Imunoterapia contra o câncer: como funciona?

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Para obter sucesso na carreira e conquistar seu espaço no mercado, o médico generalista deve se manter atualizado. Para tanto, a busca de informações sobre temas ligados à Oncologia é essencial, haja vista a necessidade de estar preparado, caso seja necessário prestar suporte aos pacientes em imunoterapia contra o câncer.

Em vista disso, é essencial que o médico generalista esteja a par das inovações dessa área. Por isso, manter-se alinhado as novas informações como as preconizadas nas novas diretrizes sobre o câncer colorretal, por exemplo, auxilia nas tomadas de decisão na rotina médica.

Neste material, vamos explicar o que é a imunoterapia, como ela funciona, quais são os diferentes tipos, aplicações, vantagens e desvantagens desse método. Ainda, confira quais são os cuidados necessários durante e após a realização do tratamento e saiba como oferecer uma assistência humanizada e eficaz nessa área.

Afinal, o que é a imunoterapia?

O panorama do câncer no Brasil é bem preocupante para o setor de saúde, já que, para os anos seguintes, há projeções de crescimento do número de casos entre a população. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o tumor de maior prevalência no país é o de mama nas mulheres e de próstata nos homens.

Nesse contexto, o investimento em metodologias voltadas para o controle da doença — como a imunoterapia contra o câncer — podem simbolizar o futuro do atendimento médico nessa área. Tais alternativas podem elevar as chances de sobrevida dos pacientes e a remissão dos tumores de maior incidência.

Nesse contexto, a imunoterapia é uma metodologia bastante útil para estimular o sistema imunológico do organismo no combate ao câncer. Esse tipo de tratamento é pautado em fatores que consideram o comportamento genético específico das células tumorais.

A eficácia da imunoterapia está em ampla discussão, haja vista os resultados obtidos em pesquisas sobre esse tema. Do ponto de vista científico, as características genéticas dos tumores independem do organismo em que eles se desenvolvem. Ou seja, há uma tendência de generalização dos mecanismos envolvidos na gênese do câncer.

Como a imunoterapia funciona?

Do ponto de vista fisiológico, o corpo humano tem duas linhas de defesa: a inata e a adaptativa. A imunidade inata constitui a primeira linha de defesa, proporciona uma resposta mais rápida e independente de estímulo prévio. Por outro lado, a imunidade adaptativa estimula uma defesa mais específica e varia de acordo com as circunstâncias.

Contextualmente, a imunoterapia estimula as células de defesa por meio dos dois sistemas. Isso objetiva identificar e combater o grupo de células tumorais antes que elas cresçam e invadam os tecidos. Por meio desse mecanismo, o organismo cria uma memória imunológica, o que favorece respostas mais duradouras e eficazes.

Em linhas gerais, essa modalidade de tratamento é a que apresenta menor toxicidade relativa. Ou seja, a imunoterapia gera menos efeitos adversos e é melhor tolerada pelos pacientes. Ultimamente, esse tipo de intervenção está revolucionado a Oncologia ao otimizar resultados e minimizar os impactos da doença.

Merece atenção especial, ainda, a combinação dos fármacos durante o tratamento com imunoterapia. Sob essa ótica, a relevância da atenção à anamnese e a história clínica do paciente são primordiais, já que alguns medicamentos contra o câncer não podem ser combinados com antibióticos, por exemplo.

Diferença entre imunoterapia e quimioterapia

Na quimioterapia, os mecanismos de ação contra o tumor são baseados na ação de drogas direcionadas a alvos moleculares que atacam diretamente as células tumorais. Mas a imunoterapia age por um mecanismo bem diferente e menos invasivo, pois auxilia o próprio sistema imunológico do paciente a combater o câncer.

Quais são os principais tipos de imunoterapia?

Essa é uma das áreas de mais destaque na carreira médica. Em vista disso, destacamos os tipos mais comuns de imunoterapia. Veja quais são!

Anticorpos monoclonais

Essa metodologia envolve a utilização de anticorpos produzidos — em caráter experimental — que atuam contra proteínas específicas que se alojam na superfície de células cancerosas. O efeito de alguns medicamentos quimioterápicos pode ser aumentado na presença dos anticorpos monoclonais. Um exemplo clássico dessa aplicação é no tratamento do câncer de mama.

