Escrito por
Publicado em
8.4.2024
Escrito por
Equipe Afya Educação Médica
minutos
O herpes tem uma história longa que remonta à antiguidade, sendo os primeiros relatos desta doença registrados há milênios. Evidências dessas ocorrências foram encontradas em textos médicos da Grécia Antiga.
Os primeiros tipos identificados foram o herpes simplex tipo 1 (HSV-1) e o herpes simplex tipo 2 (HSV-2). Os tratamentos primitivos incluíam preparações à base de plantas, mas a compreensão da doença avançou ao longo dos séculos.
Atualmente, a Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 67% da população global está infectada pelo tipo simples de herpes. Apenas cerca de 13% das pessoas infectadas desenvolvem sintomas, geralmente quando a imunidade está comprometida. A doença pode se manifestar em várias regiões do corpo, sendo mais comum nos lábios e genitais.
Neste artigo, vamos explorar brevemente o histórico da doença, entender o que é o herpes, seus tipos, causas, sintomas, fatores de risco, tratamentos e como preveni-lo. Boa leitura!
O herpes é uma condição viral complexa causada por membros da família Herpesviridae. Esses vírus compartilham propriedades distintas que permitem estabelecer infecções persistentes no organismo humano.
Após a infecção inicial, o vírus pode permanecer latente em gânglios nervosos específicos, escapando do controle imunológico e desencadeando episódios recorrentes. A reativação viral pode ser desencadeada por uma variedade de fatores, como estresse, exposição solar intensa e outros estímulos ambientais.
A capacidade dos herpesvírus humano de persistirem no organismo e causarem recorrências torna o herpes uma condição desafiadora, afetando milhões de pessoas globalmente. Contudo, a resposta imunológica a essas reativações nem sempre é eficaz, permitindo que os vírus se repliquem e causem sintomas variados, dependendo do tipo de herpesvírus.
A complexidade dos herpesvírus reside na interação intricada entre o vírus e o sistema imunológico do hospedeiro, bem como na habilidade única de permanecerem latentes por longos períodos. O entendimento desses mecanismos é essencial para o desenvolvimento de estratégias eficazes de prevenção e tratamento.
Os herpesvírus humanos formam uma família diversificada, composta por oito tipos distintos, cada um com características específicas e manifestações variadas no organismo humano. A aquisição desses vírus geralmente ocorre na infância, muitas vezes antes dos 5 anos, resultando em uma soroprevalência significativa na população. Veja os oito tipos de herpes a seguir.
O HSV-1 é transmitido principalmente por gotículas de saliva contaminadas ou contato direto com lesões ativas. Sua infecção primária pode resultar em herpes cutâneo, herpes labial e gengivoestomatite. Em momentos de reativação, o vírus pode causar complicações como encefalite, ceratite e infecções viscerais.
O HSV-2 é transmitido sexualmente, especialmente quando há lesões ativas na genitália. A infecção primária envolve manifestações como herpes genital, herpes cutâneo, gengivoestomatite e herpes neonatal. A reativação pode levar a condições graves como meningoencefalite, esofagite, hepatite, pneumonite, necrose retiniana ou infecção disseminada.
A transmissão do HHV-3 ocorre por contato direto com gotas ou aerossóis contaminados, ou secreções do trato respiratório. A infecção primária resulta em varicela, enquanto a reativação leva ao herpes-zóster, uma condição dolorosa caracterizada por erupções cutâneas.
O HHV-4 é transmitido por meio da saliva, de objetos contaminados (como escova de dentes, louça) ou por transfusões sanguíneas. A infecção primária está associada à mononucleose infecciosa, e sua reativação pode contribuir para doenças linfoproliferativas.
A transmissão do HHV-5 ocorre por contato com saliva, urina ou outros fluidos corporais, relações sexuais, leite materno ou transplante de órgão. A infecção primária pode resultar em síndrome congênita ou citomegalomononucleose, enquanto a reativação está associada a infecções no trato digestivo, coriorretinite, mielite e encefalite.
O HHV-6 é transmitido pela saliva. A infecção primária está relacionada à febre alta associada à roséola, e a reativação pode levar a condições como pneumonia, hepatite, doença febril, supressão da medula óssea, complicações neurológicas e rejeição de órgãos.
A transmissão do HHV-7 ocorre por meio da saliva, e sua infecção está associada à roséola do lactente.
