Escrito por
Publicado em
22.9.2023
Escrito por
Equipe Afya Educação Médica
minutos
O hipogonadismo é uma condição masculina ou feminina que ocorre quando o corpo não produz hormônios o suficiente, os quais desempenham um papel fundamental no desenvolvimento dos adolescentes durante a puberdade. Essa deficiência pode estar presente desde o nascimento das crianças ou então se desenvolver mais tarde durante a vida, em decorrência de uma infecção ou lesão.
Os tratamentos para a doença endócrina dependem da causa e em que idade ocorre o problema. Alguns tipos de hipogonadismo podem ser tratados com terapia de reposição hormonal e, inclusive, influenciar a produção de espermatozoides. Neste post, revelaremos as principais informações sobre essa condição, principais sintomas, como se manifesta e como pode ser diagnosticado.
Deseja compreender quais são as possíveis causas, formas de prevenção e fatores de risco do hipogonadismo? Continue a leitura!
Hipogonadismo é a redução da atividade funcional dos testículos ou das gônadas e dos ovários que pode resultar na diminuição da produção dos hormônios sexuais. Os baixos níveis hormonais de androgênio ou testosterona, ou a produção deficiente de estradiol ou estrogênio, por exemplo, são classificados como hipoandrogenismo e hipoestrogenismo respectivamente. Observe abaixo mais detalhes sobre o tema!
A condição é resultado de um organismo afetado ou de deficiência no sistema reprodutor. Nesse caso, é conhecida como hipogonadismo primário ou hipergonadotrófico, que pode ter sua origem na síndrome de Turner, Noonan, Kartagener, Prader-Willi ou Klinefelter.
Mas a deficiência também pode resultar de problemas hipotalâmicos ou hipofisários, fatores secundários ou do sistema nervoso central. O hipogonadismo hipogonadotrófico, congênito ou idiopático, assim como a deficiência congênita do hormônio liberador de gonadotropina geram um pequeno subconjunto de casos. Outras causas comuns são:
Se a causa for a existência de defeitos hipotalâmicos, é possível que decorra da síndrome de Kallmann, enquanto os problemas da hipófise incluem hipoplasia e hipopituitarismo. Entretanto, é possível que a deficiência seja originada pela síndrome de insensibilidade androgênica ou falta de resposta hormonal. Os receptores são inadequados para ligar a testosterona, resultando em fenótipos clínicos variados de características sexuais.
As deficiências hormonais são condições que persistem e precisam de esforço do paciente para que sejam revertidas. É fundamental realizar mudanças alimentares, no estilo de vida e nos demais hábitos que podem ajudar a reduzir os sintomas. Existem abordagens específicas que podem variar de acordo com o sexo do paciente:
Por exemplo, o controle de peso é essencial, pois a obesidade ou o excesso de peso podem aumentar os problemas, portanto, assumir o primeiro pode ajudar com o segundo. Nos homens, o hipogonadismo pode levar à síndrome metabólica e ocasionar um conjunto de consequências que aumentam o risco de derrames, diabetes tipo 2 e problemas cardíacos.
Essa deficiência hormonal nas mulheres, normalmente presente na menopausa, pode causar ganho de peso. O enfraquecimento dos ossos também aumenta as chances de lesões, de modo que é crucial realizar mudanças na dieta, praticar exercícios físicos e emagrecer. A alimentação saudável também eleva os níveis de hormônios sexuais no corpo.
Trata-se de circunstâncias capazes de intensificar a doença ou de levar os pacientes a ter uma predisposição a desenvolver o hipogonadismo. Alguns quadros clínicos, doenças crônicas, ou acontecimentos como trauma na região pélvica, uso de substâncias ilícitas ou medicamentos sem prescrição médica e peso excessivo são os principais fatores de risco.
Os tratamentos com testosterona são eficazes no controle do hipogonadismo, no entanto, existem alguns efeitos adversos potenciais, como o surgimento de acnes, distúrbios da próstata, policitemia, redução dos espermas, efeitos cardiovasculares, ataques cardíacos, lesão hepática, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral, oscilações de humor, agressividade, depressão e irritabilidade.
Para as mulheres, embora as terapias hormonais sejam eficazes, elas também podem causar alguns efeitos colaterais. É possível ocorrer inchaço, sangramento menstrual irregular, dor nos seios, alterações de humor, dores de cabeça, náuseas, risco de câncer uterino, enfraquecimento da saúde dos ossos, redução do desejo sexual, entre outros.
