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16.5.2024
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Equipe Afya Educação Médica
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Dentro de cada movimento que fazemos, dentro de cada pensamento que temos, está o intrincado sistema nervoso humano, uma rede complexa e vital que orquestra todas as funções do nosso ser. Desde o piscar de olhos até a resolução de problemas complexos, ele é a engrenagem invisível por trás de nossa experiência de vida, moldando nossa interação com o mundo ao nosso redor.
Por isso, explorar a complexidade e a maravilha do sistema nervoso é o caminho para aprimorar o entendimento e as práticas clínicas, identificar novas estratégias de tratamento e intervenção, e garantir o melhor cuidado da saúde neurológica.
Prepare-se para uma jornada emocionante pelo mundo da neurociência e descubra maneiras de melhorar o cuidado com seus pacientes. Boa leitura!
O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico (SNP). Ele é formado por bilhões de células nervosas chamadas neurônios, as unidades básicas de processamento de informações do sistema nervoso.
Além dos neurônios, o sistema nervoso também é composto por células de suporte, conhecidas como células da glia, que desempenham um papel fundamental na manutenção e suporte dos neurônios.
Vamos explorar as distinções entre o sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). Essas diferenças vão além das funções principais de processamento e transmissão de informações.
O SNC é composto pelo cérebro e pela medula espinhal, que estão protegidos pela caixa craniana e pela coluna vertebral, respectivamente. Essas estruturas são altamente protegidas e têm uma organização complexa, com diferentes regiões especializadas em funções específicas.
Já o SNP inclui todos os nervos que se estendem para fora do cérebro e da medula espinhal e se ramificam por todo o corpo. Esses nervos são organizados em redes que se estendem pelos membros, órgãos e tecidos do corpo, permitindo a transmissão de informações sensoriais e comandos motores.
O SNC desempenha um papel central na integração de informações sensoriais, processamento cognitivo, controle motor voluntário e regulação de funções autônomas, como respiração e frequência cardíaca. É onde ocorre a maior parte do processamento e interpretação de informações.
Por outro lado, o SNP atua como uma interface entre o SNC e o ambiente externo, transmitindo informações sensoriais do corpo para o cérebro (sistema sensorial) e comandos motores do cérebro para os músculos e órgãos (sistema motor).
No sistema nervoso central, os neurônios são altamente especializados e organizados em redes complexas, interconectadas por sinapses que permitem a comunicação entre as células nervosas. Além dos neurônios, o SNC também contém células de suporte, como astrócitos e oligodendrócitos, que desempenham funções essenciais na manutenção do ambiente neuronal.
No sistema nervoso periférico, os nervos são compostos principalmente por fibras nervosas, que consistem em prolongamentos de neurônios. Essas fibras podem ser classificadas em nervos sensoriais, responsáveis pela condução de impulsos sensoriais para o SNC, e nervos motores, responsáveis pela transmissão de comandos motores do SNC para os músculos e órgãos.
O sistema nervoso central é protegido por várias barreiras, como a barreira hematoencefálica, que regula o acesso de substâncias do sangue ao cérebro, garantindo um ambiente neuronal estável. Além disso, o SNC possui mecanismos próprios de regulação, como os núcleos de controle autonômico, que regulam funções como pressão arterial e temperatura corporal.
Já o SNP é menos protegido do que o SNC e está mais sujeito a danos externos, como lesões traumáticas e compressões nervosas. No entanto, ele também tem mecanismos de regulação próprios, como os reflexos medulares, que permitem respostas rápidas a estímulos nocivos, como no caso do reflexo em caso de queimadura.
O processamento de informações no sistema nervoso é extremamente complexo e sofisticado, e envolve uma intrincada rede de sinais elétricos e químicos entre os neurônios.
Tudo começa quando um estímulo é detectado pelos receptores sensoriais localizados em diferentes partes do corpo, como a pele, os olhos, os ouvidos e os órgãos internos. Esses receptores convertem estímulos externos, como luz, som, temperatura, pressão e substâncias químicas, em sinais elétricos, que são então transmitidos aos neurônios sensoriais.
Os sinais elétricos gerados pelos receptores sensoriais são transmitidos ao longo dos neurônios sensoriais em forma de impulsos elétricos. Esses impulsos elétricos percorrem o axônio do neurônio até chegar ao terminal axônico, onde estão localizadas as sinapses.
