Como incentivar seu paciente a parar de fumar?

May 12, 2025 . 6 minutos de leitura
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Parar de fumar não é um processo fácil, mas com algumas orientações que apresentamos neste artigo, seus pacientes podem conseguir se livrar do tabagismo.

Conforme estimativas recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), há 1,25 bilhão de usuários de tabaco no mundo. Esse levantamento demonstra que o Brasil tem obtido sucesso após implementar medidas de controle do tabaco, com redução de 35% desde 2010. Apesar desse progresso, ainda precisamos combater os malefícios do cigarro, ajudando o paciente a parar de fumar.

A propósito, oferecer ajuda para os pacientes para a cessação do tabagismo é uma das seis medidas implementadas pela OMS nesse sentido. Para isso, é necessária uma intervenção especializada, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), um dos métodos que têm se mostrado altamente eficaz no combate ao tabagismo, sendo recomendada pelo Ministério da Saúde. Além disso, os médicos em geral podem contribuir com incentivos e orientações.

Para melhor entendimento do assunto, apresentaremos alguns pontos importantes sobre a evolução no consumo de cigarros, os malefícios que eles provocam e aspectos que envolvem um plano para incentivar seu paciente a largar o vício. Boa leitura!

Evolução do consumo de cigarros

O consumo do tabaco ganhou impulso durante os períodos das grandes guerras, quando se acreditava que o cigarro poderia ajudar a combater a ansiedade e o estresse. Os soldados recebiam cigarros com as fardas e os armamentos.

Nessa época, e por muito tempo, os malefícios causados pela dependência da droga não eram conhecidos pela população. Assim, a indústria do tabaco continuou a evoluir, atingindo o seu auge com os filmes de Hollywood, nos quais os cigarros eram associados à sensualidade e à elegância. Esse tipo de propaganda subliminar atingiu adolescentes em fase de desenvolvimento da identidade, aumentando o consumo da droga.

Com o tempo, pesquisas científicas comprovaram os malefícios do tabagismo, criando consciência na sociedade sobre a dependência que ele causa, responsável por diversas doenças. Em resposta a esse novo posicionamento social, a indústria do tabaco passou a apostar nos cigarros eletrônicos, até mais nocivos do que os cigarros comuns.

Malefícios do tabagismo

Em todo o mundo, o tabagismo é uma das principais causas de morte evitável, causando malefícios como:

  • alterações na saúde mental (depressão e ansiedade);
  • câncer de boca, esôfago, laringe, bexiga e pâncreas, entre outros;
  • dependência química;
  • doenças cardiovasculares, aumentando o risco para alterações cardíacas, hipertensão arterial, derrame cerebral e doença arterial periférica;
  • doenças respiratórias como a Doença Pulmonar Obstrutiva DPOC e a bronquite crônica;
  • envelhecimento prematuro da pele;
  • impacto negativo na saúde da família devido ao tabagismo passivo.

No longo prazo, o tabagismo pode impactar de maneira devastadora a vida dos fumantes, provocando:

  • comprometimento na qualidade de vida;
  • impacto nas relações interpessoais e na vida social;
  • redução da expectativa de vida.

Plano para incentivar o seu paciente a parar de fumar

Segundo Aline Sardinha, doutora em Saúde Mental e Presidente da Associação de Terapias Cognitivas do Rio de Janeiro (ATC-Rio), o processo de cessação do tabagismo é realizado, basicamente, em três estágios: preparação, retirada gradual e manutenção.

Preparação

Nessa fase, o paciente deve ser instruído sobre os males causados pelo cigarro, assim como sobre as etapas do tratamento e o que ele pode esperar do processo da parada de fumar.

Também é preciso fazer uma avaliação do estado psicológico do paciente, do grau de dependência da nicotina e de suas motivações para o abandono do cigarro. Essa análise é fundamental para planejar o tratamento personalizado, a fim de potencializar os resultados da terapia.

Retirada gradual

A etapa da retirada gradual dos cigarros dura em média 6 semanas, dependendo das dificuldades individuais, podendo envolver (ou não) algum medicamento. Esse processo reduz o impacto dos sintomas de abstinência e permite que o paciente rompa gradualmente os comportamentos associados ao hábito de fumar, substituindo-os por estratégias aprendidas em terapia ou orientação médica.

