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30.12.2024
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Equipe Afya Educação Médica
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Medicina nuclear: saiba tudo sobre a área e conheça as oportunidades de crescimento e de destaque na carreira médica.
Entender o que é a Medicina Nuclear e saber como ela funciona faz toda a diferença na hora de escolher uma carreira médica. Essa especialidade permite a obtenção de diagnósticos mais rápidos e cada vez mais eficientes. Essa é uma vantagem significativa para a superação dos principais desafios das doenças modernas.
Veja, neste material, o que é a Medicina Nuclear, qual a sua utilidade e como pode trazer benefícios para a área de saúde. Ainda, entenda as vantagens de seguir carreira nesse campo e como atua o médico que investe nessa Residência Médica. Boa leitura!
Com uma multiplicidade de funções em diagnósticos médicos e tratamento, essa é uma ciência que emprega o uso de radiação para realizar exames para diversas finalidades. Tanto para definição diagnóstica quanto para acompanhamento, o uso de Medicina Nuclear tem a sua relevância. Além disso, é uma das especialidades médicas com boas projeções para o futuro.
Essa especialidade emprega materiais radioativos, em pequenas doses, não tóxicas, com a finalidade de realizar exames e tratamentos. Nesse processo, os elementos utilizados são chamados de radiofármacos, que contêm uma quantidade mínima de radiação.
Em sua aplicação na prática clínica, vale frisar que esses medicamentos têm alta eficiência. Mesmo sendo radioativos, as doses são criteriosamente balanceadas, o que torna as intervenções terapêuticas seguras e sem risco para os pacientes em tratamento.
Em vias gerais, essa área médica é utilizada em exames que permitem a aquisição de informações mais específicas, o que a torna extremamente relevante para detecção de doenças que desafiam a Medicina. Na prática, pode-se afirmar que as informações são obtidas de outro modo, com mais clareza e precisão.
Atualmente, a Medicina Nuclear é uma das especialidades médicas de grande relevância e está em plena expansão. Aliada às tecnologias diagnósticas cada vez mais rápidas e eficazes, o uso desses recursos são essenciais aos exames de imagem. Logo, essa é a melhor alternativa para otimizar a rotina médica, tratamentos e resultados.
Quem presenteou o mundo com a descoberta dos benefícios da Medicina Nuclear foi o químico húngaro George de Hevesy. Ele foi o primeiro a utilizar os radiofármacos, no ano de 1923. Na época, Hevesy iniciou um traçador natural numa experiência com remédios diversos, como parte de uma exploração biológica.
Logo depois, já em 1934, os chamados isótopos foram aplicados para o diagnóstico e complementação de estudos da fisiologia da glândula tireoide. Com o seguimento das pesquisas, logo vieram ótimos resultados.
Com o sucesso do procedimento, em 1939, os pesquisadores realizaram as primeiras aplicações terapêuticas na Medicina: começava, assim, o uso de iodo 131 para o tratamento e controle das disfunções da glândula tireoidiana.
Desde então, o mundo tem experimentado as vantagens da Medicina Nuclear em diversas demandas clínicas. No Brasil, esse campo médico está progredindo rapidamente, sobretudo em cidades que compõem o Centro-Sul. Nessa área há mais aporte tecnológico para a oferta desses serviços.
Nos últimos anos, o Governo Federal tem investido nessa área, haja vista a melhoria obtida nos diagnósticos mais precisos e tratamentos precoces. Além disso, as unidades de saúde que atuam em Medicina Nuclear, inclusive no setor privado, apresentaram os pontos que mais desafiam as instituições de saúde e que precisam de melhorias urgentes.
Confira, um fragmento do texto extraído do site do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), sobre as projeções para a área nos próximos anos:
"É desejo do ministério contribuir com o crescimento do setor, de forma a oferecer serviços de ponta à população brasileira via Sistema Único de Saúde”, afirmou o secretário de Pesquisa e Formação Científica (SEPEF/MCTI), Marcelo Morales, que falou em nome do MCTI."
Dados extraídos do link e divulgados pela Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear, apontam números interessantes. Considerando que o Brasil se encontra no patamar de umas das nações que integram o grupo dos países pobres, esse campo da saúde já conquistou destaque entre as demais especialidades médicas.
Observe:
Destacamos, também, uma citação sobre a proposta do Projeto de Lei Orçamentária aprovado no Congresso Nacional, desde 2021. Os recursos destinados para investimentos em tratamentos com Medicina Nuclear foram insuficientes, o que inviabilizou a operação anual do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).
