Cirurgia plástica reparadora: como funciona e por que se especializar na área

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O Brasil está entre os campeões em cirurgias e procedimentos estéticos. De acordo com levantamentos da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), 2023 foi um ano com cerca de 2 milhões de procedimentos eletivos realizados em todo o Brasil. No entanto, um tema pouco mencionado é a ocorrência da cirurgia plástica reparadora.

Este é um tipo de procedimento que visa reparar tecidos que sofreram lesões (como traumas) ou, ainda, restabelecer a função de estruturas com alterações adquiridas ou congênitas. Continue a leitura para entender um pouco mais sobre cirurgia reparadora e descubra as particularidades de um dos ramos da Medicina que mais crescem no Brasil!

O que é uma cirurgia plástica reparadora?

A cirurgia plástica reparadora é um ramo da Cirurgia Plástica que se concentra na correção de defeitos físicos, deformidades congênitas, lesões traumáticas, queimaduras e outras condições que afetam a função ou a aparência de uma parte do corpo.

Ao contrário da cirurgia plástica estética, que visa melhorar a aparência estética, a cirurgia reparadora tem o objetivo principal de restaurar a função e melhorar a qualidade de vida do paciente.

Como elas funcionam?

As cirurgias reparadoras podem variar amplamente, dependendo da natureza específica da condição a ser corrigida. No entanto, geralmente, esses procedimentos seguem um conjunto de passos comuns. Confira!

Avaliação inicial

O processo começa com uma avaliação inicial por um cirurgião plástico reparador. Durante essa consulta, ele conhece a condição do paciente, histórico médico e metas desejadas.

Planejamento cirúrgico

Com base na avaliação, o cirurgião desenvolve um plano cirúrgico personalizado. Isso pode incluir a utilização de técnicas específicas de reconstrução.

Preparação pré-operatória

Antes da cirurgia, o paciente pode ser submetido a exames médicos adicionais e instruções específicas para preparação, como restrições alimentares e medicamentos pré-operatórios.

Procedimento cirúrgico

Durante a cirurgia, o cirurgião plástico realiza as correções necessárias para reconstruir a área afetada. Isso pode envolver a transferência de tecidos, o uso de enxertos de pele, a remodelação de estruturas existentes e outras técnicas.

Recuperação pós-operatória

Após a cirurgia, o paciente entra na fase de recuperação. Isso pode incluir um período de internação no hospital, dependendo da extensão da cirurgia.

Acompanhamento e reabilitação

O acompanhamento pós-operatório é muito importante. Os pacientes podem precisar de sessões de fisioterapia, terapia ocupacional ou outros tipos de reabilitação, dependendo da natureza da cirurgia e das áreas afetadas.

Resultados a longo prazo

Em muitos casos, os resultados da cirurgia podem levar algum tempo para se consolidares, à medida que o processo de cicatrização ocorre e as estruturas reconstruídas se estabilizam. E, ainda, é possível que mais de uma intervenção seja necessária.

Quais são as diferenças entre cirurgias reparadoras e estéticas?

O objetivo principal da cirurgia reparadora é corrigir defeitos físicos, deformidades congênitas, lesões traumáticas, queimaduras e outras condições que afetam a função ou a aparência de uma parte do corpo. O foco é na restauração da função e na melhoria da qualidade de vida do paciente.

A cirurgia plástica estética, por sua vez, é realizada para melhorar a aparência de uma pessoa. Envolve procedimentos que visam alterar características físicas percebidas como indesejadas para aumentar a autoestima e a satisfação pessoal.

Quais são as indicações?

Abaixo, confira algumas indicações mais detalhadas para cirurgias plásticas reparadoras.

Fissuras labiais e palatinas

As fissuras labiais e palatinas são malformações congênitas que afetam a formação dos lábios ou do céu da boca durante o desenvolvimento embrionário. Para fissuras labiais, o procedimento envolve geralmente a correção da abertura nos lábios, enquanto fissuras palatinas exigem a reconstrução do palato.

Anomalias craniofaciais

Anomalias craniofaciais, como craniossinostoses, envolvem fechamento prematuro das suturas cranianas, resultando em deformidades no crânio e na face. A cirurgia plástica reparadora é indicada para corrigir essas malformações e permitir o desenvolvimento adequado do cérebro e do rosto.

Reconstrução facial pós-trauma

Traumas faciais, como fraturas ou lesões traumáticas, podem causar deformidades significativas que afetam a função e a estética.

A cirurgia reparadora é indicada para corrigir essas deformidades, muitas vezes envolvendo o realinhamento de ossos faciais, reconstrução de tecidos moles e a minimização de cicatrizes.

Reconstrução após remoção de tumores

Após a remoção de tumores na face, cabeça ou pescoço, a cirurgia plástica reparadora é frequentemente indicada para reconstruir as áreas afetadas.

