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11.6.2018
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Equipe Afya Educação Médica
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Quem tem o interesse em exercer a Medicina fora do Brasil deve, antes de mais nada, pesquisar sobre a possibilidade de revalidar o diploma no país de destino e também sobre a legislação específica sobre esse tema no local. Sem ter essa certeza, é bastante arriscado tentar a vida lá fora, não é mesmo?
Recentemente, acompanhamos o controverso Programa Mais Médicos, proposto pelo governo federal e que trouxe diversos médicos cubanos e de outros países em desenvolvimento para trabalhar no SUS (Sistema Único de Saúde). No entanto, a grande maioria das nações costuma ser bastante rígida para aceitar profissionais da área. Mas o que fazer quando a intenção for sair daqui para outro país? Como isso é possível? Confira o post a seguir para entender melhor o assunto.
Respondendo à pergunta inicial: sim, o estudante formado em Medicina no Brasil pode exercer sua profissão fora do país se cumprir os trâmites e revalidar o seu diploma. Mas é claro que, para isso, ele precisa seguir uma série de requisitos. Acontece que cada país apresenta suas exigências e é preciso ir atrás dessas informações para cumprir com todo o processo necessário. Como a Medicina deve ser uma área criteriosa, que lida com a saúde e a segurança das pessoas, é natural que cada governo imponha regras rígidas para fazer essa validação.
Aqui, por exemplo, temos o Revalida (Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeira), que é a prova aplicada para estrangeiros e brasileiros que fizeram o curso de Medicina fora e querem atuar no Brasil. Para quem não conhece, trata-se de uma avaliação em duas etapas que mescla questões teóricas (cerca de 110) com situações práticas da rotina médica. Sua realização é feita pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) em parceria com os Ministérios da Saúde e da Educação.
Como cada país tem as suas próprias regras, o primeiro passo deve ser pesquisar sobre os procedimentos corretos para conseguir a validação de um diploma estrangeiro — no caso, de uma certificação médica, pois cada área pode apresentar requisitos diferentes. Além disso, outro ponto fundamental é aprender a língua do local em que você pretende atuar, até porque as provas, naturalmente, serão no idioma praticado naquelas terras. Para compreender como esses processos acontecem, conheça a seguir alguns exemplos.
Para se tornar um médico reconhecido nos EUA é preciso fazer o USMLE (United States Medical Licensing Examination), que é um exame de 3 etapas. Logo, ter uma boa performance em todas elas é o que garantirá a sua aptidão e conhecimento para praticar a Medicina em território norte-americano. A primeira etapa é formada por aproximadamente 322 questões, sendo uma prova teórica virtual que tem previsão de 8 horas de duração.
Tal avaliação também é realizada pelos estudantes americanos ao final do segundo ano do curso de Medicina, ou seja, a maioria dos conceitos abordados é bem básica. Já a segunda etapa é dividida em dois passos:
Para finalizar, a terceira etapa consiste em mais uma prova de 500 questões (ainda mais complexa) que pode ser aplicada em até dois dias. Tudo isso para verificar se a pessoa tem condições de atender na rede de saúde norte-americana.
O exame aplicado na Costa Rica é composto por 100 questões gerais, uma prova prática e a comprovação da proficiência no espanhol. Apesar de parecer simples, há muitas reprovações e costuma ser difícil conseguir a autorização. Os médicos cubanos, por exemplo, foram bastante reprovados no país.
Para quem deseja morar no Chile, a boa notícia é que existe um acordo com a Universidad de Chile que aceita os diplomas latino-americanos sem haver a necessidade de realizar uma prova específica. Mesmo assim, todos os documentos de formação do profissional são requisitados e precisam ser aceitos de acordo com as exigências da instituição. Se não for verificada uma adequação do currículo, deverá ser aplicada uma prova semelhante ao Revalida para aprovar (ou não) o candidato.
O primeiro requisito para atuar na UE é ter, pelo menos, uma especialização médica. Isto é, o profissional deve ter feito alguma residência ou ter o título de especialista em áreas como Geriatria, Ortopedia, Neurologia, Cardiologia ou qualquer outra. A partir disso, normalmente é requisitado fazer uma prova de conhecimentos gerais sobre a Medicina — o que equivale aos concursos de residência médica no Brasil. Pode ser ainda que cada país integrante da União Europeia apresente outras regras mais específicas, segundo as decisões do Ministério da Saúde de cada localidade.
O exame no Canadá é chamado de MCCEE (Medical Council of Canada Evaluating Examination), apresentando cerca de 180 questões de múltipla escolha que devem ser respondidas em até 4 horas. Como o país tem dois idiomas oficiais, as provas podem ser realizadas em inglês ou em francês — a critério do candidato. Os temas mais abordados geralmente são: saúde infantil, saúde materna, saúde mental, saúde do adulto, saúde da população e ética. Algumas questões também tratam da prática médica geral.
Se for aprovado, o médico estrangeiro deve ainda fazer o MCCQE (Medical Council of Canada Qualifying Examination). Este último qualifica o profissional (canadenses e estrangeiros) para praticar a Medicina no Canadá e é formado por duas etapas, sendo uma teórica e outra prática. Para atuar na região de Ontário (a província canadense mais populosa), é necessário cumprir mais duas exigências:
Por fim, vale lembrar que, para exercer a Medicina fora do Brasil, é fundamental estar com toda a documentação em dia — tanto na parte acadêmica (histórico escolar, diploma etc), quanto nas questões relacionadas ao passaporte e ao visto.
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