Entenda a importância do compliance médico

Jun 06, 2025 . 6 minutos de leitura
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Descubra o que é o compliance médico, a importância de colocar em prática e o que fazer para implementar em seu dia a dia.

Em qualquer ramo de atuação, a ética deve ser uma norteadora das ações e decisões. Na área da saúde, ela também é fundamental, e sua prática pode ser incorporada ao dia a dia por meio do compliance médico.

Ele é o que garante que diretrizes, normas, políticas e outros mais serão seguidos. Dessa forma, mantém as atividades em conformidade, o que promove ainda mais segurança, contribui para minimizar diferentes tipos de risco e para construir a confiança e a reputação.

Assim, o compliance médico funciona da mesma forma como aquele aplicado no contexto empresarial, e neste conteúdo você vai entender a importância desse conjunto de práticas. Então continue lendo para compreender mais a fundo o que é o compliance e como ele funciona, de que maneira é aplicado no contexto médico, por que isso é essencial e o que fazer para colocar em prática.

O que é a ética médica?

A ética médica engloba um conjunto de princípios morais que tem por objetivo orientar a conduta dos médicos durante o exercício da profissão. Perceba que estamos falando de uma orientação não de uma legislação ou uma norma obrigatória.

Contudo, o cumprimento da ética médica é fundamental para que o profissional da saúde pratique ações que respeitem a dignidade humana, a vida e asseguram o direito dos pacientes. Portanto, contribui para uma atuação humana, justa e beneficente.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) elaborou o Código de Ética Médica contendo tudo aquilo que se espera da atuação dos profissionais especialistas em Medicina. Essa publicação é composta por 14 capítulos e aborda diferentes aspectos, fatores e princípios que deveriam ser praticados, a fim de firmar um compromisso ético de toda a categoria com a saúde e o bem-estar dos pacientes.

Por que a ética médica é tão importante?

Considere que os médicos lidam de forma direta com a saúde e a vida das pessoas. Sendo assim, a sua atuação precisa respeitar os direitos humanos e garantir dignidade aos pacientes que estão sob os cuidados desses profissionais.

É por meio da ética que a profissão também é protegida contra possíveis abusos, práticas inescrupulosas, maleficências e injustiças. Além de garantir que os profissionais mantenham o foco do seu trabalho no próprio paciente, evitando visar apenas o lucro da profissão.

O respeito à ética médica também contribui para a construção de uma relação de maior confiança entre médicos e pacientes. Afinal, a pessoa consegue perceber a humanização do atendimento oferecido, assim como a boa conduta moral do especialista, o que faz com que esse paciente se sinta seguro ao entregar os cuidados com a sua saúde para o profissional.

Vale ressaltar que a ética na Medicina visa a melhor relação com a comunidade e a sociedade. Isso porque o médico pode ter uma atuação muito mais ampla, contribuindo para o atendimento das necessidades de saúde da população.

Para isso, pode, por exemplo, participar de iniciativas de conscientização, prevenção e promoção da saúde — além de auxiliar com seus conhecimentos e sua experiência no desenvolvimento de novos tratamentos e na criação de políticas públicas que favoreçam o cuidado com as pessoas.

O que é o compliance e como ele funciona?

O compliance consiste no conjunto de medidas e práticas adotadas com o objetivo de assegurar o cumprimento de normas, políticas, regulamentos e legislações. Ele se aplica a qualquer tipo de estabelecimento ou de empresa, para que seus processos, ações e decisões estejam bem alinhados e em conformidade com regras internas e externas.

Basicamente, podemos dizer que o compliance é o que faz com que profissionais pratiquem aquilo que é certo. Isso vai evitar, por exemplo, problemas como violação de leis, corrupções e fraudes. Ao mesmo tempo, reforça o compromisso da organização com a ética, a transparência e a responsabilidade social.

O compliance funciona, basicamente, como um sistema de gestão de riscos. Assim, ele envolve a identificação daquilo que pode não estar em conformidade com normas internas, legislações ou padrões éticos. Para isso, analisa processos internos, práticas, protocolos entre outros que fazem parte do dia a dia de uma organização.

Ao identificar esses riscos, são desenvolvidas políticas, códigos de conduta e outros procedimentos necessários para orientar o comportamento de colaboradores, gestores e diretores, a fim de garantir que a atuação deles esteja em conformidade.

