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12.6.2023
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Equipe Afya Educação Médica
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Muito se fala sobre as especialidades médicas que estão em alta. Exemplos como a Medicina Genética, a Radioterapia ou a Cirurgia de Mão estão entre as que menos têm médicos no Brasil, mostrando que são áreas com possibilidade de crescimento. Mas é só isso? E segmentos tradicionais, como a Cirurgia Plástica?
Em tempos em que “ser diferente” é algo que parece importar muito, é normal que profissionais fiquem em dúvida sobre a possibilidade de se especializarem em áreas já amplamente conhecidas e difundidas. No entanto, você não precisa se preocupar quando o assunto é a plástica!
Tem interesse por essa área, mas não sabe muito sobre ela? Então, você veio ao lugar certo. Continue acompanhado este artigo para entender mais sobre esse segmento, descobrindo a sua história e verificando qual é o panorama atual da profissão no Brasil. Boa leitura!
Antes de prosseguirmos, que tal entendermos um pouco sobre o que é a Cirurgia Plástica? Ainda que você já saiba a resposta, nunca é demais ressaltar alguns pontos!
Bom, de modo simples, a Cirurgia Plástica é a área da Medicina que lida com a estética e a funcionalidade de diversas regiões do corpo. O profissional da área mexe em tecidos a fim de deixá-los mais harmônicos visualmente, além de trabalhar condições ligadas aos nervos e aos músculos das áreas modificadas.
É fundamental salientar, também, que esse profissional atua com a questão emocional dos seus pacientes. Afinal, a autoestima de tais indivíduos é otimizada a partir das intervenções feitas pela equipe.
A Cirurgia Plástica pode até parecer uma área recente, mas a verdade é que há indícios de que ela surgiu há mais de 2 mil anos. Acredita-se que sua origem venha da Índia, local onde foram desenvolvidos métodos bem rudimentares de rinoplastias.
A rinoplastia também foi um dos temas de aprimoramento da Cirurgia Plástica anos mais tarde, já no Renascimento. Pouco depois, com o desenvolvimento de técnicas como a anestesia, o setor cresceu de forma considerável, atingindo os pontos que temos hoje em dia.
Vale a pena lembrar que, inicialmente, a Cirurgia Plástica tinha o objetivo de reparar lesões causadas em batalhas ou por outros motivos. No entanto, com o seu avanço, adquiriu um caráter mais estético, que é conhecido atualmente.
O marco zero da Cirurgia Plástica no Brasil é o ano de 1921, quando ocorreu o primeiro procedimento do tipo em terras brasileiras. Ele foi feito por um profissional vindo da França e consistiu na reparação de um problema com o lábio leporino.
A partir dos anos 1940, ocorreu uma melhora considerável nas técnicas e, com isso, também o cadastramento dos primeiros especialistas da área. Ainda na mesma década, em 1948, foi fundada a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
Como vimos, há uma relação direta entre a atuação do cirurgião plástico e a estética. Por isso, uma das atribuições dele é justamente a realização de procedimentos que harmonizem diversas áreas do corpo, de acordo com o seu próprio julgamento e as vontades do paciente.
No entanto, isso não é tudo. Esse profissional também atua no segmento reparador, alterando a disposição dos tecidos corporais a fim de reparar lesões, queimaduras e outros tipos de traumas. Isso pode ser feito por conta, também, da implementação de enxertos de pele e várias outras técnicas.
Além disso, os cirurgiões plásticos precisam realizar consultas. Então, não, o dia não é passado inteiramente no centro cirúrgico! O contato com os pacientes é frequente e, nesses encontros, são definidas as estratégias que serão utilizadas ao longo do processo e alinhadas as expectativas em relação ao resultado.
Diante disso, é possível que agora você esteja se perguntando quais são as possíveis habilidades e competências que devem ser desenvolvidas por um profissional da área. Confira algumas ideias a seguir!
Um dos primeiros pontos de atenção quando se tem o desejo de se tornar um cirurgião plástico é a questão do senso estético. É fundamental que profissionais da área conheçam o belo, não a partir de um viés parcial, mas sim por meio de teorias que abordam a harmonia e a simetria.
Boa parte da questão estética está muito associada ao conhecimento social. Isso quer dizer que o cirurgião plástico também deve estar atento às tendências da sociedade para entender as preferências das gerações, ter ideias de como melhorar o próprio trabalho e, claro, compreender as demandas dos seus pacientes.
