Calvície: quais são as causas e tratamentos existentes?

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A calvície, termo que abrange diversas formas de perda de cabelo, é uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, impactando não apenas a saúde capilar, mas também a autoestima e o bem-estar emocional.

Essas condições podem ter causas diversas, que vão desde fatores genéticos até questões hormonais e autoimunes. Por isso, é importante não só reconhecê-las, como também entender as abordagens de tratamento que podem ser úteis.

Nas próximas linhas, vamos explorar as diferentes formas de alopecia, suas causas subjacentes e as opções de tratamento disponíveis para que você possa ajudar aqueles que enfrentam esse desafio capilar. Boa leitura!

O que é calvície?

A calvície, também conhecida como alopecia, é uma condição caracterizada pela perda de cabelo, principalmente no couro cabeludo, mas que também pode atingir outras regiões do corpo. É a forma mais comum de queda ou afinamento de cabelo em homens e mulheres.

Quais são as suas causas?

Os vários tipos de perda de cabelo podem ter origens diversas. A alopecia androgenética, a forma mais comum, resulta da predisposição genética combinada com a influência de hormônios, especialmente a dihidrotestosterona (DHT).

A alopecia areata, por sua vez, é uma condição autoimune. Isso significa que os folículos capilares são erroneamente atacados pelo próprio organismo, sofrendo danos. Já causas como estresse, deficiências nutricionais, condições médicas crônicas, tratamentos medicamentosos, e fatores genéticos podem contribuir para a alopecia telógena.

Há ainda a alopecia cicatricial, que envolve a destruição permanente dos folículos capilares, muitas vezes resultante de inflamação. Outros tipos, como a traumática e a por tração, têm origens comportamentais, relacionadas a práticas agressivas de penteados ou manipulação do cabelo.

O diagnóstico preciso é crucial para direcionar abordagens terapêuticas específicas, que variam desde medicamentos até procedimentos cirúrgicos, dependendo da causa e do tipo de calvície.

Quais são os tipos de calvície?

Agora, confira os principais tipos de alopecia e as características de cada um deles!

Alopecia androgenética

A calvície de padrão masculino (CPM) é o tipo mais comum de calvície em homens. A perda de cabelo ocorre principalmente nas têmporas e no topo da cabeça, formando a característica "coroa careca".

Da mesma forma, a calvície de padrão feminino (CPF) é a mais comum entre as mulheres, mas é geralmente acompanhada de um afinamento difuso dos cabelos em toda a cabeça, sem um padrão específico como na CPM.

Alopecia areata

A alopecia areata é uma condição autoimune em que o sistema imunológico ataca erroneamente os folículos capilares, levando à perda de cabelo. Pode ocorrer em qualquer parte do corpo, mas é mais comum no couro cabeludo.

Alopecia cicatricial

Nesse tipo de alopecia os folículos capilares são destruídos e substituídos por tecido cicatricial. Pode resultar em perda permanente de cabelo. Pode ser causada por condições como lúpus, líquen plano e algumas infecções.

Alopecia traumática ou de tração

Aqui a perda de cabelo é causada por trauma físico, como penteados apertados, tranças ou rabos de cavalos, hábitos de puxar o cabelo ou uso excessivo de calor e produtos químicos agressivos.

Alopecia telógena

Chamada também de eflúvio telógeno, ela ocorre quando um grande número de folículos capilares entra prematuramente na fase telógena (fase de repouso), levando a uma queda excessiva de cabelo. Pode ser desencadeada por eventos como cirurgia, gravidez, estresse severo ou doenças crônicas.

Quais são as diferenças entre a calvície masculina e feminina?

A calvície masculina e a feminina são formas distintas de perda de cabelo que afetam homens e mulheres, respectivamente. Aqui estão algumas das principais diferenças entre essas duas condições!

Padrão de perda de cabelo

A calvície masculina geralmente segue um padrão específico, começando com a recessão das têmporas, formando a conhecida "linha do cabelo em forma de M", e avançando para o topo da cabeça, criando a característica "coroa careca".  

Já a feminina se manifesta de maneira diferente. O afinamento dos cabelos é mais difuso em toda a cabeça, sem um padrão específico. As mulheres podem notar uma perda de volume e densidade capilar, mas apresentam raramente as características da forma masculina.

Áreas afetadas

As áreas mais comumente afetadas na calvície masculina são as têmporas, a linha do cabelo e o topo da cabeça. O cabelo nas laterais e na parte de trás geralmente permanece intacto. Na feminina, há um afinamento dos fios de toda a cabeça, com perda de volume.