Essa instituição é responsável pela produção de 85% dos radiofármacos consumidos no País, o que causou problemas no fornecimento nos últimos três anos. Na ocasião, a Anvisa tomou providência e aprovou a importação temporária, em caráter excepcional. A finalidade era evitar o desabastecimento nacional.
"Além disso, encontra-se em tramitação no Congresso Nacional o Projeto de Emenda à Constituição (PEC) nº 517/2010 para autorizar a produção, a comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e uso médicos. Na prática, a proposta da legislação que aguarda promulgação, visa a autorizar a produção privada de radioisótopos de uso médico e deve fortalecer a cadeia de produção, hoje concentrada no Governo Federal, por meio do IPEN." A fonte é o site do MCTI.
Há esforços no sentido de viabilizar o projeto de utilização do Reator Multipropósito Brasileiro. A execução e gerenciamento dessa ação está sob a responsabilidade da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que é uma autarquia vinculada ao MCTI.
Este é o principal empreendimento, de cunho científico e tecnológico, que pode impulsionar a área nuclear do país. A proposta é que a implantação desse sistema consiga dobrar o número de procedimentos anuais realizados em Medicina Nuclear. O objetivo é ampliar os atendimentos e economizar recursos com importação de insumos nessa área.
Diferentemente de outros procedimentos radiológicos, a Medicina Nuclear permite exames mais específicos, com uma avaliação mais aprofundada. Ou seja, por meio desse recurso, tecidos são avaliados, com maior riqueza de detalhes.
Isso possibilita a identificação de alterações, mesmo quando ainda não existem sintomas ou mudanças no corpo. Logo, o uso dessa ferramenta está revolucionando a prática médica ao proporcionar o diagnóstico muito mais precoce.
Em tese, um dos pontos mais interessantes do uso da Medicina Nuclear é a detecção de doenças ainda em estágio inicial. Nessas circunstâncias, muitas doenças com alta gravidade têm elevadas possibilidades de tratamentos mais completos, personalizados e com mais chances de cura.
Sem dúvida, o uso dos recursos que envolvem a Medicina Nuclear proporcionaram um importante avanço para a Medicina Diagnóstica. Essa área é útil desde exames simples — como um hemograma — até os que exigem tecnologia avançada com o uso de Inteligência Artificial e nanotecnologia na Medicina.
Outro aspecto relevante quanto ao uso da Medicina Nuclear é que ela pode funcionar como suporte de exames tradicionais. Ainda que suas aplicações mais conhecidas sejam voltadas para o paciente oncológico, ela pode ajudar a elucidar outras condições de diagnóstico difícil.
Nos casos de doenças graves, quando descobertas já em estado avançado, os exames podem ser direcionados para a identificação de células, tecidos e órgãos comprometidos.
Assim, é possível visualizar lesões em diferentes estágios de comprometimento, o que otimiza a conduta em diversas demandas médicas.
O diferencial da Medicina Nuclear reside no fato de essa área permitir diagnósticos mais abrangentes que os exames comuns. Enquanto os testes diagnósticos tradicionais se concentram em características anatômicas e estruturais dos tecidos, os exames com radioisótopos avaliam o comportamento metabólico de tecidos e órgãos.
Dessa maneira, os exames permitem detectar alterações funcionais e bioquímicas, mesmo antes que as alterações morfológicas apareçam. Logo, a possibilidade de identificação precoce da doença ajuda a evitar a sua progressão e eleva as chances de remissão de certos quadros.
Essa vantagem é bastante significativa: inúmeras doenças, como o câncer, são altamente radiossensíveis. Assim, os médicos podem direcionar o tratamento para a região em que as células estão alteradas.
Por características bioquímicas, as células tumorais costumam absorver o radiofármaco em padrões diferentes e distintos daquelas células consideradas normais. Nesse mecanismo, os profissionais se valem de recursos como a tomografia por emissão de pósitrons (PET/CT).
Médicos e pesquisadores dessa área defendem que o uso desse recurso deve seguir alguns critérios. O objetivo é otimizar os procedimentos, de modo que profissionais e pacientes sejam beneficiados com essa alternativa.
Vale ressaltar, entretanto, que uma das principais indicações para o uso dessa alternativa é o diagnóstico de doenças em estágios iniciais. Nessa fase, as enfermidades ainda não causaram modificações estruturais no organismo e sendo assim, não seriam detectadas em outros exames.
