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24.9.2024
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Equipe Afya Educação Médica
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A Medicina Integrativa é uma forma diferenciada de tratar diversos tipos de doenças, e vem ganhando relevância. O aumento no interesse é devido a um crescente reconhecimento de que a saúde não é apenas a ausência de doença, mas um estado de completo bem-estar físico, mental e social.
É nesse sentido que a Medicina Integrativa consegue mostrar todo o seu potencial, oferecendo uma perspectiva ampliada e mais humana sobre o cuidado com a saúde. Mas você sabe exatamente o que ela significa e como funciona?
Neste artigo, saiba quais são os desafios das doenças modernas e entenda melhor o conceito de Medicina Integrativa, seus princípios e vantagens para os pacientes e profissionais da saúde. Veja também o que é preciso para implementar os tratamentos integrativos em clínicas, consultórios e hospitais. Boa leitura!
Estamos vivendo em uma era de rápidos e constantes avanços tecnológicos, que traz facilidades e benefícios para o nosso dia a dia. No entanto, esse estilo de vida acelerado e altamente conectado também traz uma série de alterações na saúde conhecidas como “doenças da modernidade”.
Elas são diretamente provocadas pelo nosso estilo de vida contemporâneo, com rotinas de trabalho muitas vezes exaustivas, estresse crônico, autocobrança, problemas financeiros, sedentarismo, alimentação inadequada e uma exposição excessiva a dispositivos eletrônicos.
As doenças mentais, como burnout, ansiedade, depressão e síndrome do pânico, têm se manifestado com maior frequência na sociedade moderna. Essas condições têm como principais causas o modo de vida acelerado, bem como a falta de suporte emocional. Outras, como diabetes tipo 2, obesidade, hipertensão e acidente vascular cerebral, também apresentaram um aumento significativo nos últimos tempos.
Nesse contexto, a Medicina tradicional já não consegue dar todo o suporte necessário, exigindo uma visão mais ampla do paciente. É aí que a Medicina Integrativa mostra toda a sua relevância, proporcionando tratamentos diversificados por meio de uma equipe multiprofissional, visando o desenvolvimento de planos de tratamento personalizados.
A denominação "Medicina Integrativa" (MI) foi criada no final da década de 1990, para identificar um novo modelo de saúde baseado no cuidado integral dos pacientes, com uma abordagem holística.
Em 2017, a unidade técnica de Medicina Tradicional e Complementar da Organização Mundial da Saúde (OMS) adotou esse termo para classificar as abordagens integrativas na medicina convencional em relação aos conhecimentos, políticas e práticas.
A partir disso, a Medicina Integrativa vem ganhando espaço na área da saúde, sendo considerada uma prática médica que reafirma a importância da relação paciente-profissional de saúde, tendo como foco a pessoa em sua totalidade.
Dessa forma, quando um paciente apresenta algum sintoma, o olhar do profissional de saúde deve se voltar para o todo. Isso inclui fatores físicos, emocionais, espirituais, sociais e ambientais que podem afetar a saúde de uma pessoa.
Para enfrentar as diferentes condições que os pacientes podem apresentar, essa abordagem inclui terapias complementares, como acupuntura, meditação, fitoterapia e nutrição, utilizadas em conjunto com tratamentos médicos tradicionais. O principal objetivo é melhorar a qualidade de vida e a adesão ao tratamento.
Nesse sentido, é fundamental ter em mente que outros profissionais (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas etc.), podem contribuir para fazer um tratamento em conjunto, objetivando melhorias na saúde dos pacientes.
A importância da Medicina Integrativa é traduzida em sua capacidade de empoderar os pacientes, fazendo com que eles se tornem agentes ativos no processo de cura. Isso é possível, por ser uma abordagem que promove mudanças no estilo de vida e incorpora práticas de bem-estar. Dessa forma, ajuda a prevenir doenças e a gerenciar condições crônicas de maneira mais objetiva e eficaz.
Além disso, a integração de terapias complementares consegue reduzir os efeitos colaterais dos tratamentos convencionais e proporcionar um alívio extra para sintomas como dores e estresse, promovendo uma recuperação mais sustentável e completa.
