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6.6.2023
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Equipe Afya Educação Médica
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Dada a complexidade que envolve o trabalho na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a Medicina Intensiva é uma das especialidades de maior destaque da área médica. Quem atua neste campo detém a responsabilidade pela multidisciplinaridade em atendimentos de pacientes em situação crítica.
Sem dúvida, o atendimento em UTIs exige muita dedicação e paciência. Outro ponto essencial é ter habilidades técnicas multidisciplinares para atender os diferentes pacientes, além de capacidade para tomada de decisão rápida, uma vez que o quadro pode mudar a qualquer momento.
Se você é um médico generalista e desconfia que esse seja o seu caminho, este conteúdo pode ser útil. Saiba mais sobre essa especialidade, o que faz um médico intensivista, as áreas correlatas, as oportunidades no mercado e o que fazer para atuar em Medicina Intensiva. Boa leitura!
A Medicina Intensiva é uma das áreas mais recentes da Medicina. Ela surgiu mediante a necessidade de tratar, de forma mais intensa, os pacientes em estado crítico. Essa área se aprimorou muito nos últimos anos, sobretudo com a chegada de mais recursos tecnológicos aplicáveis à prática clínica.
A cada vez mais, a tecnologia médica se recicla e passa a oferecer mais recursos voltados para o suporte básico de vida e falência grave de órgãos. Nesse contexto, o objetivo da Medicina Intensiva é melhorar o atendimento dos pacientes críticos, de modo que eles tenham mais chance de sobrevivência e de reabilitação da saúde.
A pandemia de Covid-19 impôs diversos desafios a todas as áreas da sociedade. Na Medicina, houve um período crítico e muito desafiador, diante da dificuldade de lidar com algo novo e capaz de interferir na sobrevivência dos pacientes internados. Contudo, com ajuda de profissionais de diversas áreas médicas foi possível superar a crise sanitária.
Perante de um vírus desconhecido, muitos médicos intensivistas tiveram que se dedicar, com exclusividade, ao atendimento de pacientes infectados. Hoje, porém, o cenário é outro: mesmo que as variantes desafiem a Saúde Pública, sabe-se que a Covid-19 pode ser tratada como uma pneumonia viral ou outra doença respiratória bacteriana.
Entre todos os desafios e emblemas que a recente pandemia representa, pode-se dizer que o coronavírus deixou um legado positivo para a Medicina Intensiva. A luta contra os impactos da doença serviu para humanizar e aproximar as pessoas dessa especialidade.
Assim, durante a pandemia, o médico intensivista foi considerado essencial para a controlar a rotina dentro de qualquer UTI. Com isso, a demanda pelo profissional cresceu bastante, o que tornou a Medicina Intensiva uma das áreas médicas mais procuradas pelos médicos recém-formados.
A atuação do médico intensivista é centrada no cuidado e atenção de pacientes gravemente enfermos. Além da gravidade do quadro, muitos pacientes apresentam alto grau de limitação ou dependência. Em hospitais maiores, geralmente, a rotina é apertada, pois há demanda durante 24 horas por dia.
Em geral, esse é o profissional que se envolve em todos os aspectos relacionados aos cuidados do paciente crítico, objetivando a sua reabilitação. Entre outras atribuições, o médico intensivista lidera a equipe multidisciplinar que trabalha na UTI, ao passo que também age como interlocutor entre os especialistas de outras áreas.
O médico intensivista também interage com a coordenação de profissionais da Enfermagem, de outras equipes médicas e com os familiares dos pacientes. Nesse sentido, um dos maiores desafios é lidar com as adversidades que surgem quando o quadro piora, principalmente quando se precisa tomar decisões que podem salvar o paciente ou não.
Portanto, o profissional desse campo atua em uma rotina que requer muita empatia, resiliência e paciência. Em geral, os pacientes dependem de muitos cuidados, pois apresentam aspectos críticos e prognósticos que exigem atenção constante.
