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17.10.2023
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Equipe Afya Educação Médica
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O aumento do diagnóstico de diabetes entre adultos e crianças tem estimulado a comunidade científica a desenvolver novas alternativas de tratamento para a doença. Uma das novidades mais promissoras é a terapia celular para diabetes, que visa controlar o açúcar no sangue e devolver a qualidade de vida do paciente.
A nova abordagem terapêutica tem potencial significativo para reduzir a dependência de medicamentos e a ocorrência de complicações comuns em diabéticos, como doenças cardiovasculares e retinopatia diabética (perda da visão). Quer se atualizar sobre essa inovação? Neste post, vamos apresentar tudo o que você precisa saber sobre a terapia celular para tratar a diabetes. Confira!
O diabetes é uma patologia alarmante no campo médico. De acordo com o Atlas do Diabetes 2021, 537 milhões de adultos e 1,1 milhão de crianças e adolescentes no mundo convivem com a doença. Apenas de 2019 a 2021, cerca de 74 milhões de pessoas foram diagnosticadas como diabéticas. O estudo aponta que 80% dos casos estão nas nações em desenvolvimento.
Segundo o Ministério da Saúde (MS), o Brasil é o quinto país no ranking mundial do diabetes, tendo mais de 16,8 milhões de pessoas diabéticas entre 20 a 79 anos. A estimativa é de que, até 2030, esse número suba para 21,5 milhões.
Conforme o boletim epidemiológico divulgado pelo MS, houve um registro de 752.720 óbitos atribuídos a diabetes durante o período de 2010 a 2021, representando um aumento de 54.855 em 2010 para 75.438 em 2021.
A alta na prevalência da doença está relacionada às mudanças nos hábitos alimentares dos indivíduos, o que ocorre principalmente nas regiões urbanas, que favorece o desenvolvimento tanto de obesidade quanto de diabetes.
Ao longo do tempo, os tratamentos para diabetes têm evoluído de maneira considerável. Na atualidade, os principais métodos incluem o uso de insulina e medicamentos hipoglicemiantes.
No caso da insulina, houve o desenvolvimento de formulações de ação mais rápida e prolongada, proporcionando maior flexibilidade aos pacientes no controle dos níveis de açúcar no sangue. Além disso, novos medicamentos hipoglicemiantes mais seguros e eficazes foram introduzidos no mercado, ampliando as opções de tratamento, especialmente para diabetes tipo 2.
Podemos citar, ainda, o avanço associado a um estilo de vida saudável. Dietas equilibradas, atividades físicas regulares e o gerenciamento do peso são agora pilares essenciais no tratamento da diabetes tipo 2. A conscientização sobre a importância da prevenção e do autocuidado também cresceu, com programas educacionais dedicados tanto a pacientes quanto a profissionais de saúde.
A tecnologia ganhou destaque no gerenciamento da patologia. A introdução de dispositivos de monitoramento contínuo de glicose (CGM) permitiu aos diabéticos acompanhar o teor de glicose no sangue em tempo real, facilitando o ajuste das doses de insulina e melhorando o seu controle. As canetas de insulina, bombas de insulina e aplicativos móveis também simplificaram a gestão da doença.
A comunidade científica continua a explorar terapias mais avançadas, como a terapia celular e a terapia genética, com o objetivo de oferecer tratamentos mais eficazes e, eventualmente, uma cura para o diabetes.
Considerada uma abordagem altamente inovadora, a terapia celular para diabetes tem como finalidade tratar a doença por meio da substituição ou regeneração das células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina.
A ideia é restaurar a capacidade do corpo de regular os níveis de açúcar no sangue, particularmente em pacientes com diabetes tipo 1, cujas células beta foram destruídas pelo sistema imunológico.
Para tanto, o método envolve o uso de células-tronco, ilhotas pancreáticas (grupos de células beta) de doadores ou a modificação de células do próprio paciente para que possam secretar insulina.
Esse tratamento está sendo desenvolvido ao redor do mundo, a partir da colaboração global entre cientistas e médicos. Em junho de 2023, a Food and Drug Administration (FDA), Administração de Alimentos e Medicamentos, em português, que é a agência que regula os tratamentos médicos nos Estados Unidos, autorizou a aplicação da primeira terapia celular para diabetes tipo 1.
Há diferentes formas de realizar a terapia celular em diabéticos, sendo que duas delas são mais conhecidas. A primeira é a partir do transplante de ilhotas pancreáticas, na qual esta parte do pâncreas, onde estão localizadas as células betas, são retiradas de um doador compatível.
Em seguida, essas ilhotas são processadas e purificadas em laboratório. O paciente receptor as recebe por meio de uma injeção no fígado ou em outra área do corpo. As ilhotas transplantadas podem começar a produzir insulina e ajudar a regular os níveis de açúcar no organismo do paciente.
Já a segunda alternativa consiste no uso de células-tronco pluripotentes induzidas (iPSCs), obtidas do próprio paciente ou de fontes compatíveis. Posteriormente, elas são programadas em laboratório para se diferenciarem das células beta pancreáticas e transplantadas de volta ao diabético, também, por injeção.
Elas se integram ao pâncreas e começam a secretar insulina para promover o controle de glicose no sangue do paciente.
A eficácia da terapia celular pode variar entre os indivíduos. Algumas pessoas podem responder bem ao tratamento, com melhora significativa no controle da glicose, enquanto outras podem não obter os mesmos benefícios.
Em algumas situações, os pacientes que recebem transplantes de tecidos ou células de doadores precisam de imunossupressores para evitar a rejeição das células transplantadas. Isso pode ser um desafio devido aos efeitos colaterais dos medicamentos imunossupressores e ao risco de infecções.
No segmento de tratamento para diabetes, a terapia celular desponta como uma abordagem que vai revolucionar a Medicina. Afinal, ela restaura a produção de insulina, possibilitando um controle mais adequado do teor de açúcar no sangue dos diabéticos.
Ademais, o método pode reduzir ou eliminar a necessidade de uso de insulina exógena, além de ser personalizada de acordo com as necessidades de cada paciente, e apresentar um potencial de cura definitiva para o diabetes.
Os principais desafios e contras do novo procedimento incluem a necessidade de lidar com questões de compatibilidade imunológica, tendo em vista que pode haver o risco de reações do sistema imunológico contra as células transplantadas, o que pode exigir o uso de medicamentos imunossupressores com efeitos colaterais.
Também pode ocorrer a rejeição de células transplantadas, requerendo um acompanhamento rigoroso e, em alguns casos, retransplantes. Outro aspecto que necessita de atenção é uma eventual dificuldade para garantir a sobrevivência e funcionalidade contínua das células injetadas no diabético ao longo do tempo.
Até o momento a terapia celular é indicada para as pessoas com diabetes tipo 1, quando em que as células que produzem insulina são destruídas pelo sistema imunológico. Com ela, é possível regenerar esse processo.
No entanto, o tratamento também está sendo investigada para diabetes tipo 2, especialmente em casos mais graves ou quando outros tratamentos não são eficazes. O objetivo é melhorar a sensibilidade à insulina e reduzir a dependência de medicamentos para controlar o açúcar no sangue.
As práticas terapêuticas voltadas para pessoas diabéticas evoluíram muito nas últimas décadas, contando com avanços notáveis desde em medicamentos até tecnologias para o gerenciamento da doença.
A terapia celular para diabetes surge como um método promissor e revolucionário, uma vez que oferece a perspectiva de melhor qualidade de vida para os pacientes e, possivelmente, uma cura para a patologia no futuro.
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