Isso pode envolver a utilização de técnicas microcirúrgicas avançadas, como a transferência de tecidos, para restaurar a função e a estética.

Reconstrução mamária

Mulheres que passaram por mastectomia devido ao câncer de mama podem fazer a reconstrução mamária por meio de técnicas diversas.

A cirurgia plástica reparadora visa restaurar a forma e o volume da mama, utilizando implantes mamários, tecidos autólogos ou uma combinação de ambos. O objetivo é não apenas reconstruir a mama, mas também apoiar o bem-estar emocional e a autoconfiança da paciente após o tratamento do câncer.

Reconstrução após queimaduras

Queimaduras graves podem causar deformidades e comprometer a função da área afetada. A cirurgia plástica reparadora após queimaduras envolve a reconstrução de tecidos, frequentemente utilizando enxertos de pele e retalhos, para restaurar a função e melhorar a estética.

O tratamento pode ser complexo e exigir múltiplas intervenções ao longo do tempo para alcançar resultados satisfatórios.

Correção de deformidades congênitas ou adquiridas

Deformidades congênitas ou adquiridas em várias partes do corpo podem ser corrigidas com cirurgia reparadora. Essas intervenções visam restaurar a anatomia normal, melhorar a função e proporcionar uma aparência mais harmoniosa.

Quais riscos estão atrelados?

Assim como qualquer procedimento cirúrgico, as cirurgias plásticas reparadoras apresentam alguns riscos e complicações potenciais. Confira alguns a seguir!

Complicações anestésicas

Todos os procedimentos cirúrgicos envolvem o uso de anestesia, e existem riscos associados a reações adversas aos medicamentos anestésicos. Complicações respiratórias e cardiovasculares são possíveis, embora incomuns.

Infecção

Infecções podem ocorrer após qualquer procedimento cirúrgico. Os pacientes são instruídos a seguir cuidados pós-operatórios rigorosos para reduzir o risco de infecções.

Problemas de cicatrização

Alguns pacientes podem apresentar problemas de cicatrização, resultando em cicatrizes hipertróficas ou queloides. Essas condições podem ser tratadas, mas o resultado pode variar de pessoa para pessoa.

Sangramento excessivo

O acúmulo de sangue sob a pele (hematoma) é uma possível complicação que pode ocorrer após a cirurgia. Se não for tratado, um hematoma pode causar desconforto e afetar negativamente os resultados da cirurgia.

Alterações na sensação ou dormência

A cirurgia pode causar alterações temporárias ou permanentes na sensibilidade da área tratada, incluindo dormência ou sensação aumentada. Isso é mais comum em procedimentos que envolvem nervos.

Complicações vasculares

Procedimentos complexos de reconstrução, especialmente em casos de traumas ou cirurgias após remoção de tumores, podem apresentar riscos específicos relacionados à vascularização.

Como é o pré-operatório?

O período pré-operatório é uma fase crítica que envolve uma série de avaliações, preparativos e discussões entre o paciente e a equipe médica para garantir que a cirurgia seja realizada com segurança e eficácia. Aqui estão alguns aspectos comuns!

Consulta inicial

Antes da cirurgia, os pacientes têm uma consulta inicial com o cirurgião plástico. Durante essa consulta, são discutidos os objetivos da cirurgia, as expectativas do paciente, o histórico médico completo e quaisquer condições médicas subjacentes.

Exames e avaliação de saúde

O cirurgião pode solicitar exames médicos, como exames de sangue, radiografias ou outros testes diagnósticos, para avaliar a saúde geral do paciente. Esses exames ajudam a identificar quaisquer condições médicas que afetem a segurança da cirurgia.

Avaliação psicológica

Em alguns casos, especialmente em cirurgias que envolvem reconstrução após traumas ou tratamento de câncer, pode ser recomendável uma avaliação psicológica para garantir que o paciente esteja emocionalmente preparado para a intervenção e compreenda os resultados esperados.

Discussão sobre riscos e benefícios

O cirurgião discute detalhadamente os riscos e benefícios da cirurgia com o paciente, garantindo que todas as preocupações sejam abordadas. Isso inclui a discussão de possíveis complicações, o tempo de recuperação e as expectativas realistas em relação aos resultados. Esta é uma etapa fundamental para o fortalecimento da confiança na relação médico-paciente.

Instruções pré-operatórias

O paciente recebe instruções específicas sobre como se preparar para a cirurgia. Isso pode incluir orientações sobre a ingestão de alimentos e líquidos antes da cirurgia, restrições de medicamentos, informações sobre tabagismo e álcool, além de outras instruções específicas relacionadas ao procedimento.

Geralmente, é necessário que o paciente jejue por um determinado período antes da cirurgia. Isso reduz o risco de complicações anestésicas e facilita o processo cirúrgico.

Preparação para recuperação

O paciente é orientado sobre o que esperar durante o período pós-operatório, incluindo o tempo de recuperação, cuidados com a ferida, medicamentos pós-operatórios e qualquer restrição de atividade.

