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Conheça os 5 principais distúrbios alimentares

Conheça os 5 principais distúrbios alimentares

Os distúrbios alimentares representam uma preocupação crescente na área da saúde, pois afetam pessoas de todas as idades e gêneros. Essas condições complexas envolvem perturbações na alimentação e na relação com o corpo, o que pode resultar em consequências graves tanto físicas quanto psicológicas.

Do estilo de vida à pressão dos padrões estéticos impostos pela sociedade, são vários os fatores que podem servir de gatilho para o desenvolvimento de transtornos alimentares. Compreender a natureza multifatorial desses distúrbios e suas manifestações clínicas, é imprescindível para traçar abordagens terapêuticas adequadas, que contemplem as individualidades de cada paciente.

Quer saber mais sobre o assunto? Neste post, vamos abordar qual é a relação dos brasileiros com a alimentação e quais são os principais distúrbios alimentares, seus sintomas e tratamento. Confira!

Quais são os hábitos alimentares da população brasileira?

A quantidade de refeições realizadas por dia pode variar de pessoa para pessoa, sendo que a média comum é de três a seis refeições diárias. De acordo com o um relatório sobre os hábitos alimentares dos brasileiros feito pela Mindminers, empresa de tecnologia, 27% da população se alimenta três vezes por dia, enquanto 36% realiza quatro refeições diárias.

Na hora de comprar os seus alimentos, o brasileiro valoriza primeiro o preço, depois o sabor, data de validade e marca. O valor nutricional é o quinto quesito analisado, enquanto a lista de ingredientes está na sétima posição.

Nesse sentido, somente 15% dos entrevistados costumam ler as informações nutricionais dos produtos em supermercados. Nas padarias e restaurantes, esse número cai para 6%.

Quando o assunto é alimentação saudável, 40% dos entrevistados disseram que se consideram saudáveis, e 8% afirmaram ser muito saudáveis. Para 39% dos participantes, se alimentar de forma saudável é um fator muito importante.

Realização de dietas

Em se tratando da realização de dietas, 55% das pessoas consideram que estão acima do peso ou muito acima do peso ideal. Em uma análise exclusiva do público feminino, essa porcentagem aumenta para 61%, o que demonstra que as mulheres aparentam estar mais insatisfeitas com o seu corpo.  

Ao serem questionados se já realizaram algum tipo de dieta alimentar, 59% dos entrevistados responderam positivamente. Para 47% dos respondentes o principal motivo para fazer dieta é a saúde, já para 43% é o emagrecimento. Entre as mulheres, o emagrecimento é o motivador de dietas para 47% delas, enquanto 42% consideram a saúde a razão mais importante.

Consumo de alimentos ultraprocessados

Os alimentos ultraprocessados, aqueles prontos para consumo, se caracterizam por apresentar composições pouco nutritivas, sendo ricos em açúcares, sódio e gorduras, e deficientes em fibras e micronutrientes. O consumo frequente desses produtos pode acarretar uma série de problemas de saúde, como hipertensão e obesidade.

Segundo uma pesquisa do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens/USP), o consumo de alimentos ultraprocessados cresceu 5,5% entre os brasileiros nos últimos dez anos.

As mulheres, adolescentes, pessoas brancas, com maior escolaridade e renda, que residem nas áreas urbanas, no Sul e Sudeste do Brasil, são as que mais consomem alimentos ultraprocessados. O estudo apontou ainda que em torno de 20% das calorias consumidas pela população brasileira são provenientes de ultraprocessados.

Todavia, especificamente na última década, também pôde ser notado um aumento considerável do consumo desses alimentos por pessoas negras, moradores de área rural, indígenas, e habitantes do Norte e Nordeste do país. A justificativa para isso está na nas mudanças do sistema alimentar no mundo e na entrada de empresas que fabricam e vendem ultraprocessados no Brasil.

Obesidade

Conforme um levantamento do Ministério da Saúde, há 6,7 milhões de obesos no Brasil. Desse total, 863.086 têm obesidade mórbida ou obesidade grau III. No ano de 2019, esse número era de 407.589, o que representa uma subida abrupta de brasileiros com o grau mais grave de obesidade.

Já a obesidade grau I afeta 20% da população brasileira e a obesidade grau II atinge 7,7% dos brasileiros. O sobrepeso é uma realidade para 31% da sociedade brasileira.

Outro levantamento do Atlas Obesidade revelou que a obesidade pode afetar 41% dos brasileiros até 2035, estimativa superior à média mundial, que é de 24%. A tendência é que a obesidade atinja principalmente crianças e adolescentes, sendo resultado da falta de uma alimentação balanceada entre esse público.

Quais fatores podem influenciar a alimentação de uma pessoa?

A forma como as pessoas lidam com a alimentação depende de uma grande variedade de fatores, desde a disponibilidade de tempo para fazer as refeições até os padrões estéticos dos ambientes dos quais participam. Acompanhe, a seguir, quais são esses aspectos e como geram impacto nos indivíduos.

Estilo de vida

As pessoas que seguem um estilo de vida sedentário, que praticam pouco ou nenhum exercício físico regular, estão mais sujeitas a seguir hábitos alimentares inadequados.

A falta de exercício também pode acarretar o ganho de peso ou dificuldade para a manutenção de um peso saudável. Esse estilo de vida pode diminuir o metabolismo e afetar o apetite, levando a escolhas alimentares menos saudáveis.

Estímulos visuais constantes

Os estímulos visuais fazem parte do dia a dia de uma pessoa e podem afetar o modo como ela se relaciona com a comida. A exposição à publicidade de alimentos pode influenciar as escolhas alimentares, fazendo com que os indivíduos se sintam mais atraídos e deem preferência para alimentos ricos em gorduras, açúcares e calorias.

Cada vez mais presentes na vida das pessoas, as redes sociais também podem expor os seus usuários a fotos, vídeos, postagens de alimentos que influenciam negativamente na alimentação delas.

Falta de tempo

A falta de tempo é uma das principais inimigas da alimentação saudável. Nessa circunstância, a pessoa tem pouco tempo para cozinhar, recorrendo a refeições rápidas e convenientes, como fast food, alimentos pré-embalados, congelados ou entregues, que quase sempre são menos saudáveis.

Uma rotina corrida reduz o tempo para o planejamento e preparo de refeições. Assim, no lugar de preparar alimentos saudáveis antecipadamente, é comum que as opte por aquilo que é mais fácil de preparar no momento.

É comum, ainda, que quem passe muitas horas trabalhando e tenha poucos minutos para se alimentar escolha alimentos instantâneos e ultraprocessados, repletos de conservantes que afetam a sua saúde a longo prazo.

Níveis de estresse

Os níveis de estresse podem impactar diretamente no modo como os indivíduos se alimentam. Diante de situações estressantes, pode haver um aumento do desejo por alimentos ricos em gorduras, açúcares e sal, como salgadinhos, bolachas recheadas, doces e fast food.

O consumo emocional é outra questão a ser considerada, já que muitas pessoas buscam conforto emocional na comida, utilizando-a como ferramenta para enfrentar sentimentos negativos, como tristeza, frustração e ansiedade.

As mudanças de apetites também são bem recorrentes em pessoas com altos níveis de estresse. Algumas podem ter o seu apetite reduzido, passando pular refeições, enquanto outras podem sentir mais fome, o que as leva a comer em excesso.

Preço de alimentos

A economia é um aspecto importante que reflete nos hábitos alimentares de uma população. A alta nos preços dos alimentos frescos, nutritivos e minimamente saudáveis, como grãos integrais, frutas, legumes e proteínas magras pode dificultar o acesso das pessoas a esses itens, de maneira que optem por alternativas menos nutritivas.

Em muitos casos, também há pessoas que não conseguem ter acesso a uma quantidade de alimentos apropriada para realizar refeições saudáveis e nas quantias adequadas para as suas demandas nutricionais.

Padrões estéticos

A busca por um corpo socialmente aceitável ou atraente é um dos maiores gatilhos para o desenvolvimento de distúrbios alimentares. Geralmente, esse problema pode estar associado ao ambiente em que a pessoa convive, pressões por dietas de familiares ou admiração por características físicas de celebridades.

Os padrões estéticos aos quais as pessoas estão expostas, valorizando a magreza ou o corpo musculoso, podem levá-las a adotar dietas restritivas no intuito de alcançá-los.