Quando o impulso elétrico alcança o terminal axônico, ele desencadeia a liberação de neurotransmissores na sinapse. Os neurotransmissores são substâncias químicas armazenadas em vesículas nas terminações axônicas e são liberadas na fenda sináptica em resposta ao influxo de cálcio.
Os neurotransmissores liberados na sinapse se conectam a receptores na membrana do neurônio pós-sináptico. Essa ligação desencadeia uma série de eventos bioquímicos dentro do neurônio pós-sináptico, alterando sua permeabilidade e gerando um novo impulso elétrico conhecido como potencial pós-sináptico.
O neurônio pós-sináptico integra os sinais excitatórios e inibitórios recebidos de múltiplos neurônios pré-sinápticos. Se a soma desses sinais alcançar um limiar crítico, o neurônio pós-sináptico gerará um potencial de ação, um impulso elétrico que será transmitido ao longo do seu axônio até as sinapses com outros neurônios.
O potencial de ação é transmitido ao longo do axônio até as terminações axônicas, onde o processo se repete. Esse sinal elétrico viaja rapidamente ao longo dos axônios dos neurônios, permitindo a transmissão eficiente de informações ao longo da rede neuronal.
Além da transmissão direta de sinais, as sinapses também podem ser moduladas e adaptadas por meio de mecanismos de plasticidade sináptica. Isso inclui a liberação de diferentes neurotransmissores, a alteração da sensibilidade dos receptores sinápticos e a formação ou eliminação de sinapses, processos que desempenham um papel fundamental na aprendizagem e na memória.
No cérebro, as informações transmitidas pelos neurônios são integradas e processadas por diversas regiões especializadas, como o córtex cerebral. Essa integração de informações permite a percepção sensorial, a cognição, a tomada de decisões e a geração de respostas comportamentais apropriadas.
Com base na interpretação das informações recebidas, o cérebro envia sinais de volta para os músculos, órgãos e outras partes do corpo, desencadeando uma resposta adequada. Essa resposta pode ser uma contração muscular, uma secreção hormonal, uma alteração na frequência cardíaca, entre outras.
O sistema nervoso humano é uma rede complexa que interage com praticamente todos os órgãos e sistemas do corpo humano. Essa interação é fundamental para o funcionamento harmonioso do organismo e abrange uma ampla gama de funções vitais e processos fisiológicos.
O cérebro e a medula espinhal são os centros de comando do sistema nervoso, responsáveis pelo processamento e interpretação de informações sensoriais, pela geração de respostas motoras e pela coordenação de funções cognitivas superiores, como pensamento, memória, emoção e linguagem.
O sistema nervoso autônomo é responsável por regular funções involuntárias do corpo, como a frequência cardíaca, a pressão arterial, a respiração e a digestão. Ele consiste em dois ramos principais: o sistema nervoso simpático, que prepara o corpo para situações de estresse e emergência, e o sistema nervoso parassimpático, que promove atividades de repouso e restauração.
Além disso, ele é uma parte que funciona de modo independente da vontade e consiste em neurônios que conduzem impulsos desde o sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal) até as glândulas, o músculo liso e o músculo cardíaco.
O sistema nervoso controla a respiração através do centro respiratório localizado no tronco cerebral, que regula o ritmo e a profundidade da respiração com base nas necessidades do corpo. Além disso, os receptores sensoriais no pulmão e nas vias aéreas transmitem informações sobre a concentração de oxigênio e dióxido de carbono no sangue para o cérebro, ajudando a regular a respiração.
O sistema nervoso regula a atividade do coração, controlando a frequência cardíaca e a pressão arterial. Os impulsos nervosos do sistema nervoso simpático aumentam a frequência cardíaca e a força de contração do coração em resposta a estímulos como o estresse, enquanto o sistema nervoso parassimpático diminui a frequência cardíaca e promove a vasodilatação para reduzir a pressão arterial.
O sistema nervoso também desempenha um papel importante na regulação da função gastrointestinal, controlando a motilidade intestinal, a secreção de sucos digestivos e a absorção de nutrientes. Os nervos entéricos, presentes no trato gastrointestinal, coordenam atividades como a peristalse e o movimento de alimentos ao longo do sistema digestivo.
