Endometriose: diagnóstico e tratamentos

Jun 02, 2025 . 6 minutos de leitura
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Endometriose: tudo o que você precisa saber sobre essa doença silenciosa que afeta milhões de mulheres!

A saúde uterina é um tema que preocupa milhões de mulheres no Brasil. Entre as condições mais comuns, a endometriose se destaca por seu impacto significativo na qualidade de vida, afetando cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva.

Mas afinal, o que é essa doença, como identificá-la e quais são as opções de tratamento disponíveis?

É hora de relembrar alguns conceitos. Continue para entender o que é a endometriose, como ela se desenvolve, quais são os principais sintomas e fatores de risco, as diferenças entre endometriose e adenomiose e muito mais.

O que é a endometriose?

A endometriose é uma daquelas condições que muita gente já ouviu falar, mas nem todo mundo entende direito o que acontece no corpo. E, infelizmente, ela é pouco difundida até mesmo entre os profissionais da saúde, que muitas vezes deixam alguns detalhes importantes passarem batido.

Basicamente, é como se pedacinhos do endométrio, o tecido que reveste o útero e descama durante a menstruação, resolvessem se instalar em outros lugares onde não deveriam estar. Por conta disso, eles podem aparecer nos ovários, nas trompas, na bexiga e até mesmo grudados no intestino.

O problema é que esses tecidos "viajantes" não ficam quietos. Na verdade, eles respondem aos mesmos hormônios do ciclo menstrual, então incham e sangram junto ao endométrio original.

Só que, como não têm para onde sair direito, acabam causando uma baita inflamação, dor e, em alguns casos, até dificuldade para engravidar. Não é simplesmente uma "cólica forte", como algumas pessoas pensam; é uma doença complexa que precisa de atenção e cuidado.

Quais são os principais sintomas da endometriose?

A endometriose é uma condição que pode se manifestar de diferentes formas, e os sintomas variam bastante de mulher para mulher. Um dos sinais mais comuns é a cólica menstrual intensa, aquela que vai ficando cada vez mais forte com o tempo, a ponto de não melhorar nem com analgésicos comuns.

Além disso, muitas mulheres sentem dor pélvica crônica, que persiste mesmo fora do período menstrual, como um incômodo constante na região inferior do abdômen. Outro sintoma frequente é a dor durante as relações sexuais, conhecida como dispareunia, que pode ser profunda e bastante desconfortável.

O ciclo menstrual também pode dar pistas: sangramentos irregulares ou excessivos são comuns em quem tem a doença. E, em alguns casos, a endometriose só é descoberta quando a mulher enfrenta dificuldade para engravidar, já que a condição pode afetar a fertilidade.

Vale lembrar que nem todo mundo sente esses sintomas. Portanto, algumas mulheres são assintomáticas e só descobrem a endometriose durante exames de rotina ou investigação de infertilidade.

Ou seja: ficar atenta ao próprio corpo e fazer acompanhamento ginecológico regular é essencial. Assim, cabe aos profissionais da saúde trabalharem bem essa questão e orientarem as suas pacientes sobre a importância do acompanhamento constante.

Quais são os impactos da endometriose na vida da mulher?

A endometriose é uma daquelas condições que vai muito além da dor física, pois ela também mexe com o emocional, a rotina e até os planos futuros de uma mulher.

Continue para saber mais sobre o assunto!

Cotidiano

No dia a dia, a dor pélvica crônica muitas vezes vira uma sombra. Tem dias em que até tarefas simples, como trabalhar, cuidar da casa ou até sair com amigos, viram um desafio.

Algumas mulheres descrevem cólicas tão intensas que remédios comuns não resolvem, e aí a produtividade no trabalho ou nos estudos acaba prejudicada. Sem contar o cansaço constante, que não é "frescura", mas sim o corpo dando sinais de que está sob estresse.

Vida íntima

Na vida íntima, a dor durante ou depois das relações sexuais (dispareunia) pode criar tensões no relacionamento, mesmo que o parceiro seja compreensivo.

Muitas mulheres se sentem culpadas ou frustradas, mesmo sabendo que não é culpa delas. É, muitas vezes, uma sensação de que algo que deveria ser prazeroso virou mais uma fonte de ansiedade.

Planejamento

Fertilidade e projetos futuros também entram na equação. A endometriose não significa infertilidade absoluta, mas pode dificultar a gravidez, e isso pesa, especialmente para quem sonha em ser mãe.

Sendo assim, o medo de não conseguir engravidar, as idas e vindas de tratamentos e a pressão do relógio biológico viram uma carga emocional enorme.

Saúde mental

E já que estamos falando disso: no emocional, é comum surgirem sentimentos de isolamento ("ninguém entende o que eu sinto"), ansiedade e até depressão.

Afinal, conviver com uma doença invisível, que os outros não veem, mas você sente o tempo todo, é desgastante. Muitas mulheres demoram anos para ter um diagnóstico, e nesse meio-tempo ouvem que "é normal sentir dor" ou que "é psicológico", o que só piora a sensação de desamparo.

E quais são as causas para o surgimento da condição?

A endometriose é uma daquelas condições que ainda guardam seus mistérios. Por conta disso, os médicos e os pesquisadores não sabem exatamente o que causa essa doença, mas já existem algumas teorias bastante aceitas que ajudam a entender por que ela surge.

Continue para conhecê-las ou relembrá-las!

Menstruação retrógrada

Uma das hipóteses mais conhecidas é a da menstruação retrógrada. Em vez de todo o sangue menstrual ser expelido normalmente, uma parte acaba voltando pelas trompas e se alojando na pelve, onde essas células podem se implantar e crescer fora do útero.

Curioso, não é mesmo? Mas atenção: isso não significa que toda mulher com menstruação retrógrada vai desenvolver endometriose. No entanto, essa pode ser uma das peças do quebra-cabeça.

Genética

Outro fator que entra na jogada é a genética. Se mãe, irmã ou tia têm endometriose, as chances de desenvolver a condição aumentam. Não é uma sentença, claro, mas é um sinal de que o histórico familiar pode influenciar.

Sistema imune

E tem também o sistema imunológico, que, em algumas mulheres, parece não conseguir eliminar direito essas células endometriais que escapam para lugares onde não deveriam estar. Se o corpo não as remover como deveria, elas podem se fixar e causar os sintomas chatos da endometriose.

Resumindo: ainda não temos uma resposta única, mas essas são as pistas mais fortes que a medicina tem hoje. O que importa é ficar de olho nos sintomas, como profissional da saúde e como paciente.

Quais são os fatores que aumentam o risco?

Agora, é hora de você entender quais são os fatores de risco associados à endometriose. É válido compreender (e orientar os pacientes) sobre o fato de que esses pontos não são uma garantia de que a condição surgirá, mas sim um motivo para aumentar a atenção sobre ela.

Por exemplo, quando a primeira menstruação vem muito cedo — antes dos 12 anos —, o corpo fica exposto por mais tempo aos hormônios que influenciam no crescimento do endométrio fora do lugar.

Outro ponto importante é o intervalo entre os ciclos: quem tem ciclos mais curtos (menos de 27 dias) menstrua com mais frequência, o que também pode aumentar as chances.

E tem mais: mulheres que nunca tiveram filhos (a chamada nuliparidade) podem ter um risco um pouco maior, já que a gravidez costuma dar uma "pausa" nas menstruações, reduzindo a exposição a esses fatores.

Afinal, qual é a diferença entre endometriose e adenomiose?

A endometriose e a adenomiose são duas condições que muita gente acaba confundindo, mas elas têm suas particularidades. Vamos descomplicar isso de uma vez por todas?

De modo geral, a endometriose acontece quando o tecido endometrial, que normalmente reveste o útero por dentro, cresce fora dele. Ou seja, conforme mencionado, ele pode aparecer nos ovários, trompas e até em outros órgãos da pelve. Isso geralmente causa dor pélvica mais difusa e está bastante associada a dificuldades para engravidar.

Já a adenomiose é como se esse mesmo tecido endometrial resolvesse se infiltrar na parede muscular do útero, fazendo com que ele aumente de tamanho. O resultado? Cólicas intensas e menstruações bem mais pesadas.

O complicado é que, em alguns casos, essas duas condições podem aparecer juntas. Nesses casos, o diagnóstico certeiro é essencial para definir o melhor tratamento.

