Conheça a Psiquiatria de Precisão

Jun 10, 2025 . 6 minutos de leitura
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Conheça os exames que integram a Psiquiatria de Precisão e saiba como eles podem contribuir de maneira eficaz na escolha do melhor tratamento psiquiátrico.

A Psiquiatria de Precisão promete uma grande evolução no tratamento de distúrbios psiquiátricos, oferecendo abordagens personalizadas. Para isso, ela considera não apenas os sintomas, como também as características biológicas de cada paciente.

Historicamente, os transtornos mentais foram tratados com base na experiência médica, nos relatos do paciente, sintomas e protocolos clínicos. Dessa forma, mesmo existindo critérios diagnósticos e terapêuticos bem estabelecidos, sempre houve um grau de imprevisibilidade. Isso porque os recursos utilizados não conseguiam demonstrar com exatidão os mecanismos cerebrais envolvidos em cada caso.

Neste artigo, você vai entender melhor o conceito de Psiquiatria de Precisão, as diferenças que ela apresenta em relação aos demais tratamentos psiquiátricos e o prognóstico para os próximos anos. Confira:

Mudanças recentes na psiquiatria

Assim, como ocorreram diversas mudanças nas demais áreas da Medicina, a Psiquiatria de Precisão trouxe inovações nos tratamentos psiquiátricos. A principal delas é a utilização de informações do próprio corpo do paciente, como exames de imagem, marcadores sanguíneos e testes genéticos, para tomada de decisões mais precisas e seguras quanto à abordagem individualizada em cada caso.

Antes dessas mudanças, as reações orgânicas de cada indivíduo em relação ao tratamento recebido eram totalmente imprevisíveis. Nesse sentido, a Psiquiatria de Precisão contribui oferecendo pistas biológicas que ajudam no refinamento de condutas.

Pistas biológicas da Psiquiatria de Precisão

Exames como a Ressonância Magnética Funcional (fMRI), assim como a Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET), permitem observar o cérebro em tempo real. Eles conseguem mostrar a atividade de diferentes regiões cerebrais, ajudando a diferenciar transtornos com sintomas semelhantes, como depressão e transtorno bipolar.

Esses exames revelam, por exemplo, como cada transtorno afeta o cérebro de um modo específico. Embora ainda não façam parte da prática clínica rotineira, tais recursos têm contribuído efetivamente para pesquisas que aproximam o diagnóstico da compreensão do funcionamento cerebral.

Exames de sangue

Mas não são só esses exames que contribuem para a Psiquiatria de Precisão — o sangue é outro meio que pode fornecer informações valiosas. Nesse sentido, pesquisadores estudam biomarcadores como o BDNF, fator que estimula a sobrevivência e o crescimento dos neurônios, assim como as substâncias inflamatórias como a interleucina-6 (IL-6) e a proteína C reativa (PCR), que se apresentam alterações em casos de depressão e esquizofrenia.

Embora esses exames ainda não façam parte da prática clínica, futuramente poderão ajudar a direcionar o tratamento. Assim, diante de um processo inflamatório, o médico poderá considerar a indicação de um remédio que também atue nesse processo.

Esses biomarcadores também ajudam a entender como o corpo reage ao tratamento, permitindo ajustes ágeis e cuidadosos. Em alguns casos, eles podem, inclusive, apontar a necessidade de mudanças antes mesmo do surgimento de sintomas clínicos.

Testes genéticos

Os testes genéticos integram a farmacogenética. Eles permitem analisar as variações em genes que influenciam no processamento de determinados medicamentos pelo organismo. Com isso, é possível identificar a velocidade de metabolização de cada paciente em relação a determinado medicamento.

Dessa forma, esses testes ajudam a escolher medicamentos com menor risco de efeitos adversos ou de alta eficácia. Exemplos disso são genes, como o CYP2D6 e o CYP2C19, que influenciam diretamente as decisões sobre doses do medicamento a serem adotadas, proporcionando mais segurança e precisão aos tratamentos.

Diferenças em relação aos demais tipos de psiquiatria

A Psiquiatria tradicional se fundamenta essencialmente em relatos subjetivos de sintomas e sinais, que geralmente se revelam ineficazes, devido à ampla heterogeneidade das categorias de diagnóstico. Isso pode se tornar um ciclo de tentativas e erros nos tratamentos, tornando o tratamento caro, extenso e frustrante, para pacientes e médicos.

A Psiquiatria de Precisão consegue identificar subtipos de transtornos psiquiátricos, permitindo a adaptação dos medicamentos, com base em dados mensuráveis e objetivos. Tais dados são muito promissores, especialmente nos casos de depressões refratárias aos tratamentos.

Nesse sentido, pesquisas realizadas com exames de ressonância magnética funcional permitiram mapear e medir os circuitos cerebrais de pacientes, conseguindo identificar oito biotipos de depressão que demonstram combinações de disfunções em seis circuitos cerebrais diferentes.

Com base nesses biotipos, os pesquisadores combinam as condições dos pacientes com opções terapêuticas mais eficazes e apropriadas para cada caso.

Principais vantagens e benefícios da Psiquiatria de Precisão

A psiquiatria de precisão permite que o atendimento médico se adapte à grande complexidade dos seres humanos e à enorme variação entre eles. Com o uso de tecnologia de ponta, ela consegue analisar enormes quantidades de informações de uma vasta gama de variáveis ​​biológicas e comportamentais coletadas de diversas pessoas.

Assim, um dos seus principais benefícios está em sua capacidade de detectar padrões de associação e influência na saúde mental que não seriam identificados ​​de outro modo. Dessa forma, ela otimiza o diagnóstico e a conduta médica em relação a diferentes doenças psiquiátricas, evitando desperdício com direcionamentos comprovadamente ineficazes.

Além disso, poder contar com diagnósticos precisos permite caracterizar subpopulações, que podem ser previamente definidas para testes clínicos. Assim, é possível promover a busca por drogas específicas para determinados grupos de pessoas.

Tratamentos psiquiátricos do futuro

Como vimos, a Psiquiatria de Precisão continua em desenvolvimento, mas já representa um enorme avanço no modo de diagnosticar e tratar os transtornos mentais. A utilização de sensores, smartphones e outros dispositivos, atuando com as técnicas de análise de big data, vão ajudar muito na atenção à saúde mental. Isso porque são tecnologias que podem fornecer percepções, orientações e opções de tratamento para médicos e pacientes.

Assim como a Medicina de Precisão em geral, a Psiquiatria de Precisão encontra respaldo nos avanços tecnológicos que permitem a coleta e a análise de enormes quantidades de dados comportamentais e biológicos, de granularidade fina, bem como a identificação de seus padrões.

Certamente, ela não substituirá o diagnóstico clínico, já consagrado como base da prática médica, nem tampouco o olhar humano e atento do médico psiquiatra e sua experiência clínica. No entanto, a Psiquiatria de Precisão será, cada vez mais, uma grande aliada da ciência para tornar o cuidado mais individualizado, seguro e sensível, considerando a singularidade de cada pessoa.

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