Modificadores de resposta biológica

O interferon e as interleucinas estão agrupadas na classe de modificadores de resposta biológica. Esses elementos estimulam as células normais a aumentarem a produção de mensageiros químicos. Em síntese, eles atuam como mediadores para melhorar a capacidade do sistema imunológico de tornar a destruição das células cancerosas ainda mais efetiva.

Vacinas

Além da função imunizante contra diferentes agentes patológicos, existem vacinas compostas por material derivado de células cancerosas que também são úteis para a imunoterapia. Essas vacinas podem estimular a produção de anticorpos específicos para atenuar a ação das células cancerosas.

Transplante de células-tronco

Também chamadas de totipotentes, as células-tronco integram o grupo de células não especializadas, com capacidade de se tornar em variadas formas celulares. Com isso, elas podem originar células que servem para repor as saudáveis que foram perdidas durante a quimioterapia, por exemplo.

Nesse processo, o transplante substitui as células-tronco eventualmente destruídas por células-tronco saudáveis. Para reduzir o risco de rejeição, o doador pode ser a própria pessoa com câncer, técnica chamada de autotransplante. Se isso não for possível, as células-tronco podem ser doadas por outras pessoas geneticamente compatíveis.

Terapia genética

Considerando que as mutações nos genes é um dos principais fatores que levam ao desenvolvimento de tumores, os pesquisadores estão apostando em novas alternativas de combate ao câncer. Assim, o destaque é a terapia genética envolvendo a modificação das células T, que originam células de defesa imunológica específicas no combate ao câncer.

Medicamentos específicos

Em geral, as células cancerosas são imaturas e, por isso, elas crescem rapidamente. Existem fármacos que potencializam a velocidade da maturação de células tumorais, o que retarda o crescimento do tumor. Tais medicamentos estimulam a diferenciação e, por conta disso, são frequentemente empregados na quimioterapia combinada na rotina médica em Oncologia.

Quais são os pilares essenciais a serem observados no tratamento oncológico?

Não há dúvidas de que o tratamento e controle do câncer se destacam entre os aspectos mais complexos dos cuidados médicos e da experiência do paciente. Além dos desafios que envolvem essa área, é preciso uma intervenção profissional multidisciplinar. Nas terapias oncológicas, a assistência deve ser centrada em medidas integradas.

Outro ponto relevante é o planejamento eficiente do tratamento: deve ser focado no tipo de neoplasia e no perfil clínico de cada paciente. Fatores como a localização, estadiamento e características dos tumores precisam ser considerados na decisão da equipe.

Nesse sentido, alguns dos pilares essenciais para assegurar mais eficácia ao tratamento com imunoterapia são os seguintes:

  • dialogar com o paciente e familiares sobre a probabilidade de cura ou de prolongamento da vida, nos casos com prognósticos ruins;
  • explicar sobre os efeitos do tratamento sobre os sintomas;
  • esclarecer dúvidas quanto aos efeitos colaterais resultantes do tratamento;
  • construir vínculos de confiança e respeitar a decisão do paciente.

Principais desafios

Quem atua no ramo de Oncologia deve ter em mente que os desafios dessa especialidade são considerados um denominador comum, pois refletem tanto sobre os profissionais como nos pacientes. Quando submetidas a tratamento de câncer, as pessoas esperam o melhor resultado: ou uma longa sobrevida ou melhoria no bem-estar e na qualidade de vida.

No entanto, pacientes e familiares devem compreender os riscos envolvidos com as intervenções do câncer. Nesse contexto, a imunoterapia torna-se uma excelente alternativa para combater tumores e recidivas. Mesmo que a cura seja mais difícil em alguns casos, há chance de minimizar os impactos nas etapas mais avançadas da doença.

Como a imunoterapia influencia a resposta aos tratamentos?

Como já descrito, a imunoterapia é uma medida de intervenção que pode ajudar na otimização das respostas aos ataques das células tumorais. Há vários tipos de respostas que, inclusive, podem ser mediadas por diferentes efetores. Entretanto, uma remissão completa ocorre quando a doença desaparece durante qualquer etapa do tratamento.

Tais práticas variam conforme o tipo de tumor e padrão de resposta clínica de cada pessoa. Em vias gerais, esse acompanhamento é feito por intermédio de exames de imagem e exames laboratoriais. Também são utilizadas técnicas ou medicamentos de manutenção para reforçar a resposta ao tratamento e, em casos de recidivas, identificar rapidamente a situação.

