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22.6.2022
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Equipe Afya Educação Médica
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O Brasil é um país bastante diverso. Por aqui, pessoas de diferentes raças, origens, credos, idades, orientações sexuais, identidade e expressões de gênero convivem em sociedade. Essa relação, porém, nem sempre é a mais harmoniosa ou respeitosa.
Junho é considerado o mês da visibilidade e do orgulho LGBTQIAP+. Para ajudar médicos e demais profissionais da saúde a entender como melhorar o atendimento humanizado às pessoas que pertencem à comunidade, a Afya Educação Médica, ex-IPEMED, preparou um guia rápido sobre o tema. Confira:
Antes de tudo, devemos entender por que pessoas LGBTQIAP+ sofrem discriminação em relação a outros grupos da sociedade.
Fruto de um processo histórico que envolve religiosidade, cultura e poder político, a marginalização das pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans, queers, intersexo/intergênero, panssexuais, agênero e assexuais deságua em diversos tipos de violência. Essa violência pode ser física ou simbólica. Para se ter uma ideia, somente em 2021, pelo menos 316 mortes violentas de pessoas LGBTQIAP+ foram registradas no Brasil. Esse número considera apenas aquelas pessoas assassinadas sem motivação aparente senão ódio e discriminação.
Outro tipo de violência a que pessoas LGBTQIAP+ estão sujeitas diz respeito à violência simbólica. Por exemplo, no atendimento que recebem nos serviços públicos e particulares de saúde. Isso acontece com frequência pois muitos estabelecimentos ainda não abandonaram o padrão heterocisnormativo, o que invalida a identidade e/ou a orientação sexual desses indivíduos.
A transexualidade diz respeito a quem a pessoa é, quando a pessoa não se identifica (total ou parcialmente) com o gênero que lhe foi atribuído ao nascer.
Ao atender uma pessoa transexual, pergunte quais são os seus pronomes e qual é o seu nome social. Aloque o paciente na ala de gênero correspondente.
Pacientes transexuais podem fazer uso de terapias hormonais, que definem seus traços para masculinos ou femininos, portanto, preste atenção ao recomendar algum tratamento medicamentoso.
O mesmo vale para pessoas queer, interssexo e intergênero, por exemplo. Na dúvida, pergunte de forma aberta e respeitosa.
Pessoas gays, lésbicas e bissexuais devem ser tratadas como qualquer outro indivíduo que entra pela porta de um serviço de saúde. Isso porque a sexualidade é algo de foro íntimo. Contudo, quando a queixa de saúde diz respeito a práticas sexuais, é importante conhecer as particularidades de cada grupo.
Mulheres lésbicas, por exemplo, podem ou não ter o hímen completamente preservado ao longo da vida. Homens gays podem ou não realizar sexo anal. Homens e mulheres bissexuais idem. Pessoas assexuais podem nunca ter uma relação sexual.
É importante aqui fazer uma investigação aberta e respeitosa, sem suposições que possam constranger o paciente. Isso inclui o atendimento a pessoas portadoras ou em investigação de ISTs.
O atendimento humanizado de pessoas LGBTQIAP+ diz respeito também a uma prática cotidiana de respeito, aprendizado e acolhimento dessas pessoas. Isso significa não tolerar a LGBTfobia na unidade de saúde, tanto por parte de profissionais quanto por parte de pacientes.
Significa também abandonar o uso de termos e ideias preconceituosas sobre a comunidade LGBTQIAP+. Por exemplo:
É importante lembrar que, independentemente das crenças pessoais de cada um, LGBTfobia é crime. Desde junho de 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) equiparou os crimes que tiveram como motivação a LGBTfobia aos crimes raciais, aplicando as mesmas penas.
A Política Nacional de Saúde da População LGBTQIA+ foi estabelecida em 2013 pelo Governo Federal e deve ser levada a todo o serviço público, de acordo com as metas do MInistério da Saúde. A política tem como objetivo ampliar o acesso a ações e serviços de qualidade reconhecendo a história de discriminação, preconceito e exclusão, também nos serviços de saúde.
Você já atendeu pessoas LGBTQIAP+? Como foi esse atendimento?