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15.1.2024
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Equipe Afya Educação Médica
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O lipedema e a obesidade causam o acúmulo de gordura corporal. Embora ambos possam envolver a presença de gordura em excesso, cada um apresenta características únicas, fatores desencadeantes e implicações para a saúde.
Compreender as diferenças entre o lipedema e a obesidade é importante para identificar as causas, bem como direcionar os tratamentos da forma mais adequada e eficaz. Hoje, vamos falar sobre as diferenças entre as duas condições, as causas mais comuns e os tratamentos. Acompanhe!
A obesidade é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um dos problemas de saúde mais sérios que devemos abordar. Segundo a ABESO, estima-se que, até 2025, aproximadamente 2,3 bilhões de adultos apresentem excesso de peso, dos quais 700 milhões serão classificados como obesos.
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde PNS/2020, cerca de 60% dos adultos brasileiros estão com excesso de peso. Isso representa aproximadamente 96 milhões de pessoas, e 1 em cada 4 tem obesidade, sendo cerca de 41 milhões de indivíduos.
A taxa de obesidade na população com 20 anos ou mais no país mais do que dobrou entre 2003 e 2019, aumentando de 12,2% para 26,8%. Durante esse período, a prevalência de obesidade entre as mulheres cresceu de 14,5% para 30,2%, enquanto entre os homens, passou de 9,6% para 22,8%.
Esses dados foram obtidos no segundo volume da Pesquisa Nacional de Saúde 2019, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa abrangeu 108 mil domicílios em todo o Brasil.
A prevalência do excesso de peso tende a aumentar com a idade, ultrapassando 50% na faixa etária de 25 a 39 anos. Nesse intervalo, o sobrepeso na população masculina (58,3%) é mais elevado em comparação com a feminina (57,0%). No entanto, em outros grupos etários, os percentuais de excesso entre as mulheres era mais acentuado.
Um estudo publicado na revista científica Preventing Chronic Disease, aponta que cerca de 168 mil mortes por ano no Brasil são atribuíveis ao excesso de peso e à obesidade. Os óbitos mais comuns são em decorrência de problemas circulatórios.
O Jornal Vascular Brasileiro (JVB) publicou um estudo sobre o lipedema que aponta que a condição prevalece em mulheres. No Brasil, estima-se que 8,8 milhões de mulheres entre 18 e 69 anos podem ter lipedema.
O lipedema é uma condição crônica que se caracteriza pelo acúmulo anormal de gordura, geralmente nas pernas, coxas e quadris. Ele resulta em um padrão desproporcional de distribuição de gordura no corpo. Essa condição é frequentemente subdiagnosticada e mal compreendida, sendo muitas vezes confundida com obesidade ou outros distúrbios de gordura, ainda segundo o JVB.
As causas específicas do lipedema ainda não são completamente compreendidas. Acredita-se que fatores genéticos e hormonais desempenham um papel importante no desenvolvimento da condição, que pode se manifestar durante eventos hormonais significativos na vida da mulher, como a puberdade ou a gravidez.
Os principais fatores de risco estão associados ao sexo, à genética e às flutuações hormonais. Já os sintomas comuns do lipedema incluem:
O diagnóstico de lipedema é clínico, baseado nos sintomas e exame físico. Testes adicionais, como ultrassonografia, podem ser realizados para excluir outras condições. Não há cura definitiva para o lipedema, mas várias abordagens podem auxiliar no manejo dos sintomas.
Embora não se cure o lipedema, uma dieta saudável e a prática de exercícios físicos ajudam a manter um peso corporal saudável e melhorar a qualidade de vida. Procedimentos específicos, como a drenagem linfática manual, podem ser benéficos para reduzir o inchaço e melhorar a circulação, assim como o uso de meias ou bandagens de compressão.
A obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, que pode ter impactos negativos na saúde. Ela é definida pelo índice de massa corporal (IMC). Para calcular, dividimos o peso (em quilogramas) pela altura ao quadrado (em metros). Um IMC igual ou superior a 30 é considerado um indicativo de obesidade.
A obesidade é uma condição complexa, influenciada por uma variedade de fatores que atuam de maneira interconectada. Entre as principais causas do problema, podemos destacar:
O tratamento da obesidade é multifacetado e deve ser personalizado segundo as necessidades individuais. É importante abordar não apenas a perda de peso, mas também melhorar a saúde geral e prevenir complicações associadas ao excesso de peso. O tratamento pode incluir:
A obesidade e o lipedema são duas condições médicas distintas, embora, como dito, ambas envolvam o acúmulo de gordura corporal. Cada uma apresenta características únicas, desde a distribuição da gordura no corpo até os fatores desencadeantes.
No caso da obesidade, o ganho de peso é frequentemente generalizado, afetando diversas áreas do corpo. Está fortemente associada ao surgimento de doenças crônicas, como diabete tipo 2, doenças cardíacas e hipertensão.
Apesar de causar limitações em função do volume corporal, a obesidade não causa dores específicas devido ao acúmulo de gordura. Os desconfortos que a pessoa obesa pode sentir (dores nas pernas e nas costas, por exemplo) são decorrentes do peso excessivo que as articulações precisam suportar.
O lipedema é uma condição mais específica, caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura na região dos membros inferiores. O distúrbio tem uma forte ligação genética e é frequentemente desencadeado por eventos hormonais.
Uma característica marcante do lipedema é a preservação do tronco superior, especialmente dos braços, que permanecem relativamente magros. Além disso, o lipedema é frequentemente associado à dor, sensibilidade e desconforto nas áreas afetadas, sintomas que podem ser intensificados pelo toque.
Assim, lipedema e obesidade se diferenciam pelas partes do corpo afetadas, as causas e as implicações para a saúde. Em função disso, é essencial saber identificar as duas condições para o tratamento ser direcionado da maneira adequada.
O diagnóstico correto é crucial para o tratamento do lipedema e ou da obesidade
Os profissionais da saúde precisam saber diferenciar lipedema e obesidade. Afinal, o diagnóstico preciso é essencial para garantir que os pacientes recebam a abordagem terapêutica mais adequada, promovendo assim a eficácia do tratamento e a melhoria da qualidade de vida.
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