo pelo American College of Rheumatology, em 1982 (e revisado em 1997), é possível fechar um diagnóstico. São eles:

  1. eritema malar;
  2. fotossensibilidade;
  3. lúpus discoide;
  4. úlceras orais;
  5. artrite em, pelo menos, duas articulações;
  6. pleurite ou pericardite;
  7. anemia hemolítica com reticulocitose, leucopenia, linfopenia ou plaquetopenia;
  8. proteinúria ou cilindros celulares na urina;
  9. convulsão ou psicose;
  10. anti-DNAdh, anti-Sm ou antifosfolipídeo positivo;
  11. FAN positivo.

Em 2012, um novo sistema de pontuação foi criado pela Systemic Lupus International Collaborating Clinics (SLICC). No novo critério, o diagnóstico pode ser feito apenas com a confirmação anatomopatológica de nefrite lúpica ou com a presença de um critério imunológico em conjunto com outros três achados da doença (sendo pelo menos um deles clínico).

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