O sistema nervoso interage com o sistema endócrino através do hipotálamo, uma região do cérebro que controla a liberação de hormônios pela glândula pituitária. O hipotálamo produz hormônios reguladores que influenciam a atividade de outras glândulas endócrinas, como a tireoide, as glândulas adrenais e os ovários e testículos.
O sistema nervoso controla os músculos esqueléticos por meio de impulsos nervosos transmitidos ao longo das fibras nervosas motoras até as junções neuromusculares. Esses impulsos desencadeiam a contração dos músculos esqueléticos, permitindo movimentos voluntários como caminhar, correr e levantar objetos.
O impacto do uso de substâncias, o desenvolvimento de doenças neurológicas e traumas físicos no funcionamento do sistema nervoso é significativo e multifacetado. Veja como esses problemas podem interferir na comunicação entre os neurônios, causar danos neuronais e comprometer as funções cognitivas e motoras.
A influência das substâncias no organismo humano é ampla e complexa, com efeitos variados que afetam o funcionamento do sistema nervoso. Vejamos algumas das principais:
Diversos medicamentos, incluindo antidepressivos, ansiolíticos, analgésicos opioides e canabidiol, afetam o sistema nervoso alterando a produção, liberação ou receptores de neurotransmissores. Isso pode levar a efeitos colaterais como sonolência, alterações de humor, dificuldades cognitivas e até dependência.
O álcool é um depressor do sistema nervoso central que reduz a atividade neuronal e interfere na comunicação entre os neurônios. Ele pode resultar em redução da coordenação motora, comprometimento do raciocínio e da tomada de decisões, além de transtornos do sono e do humor.
Drogas como cocaína, maconha e metanfetaminas podem afetar o sistema nervoso de várias maneiras, causando desde efeitos estimulantes até alterações de percepção, memória e função cognitiva. O uso prolongado pode levar a danos neurais permanentes e distúrbios psiquiátricos.
Algumas doenças neurológicas afetam diretamente o sistema nervoso, manifestando-se em sintomas diversos que vão desde problemas de coordenação até dificuldades cognitivas. Por isso, é essencial compreender a complexidade dessas condições para fornecer o melhor cuidado e suporte aos pacientes.
A Esclerose Múltipla é uma doença autoimune que afeta o sistema nervoso central, causando inflamação e destruição da mielina, a camada protetora dos neurônios. Isso resulta em sintomas como fadiga, fraqueza muscular, problemas de visão, dificuldades de coordenação e cognitivas.
Caracterizada por degeneração progressiva do cérebro, a doença de Alzheimer afeta principalmente a memória, o pensamento e o comportamento. A acumulação de placas de proteína beta-amiloide e emaranhados de proteína tau interfere na comunicação entre os neurônios e leva à perda neuronal e atrofia cerebral.
Parkinson é uma doença neurodegenerativa que afeta o sistema nervoso central, principalmente as áreas responsáveis pelo controle motor. A morte progressiva de neurônios dopaminérgicos na substância negra leva a sintomas como tremores, rigidez muscular, lentidão de movimento e instabilidade postural.
Os traumas que resultam em lesões na medula espinhal podem levar à interrupção parcial ou total da comunicação entre o cérebro e o resto do corpo. Dependendo da gravidade e da localização da lesão, isso pode resultar em paralisia, perda de sensibilidade, disfunções autonômicas e outras complicações.
Veja, a seguir, como alguns hábitos podem prejudicar o sistema nervoso.
Os hábitos de vida desempenham um papel fundamental na saúde do sistema nervoso, e o estilo de vida pode influenciar significativamente o funcionamento cerebral e a saúde neurológica.
Os fatores ambientais desempenham um papel significativo na saúde do sistema nervoso, podendo influenciar diretamente sua função e integridade.
Os fatores genéticos desempenham um papel crucial na predisposição para distúrbios neurológicos, influenciando a probabilidade de desenvolvimento de condições que afetam a saúde do sistema nervoso.
Durante o desenvolvimento inicial e ao longo da vida, o cérebro está continuamente construindo e refinando suas conexões neurais em resposta a estímulos e experiências. Esse processo dinâmico, conhecido como neuroplasticidade, permite que o cérebro se molde em resposta a novas informações e aprendizado.