Acompanhamento com outros especialistas

Em casos de cirurgias complexas ou reconstrutivas, pode ser necessário o acompanhamento com outros médicos especialistas, como oncologistas, cirurgiões oncológicos ou outros profissionais de saúde.

E o pós-operatório?

O período pós-operatório é de extrema importância para a recuperação bem-sucedida após uma cirurgia reparadora. As instruções pós-operatórias variam conforme o tipo de procedimento realizado, mas há alguns cuidados gerais que são comuns na maioria dos casos. Conheça alguns deles a seguir!

Monitoramento hospitalar

Após a cirurgia, muitos pacientes são monitorados em uma sala de recuperação antes de serem transferidos para um quarto hospitalar. A equipe médica monitora sinais vitais, como pressão arterial, frequência cardíaca e respiração.

Administração de medicamentos

O paciente recebe medicações prescritas para controlar a dor, prevenir infecções e gerenciar outros sintomas. O uso de antibióticos pode ser indicado para reduzir o risco de infecções em alguns casos.

Controle de edema e hematomas

A aplicação de compressas frias e elevação da área operada podem ajudar a reduzir o inchaço (edema) e minimizar hematomas.

Cuidados com a incisão

O paciente é instruído sobre os cuidados adequados com a incisão, que podem incluir limpeza suave e aplicação de curativos. O acompanhamento da cicatrização é essencial.

Restrições de atividades

Dependendo do procedimento, podem ser estabelecidas restrições de atividades, como evitar levantar objetos pesados, praticar exercícios intensos ou realizar determinados movimentos.

Uso de dispositivos de suporte

Em alguns casos, dispositivos de suporte, como talas, cintas e sutiãs pós-cirúrgicos, podem ser recomendados para fornecer suporte à área operada e otimizar os resultados.

Seguir uma dieta específica

O cirurgião pode fornecer orientações sobre a dieta pós-operatória, incluindo restrições alimentares temporárias, ingestão de líquidos e, em alguns casos, suplementos nutricionais.

Acompanhamento com o cirurgião plástico

Consultas de acompanhamento são agendadas para monitorar o progresso, remover pontos de sutura, ajustar curativos e avaliar a recuperação. Durante essas consultas, o cirurgião também discute qualquer preocupação ou pergunta que o paciente possa ter.

Reabilitação e fisioterapia

Em cirurgias que afetam a função, como reconstruções após traumas, fisioterapia e reabilitação podem ser recomendadas para otimizar a recuperação e melhorar a função das estruturas que passaram pelo procedimento.

Suporte emocional

O suporte emocional é essencial durante o período pós-operatório. Muitos pacientes podem experimentar uma variedade de emoções, e o acompanhamento com profissionais de saúde mental pode ser benéfico.

Relatório de sintomas

Os pacientes são instruídos a relatar imediatamente qualquer sintoma adverso, como aumento significativo da dor, febre, sangramento excessivo ou outros sinais de complicações. Afinal, quanto antes tais questões forem tratadas, melhor.

Como funciona a questão psicológica nesse cenário?

A dimensão psicológica desempenha um papel significativo em cirurgias reparadoras, afetando tanto a decisão de buscar a intervenção quanto o processo de recuperação.

Antes da cirurgia, é crucial entender as motivações do paciente para buscar a intervenção. Pacientes podem procurar cirurgias plásticas reparadoras devido a razões médicas, como correção de deformidades após um acidente, ou razões estéticas, como melhoria da autoimagem. Compreender e alinhar expectativas realistas é essencial para a satisfação pós-cirúrgica.

O período pós-operatório pode ser emocionalmente desafiador. O ajuste à nova aparência, lidar com a cicatrização e enfrentar mudanças físicas pode gerar uma variedade de emoções e há um momento de adaptação com a nova realidade. O suporte psicológico, como aconselhamento ou psicoterapia, pode ser benéfico para auxiliar os pacientes a lidar com essas questões.

Como atuar na área de cirurgia plástica reparadora?

Para atuar na área de Cirurgia Plástica Reparadora, é necessário seguir estes passos:

  • concluir a graduação em Medicina e obter o registro profissional (CRM);
  • realizar uma Pós-graduação médica ou residência em Cirurgia Geral e, em seguida, optar por outra em Cirurgia Plástica ou Cirurgia Plástica Reconstrutiva;
  • fazer especializações adicionais, como microcirurgia ou cirurgia craniofacial, para aprimorar habilidades específicas.

Você escreve o seu caminho! Mas tenha sempre em mente a importância de nunca parar de estudar e de sempre buscar instituições renomadas para ajudar na escrita da sua jornada.


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Agora que você já entende mais sobre a cirurgia plástica reparadora, considere esta como uma possibilidade de carreira para o seu futuro. É uma área muito interessante, em pleno crescimento, e que muda a vida dos pacientes todos os dias para a melhor.

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