Em geral, a rotina do médico intensivista costuma se iniciar com uma visita a todos os pacientes internados na unidade. Como parte do trabalho diário, é preciso revisar o quadro clínico de cada um, monitorar exames e verificar o plano de tratamento.
Todos os dias, essa rotina se repete. Ela ocorre sempre de forma individualizada, já que os casos são diferentes, assim como a história clínica e a evolução dos quadros. Além do médico intensivista, o paciente da UTI tem assistência de outras equipes como Enfermagem, Fisioterapia, Medicina Ocupacional, Psicologia e outras.
Pacientes com doenças muito graves são sempre um desafio, pois a evolução para melhora ou piora depende de diferentes fatores. Entre eles, a presença ou não de comorbidades e a decisão médica pela melhor conduta fazem toda a diferença.
Portanto, a rotina do médico que atua na Medicina Intensiva é bastante movimentada e desafiadora. Geralmente, o dia começa e termina com uma rodada de visitas nos leitos para revisão dos casos, além da elaboração e acompanhamento de um plano de tratamento centrado nas necessidades específicas de cada paciente.
Destacamos alguns dos procedimentos comumente realizados pelo médico intensivista, Confira:
Nesta especialidade médica, há diversas possibilidades de áreas de atuação. Quem faz uma Pós-graduação médica ou residência em Medicina Intensiva recebe treinamento adequado durante a formação e, assim, consegue lidar com variados perfis de pacientes em UTIs.
Os serviços de UTI podem ser gerais ou especializados. Listamos algumas atuações nas quais o médico intensivista consegue atuar. Conheça:
O primeiro passo para que você possa escolher uma boa pós-graduação médica é entender o mercado. Conforme o crescimento observado na demanda por médicos intensivistas, a projeção para os próximos anos é bastante positiva.
Tanto nas capitais brasileiras quanto nas cidades mais distantes, a estimativa é que haja um aumento da procura por essa especialidade. Em vista disso, os médicos generalistas ou recém-formados que almejam atuar nessa especialidade devem procurar cursos específicos na área.
Além da formação técnica, que pode ser adquirida em uma pós médica em Medicina Intensiva, a especialidade requer algumas habilidades comportamentais, as famosas soft skills. Por lidar com profissionais de outras áreas, é preciso ter uma boa comunicação e saber trabalhar em equipe.
Por fim, a capacidade de resiliência também é essencial. Os profissionais que atuam em UTIs têm um grande número de vidas em risco que estão sob seus cuidados, tornando o dia a dia bastante estressante.
A exposição contínua a situações desafiadoras certamente é um dos maiores desafios para os médicos intensivistas. Contudo, o aumento do estresse ocupacional tem relação com outros fatores, a saber:
Por isso, os profissionais da área devem tomar cuidados para manter a própria saúde, mental e física. É preciso priorizar o descanso, boas horas de sono, uma alimentação balanceada e a prática de atividades físicas.
Em todas as regiões brasileiras, mesmo antes da Covid-19, já havia escassez desses profissionais no mercado de trabalho da Medicina. Com a doença, o cenário piorou. Conforme o último relatório Demografia Médica no Brasil, divulgado em 2023, existem apenas 8.091 médicos especialistas nessa área.
A maioria dos especialistas em Medicina Intensiva atua nas regiões Sul e Sudeste, sobretudo nos grandes centros urbanos como São Paulo e Rio de Janeiro. Com isso, a demanda por esse profissional é enorme nas demais regiões do país, o que pode representar excelentes oportunidades nessa carreira médica,
Outro aspecto positivo que reflete amplamente as oportunidades de trabalho para os médicos intensivistas é a obrigatoriedade desta especialidade nas UTIs. Afinal, eles precisam estar presentes em todas as unidades hospitalares que oferecem leitos para pacientes em estado crítico.