Fase da manutenção

Após a abstinência completa, inicia-se a fase da manutenção. Nessa etapa, um acompanhamento terapêutico é muito importante para prevenir recaídas. As sessões com o terapeuta se tornam cada vez menos frequentes, até que o paciente se sinta pronto para enfrentar sozinho os desafios de parar de fumar.

Orientações eficazes como partes do plano

A seguir, veja algumas orientações com eficácia comprovada, que você pode adotar para ajudar o seu paciente a entender como largar o cigarro e ter mais qualidade de vida, evitando doenças que podem ser fatais.

Evidencie os benefícios imediatos

Mostrar os ganhos imediatos é uma motivação poderosa. Aqui, é importante destacar que os benefícios podem ser obtidos por pessoas em qualquer idade:

  • após 20 minutos — a pressão sanguínea e a pulsação ficam normais;
  • após 2 horas — a nicotina deixa de circular no sangue;
  • após 8 horas — o nível de oxigênio no sangue fica normalizado;
  • após 12 a 24 horas — os pulmões começam a funcionar melhor;
  • após 2 dias — o olfato e o paladar melhoram muito;
  • após 3 semanas — fica mais fácil respirar e há melhora na circulação sanguínea;
  • após 1 ano — o risco de infarto cai pela metade.

Acabe com os mitos que podem atrapalhar o processo

Engordar é um dos motivos que mais preocupam e até desestimulam os fumantes que pensam em abandonar o cigarro. Isso ocorre porque o cigarro interfere na absorção de diversas vitaminas e minerais. Assim, quando a pessoa para de fumar, é normal ganhar alguns quilos. Mas isso é passageiro e, após algum tempo, a pessoa consegue eliminar o peso extra. Uma orientação nutricional pode acabar com essa preocupação.

Combine uma data para o “dia D”

Marque uma data para o seu paciente abandonar o cigarro. Comente sobre a possibilidade de reduzir a quantidade aos poucos. Essa é uma estratégia que ajuda a diminuir a ansiedade e ensina o organismo a solicitar menos nicotina gradativamente. Assim, se a pessoa fuma 20 unidades/dia, instrua para que ela fume 1 cigarro a menos a cada dia até chegar o “dia D”.

Esclareça alguns sintomas de abstinência que podem ocorrer

É fundamental deixar claro ao paciente que a nicotina gera forte dependência. Quando a pessoa para de fumar e não recorre a nenhuma ajuda, o organismo começa a sentir falta dos seus efeitos, desencadeando uma crise de abstinência. Os sintomas podem incluir desde tremores e fome compulsiva até desconforto geral.

Forneça exemplos de como contornar a abstinência

Para contornar os efeitos da abstinência, sugira as seguintes estratégias ao seu paciente:

  • hidratação — beber água sempre que sentir vontade de fumar;
  • alimentação — ter sempre pequenas porções de alimentos com baixa caloria, como cenoura (cortada em bastões);
  • atividades físicas — ajuda a controlar o peso e liberar a endorfina e a serotonina, os neurotransmissores que dão sensação de bem-estar e aplacam a ansiedade;
  • chicletes sem açúcar — que ajudam a reduzir a ansiedade;
  • companhias — evitar ambientes com pessoas que fumam;
  • economia — guardar o dinheiro que o paciente gastaria com o cigarro para utilizar em uma viagem ou algum item que esteja precisando;
  • transformar o negativo em positivo — se a pessoa fica impressionada ao pensar na quantidade de cigarros que fuma por mês ou por ano, ela pode utilizar essa sensação para resistir à vontade.

Enfatize a importância de persistir em casos de recaída

Caso o seu paciente não consiga parar de fumar logo na primeira tentativa, é importante considerar que o tabagismo tem um fator genético. Nesse sentido, é preciso esclarecer que isso pode dificultar, mas não impedir que a pessoa consiga alcançar esse objetivo. Há diversos casos de recaídas, que após algumas tentativas deram resultados positivos.

Enfim, essas são algumas das estratégias eficazes que você pode utilizar para auxiliar o seu paciente a parar de fumar. Esperamos que as orientações que trouxemos possam, de fato, contribuir para o sucesso no processo de combate ao tabagismo.

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