Doação de leite humano: como pode salvar vidas?

May 16, 2025 . 6 minutos de leitura
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O trabalho dos Bancos de Leite Humano no Brasil é essencial para salvar vidas de bebês prematuros e de baixo peso. Saiba mais!

A doação de leite humano pode salvar vidas de bebês prematuros ou de baixo peso, internados em UTIs neonatais. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, a cada ano nascem cerca de 330 mil crianças nessas condições, representando 11% do total de crianças nascidas no país, que em média é de 3 milhões por ano.

Para atender às necessidades dessa população, são anualmente coletados aproximadamente 150 mil litros de leite materno humano, processados e distribuídos nos pontos de coleta. A fim de despertar a conscientização sobre a importância do tema, no dia 19 de maio é comemorado o Dia Mundial de Doação de Leite Humano.

A seguir, saiba como surgiu a doação de leite materno, como esse processo funciona e sua importância para salvar vidas. Boa leitura!

Quando surgiu a doação de leite materno?

Em 1988, o Ministério da Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz criaram a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLH-BR), visando a promoção do aleitamento materno até os dois anos, e exclusiva, até os seis meses. Para isso, comprometeram-se a proteger, apoiar, coletar e distribuir o leite humano, com certificação de qualidade, para reduzir a mortalidade infantil.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil conta com a maior e mais complexa Rede de Bancos de Leite Humano do mundo, sendo considerado modelo para a cooperação internacional em mais de 20 países das Américas, Europa e África, estabelecida por meio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC).

O modelo brasileiro é reconhecido globalmente por associar baixo custo à alta tecnologia, exportada para 22 países da América Latina, Península Ibérica, Caribe, além de alguns países da Europa.

Como funciona a doação de leite humano?

Em princípio, toda mulher que amamenta é uma doadora potencial de leite. Para isso, basta ser saudável e não tomar medicamentos que possam interferir na amamentação. A doação é feita após contato por telefone (136) com o banco de leite mais próximo da pessoa.

Atualmente, a Rede conta com mais de 225 Bancos de Leite Humano distribuídos em todos os estados do território nacional, alguns com coleta domiciliar, e mais de 212 Postos de Coleta (PCs). Nos estados e no Distrito Federal, há, pelo menos, 1 banco de leite, totalizando, em média, 45 bancos de leite por região no Brasil.

Além de coletar, processar e distribuir leite humano para bebês de baixo peso e prematuros, os Bancos de Leite Humano (BLHs) fazem o atendimento de orientação e apoio à amamentação.

A seguir, veja as etapas que envolvem a doação e a distribuição do leite materno doado.

Coleta

O leite é coletado por mulheres saudáveis que amamentam e apresentam uma produção excedente. Após entrar em contato com o Banco de Leite mais próximo, a doadora deve observar cuidados rigorosos, envolvendo tanto a higiene do recipiente onde deverá ser colocado o material, quanto em relação a aspectos de autocuidado, a fim de evitar possíveis contaminações.

O pote não precisa estar cheio, podendo ser levado em qualquer quantidade a um dos BLHs.

Seleção

O leite coletado é selecionado e avaliado para garantir a sua qualidade e segurança.

Processamento

O leite selecionado é pasteurizado para eliminar possíveis bactérias e vírus, e outras análises são realizadas para assegurar sua qualidade.

Estocagem

O leite processado é armazenado em freezer, sob condições adequadas, a fim de garantir a sua conservação.

Distribuição

O leite é distribuído aos hospitais e às unidades de tratamento intensivo neonatal (UTIN) para os bebês que necessitam.

Apoio e orientação

Os Bancos de Leite proporcionam apoio e orientação às mães sobre o aleitamento materno, auxiliando na solução de dificuldades e promovendo o sucesso do processo de amamentação.

Quais foram os impactos do Banco de Leite Humano no Brasil?

Segundo revisão literária sobre o tema, ao longo dos anos o BLH, funcionou como uma estratégia fundamental de informação, incentivo e apoio à prática da amamentação. Nesse sentido, o órgão vem desempenhando um papel importante no aumento da prevalência do AM (Aleitamento Materno), em especial o AME (Aleitamento Materno Exclusivo).

Conforme comentamos, o modelo brasileiro para captação e distribuição de leite humano é reconhecido mundialmente pelo desenvolvimento tecnológico inédito, além do baixo custo e da alta qualidade. Isso é válido, tanto por garantir e viabilizar a doação segura de leite humano quanto por constituir um local de apoio e gerenciamento para eventuais complicações.

Nesse sentido, os maiores impactos dos BLHs no Brasil dizem respeito à capacidade de distribuir o leite materno conforme as necessidades específicas de cada bebê, aumentando a eficácia da iniciativa para a redução da mortalidade neonatal.

Em 2024, o Brasil fez uma campanha para incentivar a doação de leite materno, a fim de aumentar a oferta. A meta era ampliar em 5% a disponibilidade de leite. Além disso, os objetivos incluíam o apoio às mulheres trabalhadoras que amamentam.

Para 2025, a principal meta é atingir 50% de amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida, conforme o estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse objetivo se alinha com a meta de 70% de amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida, prevista na Agenda 2030.

Como a doação de leite humano pode salvar vidas?

Aqui, é importante observar que um litro pode alimentar até 10 recém-nascidos/dia. Isso porque, dependendo do peso do prematuro, 1 ml pode ser suficiente para nutri-lo a cada vez em que ele for alimentado.

Os bancos de leite fazem o cálculo da quantidade de calorias necessárias para cada bebê e fracionam conforme os estoques. Com o leite materno doado, a criança consegue se desenvolver com saúde, tem mais chances de recuperação e fica protegida de diarreias, infecções e alergias.

Além de salvar vidas de bebês que dependem do leite materno, ele proporciona diversos outros benefícios, como:

  • reduz em 13% a mortalidade em crianças menores de 5 anos;
  • diminui o risco de desenvolver hipertensão, colesterol alto, diabete e obesidade na vida adulta.

Como você pôde ver, a doação de leite humano pode salvar vidas, especialmente as de bebês prematuros e de baixo peso. Além disso, os filhos de mães que se encontram impossibilitadas de amamentar por algum problema de saúde, ou que apresentam alergia ao leite de vaca, também podem se beneficiar com os serviços dos BLHs.

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