É impossível falar sobre Medicina sem mencionar a responsabilidade, certo? No entanto, a Cirurgia Plástica demanda uma pitada extra dessa competência. Afinal, além de realizar procedimentos muitas vezes complexos, esses profissionais também mexem com a questão psicológica dos pacientes, sendo encarregados de cuidar da autoestima deles.
Não basta ter técnica, o profissional da Cirurgia Plástica também deve saber se comunicar! Elucidar dúvidas, conversar com pacientes, acalmar os ânimos deles e explicar todos os procedimentos são pontos cruciais do dia a dia desse profissional. Por isso, é fundamental desenvolver também as suas capacidades de oratória e empatia ao longo dos anos.
Por fim, outra característica primordial do perfil do cirurgião plástico é a vontade de estudar. Esse profissional, assim como outros que trabalham na área da saúde, nunca vai deixar de aprender e se aperfeiçoar. Ficar por dentro das novas técnicas de cirurgia, das tendências sociais e de outros pontos de atenção é algo que fará parte do seu dia a dia até o fim da sua carreira.
Agora, é hora de falarmos sobre o mercado brasileiro para os cirurgiões plásticos. Será que essa é uma área em que vale a pena investir? Chegou o momento de descobrir!
Para essa discussão, utilizaremos os dados divulgados no documento Demografia Médica 2023, elaborado em parceria entre a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e a Associação Médica Brasileira (AMB).
O primeiro ponto que devemos destacar é a quantidade de especialistas disponíveis na Cirurgia Plástica no Brasil. De acordo com os dados obtidos, o número é de 7.833 médicos, o que representa pouco mais de 1% dos profissionais cadastrados no Conselho Federal de Medicina (CFM). Ou seja, é uma área ainda em crescimento, com muitas oportunidades.
Vale ressaltar que houve um crescimento de 62,6% no número de especialistas em Cirurgia Plástica em um espaço de 10 anos, entre 2012 e 2022. Ainda assim, a quantidade de profissionais disponíveis é bem baixa, se comparada a outras especialidades médicas.
Outro dado importante sobre a profissão é que há uma maioria de homens atuantes. Além disso, a maior parte dos cirurgiões plásticos têm mais de 55 anos e, atualmente, há poucos residentes no setor. Então, isso demonstra que há ainda mais espaço para crescimento nos próximos anos.
Tudo isso é somado ao fato de que essa é uma das especialidades médicas com melhores remunerações. De acordo com o portal Salário.com.br, as remunerações giram em torno de R$ 7.009,26 para 24 horas trabalhadas.
No entanto, há um pequeno problema: a maior parte dos profissionais da área está localizada em grandes centros urbanos, principalmente no Sul e no Sudeste brasileiros.
Estados como Rio de Janeiro e São Paulo lideram o ranking na quantidade de profissionais, com 1.013 e 2.503 profissionais, respectivamente. A título de comparação, o Acre, na região Norte, conta com apenas 10 cirurgiões plásticos em todo o seu território.
Portanto, assim como é observado em outras especialidades médicas, há uma grande desigualdade na distribuição de profissionais da Cirurgia Plástica nas regiões brasileiras. Isso causa um desfalque em certas regiões, bem como um excesso em outras. É preciso, então, escolher bem o local de atuação e buscar especializações para se destacar.
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Nenhuma profissão é um mar de rosas. Por mais vantajosa que seja a Cirurgia Plástica, é claro que ela apresenta alguns desafios e que estes devem ser conhecidos por quem pretende ingressar na área. Confira alguns exemplos a seguir!
Esse não é um desafio exclusivo dos cirurgiões plásticos, mas certamente é algo que está presente entre esses profissionais. A pressão constante por bons resultados é um problema que pode afetar negativamente a qualidade de vida e até mesmo a performance do cirurgião.
Por conta disso, é muito importante que tais médicos aprendam a desenvolver a inteligência emocional e a separar, na medida do possível, o pessoal do profissional. Ter confiança no próprio trabalho também é algo essencial para que a pressão não seja intensa a ponto de prejudicar a produtividade.
Lembrando que qualquer carreira da área da saúde traz implicações como essas. Afinal, estamos lidando com vidas! No entanto, com jogo de cintura e uma certa experiência, há uma tendência de as coisas melhorarem. Por isso, persista em seus objetivos e corra atrás daquilo que deseja para a sua vida profissional.