Porém, para que isso seja possível, são realizados treinamentos em diferentes níveis, de modo que todos conheçam essas novas regras internas e os procedimentos de compliance. O sistema precisa incluir, ainda, mecanismos que permitam monitorar o cumprimento do que foi estabelecido.

Podem ser realizadas auditorias para identificar violações e desvios, de modo que eles sejam corrigidos. Além de serem adotadas as medidas preventivas para evitar que aconteçam novamente.

O que é o compliance médico?

Seguindo a mesma linha de pensamento, o compliance médico consiste no conjunto de práticas e ações adotadas por profissionais que exercem a Medicina. O objetivo é assegurar o cumprimento de normas e regras. Ou seja, estamos falando do compliance aplicado ao dia a dia e aos processos na área da saúde.

Considerando que existem diretrizes, ética, regulamentos e padrões profissionais que precisam ser cumpridos, o compliance médico é implementado justamente para que tudo isso seja observado durante a prática da Medicina.

Dessa forma, como nos demais casos, é possível prevenir fraudes, proteger os dados dos pacientes, assim como sua privacidade e o sigilo médico, evitar a corrupção, garantir a gestão correta de materiais, instrumentais e medicamentos, assegurar que procedimentos médicos e tratamentos serão realizados com ética e segurança.

Qual a importância do compliance médico?

Profissionais e estabelecimentos de saúde que implementam o compliance médico conquistam a confiança dos pacientes, da sociedade e adquirem muito mais credibilidade junto a eles e no mercado de um modo geral. Com isso, sua reputação é protegida, o que ajuda, ainda, a atrair cada vez mais pacientes, promovendo o sucesso em seu ramo de atuação.

Ao implementar o compliance médico também são feitas mudanças, adequações e adotados processos e métodos que aumentam a eficiência no dia a dia. Logo, ele também é muito importante para otimizar o próprio trabalho dos profissionais. Dessa forma, é possível oferecer muito mais qualidade nos serviços disponibilizados para o público.

Serão seguidas as melhores práticas, o que atua na redução de riscos que poderiam gerar problemas ou prejuízos em função de irregularidades, ou qualquer outra inadequação. Assim, os profissionais estão menos passíveis a cometerem erros, responderem a processos judiciais ou terem que pagar multas.

Como o compliance médico funciona?

Como você viu, o compliance médico consiste no compliance aplicado ao setor de saúde e à prática médica. Sendo assim, ele vai funcionar da maneira como acontece em qualquer outra instituição, organização ou empresa.

Devem ser observadas normas, éticas, regras, regulamentações, legislações, protocolos e outros mais que norteiam a prática da Medicina, além de determinarem como um estabelecimento de saúde precisa funcionar para que esteja em regularidade.

A partir daí, são feitas adequações em processos que precisam ser melhorados ou ajustados. Também são implementadas políticas internas, procedimentos e protocolos que precisam ser seguidos para haver conformidade.

Como colocar o compliance médico em prática?

Para colocar o compliance médico em prática podem ser seguidas algumas etapas. É necessário definir metas e objetivos, assim como as ações que deverão ser aplicadas para que ele seja implementado; é feita a análise de risco dos processos, entre outros que garantam o cumprimento de todas as regulamentações e políticas que regem a prática médica.

A seguir, falamos sobre algumas ações que permitem dar início à implementação do compliance médico.

Conheça bem a legislação da área médica

Antes de tudo, é preciso conhecer muito bem a legislação da área médica. Não se esqueça de que não se trata apenas de lei, mas também de regras, normas, códigos de conduta, regulamentações, políticas e qualquer outro que determine o modo como a Medicina precisa ser praticada e a maneira como os estabelecimentos de saúde devem ser gerenciados.

Quando se trata de uma clínica, um hospital ou qualquer outro de maior porte, pode ser interessante criar um comitê de compliance. Ele ficará responsável por fazer o levantamento de todas essas regulamentações e, ao mesmo tempo, vai liderar o programa para assegurar que tudo está sendo cumprido da maneira como foi estabelecido.

Adote procedimentos adequados

Uma vez que todas essas informações foram levantadas, será necessário observar os próprios processos. A intenção é fazer a avaliação de riscos, a fim de identificar quais são aqueles aos quais o profissional, o hospital ou a clínica podem estar expostos, como riscos éticos, legais ou de segurança de dados.

