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30.9.2024
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Equipe Afya Educação Médica
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Tão relevante quanto entender o conceito de governança clínica é saber aproveitar os benefícios que esse recurso pode proporcionar. Explorar essas possibilidades e seguir as suas métricas ajuda as organizações de saúde a manterem um alto nível de cuidado para alcançarem a solidez.
Sob essa ótica, vamos apresentar um panorama dos principais desafios enfrentados pelos médicos gestores nas instituições de saúde. Veja o que é a governança clínica, para que ela serve, como funciona e as vantagens que representa.
Boa leitura!
Conceitualmente, esse é um sistema utilizado pelas organizações de saúde, com objetivo de melhorar, continuamente, a qualidade dos seus serviços. Por meio dessa ferramenta, é possível manter altos padrões de atendimento e promover a excelência clínica.
Originalmente, esse termo foi idealizado pelo serviço de saúde pública inglês, o National Health System (NHS), em 1990. Rapidamente, ele se fortaleceu na Europa, expandiu fronteiras e, hoje, é amplamente aplicável a qualquer sistema de saúde do planeta.
Se você atua na gestão médica, convém conhecer os benefícios desse sistema. Mesmo nos países de baixa condição socioeconômica, a aplicabilidade dos princípios de governança clínica tem feito a diferença na rotina da saúde pública e privada. A liderança que seguir essa proposta certamente obterá resultados mais promissores.
Para melhor compreensão do tema, listamos alguns emblemas que caracterizam a governança na saúde. Confira!
Em tese, a governança clínica é um modelo de gestão que busca a melhoria contínua, com prioridade em métricas que possam agregar valor aos serviços. Entre os principais objetivos, destaca-se a melhoria dos desfechos clínicos, sobretudo em relação à segurança do paciente.
Para alcançar resultados mais positivos, é preciso investir em pilares que tornam a gestão mais eficiente. Nessa jornada, o ideal é envolver a equipe médica, os atores administrativos, bem como os outros setores de apoio.
Assim, a gestão pode desenvolver mais alternativas que possibilitam a manutenção na melhoria contínua da qualidade dos cuidados. Essa conduta é necessária porque otimiza processos e eleva o nível de satisfação dos pacientes.
Atualmente, em todas as áreas de conhecimento há necessidade de educação continuada e treinamento constante. Na Medicina, isso é imprescindível, haja vista a responsabilidade por lidar com vidas humanas.
Nesse sentido, a liderança em saúde precisa focar em ações que promovam mais segurança para o paciente. Investir em educação possibilita que os profissionais de saúde desenvolvam as habilidades e conhecimentos necessários para exercer bem suas funções.
Logo, como parte do padrão que caracteriza a governança em saúde no Brasil e no mundo, o estímulo à educação continuada é um dos principais mecanismos.
Na rotina clínica, o doente passa por várias etapas e tem contato com diferentes profissionais. Ou seja, a experiência dele é influenciada por uma série de variáveis, que englobam desde o primeiro contato na recepção até a sua saúde, após o atendimento médico.
Como parte desse processo, a gestão deve priorizar a humanização do atendimento em todas essas fases. Os colaboradores executivos e a equipe de saúde devem prestar acolhimento, oferecer conforto e uma assistência qualificada.
A experiência do paciente deve ser a ferramenta para medir os impactos do atendimento recebido. A fidelização ocorre quando a humanização predomina em todos os espaços.
Essa medida permite que a liderança organizacional trabalhe na identificação e gerenciamento das questões vistas como eventuais ameaças à qualidade dos serviços. Tais ações procuram garantir que os cuidados aos pacientes sejam mais seguros.
Como médico, você há de concordar que um exemplo clássico é a prescrição médica: ao prescrever um tratamento, convém considerar os riscos e benefícios da intervenção terapêutica. O ideal é optar por condutas que simbolizam mais vantagens terapêuticas que danos à saúde.
Logo, perceber e prever as falhas é de extrema importância para a tomada de decisão mais acertada, além de evitar as chances de problemas futuros. Independentemente da função hierárquica, todas as equipes precisam se concentrar em ações que minimizem as falhas mais recorrentes.
De forma sucinta, o objetivo da governança clínica é promover a qualificação dos serviços de saúde. Ou seja, ela pode ser comparada a uma técnica que possibilita a evolução constante das equipes.
Em busca de resultados mais eficientes, muitos gestores implementam ciclos de melhoria contínua. Nesse propósito, os mais utilizados para aprimorar os cuidados de saúde são o PDCA (Plan-Do-Check-Act, que em português significa Planejar-Fazer-Conferir-Agir).
