Como funciona o trabalho da Cruz Vermelha

O trabalho da Cruz Vermelha é voltado para o alívio do sofrimento provocado por conflitos armados, desastres naturais e demais emergências. Essa organização integra o Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, formado por outras entidades que contribuem para proteger a vida e promover a dignidade humana.

A seguir, conheça melhor as origens dessa organização, sua estrutura e como o médico pode contribuir para os serviços que ela oferece. Boa leitura!

Qual é a origem da Cruz Vermelha?

A Cruz Vermelha foi criada por Henri Dunant, um empresário de origem suíça, que presenciou os efeitos devastadores da guerra nos soldados e civis na Itália, em 1859. Posteriormente, ele retratou essa experiência no livro intitulado "Lembrança de Solferino", publicado em 1862, que continha suas observações sobre o sofrimento causado pelos conflitos armados.

Essa obra foi traduzida em diversos idiomas e mobilizou personalidades influentes, abrindo caminho para uma ação humanitária notória. Diante da repercussão dos seus relatos, Dunant e outros cidadãos suíços fundaram, em 1863 (Genebra), uma organização voluntária e independente — a Cruz Vermelha.

O principal objetivo era oferecer assistência aos soldados feridos na guerra e prestar socorro aos civis. No ano seguinte, realizaram uma Conferência Internacional em Genebra, convidando representantes de nações europeias, bem como do México, do Brasil e dos Estados Unidos.

Ela atua em mais de 190 países e é composta por três órgãos:

• Comitê Internacional da Cruz Vermelha — fornece assistência aos soldados feridos em conflitos armados e apoia as populações afetadas;
• Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho — interliga a comunicação entre as diferentes operações da Cruz Vermelha, coordenando as ações realizadas pela organização em âmbito global;
• Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho — rede global de organizações humanitárias.

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Como a Cruz Vermelha funciona?

Assim como suas diversas sociedades instaladas ao redor do mundo, a Cruz Vermelha trabalha pela defesa da humanidade, atuando de maneira neutra, imparcial, voluntária e independente.

Além de assegurar a proteção humanitária e a assistência às vítimas de conflitos armados, a organização contempla em sua missão a assistência em outras emergências onde está instalada.

Quanto à sua estrutura, a Cruz Vermelha se organiza com base no tripé estabelecido pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Esse comitê é formado por cinco órgãos, cuja principal função é administrar a organização.

Fazem parte dessa estrutura a Assembleia, o Conselho da Assembleia, o Gabinete do Presidente, a Diretoria e a Unidade de Auditoria Interna. O presidente representa a organização internacionalmente, e a diretoria formula a estratégia do comitê.

Conforme comentamos, há também a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, representante das 191 unidades internacionais.

Ela foi criada em 1919, logo após a Primeira Guerra Mundial, para unificar a comunicação e a coordenação das ações realizadas pelas diversas sociedades da Cruz Vermelha no mundo. Conforme regulamento interno, só pode haver uma sociedade em cada país.

O símbolo da Cruz Vermelha foi estabelecido com a criação da organização, em 1863. Por ser criada por suíços, a bandeira da Suíça serviu de inspiração, mas com as cores alteradas. O quadrado com fundo vermelho e a cruz branca foram invertidos, ficando com um quadrado de fundo branco e cruz vermelha.

Posteriormente, em 1929, devido às reivindicações dos turcos, foi acrescentada uma lua crescente ao símbolo da Cruz Vermelha nos países muçulmanos. A explicação para isso foi no sentido de que a cruz era um símbolo associado ao cristianismo.

Cruz Vermelha no Brasil

A Cruz Vermelha está presente desde o começo do século XX, por iniciativa do médico Joaquim de Oliveira Botelho, que atuou nesse sentido a partir de 1907. Ele conseguiu reunir membros de diversas regiões em um evento no Rio de Janeiro, que ficaram responsáveis por projetar as bases da Cruz Vermelha no nosso país.

Em 5 de dezembro de 1908, a fundação da organização no Brasil foi oficializada com o estabelecimento do seu Estatuto, tendo como presidente o médico e sanitarista Oswaldo Cruz. Em 1912, a Cruz Vermelha Brasileira foi reconhecida internacionalmente e sua atuação ganhou força no período da Primeira Guerra Mundial.

Uma seção feminina, criada em 1916 na organização, recebeu o nome de Damas da Cruz Vermelha. Sua principal função era formar enfermeiras em nosso país. Nesse sentido, a atuação feminina e o aumento no número de enfermeiras têm uma relação direta com a participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial.

Atualmente, a Cruz Vermelha Brasileira está presente em 20 estados e no Distrito Federal, com sede na cidade do Rio de Janeiro.

O que é necessário para ser um médico da Cruz Vermelha?

Para atuar como médico da Cruz Vermelha, é necessário ter diploma em Medicina, com licença atualizada para exercer a profissão no país de residência. Também precisa ter, no mínimo, três anos de experiência clínica na área de especialidade e dois anos de experiência internacional em diversos contextos.

Além disso, são exigidas as seguintes qualificações:

• pós-graduação em saúde pública ou medicina tropical;
• carteira de habilitação para veículos com transmissão manual com prática;
• compromisso com o mandato humanitário do CICV;
• domínio do idioma inglês e de, pelo menos, outro idioma de interesse do CICV, como francês, árabe, espanhol e/ou russo;
• estar preparado para aceitar missões sem acompanhantes (isto é, sem parceiro, cônjuge, filhos ou dependentes) nos primeiros 12 meses.

De que forma o médico pode auxiliar nos trabalhos da Cruz Vermelha?

Um médico pode atuar na Cruz Vermelha de várias formas, no trabalho humanitário e de assistência médica, conforme comentamos a seguir.

Como voluntário em emergências

Mesmo que não atue como contratado da Cruz Vermelha, o médico pode se voluntariar para atender a emergências em áreas atingidas por crises e desastres naturais.

Isso inclui a prestação de cuidados médicos básicos e o tratamento de lesões e doenças agudas, ajudando na estabilização e encaminhando os pacientes para instalações de saúde adequadas.

Atendimento em clínicas e centros de saúde

A Cruz Vermelha administra clínicas e centros de saúde em diversas comunidades carentes, assim como em áreas de conflito. Dessa forma, os médicos podem atuar nessas instalações, em cuidados primários, realizando consultas médicas, tratando doenças comuns e prescrevendo medicamentos.

Apoio psicossocial

A organização oferece apoio psicossocial às pessoas afetadas em emergências, traumas e conflitos. Os médicos podem contribuir proporcionando apoio emocional, aconselhamento e cuidados com doenças mentais para ajudar as pessoas a lidarem com o impacto psicológico dessas situações.

Programas de treinamento e capacitação

A organização tem programas de treinamento em saúde comunitária, primeiros socorros e outros temas relacionados. Nesse sentido, os médicos podem contribuir ministrando cursos, compartilhando conhecimentos e habilidades médicas com os voluntários e os membros das comunidades locais.

‍Programas de saúde pública

A Cruz Vermelha também conta com programas de saúde pública, como as campanhas de vacinação e as de prevenção de doenças. Os médicos podem participar dos programas, gerenciando as campanhas de conscientização, compartilhando informações e realizando exames.

Como vimos ao longo deste conteúdo, o trabalho da Cruz Vermelha é voltado à atuação humanitária internacional, proporcionando assistência médica e psicológica a soldados e civis.

Assim, a organização consegue ajudar a diminuir o sofrimento causado por conflitos armados e desastres naturais, entre outras emergências. Nesse sentido, os médicos são profissionais essenciais nessa missão, que podem contribuir como voluntários ou como contratados.

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