O HHV-8 é transmitido sexualmente ou orofecal. Sua infecção está relacionada ao sarcoma de Kaposi (KSHV) e a alguns linfomas não Hodgkin associados à AIDS. O entendimento detalhado de cada tipo de herpesvírus é crucial para um manejo eficaz e medidas preventivas adequadas.
Cada tipo de herpesvírus humano apresenta características únicas, variando desde infecções subclínicas até complicações graves, como encefalites, meningites e linfomas. O conhecimento detalhado sobre esses vírus é crucial para a compreensão, diagnóstico e tratamento adequado das infecções herpéticas.
Os herpesvírus humanos mais frequentemente encontrados na população são os do tipo herpes simples (HSV-1 e HSV-2) e o Varicela-zóster, responsável pela varicela (catapora) e pelo herpes-zóster.
Desse modo, neste artigo, concentraremos nossa atenção nesses tipos mais comuns de herpesvírus humanos. Ao abordar os sintomas dos herpesvírus mais prevalentes, é essencial destacar as características específicas de cada tipo.
O HSV-1 é frequentemente associado ao surgimento de lesões orais, conhecidas como herpes labial. Os sintomas incluem a formação de bolhas dolorosas na região dos lábios, boca e, ocasionalmente, na área facial. Além disso, pacientes podem sentir coceira, queimação e desconforto local.
Em contraste, o HSV-2 está principalmente relacionado a infecções genitais, manifestando-se por de bolhas dolorosas, úlceras ou feridas na região genital. Sintomas adicionais podem incluir dor ao urinar, linfonodos inchados na virilha e, em mulheres, corrimento vaginal anormal.
O HHV-3 apresenta-se inicialmente como varicela (catapora) durante a infância, caracterizada por uma erupção cutânea generalizada. Na fase de reativação, conhecida como herpes-zóster, os sintomas incluem dor intensa, formação de bolhas ao longo de uma faixa específica da pele e possível comprometimento neurológico, dependendo da localização das lesões.
A transmissão da herpesvirose ocorre principalmente por meio do contato íntimo com uma pessoa que está ativamente transmitindo o vírus, seja durante a presença de lesões ativas ou em momentos de reativação viral assintomática.
No caso do Tipo 1 (HSV-1), o contato com gotículas de saliva contaminadas e o compartilhamento de objetos pessoais podem facilitar a disseminação do vírus. Para o Tipo 2 (HSV-2), a transmissão ocorre geralmente por via sexual, especialmente quando há lesões genitais presentes. Já o Tipo 3 (HHV-3), conhecido como varicela-zóster, tem sua transmissão pelo contato direto com gotas ou aerossóis contaminados, além das secreções do trato respiratório.
Além da transmissão direta, vários fatores podem desencadear a reativação dos sintomas em indivíduos que já foram infectados. O estresse emocional é reconhecido como um desencadeador comum para todos os tipos de herpes, incluindo o zóster.
A exposição solar intensa, períodos menstruais em mulheres e traumas físicos na área afetada, como lesões na boca, genitais ou ao longo de um dermatoma específico, podem desencadear a recorrência dos sintomas do HSV-1, HSV-2 e zóster, respectivamente.
Cabe ressaltar que a transmissão do herpes pode ocorrer mesmo quando as lesões não estão visíveis. Isso se deve ao fato de que o vírus herpes simples, tanto o tipo 1 (HSV-1) quanto o tipo 2 (HSV-2), pode ser eliminado pelo corpo mesmo na ausência de sintomas visíveis, em um processo chamado de "shedding viral assintomático".
Durante esse período, o vírus pode ser transmitido a outras pessoas, mesmo na ausência de feridas ou lesões perceptíveis. Portanto, é importante praticar precauções e medidas preventivas, como o uso de preservativos e a abstinência durante episódios de atividade viral conhecida, para reduzir o risco de transmissão.
O diagnóstico, em grande parte, é feito clinicamente, considerando os sintomas apresentados pelo paciente. No entanto, em alguns casos, exames específicos podem ser realizados para confirmar a presença do vírus.
Os métodos diagnósticos comuns incluem exames de cultura, nos quais amostras de lesões são analisadas para identificar o vírus, e análises sanguíneas que detectam anticorpos específicos para os diferentes tipos de herpes. Além disso, a observação das características físicas das lesões também desempenha um papel crucial no diagnóstico diferencial.
