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Infodemia: meias verdades e mentiras sobre o Coronavírus inundam as redes

Infodemia: meias verdades e mentiras sobre o Coronavírus inundam as redes

Desde que foi introduzida no Brasil, em 1995, a internet possibilitou o acesso fácil e abundante a todo tipo de informação de interesse dos usuários. Com o passar dos anos ela ficou mais rápida, barata e popular, presente hoje em pelo menos 70% dos domicílios brasileiros. Apesar de ser uma ferramenta poderosa de acesso à informação, nem tudo o que está na internet pode ser considerado confiável ou acurado o suficiente do ponto de vista científico e médico.

A pandemia do Coronavírus ilustra muito bem essa situação. Desde o início da circulação do vírus, na China, uma série de notícias falaciosas e estudos questionáveis têm sido publicados em sites, blogs e redes sociais por usuários sem compromisso com a apuração dos fatos ou até mesmo mal intencionados. Na busca rápida e pouco atenta por informações, até mesmo médicos experientes e qualificados podem ser pegos pela armadilha da infodemia, o universo de notícias e informações falsas existente na internet.

Notícias falsas sobre o Coronavírus na internet

Qualquer pessoa pode criar e publicar conteúdo sobre qualquer tema na internet. Isso significa que os usuários têm acesso a conteúdos produzidos por profissionais altamente qualificados para escrever sobre aquele tema, comprometidos com a verdade, com fatos e dados científicos, mas também a conteúdos criados por leigos e/ou pessoas com pouco conhecimento e nenhuma experiência sobre o tema, sem comprometimento com apuração e divulgação de fatos e dados científicos. A pandemia do Coronavírus tornou visível a quantidade imensa de conteúdos questionáveis circulando na internet, alguns criados com base na realidade, mas distorcidos, outros de caráter completamente absurdo.

Alguns exemplos: “Novo Coronavírus foi fabricado em laboratório na China”

“Remédio milagroso cura pacientes da COVID-19”

"Remédio utilizado para conter sangramentos em crianças homofílicas tem sido testado com sucesso em hospital da Suécia. Mídia esconde informação para beneficiar grandes indústrias farmacêuticas."

“Gargarejo feito com produtos caseiros mata vírus ainda na garganta”

Estudos inconclusivos divulgados como consenso científico

Nem só de fake news grosseiras e claramente forjadas é feita a infodemia. Muitos estudos científicos verdadeiros, mas em estágio inicial ou inconclusivos, são divulgados e lidos como consensos científicos estabelecidos. Isso acontece, em geral, porque o vírus é bastante novo, o que naturalmente explica a ausência de pesquisas sólidas sobre o tema. Pela mesma razão, ainda não houve tempo suficiente para que outros estudos fossem iniciados, produzidos, publicados e confirmados. Tudo é muito novo.

Eficiência da cloroquina e hidroxicloroquina

O caso da eficácia dos medicamentos hidroxicloroquina, azitromicina e cloroquina é um bom exemplo desse problema. Um estudo preliminar conduzido por um cientista francês e publicado em março deste ano apontava resultados promissores sobre a eficácia dos medicamentos em pacientes com o Coronavírus. Assim que foi divulgado, o estudo passou a ser defendido por governos de alguns países como possível solução de saúde pública para o enfrentamento da doença.

Contudo, até mesmo o pesquisador responsável pela pesquisa apontou que eram necessários novos estudos que confirmassem ou refutassem seus resultados, o que acabou acontecendo semanas depois. Embora existam diversos estudos produzidos com a cloroquina, a hidroxicloroquina e a azitromicina ainda não há ainda nenhum consenso na comunidade científica sobre os efeitos positivos dessas e demais drogas para o tratamento contra a COVID-19.

Fumantes correm menos risco de se infectar

Um outro estudo francês divulgado em abril apontava que indivíduos tabagistas tinham menos chances de se infectar pelo Coronavírus, o que geraria um tipo de salvo-conduto aos fumantes durante a pandemia. Embora a pesquisa tenha de fato sido conduzida por uma equipe de cientistas em uma universidade na França, o estudo divulgado era uma versão preliminar e não havia sido revisado por outros pares.