Gostar de estudar é uma necessidade para todos os médicos. É fundamental que esses profissionais estejam alinhados às expectativas do mercado e se atualizem constantemente, já que as novidades nunca deixam de surgir no âmbito da saúde. E é claro que, com o cirurgião plástico, isso não é diferente!
Sendo assim, um dos desafios enfrentados por esses profissionais reside na busca por espaço para esses aperfeiçoamentos. Em meio à rotina caótica, é preciso encontrar tempo para estudos pessoais, pesquisas, leitura de periódicos, ida a congressos e simpósios e muito mais.
Lembrando que, além de tudo isso, é interessante que o profissional se subespecialize em alguma área, a fim de se tornar ainda mais competitivo no mercado e, claro, apto a desenvolver novas habilidades e ajudar os seus pacientes de forma muito mais assertiva. É o caminho para a construção de uma reputação de referência no setor!
Outro grande desafio envolvendo a Cirurgia Plástica é a percepção das pessoas sobre a área. Muitas delas veem o cirurgião plástico como um meio para conquistar resultados distantes dos ideais, que muitas vezes não podem ser obtidos por diversas razões.
Além disso, as questões sociais tendem a fazer com que a aparência se torne algo padronizado, deixando pouco espaço para que a beleza real de cada paciente seja exaltada e salientada por meio dos procedimentos estéticos. Manejar a expectativa do paciente e fazê-lo entender que há “regras” que devem ser seguidas para que os resultados obtidos sejam harmônicos é, sem dúvidas, um grande desafio.
Por conta disso, é fundamental que o profissional saiba se comunicar da forma adequada, explicando ao paciente sobre as implicações das suas escolhas e dialogando a fim de que o resultado obtido seja satisfatório, harmônico e seguro para aquele indivíduo.
Com certeza! Ainda que não seja necessariamente um campo com “promoções”, como pode ser observado em outras carreiras, a Cirurgia Plástica traz possibilidades de crescimento para o profissional que apostar nela.
Isso porque novas experiências fazem com que você se torne um cirurgião cada vez mais capacitado e, consequentemente, mais procurado pelos pacientes da sua região. Mas isso não é tudo.
Como vimos, outra possibilidade de crescimento na área está na subespecialização, ou seja, é possível se tornar um expert em uma das áreas de atuação da Cirurgia Plástica trabalhando com nichos e se tornando uma referência ainda maior no segmento.
Dito isso, que tal descobrir algumas das áreas em que você pode se especializar enquanto cirurgião plástico? Confira, agora, algumas das possibilidades de atuação desse profissional.
Um dos principais segmentos de atuação para o profissional da Cirurgia Plástica é a área de intervenções estéticas. Aqui, são realizados procedimentos como a mamoplastia, a blefaroplastia, a abdominoplastia, a rinoplastia e vários outros.
A busca por procedimentos do tipo não para de crescer no Brasil. Na realidade, o nosso país é o líder mundial no setor (dados de 2021). Ainda, de acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), foram realizadas mais de 1,3 milhão de cirurgias do tipo em 2020.
Portanto, ainda que esse seja um tema que mereça ser discutido na sociedade, é inegável que há muito espaço para o profissional que deseja se tornar uma referência na realização de procedimentos de cunho estético no país.
Ainda, há a possibilidade de atuação como um profissional de cirurgia reparadora. Essa é uma área incrível e que muda a vida de pessoas que passaram por traumas, queimaduras ou sofreram qualquer outro tipo de lesão que prejudicou a sua aparência física e, consequentemente, a autoestima desses pacientes.
Lembrando que, além de uma questão estética, a cirurgia reparadora é fundamental para devolver a funcionalidade de diferentes regiões do corpo. Ela pode auxiliar em questões como a movimentação e a mastigação, por trabalhar também com músculos e nervos.
Sendo assim, o cirurgião plástico ajuda no tratamento de feridas complexas, queimaduras e, indiretamente, na reabilitação de pacientes que sofreram acidentes variados. Em parceria com outros profissionais (como os fisioterapeutas), o médico da Cirurgia Plástica contribui para que esses indivíduos tenham uma vida normal após eventos traumáticos.
O cirurgião plástico também pode atuar como cirurgião oncológico, promovendo a melhora do aspecto estético após a remoção de tumores ou a ocorrência de sequelas por conta de neoplasias.
Esse profissional atua lado a lado com outros cirurgiões, muitas vezes operando simultaneamente. Um exemplo dessa parceria é a questão da implantação de próteses de silicone após a remoção cirúrgica de tumores mamários, em que muitas vezes é necessária a realização da excisão parcial ou total da mama afetada.