O hipogonadismo é definido na Medicina pela falta de estrogênio nas mulheres e de testosterona nos homens. Desse modo, o tratamento médico se concentra na reposição dos níveis hormonais e no estímulo para a sua produção pelo organismo. A terapia para repor os hormônios faz exatamente isso para pessoas que sofrem com essa condição e que assumem várias formas.
Existem muitas maneiras de administrar a terapia de reposição hormonal. Uma variedade de formulações de testosterona pode ser aplicada na forma de gel ou com adesivos na pele que devem ser usados diariamente. Há também formulações orais, pulverização nasal, implantes inseridos sob a pele do paciente na coxa, abdômen inferior ou nádegas. Veja outras opções:
O hipogonadismo secundário surge em virtude de problemas na glândula pituitária ou no hipotálamo circundante, uma região do cérebro que coordena a função de outras áreas para regular o desenvolvimento sexual e físico. Diante disso, os médicos podem descobrir tumores benignos ou adenomas que podem ser tratados com medicamentos, radioterapia ou cirurgia para remoção.
Depois que a obstrução é eliminada, os hormônios retornam aos níveis normais. Em casos de obesidade, os médicos também podem considerar a cirurgia para perda de peso, que causa mudanças drásticas na produção hormonal. As condições crônicas exigem o manejo constante e consistente para evitar potenciais complicações que afetam gravemente a qualidade de vida.
Uma alternativa à reposição de testosterona que funciona tanto para homens quanto para mulheres é o tratamento com baixas doses de clomifeno. Esse componente estimula o corpo a aumentar naturalmente os níveis hormonais, efeitos colaterais que podem resultar da terapia de reposição hormonal direta, evita a infertilidade e outros problemas, além de não apresentar efeitos consideráveis.
Os níveis hormonais costumam ser usados para avaliar o hipogonadismo em mulheres, principalmente quando elas estão na menopausa. Os valores costumam mudar durante o ciclo menstrual normal de uma mulher e, consequentemente, a interrupção da menstruação ajuda no diagnóstico da deficiência hormonal.
A mulher que já está em período de pós-menopausa é diferente de uma jovem ou adolescente que pode estar com hipogonadismo, que é uma anormalidade. A menopausa é uma alteração normal nos níveis hormonais, enquanto a puberdade tardia pode ser identificada após a descoberta de infertilidade em pessoas do sexo masculino ou feminino.
Nos homens, a baixa testosterona pode ser detectada com um exame de sangue simples solicitado pelo médico e realizado em laboratório por um profissional de saúde. O material para o teste precisa ser coletado quando os níveis hormonais são mais altos, nas primeiras horas da manhã, pois eles podem cair durante o dia e também dependem da idade.
O desenvolvimento defeituoso dos óvulos ou espermatozoides também resulta em infertilidade. Esses defeitos podem ser permanentes, irreversíveis e geralmente implicam deficiência nos órgãos reprodutivos, com ou sem problemas de fertilidade. Existem muitos tipos possíveis de hipogonadismo e várias maneiras de categorizá-los, sendo que o diagnóstico é feito por médicos especializados em Endocrinologia.
As adolescentes que sofrem de hipogonadismo não menstruam e isso pode afetar o desenvolvimento das mamas e a altura. Em mulheres, o surgimento da deficiência hormonal após a puberdade ocasiona a diminuição da libido, interrupção da menstruação, ondas de calor e perda de pelos corporais. Nos homens, causa problemas no desenvolvimento muscular, dificuldades sexuais e disfunção erétil.
Outros sintomas do hipogonadismo que envolve o sistema nervoso central pode envolver visão prejudicada, dores de cabeça, corrimento da mama, visão dupla e outros problemas decorrentes do desequilíbrio hormonal. Os pacientes podem sofrer com o engrossamento da voz, aumento do pênis e dos testículos, pelos faciais, falta de desenvolvimento sexual, incapacidade de olfato e baixa estatura.
A maioria dos pacientes com hipogonadismo tem o desenvolvimento tardio ou incompleto e, conforme a gravidade, pode resultar em infertilidade total ou parcial. O desenvolvimento do esperma e a liberação do óvulo pelos ovários podem ser prejudicados pelo hipogonadismo. A baixa testosterona também pode diminuir outros hormônios secretados pelas gônadas, como progesterona, ativina, inibina, entre outros.
