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Doenças tropicais negligenciadas: saiba quais delas ainda são encontradas no Brasil

Doenças tropicais negligenciadas: saiba quais delas ainda são encontradas no Brasil

As doenças tropicais negligenciadas (DTNs) são um grupo de 20 enfermidades infecciosas, que podem ser causadas por vírus, bactérias, protozoários ou helmintos. Elas têm essa denominação porque recebem pouca atenção das autoridades de saúde e da indústria farmacêutica. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), essas doenças negligenciadas afetam as pessoas mais pobres e privadas de serviços básicos de saúde, saneamento e educação, e perpetuam o ciclo da pobreza, sendo um dos atuais desafios da Infectologia.  

Entre os locais com maior incidência das DTNs estão os países em desenvolvimento e de baixa e média renda, principalmente na África, Ásia e América Latina. Para entender melhor sobre esse tema, continue a leitura!

Quais as doenças tropicais negligenciadas?

No Brasil, muitas doenças tropicais ainda são encontradas, principalmente em áreas rurais e em comunidades mais vulneráveis. Entenda melhor sobre elas a seguir!

Hanseníase

Essa enfermidade é infecciosa e crônica, causada pela bactéria Mycobacterium leprae, que afeta principalmente a pele e os nervos periféricos. Essa é uma das doenças negligenciadas que tem uma longa história no Brasil e ainda é um problema de saúde pública em muitas regiões do país, principalmente no Nordeste.

A hanseníase é transmitida pelo contato prolongado e próximo com uma pessoa infectada e pode levar anos para se manifestar. Os sintomas incluem manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou acastanhadas na pele, perda de sensibilidade, dormência e formigamento nos membros e diminuição da força muscular. A boa notícia é que ela tem cura, mas se não tratada adequadamente pode levar a deformidades físicas e incapacidades. O tratamento costuma ser feito com antibióticos.


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Dengue

A dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que se reproduz em água parada. Os pacientes costumam sentir febre alta, dor de cabeça, dor muscular e nas articulações, náusea, vômito e manchas vermelhas na pele.

Não há tratamento específico para a dengue, mas é importante monitorar os sintomas e tomar medidas para aliviar os sintomas, cuidados paliativos como repouso e hidratação adequada. Em casos mais graves, a enfermidade pode evoluir para a forma hemorrágica, que pode ser fatal. A prevenção envolve a eliminação de criadouros do mosquito transmissor, como recipientes com água parada, e o uso de repelentes e telas nas janelas.

Leishmaniose

A leishmaniose é uma doença negligenciada causada por protozoários do gênero Leishmania, que são transmitidos pela picada de mosquitos flebotomíneos infectados. A doença pode apresentar duas formas: a leishmaniose tegumentar, que afeta a pele e as mucosas, e a leishmaniose visceral, que afeta os órgãos internos, como o fígado, o baço e a medula óssea.

Entre os sintomas estão: febre prolongada, perda de peso, fraqueza, anemia e aumento do baço e do fígado. Em relação ao tratamento da leishmaniose, é feito com medicamentos específicos, mas a doença pode deixar sequelas, como cicatrizes e deformidades na pele. A prevenção pode ser feita com uso de repelentes e a utilização de roupas que cubram a maior parte do corpo.

Esquistossomose

A esquistossomose, também conhecida como barriga d'água, é caracterizada como uma das doenças negligenciadas. Ela é causada por um parasita que se aloja nas veias do sistema porta, que conecta o intestino ao fígado. Sua transmissão ocorre por meio de caramujos de água doce infectados, que liberam larvas na água.

Pessoas com essa doença costumam sentir febre, dor abdominal, diarreia, sangue nas fezes e aumento do fígado e do baço. Para tratar a esquistossomose é preciso fazer uso de alguns medicamentos antiparasitários. Contudo, é preciso investir na prevenção, como: a melhoria das condições sanitárias e de higiene, incluindo o tratamento adequado da água e do esgoto, a eliminação de criadouros de caramujos e a utilização de calçados fechados em áreas de risco.

