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16.9.2022
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Equipe Afya Educação Médica
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Um artigo publicado na Revista Brasileira de Epidemiologia, revela um resultado preocupante no que se refere ao crescimento do número de casos e taxas de mortalidade atribuídas às demências no Brasil.
Nas últimas três décadas, a proporção de pessoas com demência e a taxa de mortalidade associada aumentou em mais de duas vezes no país. Até 2050, a doença de Alzheimer, responsável por sete em dez casos de demência, poderá quadruplicar na população brasileira, se medidas efetivas de prevenção não forem adotadas.
“A Doença de Alzheimer (DA) é a principal causa de demência, representando cerca de 50 a 80% dos casos.”
É uma doença que afeta o funcionamento do cérebro de modo lento e progressivo, caracterizada pelo comprometimento de duas ou mais funções cognitivas, por alterações de comportamento, diminuição da interação social, graves o suficiente para afetar as atividades da vida diária.
É um conjunto de sinais e sintomas causados por doenças que afetam o cérebro (síndrome demencial) e que prejudicam diversas funções cognitivas como: memória, linguagem, planejamento, atenção, raciocínio lógico, julgamento, que interferem nas atividades da vida diária da pessoa, causando mudanças de humor, comportamento, no desempenho social e profissional e que, geralmente, pioram com o tempo.
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Setembro é o mês de conscientização da Doença de Alzheimer, uma campanha que une pessoas e profissionais da saúde de todos os lugares do mundo para conscientizar e desafiar o estigma que persiste em torno dela e todos os tipos de demência.
O tema do Mês Mundial do Alzheimer deste ano é “Conhecer a Demência, Conhecer a Doença de Alzheimer” e baseia-se no poder do conhecimento, com destaque para a necessidade de apoio, após o diagnóstico, aos que vivem com demência e seus cuidadores.
É importante destacar que no Brasil, as pessoas ainda encontram grande dificuldade em conseguir um diagnóstico, fato que se agrava com a carência de políticas que promovam um adequado suporte após o diagnóstico, visto que muitas pessoas diagnosticadas com demência não conseguem ter acesso a tratamentos e apoio de que precisam.
No início do Mês Mundial de Alzheimer, a Febraz – Federação Brasileira das Associações de Alzheimer e a Alzheimer’s Disease International (ADI), federação global com mais de 105 associações de Alzheimer e demência em todo o mundo, estão convocando a Organização Mundial da Saúde (OMS), governos e outros órgãos de saúde pública a colocar em prática, com urgência, o apoio pós-diagnóstico àqueles que vivem com demência à luz das novas previsões.
Isso porque um estudo recente publicado pela revista The Lancet, este ano, revelou que atualmente cerca de dois milhões de pessoas vivem com demência no Brasil. O que preocupa é o fato de que a pesquisa mostra que este número deve subir para seis milhões, até o ano de 2050, um aumento significativo de 206%.
Embora os números sejam assustadores, é provável que aumentem ainda mais por conta das sequelas deixadas pela pandemia. Evidências apontam que a Covid-19 também pode influenciar no aumento do risco de desenvolver demência, mais tarde na vida.
Infelizmente, a maioria dos governos ao redor do mundo não está preparada para enfrentar uma crise de saúde pública, entretanto, ainda há tempo para agir.
Especialistas em demência em todo o mundo demonstraram que estamos no caminho para um aumento extraordinário na prevalência de demência, nos próximos anos. Sabemos que qualquer outra doença, que prevêem aumentos de mais de 200% em menos de 30 anos, certamente, deverá ter a atenção dos governos o quanto antes.
Diante de tantas dificuldades para a criação de medicamentos e políticas públicas adequadas ao Alzheimer, cientistas descobriram que o estilo de vida e os fatores emocionais podem desencadear a doença neurodegenerativa ainda mais rápido.
Enquanto os laboratórios correm contra o tempo para encontrarem medicamentos capazes de enfrentar a enfermidade – ainda que o que vem sendo apresentado se mostrou infrutífero até agora –, a medicina começa a investir em uma nova abordagem, a da prevenção.
Estudos publicados em revistas científicas e em eventos, como a Conferência Internacional da Associação de Alzheimer, ocorrida em Los Angeles, mostram que, se ainda não é possível evitar essa e outras demências, o estilo de vida e os aspectos emocionais são capazes de, ao menos, retardá-las ou reduzir os riscos.
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O conceito de Reserva Cognitiva está sendo uma das intercorrências mais eficazes contra a doença até agora. Foi desenvolvido pelo norte-americano Yaakov Stern, professor de neuropsicologia e chefe da Divisão de Neurociências Cognitivas da Universidade de Columbia, em Nova York.
Não se trata de quantidade de neurônios ou de comunicações ativas entre eles. Na realidade, o termo se refere à forma como o cérebro lida com os danos, como a neurodegeneração característica do Alzheimer, fazendo compensações ou usando abordagens cognitivas preexistentes. Para formar essa reserva, o cientista defende que as pessoas mantenham a mente afiada, se dedicando, por exemplo, ao aprendizado de um novo idioma ou de um instrumento musical.
Além do aprendizado, é possível fazer a reserva por meio de treinos cognitivos, que estimulam a memória e a atenção. Os treinos cognitivos devem ser inseridos nas escolas e todos os adultos e idosos também deveriam incluí-los em suas rotinas.
Simples jogos de dominó ou palavras cruzadas parecem passatempos mas, na verdade, são desafios para a cognição neuropsicológica, por exemplo. O conceito “Reserva Cognitiva” ainda não foi bem estudado no Brasil, mas trabalhos de revisões bibliográficas sobre o tema estão a todo vapor na Universidade de Columbia, Nova York. Segundo especialistas, a melhor forma de prevenir as demências é cuidando da saúde mental. Depressão, ansiedade e estresse estão associados à demência, por isso, a importância em manter os treinos cognitivos em nossas rotinas.