Quando o corpo das mulheres não produz testosterona suficiente durante o desenvolvimento fetal, o resultado pode ser prejuízos no crescimento dos órgãos sexuais externos. Dependendo do momento em que o hipogonadismo se desenvolve e da quantia de testosterona presente no organismo, a criança geneticamente masculina pode nascer com genitais femininos, ambíguas ou subdesenvolvidos.
O hipogonadismo pode causar desenvolvimento incompleto, atrasar a puberdade ou gerar a falta de crescimento normal. A deficiência tende a dificultar o aumento do pênis e testículos na adolescência, impedir o surgimento dos pelos corporais e faciais, atrapalhar o aprofundamento de voz e a criação de massa muscular nos rapazes.
Na fase adulta, é possível observar a ginecomastia que afeta o tecido mamário, o crescimento excessivo das pernas e dos braços em relação ao tronco do corpo. Essa deficiência hormonal impacta as características físicas masculinas e prejudica a função reprodutiva que não ocorre de modo normal. Os primeiros sinais e sintomas podem incluir energia diminuída, transtornos emocionais etc.
Além da diminuição do desejo sexual e da depressão, as pessoas com hipogonadismo podem ter perda da massa óssea, alterações mentais e psicológicas. À medida que a testosterona diminui, alguns homens apresentam sinais parecidos com os da menopausa nas mulheres, como ondas de calor. É importante consultar um médico para obter o tratamento adequado.
Com um diagnóstico preciso e oportuno de hipogonadismo, você pode adaptar o tratamento para que o paciente consiga enfrentar melhor a condição. Diagnosticar essa deficiência pode ser um desafio, visto que essa condição se apresenta de maneira diferente com base na idade e no sexo de nascimento. Isso envolve determinar as causas subjacentes do problema.
Existem testes laboratoriais remotos, como kits de teste de hormônio disponíveis no mercado para serem feitos em casa ou no próprio consultório. A análise é realizada por uma equipe de profissionais especializados e o resultado é rápido e online.
Os níveis de testosterona total podem ser avaliados usando amostras de sangue ou saliva enviadas a um laboratório. Conforme o fabricante, os resultados são tão confiáveis quanto os testes feitos na clínica ou no hospital.
Um médico pode fazer o diagnóstico dos pacientes com suspeita de hipogonadismo com facilidade por meio da anamnese e exame físico. O primeiro passo no diagnóstico envolve uma avaliação física e começa com uma discussão de sinais e sintomas, como baixo desejo sexual, disfunção erétil e menstruação irregular.
Em adolescentes, os médicos devem avaliar o crescimento dos pelos pubianos, o atraso no início da puberdade, as mamas e outras características. As mulheres adultas podem ser submetidas a um exame pélvico e em homens é avaliada a perda de massa muscular. As avaliações de rotina servem para averiguar as métricas de saúde, frequência cardíaca e pressão arterial.
Preste atenção a vários detalhes. Conforme um paciente envelhece, os seus níveis de hormônios sexuais naturalmente diminuem. Sendo assim, a idade também é um fator relevante que pode facilitar o diagnóstico. As pessoas que usam corticosteróides, opióides e outros medicamentos, sejam prescritos ou de venda livre, também apontam para essa probabilidade.
A avaliação das condições genéticas, como as síndromes que podem causar hipogonadismo é crucial para determinar o diagnóstico. Muitos problemas surgem devido a anormalidades cromossômicas espontâneas, ou seja, esses aspectos nem sempre são herdados. Verifique se os membros da família do seu paciente já tiveram certos problemas de saúde.
A forma mais correta de identificar a presença de hipogonadismo é realizando uma avaliação após a coleta do sangue dos níveis de hormônios sexuais e seus precursores. Esse exame serve para medir a quantidade hormonal e se certificar dessa condição. Em alguns casos, o médico pode procurar outras causas potenciais da doença.
Vários testes de sangue adicionais podem ser necessários para auxiliar no diagnóstico. O excesso de ferro na corrente sanguínea causa fraqueza, fadiga, dores articulares, abdominais e outros sintomas. O acúmulo é conhecido como hemocromatose é um sintoma de hipogonadismo que pode ser detectado por meio de uma amostra de sangue.
O hipogonadismo primário surge devido a problemas nas gônadas masculinas e nos ovários femininos. O secundário, por sua vez, apresenta problemas na glândula pituitária, desenvolvimento de tumores não cancerosos ou benignos. A imagiologia médica é indispensável para avaliar as demais causas subjacentes do problema, bem como quaisquer deficiências físicas relacionadas.
Esse exame depende de ondas de rádio e campos magnéticos para a criação de imagens 3D ou tridimensionais da glândula pituitária e do cérebro. O procedimento é eficaz para a geração de imagens dos tecidos que ajudam a fazer o diagnóstico correto. Mas a ultrassonografia pode ser aplicada com mais frequência.
A varredura permite que os médicos avaliem crescimento tumoral nas regiões cerebrais circundantes e na glândula. Os exames de ressonância magnética da região pélvica servem especialmente para auxiliar no diagnóstico de hipogonadismo primário. Isso porque aparecem os danos causados por problemas ovarianos e pelo tratamento com radiação.
A tomografia computadorizada é um exame que depende de vários raios-X muito usado para examinar tumores ao redor ou dentro da glândula pituitária. Do mesmo modo que acontece com a ressonância magnética, a representação 3D é produzida, os médicos conseguem acompanhar o crescimento de potenciais adenomas e avaliam se há algum problema afetando a sua função.
Quando o hipogonadismo feminino é decorrente de problemas nos ovários ou primário, a ultrassonografia é usada. Trata-se de um tipo de imagem que depende de ondas de ultrassom refletidas em estruturas do corpo. Nesse caso, para obter uma imagem da área pélvica.
A infertilidade é um sintoma que acomete os homens. Por esta razão, o sêmen pode ser analisado e submetido ao contador de esperma. Os médicos também fazem uma análise cromossômica e realizam o teste genético para identificar causas congênitas, como a síndrome de Turner nas mulheres e de Klinefelter em homens.
Os sintomas podem surgir em virtude de outras doenças, que podem exigir tratamento individualizado. Há muitos fatores que podem levar ao hipogonadismo, em conjunto com as diminuições naturais nos níveis de produção de hormônios sexuais que surgem com a idade. Diante disso, pode ser necessário fazer testes adicionais e exames de sangue.
Os profissionais de Medicina podem fazer uma triagem de diversas condições, por exemplo, diabetes mellitus tipo 2, distúrbios endócrinos, doença de Addison. As doenças hepáticas como cirrose, hepatite, doenças crônicas ou outros fatores também indicam o hipogonadismo. Exames de sangue que avaliam as funções são uma abordagem padrão para o diagnóstico.
A doença de Addison é uma produção deficiente de hormônios nas glândulas suprarrenais. O diabetes tipo 2 é uma dificuldade que o corpo tem para regular e utilizar o açúcar como combustível. Já o hipertireoidismo ou o hipotireoidismo influenciam a produção hormonal. Portanto, o diagnóstico também envolve a verificação da saúde da glândula tireóide.
Os médicos também podem solicitar testes de densidade óssea em virtude da osteoporose. Esse enfraquecimento dos ossos pode surgir devido aos baixos níveis de testosterona e requer tratamento separado. A triagem de câncer de próstata que afeta os homens também é recomendada quando surgirem sinais de hipogonadismo ou baixos níveis de testosterona.
O vírus da imunodeficiência humana ou HIV compartilha muitos sintomas, assim como é um fator de risco para hipogonadismo secundário. Recomenda-se o rastreamento de qualquer infecção degenerativa ou sexualmente transmissível crônica para diagnosticar e prescrever terapias eficazes quando houver doenças associadas.
Realize a sua inscrição na Afya Educação Médica!
Aproveite as oportunidades oferecidas pela Afya Educação Médica para obter uma aprendizagem teórica e prática aprofundada, vivenciar diferentes cenários, casos clínicos diversos e outros conhecimentos relevantes.
Se você é um médico registrado no CRM com experiência em Endocrinologia e conhecimentos em saúde do homem e deseja se aprofundar no tema, o workshop Hipogonadismo Masculino pode ser uma boa escolha para te capacitar no atendimento clínico ambulatorial ao paciente masculino em Endocrinologia.
Após as 18h do curso, divididas em prática presencial, teórico presencial e case report, você saberá identificar sintomas e sinais sugestivos de hipogonadismo – por meio de anamnese completa e exame físico; estabelecer a conduta adequada quanto aos critérios de terapia de reposição de testosterona; e rastrear e avaliar comorbidades vinculadas ao hipogonadismo.
Gostou da dica? Então conheça melhor o nosso workshop Hipogonadismo Masculino!