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7.10.2021
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A Internet das Coisas (IOT) já tem revolucionado a maneira de pensar a saúde e os tratamentos. E o smartwatch é uma ferramenta para isso.
Em algum momento, você já deve ter ouvido falar em Internet das Coisas (Internet of Things ou a sigla IoT). A definição desse assunto não é tão simples assim, já que a IoT não é apenas uma tecnologia e sim a junção de várias delas em busca da solução de um problema.
Essa junção/interação ocorre através de dispositivos conectados em rede que interagem e trocam informações, como Internet, Wi-Fi, smartphone, Bluetooth, Lora, VHF, UHF e HF. A partir deles ocorre uma automação de processos, que pode ser feita desde uma residência, passando por carros e agricultura chamados de “inteligentes”.
Conforme já era esperado, a IoT passou a fazer parte da medicina e todos saem ganhando: médicos, pacientes, pesquisadores e unidades de saúde. Entre as vantagens, estão o registro autônomo de informações, a facilidade no compartilhamento de dados e o histórico médico mais completo, com apoio a diagnósticos assertivos.
A Internet das Coisas ainda está em seu início na medicina, ainda assim, já é possível conferir algumas evoluções. Além disso, a tendência de transformação é tamanha que alguns dos principais players do mercado já estão bem envolvidos nela.
Na visão de Ricardo Maranhão, especialista pela Sociedade Brasileira de Nefrologia/AMB, chefe da Nefrologia e Hemodiálise do Hospital Santa Efigênia/PE e CEO do aplicativo MedPhone, adquirido pela Afya em 2020, o mais importante desses players seria a Apple.
“Na última WWDC da Apple, que é a conferência que eles usam para mostrar todas as novas tecnologias para os desenvolvedores, eles usaram cerca de 15 minutos para falar sobre o Apple Watch e os seus usos para a medicina. Isso mostra o quanto a Apple vem levando a sério esse início de namoro com os wearables para seu uso na medicina. Eles têm uma médica da Sociedade Americana de Cardiologia como responsável por essa frente médica dentro da própria Apple e rumores falam em mais de 400 médicos já trabalhando em projetos da empresa”, conta.
Há algum tempo, o Apple Watch conta com um sistema de ECG em que basta tocar o dedo em um botão e, automaticamente, realiza um eletrocardiograma utilizado para dar o diagnóstico de fibrilação cardial. Outras duas importantes funções do Apple Watch são o oxímetro, que mede a saturação, e um mecanismo voltado a idosos, que aciona a família ou socorro médico em caso de queda brusca.
Um dispositivo inteligente que conecta diretamente a Internet das Coisas ao paciente, como o Apple Watch, é capaz de gerar uma grande quantidade de dados diários. Por exemplo, é possível realizar um eletrocardiograma no paciente a cada uma hora e enviá-los diretamente ao médico, dando uma perspectiva longitudinal do paciente que até há pouco tempo não era possível. Eventualmente, com esses grandes estudos e esse grande Big Data, será possível até inferir que aquele paciente que está apresentando algum tipo de alteração que pode evoluir para uma morte súbita.
“Vai ser algo transformador. Ou seja, a Internet das Coisas conectada ao ser humano, pegando informação e dados em tempo real, permitirá detectar sintomas que podem ser mascarados no momento de uma consulta”, explica o especialista.
Ricardo acredita que a Internet das Coisas nos hospitais começará a ser uma tendência e que a automação hospitalar também vai crescer consideravelmente, proporcionando mais segurança ao paciente.
Ele cita como exemplos um sensor no piso que consegue perceber a queda de um paciente através do impacto e um sensor de oximetria conectado com a enfermagem que detecta uma baixa na saturação.
“É algo que promete revolucionar muito, principalmente no que tange à segurança do paciente. Muitos eventos que antes passavam despercebidos ou demoravam a ser flagrados, como uma glicose que baixou demais ou uma queda do paciente, poderão ser evitados.”
As vantagens do uso da Internet das Coisas na medicina são claras, acredita Ricardo. Como exemplos ele cita o Big Data, o acompanhamento longitudinal e a conexão em tempo real com emergência.
"Eu acredito que é um caminho sem volta. Aplicativos para o controle de medicamentos, com feedbacks automáticos para o médico, onde se possa enviar uma conduta para o paciente, é transformar o cuidado com as pessoas em forma integral durante 24 horas por dia."
No entanto, o especialista ressalta a questão da privacidade. Ele alerta que muitos dados em um ambiente virtual estão sujeitos ao risco de roubo de informações e, por se tratar da saúde das pessoas, é muito particular e intrusivo.
“Outra desvantagem é o custo. Um Apple Watch é caro, assim como o sistema de monitoramento de glicemia livre de furadas. Porém, acredito que com o tempo e com o benefício que isso vai trazer aos pacientes, valerá a pena investir nesses dispositivos, pois os desfechos graves poderão ser mais facilmente evitados. É possível até que o próprio plano de saúde se interesse em liberar essas tecnologias, entendendo que o custo inicial vai diminuir os custos com procedimentos tardios que poderiam ter sido evitados com o uso das ferramentas novas”, completa.
Ricardo explica que a preparação para receber um mecanismo tão inovador quanto a Internet das Coisas é basicamente ter locais com saída de internet, uma rede eficaz e dispositivos que consigam se conectar uns com os outros através da rede, já que alguns dispositivos antigos não têm esta saída. Na própria construção do hospital ou da clínica é possível instalar sensores e alarmes específicos.
“Para que a Internet das Coisas possa crescer dentro dos hospital é fundamental trabalhar na estrutura (rede estruturadas, equipamento compatíveis com os protocolos de comunicação entre dispositivos, redundância operacional ) e treinamento de médicos/enfermeiros, para que eles saibam usar da forma adequada, mantendo o tratamento humano e usando as informações que a IOT pode prover para melhorar o atendimento a população”.
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Belisa Frangione - Publicado originalmente na plataforma da StartSe