A inclusão escolar e importância da família no tratamento do TEA

Autor(a)
Dra. Vanessa Tomaz de Castro Moraes

Médica neuropediatra com título de especialista pela Associação Médica Brasileira e pela Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil. Formada em pediatria e Neuropediatria pela Faculdade de Medicina do ABC. Professora da Afya Educação Médica.

A inclusão escolar de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um passo crucial rumo a uma sociedade mais inclusiva e empática. Cada criança, independentemente de suas habilidades ou desafios, tem o direito fundamental à educação de qualidade em um ambiente que promova o seu pleno desenvolvimento.

A Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) garante, em seu artigo 27, que a educação é:

direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem.

A mesma lei determina que o estado deve assegurar o aprimoramento dos sistemas educacionais, visando garantir condições de acesso, permanência, participação e aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena.

Uma escola inclusiva é aquela que garante a qualidade de ensino educacional a cada um de seus alunos, reconhecendo e respeitando a diversidade e respondendo a cada um de acordo com suas potencialidades e necessidades. No centro de toda ação educacional está o aluno, cuja jornada de aprendizado e desenvolvimento de competências é o objetivo primordial.

O PEI (Plano de Ensino Individualizado) deve ser realizado pela escola para cada aluno da inclusão, muitas vezes é necessário o auxílio da equipe multidisciplinar que acompanha o caso, o PEI é um instrumento de planejamento e acompanhamento do processo de aprendizado e desenvolvimento do aluno com TEA. Para que uma escola se torne inclusiva, é essencial o engajamento de todos os envolvidos: gestores, professores, familiares e membros da comunidade.

A inclusão escolar não apenas beneficia a criança com TEA, mas também enriquece o ambiente educacional para todos os alunos. Ao proporcionar oportunidades para interações significativas e o aprendizado conjunto, as escolas promovem uma cultura de respeito à diversidade e à individualidade e fortalece a educação, mas também constrói uma sociedade mais justa e compassiva para todos.

O tratamento do TEA é baseado em terapias multidisciplinares, mas a família é a principal fonte de apoio e suporte para a pessoa com TEA em todas as fases da vida. Desde o diagnóstico até o planejamento e implementação do tratamento, os membros da família desempenham um papel crucial ao lado de profissionais de saúde e educadores. Sua compreensão, envolvimento e comprometimento são essenciais para o sucesso do tratamento.

Os pais e familiares que convivem com uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA) devem dedicar-se a uma compreensão mais aprofundada dos sinais e sintomas característicos do TEA. É essencial que compreendam as principais dificuldades enfrentadas pela criança, identifiquem os desencadeadores de desregulação emocional e compreendam as questões sensoriais que mais desafiam o seu filho ou filha. Reconhecendo as maiores dificuldades enfrentadas pelo paciente, a família, em colaboração com a equipe multidisciplinar, pode desenvolver estratégias personalizadas para auxiliar no seu desenvolvimento.

Por exemplo, estabelecer uma rotina visualmente representada para proporcionar previsibilidade, promovendo assim a sensação de segurança e reduzindo as chances de episódios disruptivos. Inclusive, a implementação de uma dieta sensorial pode ajudar a mitigar as dificuldades sensoriais específicas do indivíduo. Estimular a comunicação também é fundamental nesse processo. Essa compreensão profunda e empática das necessidades individuais é crucial para personalizar o tratamento e assegurar sua eficácia.

Além disso, a família desempenha um papel importante na implementação das estratégias de intervenção recomendadas pelos profissionais. Ao praticar habilidades aprendidas durante as sessões de terapia em casa e no dia a dia, os membros da família ajudam a pessoa com TEA a generalizar e consolidar essas habilidades em diferentes contextos.

A família também promover o desenvolvimento social e emocional da pessoa com TEA. Ao oferecer um ambiente acolhedor, seguro e inclusivo, os membros da família criam oportunidades para a prática de habilidades sociais e a construção de relacionamentos significativos.

Ao trabalhar em parceria com profissionais de saúde e educadores, os membros da família podem oferecer um ambiente de apoio e estímulo que promove o crescimento e a realização plena da pessoa com TEA em todas as áreas da vida.

Referências

  1. http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aescola.pdf
  2. https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/570204/2/Produto%20Educacional.pdf
  3. American Psychiatric Association (APA). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5- TR. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2023.

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Dra. Vanessa Tomaz de Castro Moraes

Médica Editora da Afya Educação Médica

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