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5.8.2018
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Em um segmento tão complexo e extenso quanto a área da saúde, contar com regras e normatizações é fundamental para que a atuação dos profissionais seja acertada e uniforme em todos os lugares do mundo. Por esse motivo, existe a classificação CID 11, que apresenta algumas mudanças muito importantes para os próximos anos.
Assim como tudo na medicina, a compreensão das doenças também vai se transformando com o passar do tempo, seja pelo surgimento de novas condições de vida, implementação de novos no dia a dia, maior complexidade de exames diagnósticos ou qualquer outra alteração nesse sentido.
Para entender melhor sobre esse assunto, confira o conteúdo que preparamos a seguir e aprenda um pouco mais sobre esse tema.
A sigla CID significa Classificação Internacional de Doenças e é traduzida do original na língua inglesa ICD, que são as iniciais de International Classification of Diseases. Na prática, essa é uma tabela é publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e tem como objetivo principal a padronização das doenças e de outros problemas de saúde.
Atualmente, a CID é uma das principais ferramentas epidemiológicas no cotidiano da carreira dos médicos de todo o planeta, inclusive no Brasil. Entre outras funções, a CID também monitora a incidência e a prevalência das enfermidades, apresentando um panorama extenso da realidade de muitos países e das suas populações.
De acordo com o site oficial da OMS, o documento disponibilizado até o momento é uma espécie de pré-visualização da situação de saúde da população, para que os governos e entidades médicas possam planejar o uso, preparar as traduções e treinar os seus profissionais de saúde para utilizarem a CID-11, que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2022.
Não é difícil perceber que atualizações são fundamentais nessa classificação, uma vez que a versão original, CID-10, foi lançada no início da década de 90. A tabela precisa compreender as afecções comuns na população, junto a todas as suas especificações, sinais e sintomas, refletindo a realidade da área de saúde.
A CID 11 precisa, portanto, refletir os avanços da tecnologia e da própria medicina, que ocorreram desde então. Segundo a OMS, a própria estrutura de codificação e as ferramentas eletrônicas foram simplificadas, o que possibilita que os profissionais possam registrar os prontuários de maneira mais simples, tendo uma rotina mais eficiente.
No início dos anos 90, quando foi elaborada a primeira CID, o universo dos jogos virtuais ainda era muito incipiente, sobretudo se compararmos com o momento atual, quando boa parte dos adolescentes conta com computadores pessoais, tablets, smartphones e outros gadgets modernos.
É exatamente por esse motivo que, entre as principais novidades, está a inclusão do gaming disorder ou, em uma tradução livre, o distúrbio em jogos eletrônicos. A OMS definiu essa patologia como um “padrão de comportamento persistente ou recorrente”, com uma gravidade suficiente comprometer as áreas de funcionamento pessoal e social.
O uso descontrolado de antibióticos já vem chamando a atenção de cientistas e profissionais de saúde em todo o mundo há muito tempo. No entanto, pesquisas, estudos e a própria realidade dos hospitais em todo o planeta vêm mostrando que esse problema pode ser ainda mais sério do que pensávamos.
Muitos micro-organismos estão ficando resistentes e não respondem mais aos tratamentos, inclusive com drogas que foram consideradas muito eficientes há alguns anos. Diante desse contexto, a OMS resolveu alinhar melhor os códigos relativos à resistência antimicrobiana, possibilitando mapear melhor o problema ao redor do mundo.
A síndrome de burnout é outra doença que está enquadrada na CID 11 e tem forte relação com o estilo de vida moderno. Ela faz parte de um capítulo muito específico na classificação internacional, que é aquele que diz respeito aos problemas gerados e associados ao emprego ou desemprego.
Essa enfermidade está propositalmente fora do capítulo que trata dos transtornos mentais, comportamentais ou do neurodesenvolvimento, uma vez que, para a OMS, trata-se de uma síndrome conceituada como resultado do estresse crônico no local de trabalho, que não foi gerenciado de forma adequada.
Caracteriza essa patologia o sentimento de falta de energia, o aumento da distância mental do serviço, o negativismo relacionado com o trabalho de alguém e a redução da eficiência profissional. Vale lembrar que o burnout refere-se apenas aos fenômenos no contexto ocupacional e não deve ser aplicado em outras áreas da vida.
Outra mudança muito significativa em relação a CID 10 diz respeito à transexualidade, que deixou de figurar na lista de doenças mentais e foi reclassificada como uma “incongruência de gênero”, em vez de “distúrbio de identidade de gênero”. Com isso, ela foi transferida para a categoria de saúde sexual.
De acordo com a OMS, isso aconteceu porque, atualmente, os cientistas e médicos possuem provas suficientes que sugerem que a transexualidade não é um distúrbio mental, e que essa classificação poderia gerar estigmatização para os indivíduos que se identificam como transgêneros.
As evidências disponíveis foram revisadas e debatidas por um grupo consultivo externo e com o feedback da comunidade profissional, que fundamentou a base para essa decisão. A alteração tem também o intuito de garantir o acesso às intervenções como cirurgias e terapias, que em nosso país são cobertas pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
A CID 11 reuniu todos os transtornos que fazem parte do espectro do autismo, como o autismo infantil, a Síndrome de Rett, a Síndrome de Asperger, o transtorno desintegrativo da infância (F84.3) e o transtorno com hipercinesia, por exemplo, em apenas um único diagnóstico: o TEA (Transtorno do Espectro do Autismo).
Com isso, as subdivisões passam a ser relacionadas exclusivamente com algum prejuízo da linguagem funcional ou deficiência intelectual. Segundo a OMS, a intenção por trás dessa alteração é a de facilitar o diagnóstico, evitar erros e simplificar a codificação, promovendo melhor acesso aos serviços de saúde.
E agora, entendeu melhor o que é a CID 11 e como ela pode ajudar os profissionais de saúde? Gostou desse conteúdo? Então que tal assinar a nossa newsletter para receber mais conteúdos como este?