Contudo, o uso da Medicina Nuclear também abrange a possibilidade de identificar alterações em diversos sistemas do organismo. Entre as indicações mais relevantes se destacam:
Apesar dos avanços na área e da divulgação das informações, a Medicina Nuclear ainda é um conceito que gera certa insegurança. Isso resulta de dúvidas que surgem atreladas ao seu nome e pelos riscos relacionados a substâncias radioativas.
Porém, os procedimentos realizados nessa área são extremamente seguros. Esse patamar de segurança pode ser comprovado pelo fato de a maioria dos tratamentos não ter contraindicação. O uso para diagnósticos também é amplamente empregado.
Em termos de comparação, a aplicabilidade e os benefícios da Medicina são bem maiores que os eventuais efeitos colaterais. Ou seja, a quantidade de radiação utilizada na formulação dos radiofármacos é muito pequena. Logo, a margem de segurança é bem ampla e reduz os riscos de efeitos adversos.
Outro aspecto que deve ser considerado quanto à aplicabilidade da Medicina Nuclear é que a introdução dos radiofármacos no organismo é realizada por diferentes vias. Entre as mais comuns se destacam as medicações administradas por via oral, inalatória e intravenosa. Essa última é a mais comum.
Listamos os exames mais utilizados nesse campo. Veja quais são:
Apesar de ser mais cara, a PET é extremamente eficaz. Por meio dela, o examinador pode produzir imagens de melhor qualidade de processos, como aquelas obtidas no fluxo sanguíneo.
Outra aplicação dos medicamentos à base de radioisótopos são a radioterapia e a braquiterapia. O destaque é o tratamento mais intensivo no combate a células cancerosas, que respondem melhor aos tratamentos.
Também conhecido como PET-Scan, esse exame é realizado por um equipamento que une a tecnologia acoplada à tomografia por emissão de pósitrons (PET) e a tecnologia utilizada nos procedimentos de tomografia computadorizada (CT).
Dessa combinação, resulta imagens tridimensionais, que têm elevada resolução obtidas pelo CT. Logo, o médico nuclear pode visualizar e diferenciar tumores, massas e nódulos. Isso é possível graças ao mapeamento metabólico feito via PET.
Por isso, o PET/CT é um procedimento muito eficaz para a investigação da atividade de tumores. Por meio dessa importante ferramenta diagnóstica, os profissionais dessa área podem avaliar a eficiência dos tratamentos.
Logo, o uso da Medicina Nuclear tem sido empregada com múltiplas funcionalidades. Na prática clínica, o médico pode avaliar danos celulares em doenças cardiovasculares, bem como em anormalidades associadas a males degenerativos, como Alzheimer e outras disfunções neurais.
Como o próprio nome diz, a cintilografia é um exame de diagnóstico por imagem que necessita dos recursos da Medicina Nuclear, com base no processo de cintilação. Desse modo, esse fenômeno possibilita a formação de imagens conforme a quantidade de radiação gama emitida pelos elementos radioativos absorvidos na região em análise.
Além da PET, a cintilografia também pode ser realizada com sucesso nas investigações diagnósticas. Esse exame pode ser útil para registros de imagens mais nítidas dos rins, pulmões, cérebro, fígado e ossos. Somado a isso, o exame também é largamente empregado para a detecção de doenças que modificam o metabolismo das células, como os tumores.
Mesmo que na natureza existam milhões de isótopos radioativos, nem todos os grupos podem ser empregados na prática clínica. Por isso, a seleção de fármacos é feita de forma criteriosa, com testes e avaliações prévias, a fim de garantir a segurança do paciente.
Por protocolo, o uso desses materiais em procedimentos de Medicina Nuclear envolve alguns requisitos e normas. Para seu uso efetivo, as instituições devem estar em conformidade com a legislação e orientações da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
No uso clínico, os radioisótopos mais utilizados são aqueles que têm meia-vida curta. Isso facilita a metabolização, já que são eliminados mais rapidamente pelo organismo. Além disso, eles também são absorvidos em maior quantidade por um órgão específico e são menos tóxicos, já que liberam quantidade de radiação menor.
Entre os elementos dessa classe mais utilizados na Medicina Nuclear destacam-se:
Devido à complexidade dos tratamentos que envolvem essa área, o profissional atua, geralmente, de forma multidisciplinar. O trabalho neste campo é altamente especializado e requer a integração de profissionais da Radiologia, Pneumologia, Geriatria (se for idoso) e outros.