A combinação de tecnologias avançadas, como a telemedicina e a inteligência artificial (AI), com as práticas holísticas tradicionais, está transformando o modo como o cuidado com a saúde é oferecido. Nesse sentido, à medida que a educação e a capacitação dos profissionais que atuam em Medicina Integrativa se expandem, a expectativa é de que essa abordagem continue a crescer, garantindo tratamentos mais completos, centrados no paciente e personalizados.
Diversos pacientes podem se tratar com a Medicina Integrativa, tanto aqueles que enfrentam condições médicas crônicas ou complexas, quanto os que apresentam doenças e sintomas menos graves. A seguir, veja algumas das principais:
Todas essas condições podem ser tratadas e apresentar melhores resultados com práticas conjuntas de diferentes áreas da saúde, como Psicologia, Fisioterapia, Acupuntura, Medicina Tradicional, entre outras.
Conforme comentamos, para tratar as condições apresentadas pelos pacientes, a Medicina Integrativa conta com a atuação conjunta de diversas especialidades médicas, bem como o uso de terapias complementares para cuidar, de maneira personalizada, das necessidades específicas do indivíduo. Para isso, os tratamentos podem incluir tanto os procedimentos e medicamentos tradicionais como técnicas auxiliares, e ajustes no estilo de vida.
Para exemplificar, podemos considerar os tratamentos dermatológicos, já que muitas doenças cutâneas podem ser desencadeadas por fatores emocionais ou agravadas por eles. Nesse sentido, a abordagem integrativa permite que a Dermatologia considere fatores como alterações hormonais, nutrição, estilo de vida e psicológicos, envolvendo essas áreas para a recuperação do paciente.
Veja, a seguir, como a interação de determinadas áreas podem potencializar os tratamentos de pacientes que apresentam problemas na pele, como dermatites, entre outros.
A reposição de hormônios é uma metodologia que promove a recuperação do funcionamento adequado do organismo, garantindo o equilíbrio entre as condições físicas, mentais e emocionais dos pacientes.
Essa é uma especialidade médica que promove a saúde do paciente por meio do consumo adequado de nutrientes saudáveis, ajustando a dieta conforme as suas necessidades emocionais e clínicas. É uma área que pode ser utilizada em conjunto com a Medicina Integrativa, visando mudanças reais na qualidade de vida e bem-estar dos pacientes.
A Psicologia pode atuar, de maneira eficaz, contribuindo para a melhoria dos pacientes que apresentam ansiedade, depressão e demais condições que impactam o funcionamento do organismo.
A Medicina Integrativa tem como base um conjunto de princípios essenciais que a diferenciam da prática médica convencional e servem como diretrizes para os profissionais que adotam essa abordagem, conforme relacionamos a seguir:
A Medicina Integrativa proporciona diversas vantagens, não só para os pacientes como também para os profissionais da saúde. A seguir, conheça os principais benefícios.
A relação entre médicos e pacientes fica fortalecida por ser construída com base na confiança, aspecto essencial para o sucesso do tratamento. Quando a pessoa se sente confiante e confortável com o profissional, fica mais propenso a compartilhar informações importantes sobre seus sintomas, histórico médico e estilo de vida.
Tudo isso contribui para o médico fazer um diagnóstico preciso e elaborar um plano de tratamento eficaz, proporcionando uma boa experiência para o paciente.
Conforme comentamos, a combinação de diferentes métodos alternativos com os tradicionais contribui fortemente para o empoderamento dos pacientes. Dessa forma, é possível conscientizá-los sobre o papel que exercem em relação à própria saúde, já que compartilham a responsabilidade do sucesso do tratamento com os profissionais de saúde.
Esse é um aspecto que aumenta o interesse e a motivação para seguir as recomendações dos especialistas, inclusive com a manutenção de bons hábitos após a cura.
Diminui a necessidade de procedimentos invasivos. Exemplos disso, são os casos de dor crônica, para os quais muitos medicamentos não são eficazes no longo prazo e podem provocar efeitos colaterais.
