Escrito por
Publicado em
22.6.2021
Escrito por
Equipe Afya Educação Médica
minutos
Para falar sobre as primeiras elementares e dermatoses mais frequentes da pele, do cabelo e da unha, a equipe IPEMED preparou uma série de artigos que incluem algumas das dermatoses e tumores comuns na prática dermatológica, além de abordar os temas mais recentes em dermatoscopia. Serão 8 posts no blog, divididos por temas. Este é o sexto post da série, escrito pela Dra. Vanessa Gurgel. Faça uma boa leitura e tome nota.
A psoríase é uma doença da pele relativamente comum, crônica e não contagiosa. É cíclica, ou seja, apresenta sintomas que desaparecem e reaparecem periodicamente. Sua causa é desconhecida, mas se sabe que pode estar relacionada ao sistema imunológico, às interações com o meio ambiente e à suscetibilidade genética.
Acredita-se que ela se desenvolve quando os linfócitos T (células responsáveis pela defesa do organismo) liberam substâncias inflamatórias e formadoras de vasos. Iniciam-se, então, respostas imunológicas que incluem dilatação dos vasos sanguíneos da pele e infiltração da pele com células de defesa chamadas neutrófilos, como as células da pele estão sendo atacadas. Sua produção também aumenta, levando a uma rapidez do seu ciclo evolutivo, com consequente grande produção de escamas devido à imaturidade das células. Esse ciclo faz com que as células mortas não consigam ser eliminadas eficientemente, formando manchas espessas e escamosas na pele. Normalmente, essa cadeia só é quebrada com o tratamento.
É importante ressaltar: a doença não é contagiosa e o contato com pacientes não precisa ser evitado. É frequente a associação de psoríase e artrite psoriática, doenças cardiometabólicas, doenças gastrointestinais, diversos tipos de cânceres e distúrbios do humor. A patogênese das comorbidades em pacientes com psoríase permanece desconhecida. Entretanto, há hipóteses de que vias inflamatórias comuns, mediadores celulares e susceptibilidade genética estão implicados.
Os sintomas variam de acordo com o paciente, conforme o tipo da doença, mas podem incluir:
Alguns fatores podem aumentar as chances de uma pessoa adquirir a doença ou piorar o quadro clínico já existente, dentre eles:
Há vários tipos de psoríase. O dermatologista deve identificar a doença, classificá-la e indicar a melhor opção terapêutica. Dependendo do tipo de psoríase e do estado do paciente, os ciclos de psoríase duram de algumas semanas a meses.
Os achados dermatoscópicos da psoríase ungueal dependem de qual parte do aparelho ungueal é afetada pela doença. Na matriz ungueal a psoríase produz anormalidades na superfície da lâmina ungueal, como o pitting. Quando acomete o leito ungueal, pode produzir onicólise, manchas salmão, hemorragias e hiperqueratose subungueal.
Líquen plano é uma doença inflamatória que pode afetar a pele, unhas, couro cabeludo e até as mucosas da boca e da região genital. Esta doença é caracterizada por lesões avermelhadas, que podem ter pequenas listras brancas, com o aspecto enrugado, têm um brilho característico e são acompanhadas de intenso prurido. As lesões do líquen plano podem se desenvolver lentamente ou aparecer de repente, podendo afetar homens e mulheres de qualquer idade e a causa não é bem definida, porém o aparecimento destas lesões está relacionado a reação do sistema imunológico e, por isso, não é contagiosa.
Os sintomas do líquen plano podem variar de uma pessoa para outra, no entanto, são comuns lesões na boca, tórax, braços, pernas ou região genital com as seguintes características:
Esta doença também pode provocar o aparecimento de feridas e bolhas na boca ou região genital, queda de cabelo, diminuição da espessura das unhas e pode gerar sintomas muitos parecidos à de outras alterações de pele.
O líquen plano ungueal (LPU) é uma doença inflamatória capaz de provocar alterações na matriz (raiz da unha), no leito ungueal (região abaixo da unha) e na região periungueal (ao redor da unha). Essas modificações podem levar a danos irreversíveis da unidade ungueal se não forem tratadas a tempo. Evidências sugerem que a doença seja autoimune.
O envolvimento da matriz ungueal é evidenciado pela diminuição da espessura da placa ungueal, estrias na superfície da unha e fenda distal. Esse problema evolui para a fragmentação da placa ungueal e fenda longitudinal. Outros sinais: lúnula (parte da unha que se localiza na base desse anexo cutâneo) avermelhada; manchas brancas; pontos na unha semelhante ao "dedal", chamados pittings; unha rugosa e descolamento da unha na região próxima e abaixo da cutícula.
O acometimento do leito ungueal pode ser visto como descolamento, pontos hemorrágicos e alteração da cor: marrom (melanoníquia), vermelho (eritroniquia) e ceratose subungueal. Mudanças associadas ao acometimento simultâneo da matriz e leito ungueais incluem: cicatrizes ungueais, atrofia da unidade ungueal (não há mais formação da unha), estrias na superfície da unha convergindo ao centro da unidade ungueal. Além dessas mudanças típicas pode ocorrer inflamação ao redor da unha.
A dermatoscopia evidencia as estrias de Wickham. Seu formato pode ser arredondado, linear, arboriforme, reticular ou anular. Seu tamanho é muito variável. Vasos capilares proeminentes podem ser observados nas bordas das estrias.
Texto Elaborado pela Dra. Vanessa Gurgel
Formada em Medicina pela Universidade de Marília (UNIMAR/SP). É membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD).