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12.5.2018
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Gastroenterologia é a especialidade médica que estuda a fisiologia e patologias não apenas do trato gastrintestinal, mas, também, do pâncreas, vesícula, ductos biliares e do fígado. E entre as principais queixas no consultório médico, estão as doenças do intestino. Ter uma compreensão atualizada da fisiopatologia e tratamento, a fim de manter a digestão e absorção de nutrientes nos pacientes de forma saudável, é fundamental ao gastroenterologista. Saiba, a seguir, quais sãos as formas mais comuns de apresentações das doenças intestinais e os tratamentos mais atuais preconizados para cada uma delas.
Os principais motivos de consulta médica no gastroenterologista são cólicas, distensão, obstrução, dificuldade de evacuar e diarreia. Esses sintomas são comuns a muitas doenças intestinais e saber diferenciá-las e tratar corretamente de acordo com as recomendações e estudos atuais é fundamental ao gastroenterologista. As principais patologias que afetam o intestino (tanto delgado quanto grosso) e que frequentemente aparecem no consultório, são:
Vamos falar melhor sobre cada uma delas, tendo uma visão crítica do diagnóstico diferencial e tratamentos atualmente prescritos. Acompanhe a seguir!
Trata-se de uma doença inflamatória que se manifesta ao longo de todo o trato gastrintestinal, sendo mais comum na porção distal do intestino delgado e do intestino grosso. Acomete desde a mucosa até as camadas musculares das alças.
É uma doença idiopática, ou seja, sua causa ainda não está bem estabelecida, mesmo nos estudos mais recentes. Pode se manifestar com surtos agudos recorrentes intercalados com períodos longos de remissão.
É possível também a ocorrência de fístulas. Até 30% dos doentes com Crohn tem manifestações no ânus e região perianal. Outras manifestações extraintestinais podem surgir na pele, articulações, olhos e fígado.
A colonoscopia com biópsia e avaliação do íleo terminal é o melhor recurso para o diagnóstico da doença — o exame histopatológico do tecido biopsiado pode confirmar. A tomografia de abdome pode ser utilizada na avaliação das fístulas entre alças intestinais.
O tratamento depende da forma de apresentação da doença e da gravidade. Ele é iniciado, em um primeiro momento, sempre com medicamentos e os corticosteroides são as medicações mais utilizadas atualmente. Várias outras drogas podem ser associadas com o objetivo de fazer regredir a inflamação dos tecidos, como os aminossalicilatos, os fistulectomia, imunossupressores e a terapia biológica (anticorpos monoclonais). No entanto, alguns casos necessitam de intervenção cirúrgica para tratamento de complicações.
Pela própria definição de síndrome, podemos afirmar que a síndrome do intestino irritável pode contemplar um conjunto de sintomas, sem que haja qualquer evidência de lesões subjacentes no intestino grosso ou delgado. Ou seja, não há lesão orgânica decorrente da SII.
Assim como na Doença de Crohn, a causa precisa da SII não é conhecida. Fatores que parecem desempenhar um papel relevante incluem:
Os fatores desencadeantes demonstrados após anos de estudos foram o estresse emocional, alimentação industrializada, especialmente o uso de conservantes e corantes artificiais.
Apenas um pequeno número de pessoas com SII tem sinais e sintomas graves. Vale ressaltar que a síndrome não causa alterações no tecido intestinal nem aumenta o risco de câncer colorretal.
Novos critérios para o diagnóstico da SII foram divulgados em junho de 2016. Os critérios chamados de Roma IV refletem avanços em pesquisas científicas básicas e ensaios clínicos, já que os critérios de Roma III foram publicados 10 anos atrás. Essa edição levou 6 anos para ser desenvolvida e envolveu contribuições de 117 especialistas, representando 23 países. Roma IV tem várias mudanças importantes em como os distúrbios intestinais funcionais são descritos e diagnosticados, como dor abdominal recorrente, em média, pelo menos 1 dia por semana nos últimos 3 meses, associada a dois ou mais dos seguintes critérios:
O tratamento concentra-se no alívio dos sintomas para que o paciente tenha qualidade de vida. Sinais e sintomas leves podem ser tratados pelo controle do estresse e por mudanças na dieta e no estilo de vida. Evitar alimentos que desencadeiam os sintomas, aumentar a ingestão de fibras e água são medidas fundamentais que os pacientes devem ser orientados e estimulados a fazer.
Trata-se de uma doença inflamatória idiopática que acomete cólon e reto. Caracteriza-se pela inflamação da camada superficial, restrita à mucosa, sem acometer a musculatura das alças.
A etiologia da retocolite ulcerativa permanece desconhecida. Até alguns anos atrás, a dieta e o estresse foram suspeitados, mas, atualmente, sabe-se que esses fatores podem piorar, mas não causar retocolite ulcerativa. Uma causa possível é a desordem do sistema imunológico. Quando algum vírus ou bactéria invasora estimula uma resposta imune anormal, o sistema imunológico pode, por meio de reação cruzada, atacar também células da mucosa do trato digestivo.
Os pacientes apresentam diarreia crônica com sangue, sendo comum a anemia, mas frequentemente sem febre. A retocolite ulcerativa também apresenta manifestações extraintestinais, como:
O diagnóstico se confirma por exclusão de doenças com causas tratáveis. Uma retossigmoidoscopia com biópsia é sempre obrigatória e ajuda a visualizar as lesões na mucosa dos segmentos mais distais do cólon e reto que são acometidos.
O tratamento a princípio é clínico. Drogas específicas para controlar a inflamação intestinal, como sulfassalazina e imunossupressores também são recomendados. Se, ainda assim, a doença continua sintomática, o próximo passo é a introdução de medicamentos biológicos, tendo como o primeiro da lista o infliximabe. Nos casos em que não se consegue bom controle da doença, mesmo com o tratamento clínico, a cirurgia deve ser considerada, além de solicitar a avaliação da coloproctologia.
É definida pela dificuldade em evacuar, causando desconforto, dor abdominal e distensão no paciente. Trata-se de um conjunto de sintomas e não de uma doença. Pode, entretanto, ser o sinal inicial de uma doença que precise de investigação do gastroenterologista para um diagnóstico específico.
Na maioria dos casos a obstipação intestinal não é provocada por um distúrbio de ordem física ou anatômica do trato intestinal. A causa mais comum é a propulsão difícil do bolo fecal em seu trajeto em direção ao reto e canal anal, especialmente pelo sedentarismo, alimentação pobre em fibras e pouca ingestão de água.
O diagnóstico da constipação é essencialmente clínico, não necessitando de investigação complementar específica, podendo ser iniciado o tratamento clínico empírico com o aumento da ingestão oral de fibra vegetal e de água (pelo menos 2 litros ao dia). A melhora do quadro clínico com essas medidas e na ausência de outras alterações confirma o diagnóstico. O paciente deve ainda ser estimulado a praticar atividade física e, em alguns casos selecionados, ter uma abordagem psicoterápica para complementar o tratamento clínico. Como você pode perceber, é essencial que todo médico conheça e saiba tratar as doenças do intestino, sendo essas queixas frequentes em consultórios e pronto atendimentos. Se manter sempre atualizado é fundamental, sendo a pós-graduação em gastroenterologia uma excelente opção para adquirir conhecimentos na área e estar apto a diagnosticar e tratar os pacientes.
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