Essa compreensão é fundamental porque é preciso fazer uma comparação entre os procedimentos adotados agora e aquilo que é esperado. A partir daí poderão ser feitas mudanças, adequações e otimizações com o objetivo de garantir que esses processos internos estejam em conformidade com as normas e regulamentações.

Crie e implemente políticas

Além de existirem os procedimentos de conduta externos que devem ser seguidos, é essencial que haja um conjunto de normas internas. São elas que vão servir como um guia para os profissionais, sejam eles médicos ou aqueles que oferecem suporte para o exercício da Medicina.

O intuito de criar as políticas internas é facilitar a compreensão das regulamentações que devem ser seguidas. Afinal, esse código de conduta será criado com base nelas, a fim de apresentar as ações e a postura que deve ser assumida em cada situação, ou seja, o que se espera que seja feito e aquilo que não deve ser realizado, a fim de não cometer nenhuma infração.

Realize treinamentos e capacitações

As políticas criadas não podem ficar apenas no papel. Elas devem ser aplicadas por todos os envolvidos. Então é fundamental que, depois da criação delas, cada membro da equipe seja informado sobre esse texto e conheça tudo o que é abordado por ele.

Porém, não espere que parta da própria pessoa fazer a leitura e colocar em prática. O estabelecimento de saúde deve realizar treinamentos para que sua equipe esteja pronta para agir da maneira correta em cada situação. Também para que os profissionais compreendam as suas próprias funções e o modo como elas devem ser exercidas para que tudo esteja em conformidade.

Isso é fundamental, inclusive, porque em certos casos o compliance médico vem acompanhado da implementação de novas ferramentas, metodologias e tecnologias. Portanto, é preciso garantir que a equipe esteja bem alinhada com tudo isso e saiba como utilizar esses recursos em suas rotinas.

As capacitações também são muito importantes porque seguem a mesma linha. Serão desenvolvidas habilidades e fornecidos conhecimentos técnicos para que os profissionais estejam prontos para a prática do compliance médico em diferentes cenários e situações.

Faça o monitoramento contínuo

Apenas o fato de implementar o compliance médico não garante que todos os riscos foram eliminados e que tudo está funcionando exatamente da maneira como deveria. Ainda podem existir pontos ou aspectos que precisam ser modificados ou melhorados, até mesmo, há possibilidade de a própria equipe ainda não estar familiarizada com essa novidade.

Sendo assim, o monitoramento contínuo é indispensável para ter certeza de que cada uma das engrenagens está funcionando corretamente. Auditorias internas podem ser grandes aliadas nesse momento porque facilitam a identificação dessas possíveis falhas.

Abra canais de denúncia

Uma parte do monitoramento contínuo envolve a abertura de canais de denúncia. Eles são importantes porque dão voz a um número maior de pessoas, que podem contribuir para o cumprimento das políticas, normas e regulamentações.

Talvez, um detalhe passe despercebido, como uma postura antiética de um profissional na hora de fazer o atendimento de um paciente. Ao abrir esses canais de denúncia, as pessoas podem reportar o acontecido para que as medidas cabíveis sejam adotadas, a fim de evitar que situações como essa se repitam.

Elabore um plano para lidar com crises

Para finalizar, é interessante que exista um plano de ação para lidar com uma possível crise. Caso ocorra uma denúncia, ou seja identificada uma situação de irregularidade, o que será feito? Que tipo de medida deve ser adotada?

Esse plano de ação precisa englobar cenários e situações diferentes. Afinal, um caso de fraude, por exemplo, não é tratado da mesma maneira como o de um assédio. Então é interessante considerar aquilo que poderia acontecer e como agir nesse momento para que as medidas tomadas sejam eficazes e justas.

Isso vai evitar que o caso seja encoberto ou não seja tratado com a devida importância. Além de trazer mais credibilidade para o próprio sistema de compliance implementado, uma vez que todos verão que ele de fato funciona, está acompanhando o que acontece e tomando as medidas cabíveis quando algo foge àquilo que está estabelecido.

Vale ressaltar que o compliance médico não é algo supérfluo. Ele precisa ser adotado por todos os profissionais e estabelecimentos de qualquer porte. Afinal, é isso que vai manter a postura correta, a ética e a transparência do setor, garantindo a qualidade dos serviços prestados e a segurança para todos, mantendo a confiança no trabalho exercido na Medicina.

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