A neuroplasticidade é um fenômeno fascinante que reflete a notável capacidade do sistema nervoso de se adaptar, remodelar e se recuperar em resposta a diversas influências. Essa capacidade de mudança estrutural e funcional desempenha um papel crucial em muitos aspectos da vida humana, desde o desenvolvimento inicial até a aprendizagem ao longo da vida, bem como na recuperação de lesões e na reabilitação.
Após lesões cerebrais ou danos ao sistema nervoso, a neuroplasticidade desempenha um papel crucial na recuperação funcional. Por exemplo, em casos de acidente vascular cerebral (AVC), onde áreas do cérebro podem ser danificadas devido à interrupção do suprimento sanguíneo, o cérebro pode se reorganizar para compensar as áreas afetadas.
Outro exemplo é a recuperação de lesões na medula espinhal, onde a plasticidade neuronal pode permitir que novas vias se formem ao redor da área danificada, possibilitando a recuperação parcial ou total da função.
Os médicos têm um papel crucial na orientação dos pacientes sobre como proteger a saúde do sistema nervoso e evitar fatores de risco que possam comprometer seu funcionamento. Veja, a seguir, como você pode auxiliar seus pacientes nesse sentido.
Os profissionais de saúde têm o papel de educar os pacientes sobre os efeitos prejudiciais do consumo excessivo de álcool e tabaco no sistema nervoso. Eles também fornecem informações sobre os limites de consumo recomendados, estratégias para redução ou cessação do uso e recursos disponíveis para apoio no tratamento de dependência química.
Orientar os pacientes sobre a importância de uma dieta equilibrada, rica em nutrientes essenciais para o cérebro, como ácidos graxos ômega-3, vitaminas do complexo B, vitamina D e antioxidantes, é fundamental. Além disso, fornecer orientações sobre alimentos que promovem a saúde cerebral e incentivar a moderação no consumo de alimentos processados é parte integrante desse cuidado.
Recomendar a prática regular de exercícios físicos que promovem a saúde cerebral e melhoram o fluxo sanguíneo para o cérebro é essencial. Além disso, incentivar atividades mentais estimulantes ajuda a manter a função cognitiva e a plasticidade cerebral.
Oferecer orientações sobre técnicas de relaxamento e promover a importância de uma boa higiene do sono são formas eficazes de reduzir o estresse e promover o bem-estar emocional dos pacientes.
Orientar os pacientes sobre medidas de segurança para prevenir lesões traumáticas, como o uso de capacetes e cintos de segurança, é uma parte crucial do cuidado neurológico. Além disso, fornecer informações sobre a prevenção de quedas e eliminar fatores de risco ambientais são medidas preventivas importantes a serem discutidas.
É fundamental que os médicos incentivem os pacientes a buscar ajuda profissional quando necessário, seja para questões de saúde mental, como ansiedade e depressão, ou para o tratamento de condições neurológicas específicas. Isso inclui encaminhamentos para psicólogos, psiquiatras, neurologistas ou outros especialistas conforme a necessidade.
Para pacientes que já estão em tratamento para condições neurológicas, os médicos podem oferecer suporte e incentivo para garantir a adesão ao tratamento prescrito, esclarecendo dúvidas, monitorando e ajustando a terapia conforme necessário e fornecendo apoio emocional durante o processo.
Os médicos devem informar ao paciente sobre a importância do acompanhamento médico regular para monitorar a saúde neurológica e realizar exames de rotina. Esse acompanhamento permite a detecção precoce de problemas e a adoção de medidas preventivas ou de tratamento adequado.
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O sistema nervoso humano é incrivelmente complexo e sofisticado, e desempenha um papel fundamental na coordenação das funções do corpo. Por isso, é fundamental compreender como ele é estruturado, como funciona e quais são os fatores de risco que podem afetar sua saúde.
Oferecer orientações médicas adequadas permite aos indivíduos terem o poder de fortalecer e otimizar a saúde do sistema nervoso, proporcionando não apenas uma vida mais longa, mas também uma vida de maior qualidade e plenitude. É investindo na saúde do sistema nervoso que construímos as bases para um bem-estar duradouro e uma jornada vital mais gratificante.
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