Contudo, já em suas primeiras leituras, diversos especialistas criticaram a metodologia utilizada, alegando que os pesquisadores não levavam em conta diversos fatores importantes para garantir qualidade do estudo, o que tornaria os dados mais acurados. Além disso, a imprensa francesa expôs o passado de um dos cientistas envolvidos, financiado por empresas ligadas à indústria do tabaco.

Coronavírus transmitido para os pets

Outro exemplo é o estudo chinês sobre a transmissão do Coronavírus para animais domésticos. Publicado no início de abril, a pesquisa chinesa do Instituto Harbin de Pesquisa Veterinária mostrou que o novo vírus pode infectar gatos domésticos e ser transmitido para outros felinos. A carga viral encontrada nos animais aponta que eles dificilmente poderiam infectar um ser humano. Contudo, assim como diversos outros estudos relacionados ao Coronavírus, o resultado é preliminar.

Além disso, a pesquisa foi feita com um número muito pequeno de animais, apenas cinco, que foram expostos a altas doses do vírus. Isso significa que ainda não é possível afirmar que animais domésticos podem se contaminar com o vírus e muito menos que os pets podem espalhar o vírus para seres humanos. Novos estudos precisam ser feitos e os resultados precisam ser comparados até que se possa ter um consenso sobre o tema.

Consensos científicos sobre o Coronavírus

Como e onde surgiu a doença?

A COVID-19 é o nome dado a uma doença infecciosa causada por um novo tipo de coronavírus descoberto inicialmente na cidade de Wuhan, na China. A doença surgiu naturalmente, provavelmente do contato humano com animais silvestres mantidos em cativeiro junto de animais de abate comuns, em um tradicional mercado de rua da cidade chinesa.

Como ele é espalhado?

O vírus se dissemina por meio da saliva de pessoas contaminadas que, ao tossir, espirrar e falar, espalham as gotículas. Elas podem ficar em suspensão no ar próximas das pessoa contaminada e também presentes nas superfícies. Essas gotículas contaminadas, quando em contato com boca, nariz, olhos e demais áreas do corpo com mucosa, podem infectar novos indivíduos.

Como evitar a disseminação?

A melhor forma de combater a disseminação da doença é por meio do distanciamento físico entre indivíduos, lavar as mãos constantemente, evitar contato das mãos com superfícies potencialmente contaminadas e também o contato das mãos com o rosto.

Medicamento e vacina

Não há vacina nem medicamento(s) comprovadamente eficiente(s) contra o Coronavírus em julho de 2020 (data da publicação deste texto).

Como identificar informações falsas e imprecisas na internet sobre o Coronavírus

Quando estiver usando a internet e se deparar com alguma informação nova tente sempre checar a fonte e os dados utilizados no texto. Busque na internet onde aquela informação foi publicada originalmente, como foi produzida e por quem. Muitas notícias falsas ou imprecisas não contém nomes de pesquisadores ou universidades, nem mesmo links para o estudo original. Em alguns casos, elas podem conter ainda nomes de instituições e pesquisadores falsos que podem ser facilmente verificados na internet.

Mantenha ainda o hábito de se informar em fontes confiáveis de informação, como jornais, portais e canais de TV reconhecidos. Embora não sejam imunes a erros, grandes veículos de imprensa e jornalistas profissionais têm obrigação ética, prevista no Código de Ética dos Jornalistas, de publicar apenas informações verdadeiras, checar e rechecar os dados antes de publicar.

Você pode ainda buscar informações na home page de instituições ligadas à Organização Mundial da Saúde, Ministério da Saúde e secretarias locais do seu estado.

Você já leu ou compartilhou informações falsas e imprecisas? Tem costume de checar fontes, dados e informações antes de ler e compartilhar notícias?