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21.9.2022
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No dia 27 de setembro, comemora-se o Dia Nacional da Doação de Órgãos. A data foi criada com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre a importância da doação e, ao mesmo tempo, fazer com que as pessoas conversem com seus familiares e amigos sobre o assunto.
Apesar da ampliação da discussão do tema nos últimos anos, trata-se ainda de um assunto polêmico e de difícil entendimento, resultando em um alto índice de recusa familiar. Inclusive, estudos identificaram três motivos principais para essa alta taxa de recusa, que não ocorre só no Brasil: incompreensão da morte encefálica, falta de preparo da equipe para fazer a comunicação sobre a morte e religião.
A doação de órgãos é uma forma de ajudar outras pessoas que estão sofrendo com problemas de saúde que apresentam como solução o transplante. Sendo assim, a doação é uma forma de salvar vidas e, portanto, um ato de amor ao próximo.
A princípio, qualquer pessoa pode ser um doador, entretanto, deve-se analisar a saúde do indivíduo para verificar se há alguma restrição.
Para ser um doador, é necessário que a família autorize a doação dos órgãos após a morte do indivíduo, sendo assim, é importante que durante a vida a pessoa deixe claro aos seus familiares o seu desejo de doar os órgãos após a morte.
Ainda, a vontade do doador, se expressamente registrada, poderá ser aceita, caso haja uma decisão judicial. No que diz respeito à doação em vida, o doador deve expressar sua vontade e, pela lei, poderá doar para parentes de até quarto grau e cônjuges. Para doadores não parentes, é necessária a autorização judicial.
A doação de órgãos acontece quando uma pessoa doente recebe um órgão ou tecido saudável de um doador. Para que seja realizada, o doador pode estar vivo ou morto.
Doadores vivos podem doar apenas órgãos duplos e que não comprometam sua integridade e aptidões vitais. Nesse caso, podem doar um de seus rins ou mesmo parte do seu fígado, pulmão e medula óssea.
No caso do doador morto, é indispensável a autorização da família para que seja realizada. Além disso, é preciso que o doador tenha tido morte encefálica, que é a perda completa das funções cerebrais, constatada pela equipe médica e por exames específicos. Em ambos os casos, são analisadas as compatibilidades entre doador e receptor.
Nesse último caso, muitos órgãos podem ser aproveitados, entre eles coração, fígado, intestino, pâncreas, ossos, tendões e pele. É importante deixar claro que, após a doação feita por um doador falecido, este terá seu corpo preparado, não sendo observada nenhuma deformidade que prejudique o velório.
A doação só poderá ser feita após autorização dos familiares. O hospital comunica a Central de Transplantes, responsável por procurar possíveis receptores, tendo como base a compatibilidade entre os envolvidos.
Após identificar um receptor, inicia-se uma verdadeira corrida contra o tempo, a fim de garantir-se que o órgão doado seja disponibilizado ao receptor rapidamente e sem danos. Isso se deve ao fato de que cada órgão apresenta uma espécie de “prazo de validade”, sendo o transplante inviabilizado após certo tempo.
É importante deixar claro que os órgãos de doador falecido serão disponibilizados para pessoas que fazem parte de uma lista de espera única, que inclui os potenciais receptores. No caso da doação em vida, o doador pode escolher para quem doar.
De acordo com o Ministério da Saúde, existem enormes filas de espera para receber um órgão porque a conta não fecha: muitas pessoas precisando de órgãos e há poucos doadores.
A Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) divulgou que, nos últimos 3 anos, a fila de espera contava com 32.716 pessoas. Destas, 21.962 esperavam por um rim e 8.574 estavam na fila do transplante de córnea. Naquele mesmo ano foram realizados 26.518 transplantes.
Em 2019, mais 7.974 pacientes entraram para a lista de espera, apenas no primeiro trimestre. Segundo o Registro Brasileiro de Transplantes e Estatísticas de Transplantes, 806 pessoas faleceram enquanto aguardavam cirurgia.
“Uma única pessoa que autoriza a doação de órgãos após seu falecimento pode salvar até 8 vidas!”
Assim como a falta de planejamento para qualquer evento pode prejudicar todo o andamento do processo, não planejar a morte de um ente querido pode tornar o difícil momento do luto em algo caótico e desorganizado. É importante conversar e esclarecer detalhes sobre o funeral com certa antecedência: se prefere cremar ou enterrar e também se deseja doar os órgãos ou não. Considere que a atividade de reunir essas informações será também um convite para momentos de reflexão com familiares mais próximos.
A Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento e outras providências. Assim sendo, é considerado crime comprar ou vender tecidos, órgãos ou partes do corpo humano; realizar transplante ou enxerto utilizando tecidos, órgãos ou partes do corpo humano de que se tem ciência terem sido obtidos em desacordo com os dispositivos legais.
Também não é permitido recolher, transportar, guardar ou distribuir partes do corpo humano de que se tem ciência terem sido obtidas em desacordo com os dispositivos legais.