Na prática, os médicos especialistas nessa área utilizam técnicas avançadas de imagem e terapia. A meta é diagnosticar e tratar uma variedade de condições médicas que não seriam facilmente identificadas por outros métodos. Sendo assim, a função do especialista é orientar o paciente sobre a importância do diagnóstico precoce.
Somado a isso, a rotina diária do médico nuclear envolve atividades variadas. Grande parte delas são focadas na administração de materiais radioativos aos pacientes, bem como na análise de imagens de exames.
Os laudos são obtidos por equipamentos especializados, com o uso de radioisótopos ou não. Muitos testes, avaliações de casos e laudos dependem da colaboração integrada com outros profissionais de saúde.
Via de regra, o processo de trabalho de um especialista em Medicina Nuclear começa com a consulta do paciente. Nesse primeiro contato, o médico fará uma anamnese completa — direcionada para as suas principais queixas — e o exame físico.
Por meio de um diálogo aberto, é possível extrair o máximo de informações do paciente e avaliar o seu histórico clínico. Igualmente relevante é investigar o perfil familiar, socioeconômico e estilo de vida.
Quando o paciente já tem um histórico com tratamento dessa categoria, é possível fazer uma abordagem diferenciada a fim de tomar as decisões mais adequadas. De igual modo, é necessário discutir os sintomas, eventuais efeitos adversos do tratamento e avaliar as necessidades específicas, segundo o quadro.
Portanto, antes de iniciar exames de Medicina Nuclear ou um tratamento com radiofármacos, o ideal é manter a atenção nesses aspectos. Com essas informações, o profissional terá mais segurança para direcionar a conduta e, com isso, minimizar os riscos de iatrogenia.
Durante a realização dos exames de imagem, o médico nuclear precisa administrar uma pequena quantidade de material radioativo no corpo do paciente. Esse material tem pequenas quantidades de radiação, o que não prejudica as funções fisiológicas.
Logo após a administração do contraste, ele será parcialmente absorvido pelo corpo para que seja emitida radiação detectável pelos equipamentos.
Ao visualizar essas imagens, o especialista consegue identificar eventuais anormalidades. As mais buscadas durante o exame são tumores, doenças cardiorrespiratórias, problemas autoimunes ou distúrbios metabólicos.
O uso dos recursos de Medicina Nuclear envolvem áreas diversas, tais como a Medicina Genômica. A possibilidade de descobrir, de forma precoce, as doenças raras e complexas por meio de exames e testes rápidos estão revolucionando a saúde.
No Brasil, o caminho para se tornar um médico nuclear é semelhante às demais áreas: exige-se graduação em Medicina e diploma em uma instituição reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC). Em média, a duração do curso é de seis anos. Após essa etapa, o médico deve cursar Residência Médica ou obter o Título de Especialista na área.
Para atuar nessa área, é necessário ser aprovado no Programa de Residência Médica em Medicina Nuclear. Há diversas alternativas em hospitais e instituições de ensino, que são vinculadas ao Ministério da Educação.
Geralmente, a Residência em Medicina Nuclear dura três anos, nos quais o médico passa por treinamento prático e teórico em funções que envolvem a rotina dessa área.
Após a conclusão da Residência em Medicina Nuclear, o médico precisa fazer a prova de título de especialista em Medicina Nuclear. A prova é organizada pela Associação Médica Brasileira (AMB), em parceria com a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN). Após a aprovação neste exame, o médico receberá o título de especialista em Medicina Nuclear.
Além de ser a preferida entre os médicos devido sua assertividade, precisão diagnóstica e maior prevenção do câncer, esse nicho está em plena expansão no mercado. Vagas, cargos e salários são altamente competitivos, o que justifica a escolha pela especialização em Medicina Nuclear.
Mais do que isso: a possibilidade de trabalhar em equipes multiprofissionais favorece a empregabilidade. Por meio das ferramentas usadas em Medicina Nuclear, pode-se identificar alterações em diversos órgãos. As de maior demanda são na área de Cardiologia, Neurologia, Oncologia, além de exames osteoarticulares e infecciosos.
Portanto, a grande aplicabilidade da Medicina Nuclear possibilita que médicos possam definir, antecipadamente, quais procedimentos serão mais eficientes para iniciar um tratamento. Aliada às tecnologias médicas, essa área proporciona melhorias significativas em diagnóstico e tratamento de doenças de importância clínica e epidemiológica.
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