Nesse cenário, também pode ocorrer a obsessão por contagem de calorias, fazendo com que os alimentos sejam vistos como vilões ou fontes de culpa.

Distúrbios de imagem

Os distúrbios de imagem corporal estão relacionados a uma percepção distorcida da aparência física, em que a pessoa tende a se ver de forma negativa ou insatisfatória, mesmo quando não há base real para essa percepção.

Ao desenvolver distúrbios de imagem, o indivíduo pode adotar comportamentos restritivos quanto à alimentação, na crença de que isso a ajudará a alcançar um corpo tido como ideal. Acontece, também, a preocupação constante com o peso e a forma corporal, evitando certos alimentos e isolamento social.

Quais são os principais distúrbios alimentares?

Embora sejam os tipos mais comuns, os transtornos alimentares não se limitam apenas aos quadros de restrição alimentar ou excesso de comida. Existe uma ampla gama de condições complexas atrelada à alimentação. Conheça, abaixo, os principais transtornos alimentares e como tratá-los.

1. Anorexia nervosa

A anorexia nervosa se caracteriza pela restrição extrema de ingestão alimentar, o que leva a pessoa à perda significativa de peso, que normalmente fica abaixo do esperado para a sua idade, constituição física e altura.

Aqueles que sofrem de anorexia apresentam um medo intenso de ganhar peso, mesmo quando já estão extremamente magros, uso indevido de laxantes ou diuréticos, e a prática exagerada de exercícios físicos. Os sintomas desse transtorno são:

Sintomas

  • restrição alimentar em grau severo;
  • magreza extrema, com perda de massa e gordura;
  • preocupação constante em não engordar;
  • distorção de imagem corporal;
  • inibição do ciclo menstrual, em se tratando de mulheres;
  • descompromisso em se manter saudável e com um peso normal;
  • pele seca e descamando;
  • gastrite;
  • anemia.

Causas

As causas da anorexia nervosa estão relacionadas a uma combinação de fatores biológicos, psicológicos e socioculturais. Em termos biológicos, sabe-se que as anormalidades neuroquímicas, desregulação hormonal e predisposição genética podem colaborar para o desenvolvimento de anorexia.

Os fatores psicológicos, como perfeccionismo, baixa autoestima, ansiedade e depressão desempenham um papel relevante na manifestação desse transtorno. A influência da mídia quanto a padrões de beleza irreais, pressão social e de familiares, bem como eventos traumáticos e estressantes também são gatilhos para o surgimento do distúrbio.

Tratamento

O tratamento para a anorexia nervosa requer uma abordagem multidisciplinar, que combina intervenções médicas, psicoterapia e suporte nutricional.

Além disso, a colaboração com uma equipe de saúde mental, que inclui psicólogos e psiquiatras, é essencial para realizar terapia cognitivo-comportamental, terapia familiar e outras abordagens terapêuticas adequadas para ajudar o paciente a desenvolver uma relação saudável com a alimentação e a imagem corporal, e abordar questões psicológicas que sejam gatilhos para a doença.

2. Bulimia nervosa

O quadro de bulimia nervosa se define por episódios de compulsão alimentar seguida de comportamentos compensatórios inadequados, induzir o vômito, usar laxantes ou se exercitar exageradamente. Há uma constante preocupação com o peso, forma corporal e, muitas vezes, autoimagem distorcida.

Sintomas

  • complicações nas glândulas salivares, como inchaço no pescoço e na mandíbula;
  • inflamação crônica e desconforto na garganta;
  • danos ao esmalte dentário em decorrência da exposição ácida do estômago provocada por vômitos;
  • incômodo intestinal e irritação causados pelo uso de excessivo de laxantes;
  • grave desidratação devido à eliminação excessiva de líquidos;
  • desequilíbrio dos níveis de eletrólitos, como cálcio, sódio e potássio;
  • sangramento retal resultante do uso de laxantes.

Causas

Da mesma forma que ocorre no transtorno de anorexia, as causas da bulimia são multifatoriais, incluindo pressões estéticas, predisposição genética, fatores sociais, ambientais e psicológicos.