Raiva humana transmitida por cães

A raiva é uma doença viral. Ela afeta o sistema nervoso central e sua transmissão ocorre pela saliva de animais infectados, como cães, gatos e morcegos. Essa é uma das doenças negligenciadas que pode ser fatal em quase todos os casos, mas é possível prevenir por meio da vacinação dos animais.

Os sintomas incluem febre, mal-estar, dor de cabeça e dificuldade para engolir, seguidos por sintomas neurológicos, como agitação, convulsões e paralisia. Para tratar as pessoas enfermas, é necessário investir na soroterapia e na vacinação.

Escabiose (sarna)

A escabiose, mais conhecida como sarna, é uma doença contagiosa causada por um ácaro que se aloja na pele. Ela é transmitida pelo contato direto com pessoas infectadas ou com objetos contaminados, como roupas e lençóis.

É importante que os médicos estejam atentos a sintomas, como: coceira intensa e vermelhidão na pele, especialmente nas áreas com dobras e pregas. Já o tratamento pode ser feito com uso de medicamentos, loções e cremes. Além disso, também é importante adotar medidas de higiene pessoal e de limpeza do ambiente para evitar a transmissão da doença.

Doença de Chagas

A doença de Chagas é causada por um parasita que é transmitido pela picada de um inseto conhecido como barbeiro. Ela costuma ser dividida nas seguintes fases: aguda, que pode ser assintomática ou apresentar sintomas como febre, inchaço e vermelhidão no local da picada, e a crônica, que pode levar a problemas cardíacos e gastrointestinais.

A sua transmissão também pode acontecer por meio de transfusão de sangue, transplante de órgãos e de mãe para filho durante a gestação. A doença de chagas pode ser curativa na fase aguda com ajuda de medicamentos, mas na fase crônica, o objetivo do tratamento é controlar os sintomas e evitar complicações. O uso de telas nas janelas, repelentes e a eliminação dos criadouros do barbeiro, podem evitar a picada do parasita.

Parasitoses intestinais

As parasitoses intestinais são causadas por parasitas que se alojam no intestino humano, como a giárdia, a ameba e o verme solitário. A transmissão costuma acontecer por meio do contato com fezes contaminadas, água e alimentos contaminados.

Nesse tipo de doença negligenciada, o paciente costuma apresentar diarreia, dor abdominal, perda de peso e anemia, como nas doenças inflamatórias intestinais. O uso de medicamentos específicos ajudam a tratar a doença, mas a prevenção é a melhor opção, como lavar as mãos com frequência e investir em medidas de saneamento básico.

Tracoma

Essa enfermidade é a bactéria Chlamydia trachomatis, que afeta a conjuntiva e a córnea dos olhos. Sua transmissão acontece por contato com secreções oculares contaminadas. Os sintomas característicos incluem: vermelhidão, inchaço e secreção nos olhos, além de sensação de areia nos olhos. O tratamento do tracoma é feito com uso de medicamentos e, nos casos mais graves, pode incluir cirurgia.

Quais as possíveis soluções para as doenças tropicais negligenciadas?

Embora as doenças negligenciadas ainda sejam uma realidade no Brasil e em outros países em desenvolvimento, existem soluções para enfrentar esse problema. A seguir, listamos algumas possíveis soluções:

  • investimento em pesquisa e desenvolvimento de medicamentos e vacinas específicos para as doenças tropicais;
  • ampliação do acesso aos serviços de saúde e o treinamento dos profissionais dessa área para o diagnóstico e tratamento das doenças negligenciadas;
  • melhoria das condições de saneamento básico, com a ampliação do acesso à água potável e ao tratamento adequado do esgoto;
  • educação da população sobre os riscos das negligenciadas e sobre as medidas de prevenção.

Prevenir as doenças negligenciadas é uma questão de dignidade humana

A implementação das soluções para prevenir as doenças tropicais negligenciadas enfrenta alguns desafios, como a falta de recursos financeiros e a desigualdade social e econômica. Além disso, algumas dessas enfermidades, como a leishmaniose, têm aspectos socioeconômicos e culturais que dificultam a sua prevenção e controle. Por isso, é preciso que essas doenças sejam encaradas como luta pela saúde pública, justiça social e dignidade humana.

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