Quanto ao tratamento, embora não haja uma cura definitiva para a herpesvirose, existem abordagens terapêuticas disponíveis para aliviar os sintomas e controlar as recorrências. Nesse sentido, medicamentos antivirais, como o aciclovir, são frequentemente prescritos para diminuir a gravidade dos sintomas e reduzir a frequência das recorrências.
Pomadas antivirais tópicas podem ser aplicadas em lesões específicas para acelerar a cicatrização. Além disso, adotar medidas para fortalecer o sistema imunológico, como prática regular de exercícios físicos, alimentação balanceada e gestão do estresse, são recomendadas para auxiliar no controle das herpesviroses.
O acompanhamento médico é essencial para personalizar o tratamento conforme a gravidade dos sintomas e a frequência das recorrências.
A prevenção da herpesvirose é multifacetada e envolve medidas direcionadas à redução do risco de transmissão e à minimização dos fatores desencadeantes da reativação viral.
Evitar o contato próximo com indivíduos que apresentam lesões ativas é crucial para prevenir a propagação do vírus, principalmente no caso do herpes simplex tipos 1 e 2 (HSV-1 e HSV-2). Medidas simples, como evitar beijos e contato direto com as áreas afetadas, podem reduzir significativamente o risco de transmissão.
A exposição solar intensa e prolongada é um fator desencadeante conhecido para a reativação do vírus. Portanto, a proteção solar adequada, incluindo o uso de protetor solar, roupas de proteção e evitar a exposição excessiva, contribui para prevenir episódios recorrentes.
Além disso, a manutenção da higiene pessoal é fundamental, especialmente em situações de atividade viral, para evitar a disseminação do vírus por meio de objetos contaminados. Fortalecer o sistema imunológico é uma abordagem preventiva eficaz.
Manter um estilo de vida saudável, com uma dieta equilibrada, exercícios regulares e controle do estresse, contribui para a resistência do organismo contra a reativação viral. Em alguns casos, a administração de vacinas específicas, como a vacina contra o herpes-zóster em adultos, pode ser recomendada como parte das estratégias de prevenção.
Complicações associadas ao herpes podem manifestar-se em diversas áreas, variando conforme o tipo viral e a intensidade da infecção. A busca por orientação médica é essencial para um diagnóstico preciso e tratamento adequado, visando reduzir o risco de complicações e gerenciar eficazmente a condição do herpesvírus.
Confira, a seguir, as principais complicações que podem surgir devido à infecção pelo herpesvírus.
As lesões causadas pelo herpes podem propiciar infecções secundárias bacterianas, agravando o quadro clínico e exigindo tratamento específico.
Em situações mais graves, especialmente em indivíduos com sistema imunológico comprometido, o vírus pode se disseminar para outras partes do corpo, resultando em complicações sistêmicas que demandam atenção médica imediata.
O HSV-1, em particular, pode causar encefalite, uma inflamação grave do cérebro, apresentando sintomas potencialmente fatais e necessitando de intervenção médica urgente.
O HSV-2 está associado a complicações genitais, incluindo meningite, proctite (inflamação do reto) e riscos adicionais durante a gravidez.
A transmissão do HSV da mãe para o recém-nascido pode resultar em complicações graves e potencialmente fatais, especialmente em neonatos.
O vírus varicela-zóster, além da infecção primária conhecida como varicela, pode causar herpes-zóster, que, em alguns casos, leva a complicações como neuralgia pós-herpética, exigindo uma abordagem específica para o seu manejo.
Invista na sua atualização profissional com a Afya Educação Médica!
Em resumo, herpes é uma condição amplamente presente na população, e a compreensão aprofundada de seus tipos, sintomas, causas e tratamentos desempenha um papel fundamental na gestão eficaz da doença. A diferenciação entre os diversos herpesvírus humanos, como HSV-1, HSV-2 e o varicela-zóster, oferece informações cruciais para direcionar intervenções terapêuticas específicas.
A prevenção, centrada em evitar o contato com lesões ativas e ter cuidado com a exposição solar, destaca-se como uma medida fundamental. Além disso, a manutenção da higiene pessoal e o fortalecimento da imunidade desempenham papéis essenciais.
Diante da natureza recorrente da doença, é preciso garantir não apenas o alívio sintomático, mas também minimizar o impacto da doença na qualidade de vida dos afetados. Afinal, a orientação médica é essencial para personalizar as medidas preventivas conforme a situação clínica de cada indivíduo.
Assine a nossa newsletter e receba posts exclusivos e atualizações sobre Medicina diretamente no seu e-mail!