Tratamento

Para tratar a bulimia, é preciso contar com profissionais de saúde mental, nutricionistas e médicos, com a finalidade de eliminar os sintomas físicos e psicológicos da doença. Outro aspecto importante para a recuperação do paciente é o apoio da família para a criação de um ambiente seguro, livre de gatilhos.

3. Compulsão alimentar

Identificada pela ingestão excessiva de alimentos dentro de um curto período de tempo, a compulsão alimentar faz com que a pessoa tenha a sensação de perda de controle sobre a quantidade de alimentos consumida.

Os comportamentos comuns dessa doença compreendem comer rapidamente, mesmo quando não se está com fome, o que gera culpa e angústia intensa. Mais do que o simples prazer por comida, essa condição envolve aspectos emocionais e psicológicos.

Sintomas

  • fale de controle sobre a quantidade e tipo de alimento consumido;
  • sentimentos de desconforto emocional;
  • tendência a comer de forma acelerada;
  • autoestima reduzida;
  • sentimento de constrangimento;
  • transtorno afetivo bipolar;
  • indícios de tristeza prolongada;
  • níveis elevados de colesterol;
  • excesso de peso e obesidade.

Causas

O surgimento da compulsão alimentar pode estar ligado à influências ambientais, como o acesso facilitado a alimentos pouco nutritivos, histórico de dietas restritivas, fatores emocionais, como ansiedade e depressão, e traumas de experiências passadas.

Tratamento

A compulsão alimentar é tratada a partir do uso de medicamentos, como antidepressivos, acompanhamento de nutricionista, endocrinologista e psicólogo. A realização de psicoterapia é uma alternativa imprescindível para a identificação das causas subjacentes do problema.

4. Ortorexia

A alimentação saudável também pode ser prejudicial quando se torna uma obsessão. Esse comportamento é diagnosticado como ortorexia, no qual a pessoa se preocupa excessivamente com a qualidade e a pureza dos alimentos, impondo a si mesma regras restritivas, além de evitar alimentos que considera ‘’impuros’’, o que pode afetar as suas relações pessoais.

Sintomas

  • evitação de alimentos com açúcar, sal ou gordura, comportamento que pode ocasionar a deficiência de gorduras boas no organismo;
  • sentimento de culpa e, em alguns casos, quadro de depressão devido ao consumo de alimentos fora do planejado;
  • emagrecimento excessivo;
  • anemia;
  • recusar a ajuda de profissionais da nutrição;
  • rejeição a alimentos preparados por outras pessoas;
  • dificuldade para socializar.

Causas

A ortorexia pode ser causada por traços de personalidade perfeccionista, influências sociais e culturais, histórico de restrição alimentar, transtornos de saúde mental preexistentes e busca pela perfeição.

Tratamento

Os pacientes diagnosticados com ortorexia podem se mostrar resistentes ao tratamento, pois se consideram saudáveis. No entanto, o problema também deve ser tratado com acompanhamento médico, nutricional e psicológico.

5. Síndrome de pica

A síndrome de pica ou picanismo é o transtorno alimentar caracterizado pelo padrão persistente da ingestão de substâncias não nutritivas, como papel, terra, cabelo, tecidos, giz, entre outros objetos.

Esse distúrbio é mais comum em mulheres grávidas, crianças e pessoas com deficiência intelectual. O consumo de substâncias inapropriadas para o organismo humano pode causar danos físicos, obstruções intestinais ou intoxicações.

Sintomas

  • compulsão pelo consumo de substâncias não alimentares;
  • intoxicações;
  • lesões do trato gastrointestinal;
  • infecções.

Causas

As causas do picanismo ainda são totalmente desconhecidas, mas podem estar relacionadas a fatores psicológicos, biológicos e ambientais.

Tratamento

O transtorno de Pica é tratado com a intervenção médica para remoção das substâncias ingeridas, quando necessário, além de acompanhamento psicológico para abordar os fatores desencadeadores da doença e suporte para que as necessidades nutricionais sejam atendidas.

Os distúrbios alimentares são condições desafiadoras e potencialmente prejudiciais, podendo acarretar impactos significativos na saúde física e mental dos indivíduos. Identificar os sinais e sintomas dessas condições precocemente permite uma abordagem adequada, assegurando suporte adequado para que os pacientes se sintam à vontade para compartilhar suas experiências, além de encaminhá-los para tratamento especializado.


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