Por isso, se a paciente desconfia de algum desses sintomas, o ideal é procurar um médico para uma avaliação detalhada. E, claro, como profissional é fundamental que você fique de olho nessas possibilidades. Afinal, cada caso é único, e entender o que está acontecendo faz toda a diferença!

Como é feito o diagnóstico da endometriose?

Diagnosticar a endometriose nem sempre é simples, porque os sintomas podem ser bem parecidos com os de outras condições ginecológicas. Como vimos, eles incluem cólicas fortes, dor pélvica e até desconforto durante relações sexuais, que são sinais que se confundem facilmente.

Por isso, o médico geralmente combina avaliação clínica com exames específicos para fechar o diagnóstico com mais precisão. Continue para relembrar alguns pontos importantes!

Ultrassom transvaginal

Um dos exames mais usados é o ultrassom transvaginal, que ajuda a visualizar possíveis cistos endometrióticos (os chamados endometriomas) e lesões mais profundas.

Ele é um dos primeiros passos porque é menos invasivo e consegue dar uma boa noção do que está acontecendo na região pélvica. Mas, dependendo do caso, outros métodos podem ser necessários para confirmar ou descartar a doença.

Ressonância magnética

Além da ultrassonografia, outro dos métodos mais usados é a ressonância magnética, que consegue identificar lesões mais profundas com boa definição, especialmente em casos de endometriose infiltrativa.

Laparoscopia

No entanto, se precisamos de uma confirmação ainda mais certeira, a laparoscopia acaba sendo o caminho. Falaremos mais sobre ela a seguir!

Quais são os tratamentos disponíveis para a endometriose?

O tratamento varia conforme a gravidade dos sintomas, desejo reprodutivo e extensão da doença. As principais abordagens são vistas a seguir. Confira!

Tratamento medicamentoso

Para o alívio da dor, os analgésicos comuns e anti-inflamatórios (como o ibuprofeno) podem ser aliados imediatos, mas eles não resolvem a causa do problema, só ajudam a controlar os sintomas mais agudos. E, infelizmente, nem sempre eles dão conta do recado.

Já a hormonoterapia, que inclui pílulas anticoncepcionais, DIU hormonal ou até implantes, é uma das estratégias mais usadas para frear o avanço da endometriose.

Esses métodos agem diminuindo a influência dos hormônios que alimentam o crescimento do tecido endometrial fora do útero, o que pode reduzir cólicas, sangramentos intensos e até a progressão das lesões.

Cirurgia

Antes de tudo, o paciente recebe anestesia geral. O médico, então, faz pequenas incisões (geralmente de 0,5 a 1 cm) no abdômen, por onde são inseridos uma câmera fina (laparoscópio) e os instrumentos cirúrgicos. A câmera transmite imagens em tempo real para um monitor, permitindo que o cirurgião visualize os focos de endometriose com precisão.

Durante o procedimento, o médico identifica e remove os implantes de endométrio. A técnica pode envolver a excisão (corte do tecido afetado) ou a cauterização (queima das áreas problemáticas). Se houver aderências, elas também são liberadas para restaurar a anatomia normal.

A grande vantagem da laparoscopia está na recuperação: como as incisões são pequenas, a dor pós-operatória é menor, o risco de infecção é reduzido e o retorno às atividades cotidianas tende a ser mais rápido do que em cirurgias abertas. Claro, cada caso é único, e o pós-operatório depende da extensão da endometriose tratada.

Tratamentos complementares

Outros tipos de abordagens também podem ser incluídas na luta contra a endometriose. Uma delas é a fisioterapia pélvica, que trabalha diretamente os músculos da região, reduzindo tensões e melhorando a mobilidade. Muitas mulheres relatam menos dor e mais facilidade para realizar atividades cotidianas depois de incluir essa terapia na rotina.

Outro ponto fundamental é repensar a alimentação. Uma dieta com foco em alimentos anti-inflamatórios, como peixes ricos em ômega-3, vegetais verde-escuros e sementes, pode ajudar a modular a resposta do organismo e diminuir os incômodos causados pela endometriose. Não é um milagre, mas, aliado a outros cuidados, faz a diferença.

Como você viu, a endometriose é uma condição desafiadora, mas não precisa ser uma sentença de dor crônica. Mas com um bom diagnóstico e uma abordagem terapêutica que seja feita pensando nas necessidades do paciente, é possível controlar os sintomas e recuperar a qualidade de vida!

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