Dentro desse contexto, a gestão pode tomar decisões baseadas em evidências clínicas. Com o avanço das tecnologias na saúde, as referências baseadas em pesquisas têm sido bastante empregadas para agilizar procedimentos.
Tais ações são úteis para guiar a tomada de decisões clínicas mais adequadas. Alinhada à base científica — que demonstra desfechos mais satisfatórios nesse modelo — a liderança atua com mais eficiência e segurança.
Mais transparência e responsabilidade
Esse quesito propõe a manutenção de um ambiente, no qual os profissionais de saúde são transparentes sobre suas funções e responsabilidades. Priorizar a transparência favorece a gestão médica em diferentes vertentes.
Um dos benefícios é estimular uma visão mais integrada dos problemas da e compartilhar esses desafios com a equipe. Com isso, os erros serão reconhecidos e abordados de maneira mais positiva, aumentando a percepção de alternativas de controle.
Para trazer mais benefícios, essa metodologia se baseia em um conjunto de métodos mais favoráveis à evolução constante da organização. Tais condutas visam garantir a qualidade e tornar o estabelecimento reconhecido pela excelência.
Nesse sentido, o processo é subdividido em vários pilares e componentes, interligando os objetivos mais relevantes. Observe.
As instituições de saúde, que priorizam a qualidade da gestão, apresentam um ponto em comum: estimulam o desenvolvimento profissional contínuo, com programas de incentivo à adesão de seus colaboradores.
Partindo desse pressuposto, as oportunidades devem ser equânimes e abrangentes. Assim, tanto as equipes que atuam em funções executivas — no âmbito administrativo — quanto os profissionais de saúde, são igualmente contemplados.
Certamente, você já deve ter ouvido o antigo jargão “tempo é dinheiro”, não é mesmo? Exatamente isso: a otimização do tempo é um dos possíveis caminhos para reduzir o desperdício.
Focados nesse alvo, os gestores podem orientar os colaboradores, auxiliando-os na identificação de anormalidades — que geram gastos desnecessários. Contudo, vale frisar que essa percepção quanto ao desperdício de tempo e materiais pode ser treinada pelos funcionários por meio de cursos específicos.
Por fim, vale ressaltar que é essa é uma alternativa viável para melhorar as estruturas organizacionais. Como médico gestor, você pode explorar os benefícios da governança em saúde e atingir suas expectativas. Escolha aqueles mais centrados no crescimento e que fomentem, de fato, a solidez de sua organização.
Seguindo as diretrizes propostas inicialmente pelo NHS, a liderança consegue projetar resultados mais efetivos. Essa tática traz vantagens mais competitivas, tanto para a marca quanto para as equipes executivas, assistenciais e também para pacientes
Diante da atual competitividade no setor de saúde, a gestão médica precisa estar a par dos benefícios que a implementação eficaz da governança clínica proporciona. Confira!
O primeiro grande benefício é a possibilidade de atingir excelência no atendimento. Baseados em princípios que norteiam as melhores condutas clínicas, a gestão consegue trabalhar em um patamar diferenciado e transformá-lo num procedimento padrão.
Entre as metas a serem alcançadas, destacam-se a oferta de um cuidado de saúde mais efetivo, equânime, completo e focado nas necessidades do paciente. Em curto ou médio prazo, a liderança perceberá as diferenças em diferentes contextos.
A promoção de cuidados centrados no paciente contribui para a construção de um vínculo mais positivo entre a instituição, o próprio paciente e seus familiares. Essa integração estimula o compartilhamento de ideias e opiniões quanto às decisões de cuidado.
Somado a isso, ainda gera maior satisfação ao superar a expectativa de quem precisa de acolhimento em momentos difíceis. Portanto, a construção de vínculos mais sólidos é de grande relevância para a gestão que preconiza o sucesso utilizando os mecanismos desenhados pelo NHS para a governança em saúde.
O uso eficiente dos recursos operacionais é um dos fatores que mais contribuem para a promoção da excelência nos ambientes clínicos. Uma das razões é porque permite, com mais clareza, a identificação e a eliminação de práticas ineficazes. Assim, a otimização dos recursos sinaliza melhoria contínua dos sistemas e aumenta a eficiência operacional.
No cotidiano hospitalar, o uso dos recursos adequados em cada caso gera benefícios ao paciente em toda a sua jornada. O foco deve ser a humanização do atendimento, bem como a otimização do diagnóstico para prover um tratamento correto.