Outro setor que contrata médicos intensivistas quando os socorristas ou médicos emergencistas não suprem a demanda é o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Nessas circunstâncias, é comum que todos os pós-graduados na área tenham chances de ingressar rapidamente no mercado de trabalho.
Portanto, é possível selecionar as melhores oportunidades do mercado e driblar as dificuldades. Mesmo que a Medicina Intensiva seja desafiadora, o especialista encontra ótimas oportunidades em instituições que oferecem bons salários e valorizam o profissional. Na verdade, sempre há espaço para quem se dedica à profissão e tem uma boa formação médica.
Quando comparada às outras especialidades, é possível observar que a Medicina Intensiva oferece uma boa remuneração desde o início da carreira. Obviamente, os salários dependem de algumas variáveis, tais como o tipo de contratação, o local e tamanho da instituição e carga horária semanal.
Contudo, a média salarial é atrativa, mesmo em hospitais de municípios menores. Conforme informações extraídas do site salario.com.br, entre março de 2022 e março de 2023, os valores médios pagos para a categoria foram os seguintes:
Sem dúvida, os médicos intensivistas prestam a assistência especializada e o suporte necessário à reabilitação dos pacientes com doenças potencialmente recuperáveis. Nesse contexto, eles são peças-chave nas UTIs e, pela complexidade característica da rotina, ocupam um cargo de grande responsabilidade.
Pela demanda nos hospitais, o ideal seria que o Brasil tivesse maior disponibilidade de profissionais dessa área. Pelo menos de cinco a seis vezes mais que a quantidade de médicos intensivistas que atuam em território nacional.
Mesmo no Sudeste e Sul, onde a maior parte desses profissionais está concentrada, há carência desses médicos. Nessas regiões há mais poluição, mais acidentes automobilísticos e a expectativa de vida é mais alta. Com isso, há mais pacientes com traumas, problemas respiratórios e doenças crônicas com evolução grave.
Nas demais regiões do país — Norte, Centro-Oeste e Nordeste —, a carência de profissionais de Medicina Intensiva é ainda maior. Consequentemente, há maiores possibilidades de conseguir melhor remuneração trabalhando menos horas se comparado às grandes metrópoles do Sul-Sudeste.
Cursar uma pós-graduação em Medicina Intensiva é o caminho mais seguro para atuar na área. O curso oferece as bases teóricas e práticas sobre os principais aspectos relacionados à atuação médica nos cuidados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), considerando a complexidade dos pacientes críticos e as evidências relacionadas aos diagnósticos e terapêuticas.
Na formação, a grade curricular deve contemplar conhecimentos nas mais diversas áreas médicas. As principais são a Neurologia, Cardiologia, Pneumologia, Infectologia, Traumatologia e Cardiologia,
Além disso, após finalizado o curso e cumpridos os requisitos, o médico pode realizar a prova de título e, se, aprovado, obter o TEMI - Título de Especialista em Medicina Intensiva, tornando-se um especialista com RQE.
Destacamos que houve uma importante mudança quanto à formação em em Medicina Intensiva. O caminho para se tornar médico intensivista era mais longo: após a graduação, o médico precisava cursar uma área básica — como Cirurgia Geral, por exemplo — para depois ingressar na Medicina Intensiva.
Porém, em abril de 2021, a especialidade passou a ser por acesso direto — sem pré-requisito — e com duração de 3 anos. Essa decisão foi oficializada e divulgada no Diário Oficial da União. Com a aprovação da mudança, as novas regras entraram em vigor em 1º de julho de 2021.
Gostou de conhecer um pouco mais sobre a Medicina Intensiva?
Na hora de escolher a especialidade médica a seguir, é preciso entender o seu perfil profissional e também analisar o mercado nas áreas que te interessam. Decerto, a Medicina Intensiva é uma das áreas mais desafiadoras, mas que apresenta diversas vantagens em relação às demais especialidades.
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