A Medicina Integrativa faz a combinação de medicamentos com procedimentos não invasivos, como acupuntura e massagem, para aliviar a dor e melhorar a qualidade de vida do paciente.
Para a Medicina Integrativa, ter saúde significa muito mais do que não ter doenças. Dessa forma, os cuidados vão além do fato de um paciente não apresentar nenhum sintoma específico.
Ao considerar a pessoa em sua totalidade e utilizar técnicas que incluem abordagens psicológicas e terapias complementares, as práticas Integrativas proporcionam bem-estar geral e melhoria na qualidade de vida.
Os tratamentos adotados neste tipo de medicina são baseados nas evidências e pesquisas comprovadas em diferentes áreas da saúde.
Por exemplo, estudos científicos mostraram que a acupuntura é eficaz no tratamento da fibromialgia, sendo essa uma terapia elegível para integrar os tratamentos.
Pesquisas também comprovaram que a massagem associada ao Reiki funciona muito bem para a redução do estresse e da ansiedade. Assim, a Medicina Integrativa a considera para tratamentos de pacientes que apresentam tais condições.
Já as plantas medicinais e a fitoterapia foram adotadas como Práticas Integrativas na Atenção Básica pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Elas são consideradas para o tratamento de diversas condições, incluindo infecções, problemas de pele e digestivos.
Em algumas situações, que envolvem doenças graves, os tratamentos convencionais podem causar fortes efeitos colaterais. Para esses casos, a prática médica integrativa proporciona opções de tratamento que ajudam a reduzir esses efeitos, tornando-o mais tolerável e melhorando a adesão.
Em vez de tratar os sintomas, a prática médica integrativa investiga-se a causa base das doenças, procurando entender o mecanismo que desencadeou o adoecimento. Apoiando-se nesse entendimento, analisa todos os resultados e busca promover a reorganização do organismo em sua totalidade.
Nesse sentido, a Medicina Integrativa acredita que, ao darmos condições adequadas, o organismo consegue se reequilibrar. Isso é possível porque o nosso corpo tem um grande poder de autorregulação. O papel do médico é orientar e auxiliar tecnicamente nesse processo.
Para adotar a Medicina Integrativa em uma clínica, consultório ou hospital é importante considerar diversos aspectos. Eles envolvem desde um corpo clínico, com profissionais de diferentes áreas, até a adoção de práticas adequadas, conforme comentamos a seguir.
O primeiro passo é garantir que o corpo clínico conte com profissionais de diferentes áreas para trabalharem de maneira alinhada em prol dos pacientes.
Desta forma, os pacientes conseguem ganhar mais praticidade, concentrando todas as consultas em um único estabelecimento. Esse é um aspecto que também beneficia os profissionais, já que terão o acesso facilitado às informações do tratamento, obtendo uma visão holística de cada caso.
Os diagnósticos devem ser mais longos e profundos, estimulando o paciente a relatar detalhadamente quando os sintomas começaram a surgir, em quais situações mais aparecem e o que ele costuma fazer para reduzi-los.
Dessa forma, a Medicina Integrativa consegue direcionar o foco para a pessoa, e não para a doença.
Os medicamentos e tratamentos, alternativos ou convencionais, devem ser indicados considerando todas as abordagens terapêuticas, assim como a opinião do próprio paciente.
Também é importante que qualquer orientação seja acompanhada por explicações simples e diretas, para o paciente compreender os detalhes do tratamento e se sentir parte das tomadas de decisão.
Outro ponto importante a ser observado, é que o plano de tratamento deve ser integrado e compartilhado entre os membros da equipe. O não compartilhamento das condições do paciente impede que os princípios da Medicina Integrativa sejam aplicados.
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Conforme mostramos ao longo deste artigo, a Medicina Integrativa trata o paciente em sua totalidade, considerando suas condições físicas, mentais, espirituais e sociais. O principal objetivo é proporcionar uma reorganização do organismo, reequilibrando-o e restabelecendo a saúde integral da pessoa.
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