Sem dúvida, investir na qualidade na gestão dos recursos humanos pode impulsionar a instituição de diversas maneiras. Tais práticas favorecem a padronização do atendimento e contribui para a construção de um relacionamento mais sólido com os pacientes. Além disso, os profissionais bem treinados e qualificados estão mais bem preparados para fornecer cuidados de saúde com mais eficiência.
Com mais treinamento, eles desenvolvem virtudes relevantes como empatia, gentileza e habilidades de comunicação. Assim, eles conseguem perceber, mais facilmente, as necessidades dos pacientes e tornam o atendimento mais humanizado.
Proporcionar alternativas de capacitação e treinamento em prol da excelência nos serviços oportuniza maiores chances de crescimento profissional. Consequentemente, os trabalhadores estarão mais preparados para fornecer cuidados mais centrados no paciente.
Portanto, quando a liderança atua mais centrada na qualidade dos recursos humanos, há mais engajamento dos colaboradores com as metas organizacionais. Mais do que isso: trabalhar com funcionários mais alinhados às inovações na área da saúde qualifica os serviços e potencializa a sua marca.
Vale lembrar que as instituições médicas são empresas. Partindo desse princípio, a liderança deve atuar focada em ações que gerem lucratividade, concorda? Nesse contexto, a redução de custos no gerenciamento de uma organização de saúde requer medidas estratégicas multifacetadas.
Em vista disso, enumeramos algumas das alternativas mais eficazes para alcançar esse patamar e promover a prevenção de doenças. Observe.
Em conjunto com a equipe, os gestores clínicos devem realizar, regularmente, o mapeamento dos problemas a fim de identificar erros mais comuns e redundâncias. Em seguida, convém avaliar as falhas, propor soluções e estipular medidas de prevenção para evitar cometer as mesmas falhas.
Nessa investida, uma das ações mais utilizadas pela governança em saúde são os princípios de Lean Healthcare. Nesse campo, esse recurso possibilita eliminar desperdícios, otimizar o fluxo de trabalho e obter maior produtividade.
Além do mais, as tecnologias de automação também agregam vantagens na busca pela otimização dos resultados. Elas podem ser empregadas na gestão de consultas médicas ou em tarefas repetitivas e rotineiras.
Além das vantagens já referidas, a implantação do Lean Healthcare permite:
Nas últimas décadas, a tecnologia se tornou uma grande aliada do mercado da saúde. Assim, muitos líderes — e empreendedores em saúde — estão seguindo tendências, que, comprovadamente, têm dado certo na área médica.
Por isso, as instituições hospitalares de destaque no mercado utilizam, normalmente, o inventário “Just-in-Time”. Essa estratégia facilita o trabalho do setor e ainda possibilita os seguintes benefícios:
Na administração da clínica, o uso de sistemas de gestão hospitalar integrado tem sido uma excelente opção para tornar o trabalho mais eficaz.
Integrar os sistemas otimiza as tarefas de todos os setores, padroniza o atendimento e melhora o fluxo do trabalho das equipes. Para isso, a liderança deve apostar em ferramentas mais versáteis, tanto para o consultório médico como para a utilização em telemedicina.
Seguindo nessa mesma linha de raciocínio, também é importante monitorar as despesas com energia e recursos materiais. O médico que alia as atividades clínicas com governança na gestão hospitalar deve investir em medidas centradas em atitudes sustentáveis.
Ademais, pensar essas ações como prioridade é importante e gera os seguintes benefícios:
Em tese, a implementação de uma governança clínica eficiente depende da implementação de uma série de estratégias. Em sua maioria, elas favorecem a promoção de qualidade e segurança em cuidados de saúde.
Destacamos algumas das estratégias mais eficazes. Veja quais são.
Promover o engajamento dos cargos hierárquicos gera maior comprometimento das equipes com a missão institucional. Quando a liderança está fortemente comprometida com os princípios de governança clínica, os resultados positivos surgem mais rápido.
Além das próprias métricas, a governança em saúde também requer a aplicação e o monitoramento de indicadores-chave de desempenho (KPIs). Tais ferramentas são úteis para avaliar a qualidade, a eficiência e a segurança dos cuidados.
Igualmente relevante é a implementação de ferramentas de análise de dados. Seu uso permite monitorar o desempenho e identificar os principais gargalos que comprometem a eficiência dos serviços.