Assim, é fácil perceber que esse profissional faz muito mais do que lidar com cirurgias eletivas da área estética, certo? Ele também é essencial para a qualidade de vida e a autoestima de pessoas em vários outros contextos.
Essa é outra especialidade que tem tudo a ver com a área da plástica. Sendo assim, é possível que o cirurgião se especialize nesse campo, desenvolvendo competências e habilidades específicas para atuar em um nicho ainda mais bem determinado.
O cirurgião crânio-maxilo-facial trabalhará com, como o nome indica, a realização de procedimentos cirúrgicos que envolvem a região da cabeça. Ele também poderá desenvolver técnicas para otimizar os resultados obtidos em seus pacientes.
Aqui, são realizados procedimentos em pessoas que têm deformidades devido a traumas, acidentes e vários outros tipos de contextos, inclusive aquelas que são causadas por alterações congênitas, cromossômicas e neoplásicas, como vimos anteriormente. Ele sempre atuará em conjunto com outros profissionais, como odontologistas, fonoaudiólogos e outros cirurgiões.
É possível que você se lembre de que falamos, mais acima, que a Cirurgia de Mão é uma das áreas mais em alta da Medicina brasileira. Isso acontece porque poucos profissionais são especializados nesse segmento — apenas 0,2% de todos os médicos brasileiros, o que representa pouco mais de 1.000 registrados na especialidade, de acordo com a Demografia Médica 2023.
Assim, os médicos da Cirurgia Plástica que se aventuram nessa especialidade têm a chance de se tornarem ainda mais requisitados pelo mercado, já que se trata de uma área em que há poucos profissionais disponíveis para ajudar a população.
Essa é uma área que exige muita precisão e delicadeza, devido à presença de estruturas bem diminutas na região da mão. O profissional lida com alterações congênitas, mas também trata problemas gerados por traumas de origens variadas.
Por fim, outra área em crescimento é a Cirurgia Plástica Pediátrica. Ao contrário do cirurgião pediátrico — que deve trabalhar com diversas questões envolvendo a saúde das crianças, fazendo procedimentos generalistas —, o cirurgião plástico, novamente, lidará com a questão estética e funcional de algumas estruturas.
Crianças que nascem com deformidades causadas por alterações cromossômicas são ótimas candidatas a serem atendidas por esse profissional. Problemas como o lábio leporino, por exemplo, podem ser solucionados pelo cirurgião plástico infantil.
No entanto, é claro que isso não é tudo. Quando crianças sofrem acidentes, ele também é chamado para realizar as cirurgias, já que o organismo infantil tem particularidades que apenas aqueles que são especializados nesses pacientes conseguem entender completamente. Assim, é uma área que também oferece oportunidades de crescimento por não ser tão difundida pelo Brasil.
Por fim, é hora de você entender qual é o caminho necessário para que você possa se tornar um cirurgião plástico.
Já terminou a faculdade de Medicina? Então, meio caminho andado! Agora, você precisa se dedicar aos estudos para a Pós-graduação Cirurgia Plástica. Esse é um caminho árduo, mas também, sem dúvidas, muito recompensador.
O primeiro passo é cursar uma Pós médica ou residência em Cirurgia Geral. Ela tem duração de 2 anos e é um pré-requisito para os que querem se aperfeiçoar no campo da plástica. Com o título de especialista em Cirurgia Geral em mãos, você pode seguir para a próxima etapa.
A Pós-graduação médica ou residência de Cirurgia Plástica tem duração média de 3 anos e pode ser feita em diversas instituições de todo o Brasil. Ao longo desse período, você vai aprender técnicas e ser supervisionado por profissionais mais experientes, que vão ajudá-lo a ampliar o seu conhecimento e a ganhar segurança para atender os seus próprios pacientes no futuro.
Vale a pena ressaltar que, durante a Pós-graduação, você vai ser encarregado de realizar alguns procedimentos. No entanto, eles são mais simples no começo e vão se tornando cada vez mais complexos à medida que o residente adquire experiência e confiança.
E então, a Pós-graduação médica em Cirurgia Plástica é para você?
Agora que você já conhece o universo da Cirurgia Plástica, é hora de considerar se essa é ou não a especialidade perfeita para a sua carreira. Ao longo do conteúdo, trouxemos uma grande variedade de informações que poderão ajudá-lo(a) a tomar essa decisão!
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