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27.2.2024
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Equipe Afya Educação Médica
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Proporcionar um atendimento de excelência não depende apenas de aspectos cognitivos, as emoções também fazem parte da relação médico-paciente. Nesse sentido, saber desenvolver ou aprimorar a Inteligência Emocional (IE) pode fazer a diferença no sucesso profissional.
Isso porque, muitas vezes, o paciente não consegue distinguir se você é um profissional tecnicamente competente ou não (embora ele geralmente parta do princípio de que você realmente seja). Contudo, ele fará um julgamento interno, classificando você como um mau ou bom médico. Nesse aspecto, é muito provável que o critério não seja o seu conhecimento, mas, sim, a sua forma de se relacionar.
É sobre isso que trataremos neste artigo. A seguir, entenda melhor o conceito de inteligência emocional, sua importância para a prática da Medicina, seus principais benefícios e como é possível desenvolvê-la. Confira!
A inteligência emocional tem sido muito comentada desde 1995, quando o psicólogo e escritor Daniel Goleman divulgou amplamente o conceito em seu livro best-seller que trata do assunto. Mas o primeiro registro desse termo foi em um artigo do psicólogo americano Hanskare Leuner (1966).
Como o próprio nome sugere, inteligência emocional se refere à habilidade de uma pessoa em conseguir identificar, compreender e gerenciar suas próprias emoções, assim como as dos outros.
Em sua obra, Goleman aponta que, para conseguir ter inteligência emocional no âmbito profissional e pessoal, é preciso obter algumas competências, tais como:
As três primeiras habilidades são mais relacionadas ao “eu” interno, por considerarem, basicamente, que uma mudança só ocorre quando se olha primeiro para dentro. Isso porque é o autoconhecimento que auxiliará no desenvolvimento das duas últimas competências. Contudo, ambas têm um sentido mais externo. Ou seja, como você consegue lidar com o mundo e com as emoções dos outros.
Ter consciência sobre seus pontos fortes e limitações ajuda a utilizar os seus recursos internos para melhorar a prática médica. Dessa forma, a inteligência emocional é de ampla importância para os médicos. A seguir, conheça os principais benefícios que a IE pode proporcionar.
Com o desenvolvimento da inteligência emocional você conseguirá perceber claramente como as emoções interferem em seu raciocínio e conduta. Contudo, essa percepção não deve ser conseguida por meio de um “arrasto emocional”, mas de uma observação distanciada e sensível sobre as próprias emoções.
Para isso, é preciso colocar as emoções e situações em perspectiva como apoio para uma análise acurada e concreta do seu estado de espírito.
O processamento cognitivo no momento do atendimento médico sofre muita interferência de motivações individuais, pressões sociais e emoções. A IE diminui a exposição a vieses cognitivos provocados por estados emocionais, ajudando-o a errar menos em diagnósticos.
Estudos mostram que a qualidade do atendimento médico é aprimorada e mais erros são eliminados quando há uma boa interação e mais satisfação do paciente em relação ao processo terapêutico, sentindo-se acolhido e atendido em suas necessidades.
O autoconhecimento obtido com o desenvolvimento de habilidades multidisciplinares proporciona uma boa relação médico-paciente. Isso impacta diretamente na comunicação e capacidade de transmitir as informações necessárias ao paciente, proporcionando segurança no atendimento e a satisfação dos pacientes.
A inteligência emocional retrata-se no equilíbrio entre demonstrar que você se importa com o seu paciente e manter a sua autoridade. A seguir, conheça alguns dos aspectos mais importantes para o seu desenvolvimento.
Muitas vezes, as emoções passam despercebidas quando estamos estressados e sobrecarregados. Podemos até acreditar que conseguimos mascarar nossos sentimentos e que ninguém vai notá-los.
Entretanto, os pacientes e demais pessoas do convívio conseguem captar o seu estado emocional. Dessa forma, eles podem perceber se você estiver frustrado ou com raiva antes mesmo que você perceba, e se assumirem como culpados. Nesse sentido, ao notar que um sentimento está gerando ações impulsivas, pergunte-se sobre o que está sentindo naquele exato momento.
Comece entendendo os sinais do seu corpo. A sua mandíbula está cerrada? O estômago parece atado? Tem cãibra no ombro? Em seguida, classifique a emoção que está por trás do desconforto. Você pode fazer uma autoanálise, por exemplo, da seguinte forma: “meus ombros estão encolhidos novamente. É possível estar mais tenso do que imaginava”.
Respire fundo duas vezes. Normalmente, isso é tudo o que você precisa para ficar concentrado. Analise se a sua fonte de estresse é temporária ou de longo prazo. Nesse último caso, determine a necessidade de mudar algo e prometa realizar a mudança após a crise passar.
Gerenciar seus próprios sentimentos te ajuda a mostrar aos pacientes mais compaixão e humildade.
A saúde das emoções também se relaciona com a sua motivação e dos membros da equipe com quem trabalha. Exemplo disso, é um estudo sobre estilos de liderança de enfermeiros chefes, apontando que o profissional que considera os sentimentos e emoções dos demais enfermeiros da equipe, é visto como o maior motivador do grupo para atingir os objetivos.
Assim, com uma boa gestão de pessoas a equipe deixa de trabalhar simplesmente por obrigação, propiciando um atendimento de qualidade e promovendo o bem-estar dos pacientes, principal objetivo de uma estrutura hospitalar ou clínica.
A linguagem corporal pode te dar pistas em relação a um paciente estressado. Gestos, como morder os lábios, torcer as mãos, assim como uma postura curvada, são sinais que podem denunciar que ele tem problemas emocionais.
Enquanto você faz a “leitura” desses sinais de maneira inconsciente, o paciente pode não perceber que você está atento a essa comunicação silenciosa. Dessa forma, é interessante verbalizá-la. Você pode dizer: “Hoje estou sentindo mais ansiedade em você que o normal. Talvez tenha algo que gostaria de me contar.”
Aqui, é importante usar afirmações em vez de perguntas, para evitar a impressão de apenas curiosidade e encorajar seu paciente a compartilhar.
Saber como desenvolver a inteligência emocional é de suma importância para os médicos.
Esperamos que as informações aqui apresentadas sirvam de base para o início de um aprofundamento sobre o autoconhecimento e o aprimoramento na relação médico-paciente e colegas de trabalho.
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