Garantir uma comunicação clara e aberta entre todos os níveis da instituição auxilia na promoção da transparência nos espaços corporativos. Para tanto, pode-se investir na criação de canais de feedback contínuo dos médicos, enfermeiros, funcionários e pacientes.
É necessária a construção de um ambiente de trabalho mais colaborativo, com estímulo às ações voltadas para o engajamento coletivo. Como toda mudança pode ter resistência, a chefia clínica deve dialogar com sutileza, propor objetivos claros e estabelecer as propostas gradativamente.
Apesar do avanço da tecnologia e da maior disponibilidade de ferramentas voltadas para o trabalho médico, a saúde ainda enfrenta desafios muito complexos. Listamos alguns dos mais prevalentes. Confira!
Tanto na esfera pública ou privada, muitas organizações de saúde operam com orçamentos restritos. Isso dificulta a implementação de novas estratégias de melhorias e inovações. Essa realidade impacta diretamente a qualificação dos profissionais.
Por isso, ainda há escassez de profissionais de saúde qualificados no mercado. Muitas vezes, há sobrecarga de trabalho, fadiga e desenvolvimento de graves transtornos emocionais. Como consequência, nem sempre é possível oferecer atendimento humanizado ou de acordo com a expectativa dos gestores e do paciente.
Em muitas regiões, já é possível notar o impacto das projeções da pirâmide etária brasileira: mudanças significativas nas demandas em saúde devido ao envelhecimento da população. Um dos resultados é a maior procura por procedimentos médicos.
Sob essa ótica, os médicos gestores devem utilizar estratégias que possibilitem a adequação a essa realidade. Decerto, tais mudanças estruturais exigem mais disponibilidade dos serviços médicos, em especial para as condições crônicas.
A gestão em saúde deve priorizar a busca constante por alternativas que promovam o engajamento entre o estabelecimento e os pacientes. Nesse contexto, deve-se trabalhar medidas que estimulem o envolvimento dos pacientes e de suas famílias nas tomadas de decisões relevantes.
Esse viés que mescla a interação social e ambiental nos serviços de saúde é um dos princípios do ESG na saúde. A proposta da ESG se baseia na valorização de ações que favoreçam a instituição, de forma mais integrativa.
Entre os desafios atuais das instituições médicas destacam-se a necessidade de fornecer serviços de qualidade aliado à manutenção da saúde financeira. Somado a isso, também é importante priorizar a humanização dos processos e a redução de erros médicos
Nesse contexto, a implementação das estratégias da governança em saúde sugere que a gestão invista na alocação eficiente de recursos financeiros. Além das outras metodologias típicas desse sistema, priorizar a saúde financeira é um grande passo para a promoção da sustentabilidade.
A implementação desse sistema depende de um trabalho contínuo e focado nos principais objetivos da instituição. Para atingir as metas propostas e impulsionar a marca, a gestão em saúde precisa seguir um referencial. Listamos alguns métodos que podem trazer resultados mais promissores. Observe quais são!
A promoção da sustentabilidade nos negócios é o passo inicial para alcançar a segurança necessária para a implementação dos princípios básicos de governança em saúde. Nesse sentido, o foco deve ser a eficiência dos recursos em todos os setores institucionais.
Contudo, alguns critérios são parte importante desse processo e, por isso, merecem atenção dos líderes: fazer avaliações regulares de custo-benefício dos investimentos ajuda a gerenciar melhor os gastos e maximizar a lucratividade.
Na área de tecnologia, as mudanças ocorrem à velocidade da luz, concorda? Em vista disso, a gestão médica precisa considerar essa transformação fenomenal e promover, entre seus aliados, condições de adequação a essas mudanças.
Porém, a adequação à rápida evolução das tecnologias na área de saúde exige investimentos significativos. Nesses segmentos, também é necessário que os profissionais tenham formação contínua para acompanhar as tendências. Para isso, a liderança precisa contornar os obstáculos e oportunizar essa evolução.
A implementação de programas de gestão de casos é uma estratégia que auxilia no direcionamento das decisões clínicas. Assim, o ideal é priorizar cuidados personalizados para pacientes com condições mais complexas ou que se inserem em um padrão de cronicidade.
Como já descrito, o aumento da longevidade contribui para o crescimento dos casos de doenças de mais difícil controle. A expressão tardia de problemas autoimunes, câncer e doenças cardiovasculares figuram na lista das mais preocupantes.
Vale destacar, por fim, que a governança clínica é um processo que se revela cada vez mais dinâmico e atual. Sua implantação depende da participação ativa de todos os integrantes da organização de saúde.
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