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23.9.2020
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No dia 29 de setembro é celebrado o Dia Mundial do Coração, data criada para lembrar a sociedade sobre a importância do cuidado com a saúde do coração. Ao contrário da crença popular de que problemas de saúde como o câncer, a violência urbana e acidentes de trânsito são as principais causas de morte no Brasil, duas doenças do coração dominam com folga o ranking de mortes no país: a doença isquêmica do coração (também chamada de doença arterial coronariana), com uma taxa de mortalidade de 80.02 para cada 100 mil habitantes, seguida por mortes por doenças cerebrovasculares, com taxa de 56.58.Em uma sociedade que cresce e envelhece mais a cada ano, como é a brasileira, o cuidado com a saúde cardíaca e a valorização do médico cardiologista são fundamentais para garantir longevidade e bem estar da população. Não à toa, a cardiologia é uma das especialidades mais procuradas pelos médicos no Brasil.
Abaixo, listamos algumas das principais doenças cardíacas no Brasil:
A hipertensão arterial, popularmente chamada de pressão alta, é doença crônica que afeta 25% da população brasileira e está associada à gênese dos demais problemas de saúde cardíacos. É uma doença silenciosa pois nem sempre apresenta sintomas específicos. No geral, a hipertensão é caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias, quando os valores das pressões máxima e mínima são iguais ou ultrapassam os 140/90 mmHg (14 por 9). Por isso o diagnóstico deve ser feito com a medição frequente dos níveis de pressão arterial. É causada na maioria das vezes pelo excesso do consumo de álcool, cigarro, alimentos com muito sódio, sedentarismo e excesso de peso.
Sintomas e tratamento
Os sintomas da hipertensão costumam aparecer somente quando a pressão sobe muito. Podem ocorrer:
A pressão alta não tem cura, mas tem tratamento e pode ser controlada de diversas formas: pode ser feito com mudanças de hábitos de alimentação, exercícios físicos e medicamentosa. O tratamento específico deve ser avaliado diretamente com um médico cardiologista.
Também conhecida como DAC, a doença isquêmica arterial coronariana ocorre como resultado da obstrução das artérias coronárias do paciente, em geral, por pequenas placas de gordura que se acumulam e se depositam em seu interior (processo de aterosclerose). Essa obstrução pode causar má irrigação do músculo cardíaco (isquemia miocárdica) e pode se expressar na angina, estreitamento das artérias compromete a irrigação do músculo cardíaco. O infarto do miocárdio, uma das principais causas de morte no país, é resultado direto do agravamento de uma DAC.
A dor no peito resultado de um pequeno ou grande esforço físico é a manifestação mais expressiva da DAC. Contudo, é necessário analisar sua intensidade, irradiação, intensidade, duração, o que desencadeou o episódio de dor ou intensificou a sensação para não confundi-la com outros problemas de saúde. Algumas sensações auxiliam a entender a doença:
É importante ressaltar que a dor pode se localizar em qualquer parte do tórax, irradiando para ombros, braços, pescoço, mandíbula, dentes, nas costas e até, menos frequente, na porção superior do abdome.
Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) demonstrou o colesterol alto, um dos principais responsáveis por doenças cardíacas que envolvem aterosclerose, atinge quatro entre dez brasileiros adultos. Isso representa cerca de 60 milhões de pessoas ou 40% da população brasileira.
Popularmente chamado de AVC - acidente vascular cerebral - é caracterizado pelo surgimento de déficit neurológico súbito decorrente de uma ocorrência nos vasos sanguíneos do sistema nervoso central. Existem dois tipos: AVC isquêmico e AVC hemorrágico. O AVC isquêmico é o tipo mais comum e ocorre como consequência de uma obstrução ou redução brusca do fluxo de sangue em uma artéria cerebral que acarreta em um deficit de circulação no território vascular. O AVC hemorrágico é causado pela ruptura espontânea, com ocorrência de hemorragia intracerebral, hemorragia intraventricular ou subaracnoideo.
Os principais sintomas do AVC são:
O tratamento do AVC isquêmico ocorre pela desobstrução do vaso cerebral ocluído, normalizando a circulação na região. Pode-se utilizar ainda o medicamento trombolítico injetado na veia do braço para que circule pela corrente sanguínea até o vaso cerebral afetado, desmanchando o coágulo que entope a circulação.
A doença arterial periférica (DAP) ocorre pela presença placas de gordura na artéria aorta e seus ramos principais, bem como o comprometimento das artérias mais periféricas localizadas nos membros inferiores e, com menos frequência, nos membros superiores. O estreitamento parcial de uma artéria pode ser agravado pela formação de um coágulo sanguíneo, com possibilidade de obstrução total da artéria afetada.
Quando o quadro é leve, o tratamento da DAP envolve modificação dos fatores de risco, exercícios, fármacos antiplaquetários e cilostazol ou, possivelmente, pentoxifilina, se necessário, para tratar sintomas. A DAP grave requer angioplastia ou revascularização podendo ser necessária a amputação do membro.
O infarto do miocárdio acarreta, anualmente, o custo de R$ 22,4 bilhões ao sistema de saúde no Brasil, seguido de insuficiência cardíaca, com R$ 22,1 bilhões, hipertensão, R$ 8 bilhões e fibrilação atrial, R$ 3,9 bilhões.
A doença reumática cardíaca (DRC) constitui um grupo de doenças cardíacas agudas ou crônicas que podem acontecer em decorrência da febre reumática. A febre reumática é uma doença inflamatória que começa com a infecção pela bactéria Streptococcus pyogenes que resulta em uma amigdalite e, em alguns casos, leva a uma reação exagerada do sistema imune que prejudica a saúde do coração e outros órgãos.
Como resultado da reação autoimune e da infecção pela bactéria Streptococcus pyogenes:
O tratamento da febre reumática aguda (FRA) ocorre por hospitalização durante o primeiro surto. Indica-se internação hospitalar para os casos de cardite moderada ou grave, artrite incapacitante e coreia grave. Repouso, controle da temperatura, erradicação do estreptococo pela administração de antibiótico (penicilina), tratamento da artrite, cardite e controle do processo inflamatório. Em algumas situações de cardite refratária ao tratamento clínico padrão, com lesão valvar grave, pode ser necessária a realização de um tratamento cirúrgico na fase aguda.
O Brasil tem aproximadamente 30 mil casos de febre reumática aguda por ano. Quase ⅓ das cirurgias cardiovasculares realizadas no país se deve às sequelas da doença reumática cardíaca (DRC), a qual é um importante problema de saúde pública.
A Cardiopatia Congênita é definida como uma anormalidade na estrutura ou função do coração que surge nas primeiras oito semanas de gestação quando se forma o coração do bebê. Ocorre por uma alteração no desenvolvimento embrionário da estrutura cardíaca, mesmo que descoberto no nascimento ou anos mais tarde.
Os sintomas variam conforme o tipo de cardiopatia congênita, podendo ocorrer nas crianças recém-nascidas as seguintes características:
Crianças maiores:
O tratamento varia conforme a gravidade e as características da cardiopatia congênita. Algumas são leves e curadas pelo próprio organismo com o passar do tempo. No entanto, na maioria das vezes, as cardiopatias congênitas exigem o uso de medicamentos, correção por cateterismo e cirurgia ou, nos casos mais graves, transplante cardíaco.
Texto escrito por:
Profa Dra. Marildes Luiza de Castro
Coordenadora e professora da pós-graduação em Cardiologia da IPEMED