Um exemplo prático é a monitoração de certas substâncias como os marcadores tumorais. Os mais comuns são aqueles que produzem proteínas detectáveis na corrente sanguínea. Tais elementos são facilmente identificados por meio de substâncias produzidas e liberadas, como ocorre no câncer de próstata, que libera o Antígeno Específico da Próstata (PSA).

Como os níveis de PSA aumentam na neoplasia prostática, a maioria dos marcadores tumorais podem ser detectados nos exames de sangue durante a monitoração da doença. Isso também pode ser feito no câncer ovariano, cujo marcador é Antígeno do Câncer [CA] 125.

Portanto, em pacientes em imunoterapia é possível avaliar a eficácia do método quanto às respostas da seguinte forma: se o marcador tumoral foi identificado antes do tratamento, mas desapareceu do sangue após a intervenção é um indício provável de que a terapia foi eficaz.

Aspecto emocional

Para melhor eficiência das respostas, a equipe médica costuma monitorar regularmente os indivíduos que estão sendo ou que foram tratados para neoplasias. Esse suporte é crucial para auxiliar no aspecto emocional, já que esse fator influencia o padrão de defesa imunológica.

Nesse contexto, é necessário agregar à equipe um profissional da psicologia, haja vista o impacto que esse tipo de doença gera em todos os aspectos da vida do paciente, bem como nas pessoas de seu convívio. Esse trabalho integrado é crucial, sobretudo quando há suspeita da doença e o médico generalista encaminha o paciente para avaliação da Oncologia.

Quando a imunoterapia contra o câncer é indicada?

Em linhas gerais, os tumores malignos são um dos principais focos do tratamento mediado pela imunoterapia. Essa técnica também serve como medida de prevenção desses tumores. Embora as células cancerosas sejam menos responsivas a essa intervenção do que os microrganismos, a aplicação da imunoterapia auxilia bastante na resposta do sistema imunológico.

Além do mais, uma das vantagens da imunoterapia é que ela pode ser realizada de forma isolada ou como terapia complementar a outros tratamentos. Dependendo do quadro e do tipo de tumor, ela pode, inclusive, ser aplicada junto à quimioterapia.

Nesses casos, o bem-estar do paciente e o tempo de sobrevida são elementares durante a avaliação do caso. Por isso, alguns critérios como o estágio do tumor, as condições clínicas do paciente e o padrão de resposta esperado norteiam a decisão da equipe quanto à viabilidade da técnica.

Para o médico generalista, quais são os termos de importância clínica na Oncologia?

Como já referido estatisticamente em tópicos, o avanço no número de casos de neoplasias no Brasil requer um maior alinhamento dos médicos generalistas com a Oncologia. Isso porque, não raro, alguns diagnósticos são feitos por acaso durante exames de rotina.

Tendo isso em vista, torna-se essencial saber alguns conceitos mais específicos que são comumente utilizados nesse campo. Observe quais são!

Tumor responsivo

É mais utilizado em alguns casos tipos de câncer, tais como cânceres da mama ou linfomas. Essa classe de tumores se enquadra nessa classificação porque eles respondem bem tanto às intervenções quimioterápicas quanto às radioterápicas.

Tumor resistente

Os melhores exemplos são os melanomas — o câncer dermatológico — e os tumores cerebrais com padrões de malignidade. Esse grupo tem o controle mais difícil porque não responde bem à quimioterapia ou à radioterapia.

Recidiva

Termo utilizado quando um tumor que havia desaparecido completamente, após algum tempo volta a aparecer ou a apresentar sintomas típicos.

Intervalo livre de doença

Compreende ao período entre o momento da remissão completa até o retorno dos sinais e sintomas.

Tempo total de sobrevida

Refere-se ao intervalo entre a confirmação do diagnóstico de câncer e o momento do óbito causado pelo tumor.

Vale destacar, por fim, que o avanço substancial nas áreas de Oncologia tem sido visto como um estímulo a mais para quem quer empreender na Medicina. Não há dúvidas de que investir em alternativas como a imunoterapia contra o câncer e ter a própria clínica representa uma ótima oportunidade para os médicos especialistas, generalistas ou mesmo os recém-formados.

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