Doença do silicone: quais as causas e consequências

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Você já se perguntou se as próteses mamárias de silicone (ou se o silicone injetável) podem causar doenças ou não? A resposta é sim, e neste artigo trataremos da doença do silicone ou síndrome de ASIA.

Já começamos mencionando que estes termos servem para designar, sobretudo, as doenças autoimunes provocadas pelas próteses mamárias de silicone. Continue lendo e saiba mais sobre o assunto!

O que é doença do silicone ou síndrome de ASIA?

O termo "doença do silicone" (em inglês 'breast implant illness') não tem origem médica. No entanto, tornou-se popular se referir assim pelo uso frequente da expressão. Na verdade, estamos nos referindo à síndrome de ASIA, sigla de Autoimmune Syndrome Induced by Adjuvants (Síndrome Autoimune Induzida por Adjuvantes).

Essa denominação se deve, em geral, pelo fato de a doença estar relacionada aos sintomas de doenças autoimunes, que pode ser induzida por próteses de silicone.

A primeira menção a ela se deu em 1998 pelo médico Yehuda Shoenfeld, único profissional especialista na síndrome de ASIA. Sua maior visibilidade ocorreu a partir de 2011 e, até 2016, e o Dr. Shoenfeld havia identificado apenas 300 casos mundo afora.

Pelo fato de haver pouca incidência da doença, não existem estatísticas confiáveis sobre ela. É importante salientar que a prótese de silicone não causa alergia, porém, o implante pode provocar uma reação imunológica de corpo estranho. Assim, considera-se que a síndrome ASIA seja uma resposta imunológica do organismo e não uma reação alérgica à prótese de silicone.

Além da doença do silicone, a prótese provoca uma contratura e posterior encapsulação. Essa é uma reação normal do organismo. A diferença da contratura e da doença do silicone são as causas e os sintomas, que no último caso são mais intensos.

Por fim, é preciso mencionar que tal patologia ainda não é descrita em literaturas médicas, nem tampouco é reconhecida por órgãos como a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e a Americana.

Quais são as principais causas e fatores de risco?

A causa da doença é genética pois, após estudos, a conclusão foi de que pessoas com os genes HLA DRB1 e HLA DQB1 estão sujeitas a desenvolver esta síndrome e outras doenças autoimunes.

Assim, o histórico pessoal ou familiar de outras doenças autoimunes pode indicar que a prótese ou o silicone injetável (adjuvantes) possa ter deflagrado a ASIA no paciente. Ou seja, trata-se de uma condição essencialmente imunomediada.

Além disso, se a pessoa tiver alguns tipos de alergias e doenças, as quais mostraremos adiante, estes podem ser fatores de risco importantes para o problema.

Adjuvantes da síndrome de ASIA

Entre os principais fatores que podem ativar a Síndrome ASIA estão:

  • alumínio (componente de maquiagens, desodorantes, tinturas para cabelo etc.);
  • hormônios (esteroides anabolizantes);
  • hidrogel (usado no preenchimento facial);
  • preenchimento com PMMA;
  • vacinas (H1N1 ou HPV);
  • tela de polipropileno;
  • prótese de silicone;
  • silicone injetável;
  • medicamentos;
  • marcapasso etc.

Doenças que deflagram a síndrome

Já as principais enfermidades que podem provocar a doença do silicone são:

  • síndrome do intestino irritável;
  • doenças autoimunes;
  • fadiga crônica;
  • fibromialgia;
  • enxaqueca etc.

Quais são os sintomas da doença do silicone?

A doença se manifesta pelos mais variados sinais. Os principais sintomas associados a essa doença autoimune são:

  • alteração no funcionamento intestinal;
  • inflamação nas articulações;
  • alterações psicológicas;
  • problemas de memória;
  • zumbido no ouvido;
  • dores musculares;
  • cansaço extremo;
  • emagrecimento;
  • queda de cabelo;
  • dermatite;
  • ansiedade;
  • depressão;
  • boca seca etc.

Devido a todas essas possibilidades, não dá para garantir que uma mulher desenvolveu a síndrome ASIA pela presença de prótese mamária, pois ela pode ter se exposto a outros fatores desencadeantes durante a vida.

Quais são os tratamentos da doença do silicone?

A paciente com alguns dos sintomas acima pode procurar um mastologista e/ou um reumatologista, por tratar-se de uma doença autoimune.

Os médicos fazem uma análise cuidadosa durante a anamnese e podem pedir exames de sangue e de imagem, geralmente ultrassonografia e tomografia mamárias.

Síndrome ASIA desencadeada pela prótese

Se for constatado que a prótese está rompida a causa da doença pode ter sido mesmo pelo silicone ou se outras doenças forem afastadas, em geral, a remoção da prótese (explante) é a melhor opção.

Mas é importante salientar que mesmo se não houver rompimento do implante, a simples presença dele pode causar o problema.

Síndrome ASIA desenvolvida por outros fatores

Já em alguns casos, mesmo após a remoção da prótese, os sintomas não diminuem. Isso pode ocorrer se o fator desencadeante do problema não for a prótese. Neste caso, é preciso verificar a presença de alguma doença autoimune pregressa ao implante ou dos outros adjuvantes citados para o tratamento ser eficaz.

Quais cuidados evitam a doença do silicone?

É fundamental saber que quaisquer tipos de implantes, não apenas a prótese de silicone, podem causar uma reação (resposta) do organismo, a qual pode ou não desaparecer espontaneamente.

Dessa forma, é fundamental que, antes de realizar procedimentos de implantes de silicone, seja feita uma avaliação médica — que pode incluir exames que detectem a presença dos genes mencionados anteriormente —, além de uma anamnese cuidadosa para descobrir se o paciente tem alguma doença imunológica, o que contraindica o procedimento.

O pós-operatório também é fundamental. Por isso, as avaliações posteriores à cirurgia não devem ser ignoradas. Durante estas consultas, o médico deve perguntar ao paciente se ele notou sintomas em seu corpo que não apresentava antes da colocação da prótese.

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Neste post, você conferiu tudo o que é preciso saber sobre a doença do silicone, quais são as muitas causas possíveis, os sintomas, como a doença se manifesta e, por fim, quais são as formas de tratamento.

Apesar de não possuir origem médica, mas sim uma resposta autoimune e ser pouco relatada, é necessário estar atento às possibilidades para um diagnóstico assertivo.

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