Progressão

A calvície masculina tende a progredir ao longo do tempo, com o afinamento do cabelo nas áreas afetadas. O mesmo ocorre com a feminina, mas de modo mais lento, mais sutil e menos perceptível do que nos casos que afetam os homens.

Como esse problema é diagnosticado?

O diagnóstico da alopecia, independentemente do tipo, geralmente envolve uma avaliação clínica completa realizada por um dermatologista ou especialista em cabelos, o tricologista. A seguir, estão os passos gerais envolvidos no diagnóstico da alopecia.

Histórico médico e possíveis causas primárias

O médico começa obtendo um histórico médico detalhado do paciente, incluindo informações sobre padrões de perda de cabelo, histórico do paciente e de seus familiares, condições de saúde, medicamentos em uso e eventos que possam ter desencadeado a queda de cabelo.

Exame do couro cabeludo

Um exame físico do couro cabeludo é essencial para avaliar a extensão e o padrão da perda de cabelo. O médico pode usar um dispositivo de aumento, chamado dermatoscópio, para examinar os folículos capilares de perto.

Exames laboratoriais

Em alguns casos, o profissional pode solicitar exames laboratoriais para avaliar os níveis hormonais, função da tireoide, deficiências nutricionais e outros fatores que podem contribuir para a perda de cabelo. É sempre importante descartar qualquer causa que simule os sintomas da alopecia.

Avaliação do comportamento

Se houver suspeita de tricotilomania (hábito de arrancar o próprio cabelo) ou outras causas comportamentais, o médico pode fazer perguntas específicas sobre comportamentos relacionados ao cabelo.

Biópsia do couro cabeludo

Em alguns casos, especialmente quando há dúvidas sobre a causa da alopecia, pode ser realizada uma biópsia do couro cabeludo. Este procedimento envolve a remoção de uma pequena amostra de tecido para análise microscópica.

Exames de imagem

Em casos específicos, imagens diagnósticas como a tricoscopia (exame do couro cabeludo com um dispositivo óptico) podem ser usadas para avaliar detalhes específicos dos folículos capilares.

Quais são as possibilidades de tratamento?

Agora que você já relembrou ou conheceu as principais características e formas de diagnosticar a alopecia, chegou a hora de entender mais sobre os possíveis tratamentos para esse tipo de problema. Confira!

Alopecia androgenética

Os casos de alopecia androgenética podem ser tratados com o objetivo de retardar a progressão do problema, além de potencialmente reduzir os seus efeitos. Um dos exemplos é o minoxidil, um medicamento tópico que pode ser aplicado diretamente no couro cabeludo para estimular o crescimento capilar.

Além disso, há medicamentos como a finasterida, dutasterida e espironolactona, que agem inibindo a ação do hormônio dihidrotestosterona (DHT), frequentemente associado à calvície androgenética. E, claro, há a possibilidade de realização do transplante capilar, sobre o qual falaremos mais à frente.

Alopecia areata

Nesse caso, são utilizados corticosteróides tópicos ou injetáveis, que podem ser usados para reduzir a resposta imunológica que ataca os folículos capilares. Além disso, a terapia com luz ultravioleta pode ser recomendada em alguns casos.

Alopecia cicatricial

Se a alopecia cicatricial for causada por uma condição médica específica, o tratamento se concentra em abordar essa condição. Em alguns casos, pode ser necessário realizar procedimentos cirúrgicos para remover áreas cicatriciais e restaurar a aparência do couro cabeludo.

Alopecia por tração

A principal abordagem é interromper os comportamentos que estão causando a tração, como penteados apertados, uso excessivo de extensões ou mudança de hábitos não intencionais de puxar o cabelo.

Alopecia por medicamentos ou quimioterapia

Em alguns casos, a alopecia induzida por medicamentos pode ser revertida ao descontinuar ou ajustar a medicação. No entanto, quando isso não é possível, como pacientes em tratamento de quimioterapia, é possível optar por perucas ou outras soluções de cabelo temporárias.

Como funciona o transplante capilar?

Como vimos, o transplante capilar é uma possibilidade para quem quer tratar a alopecia. Ele é um procedimento cirúrgico que envolve a transferência de folículos capilares de áreas doadoras para áreas receptoras no couro cabeludo.

Essa técnica é frequentemente utilizada para tratar a calvície de padrão masculino, a calvície de padrão feminino e outras formas de alopecia quando outros tratamentos não são suficientemente eficazes.

Aqui estão os passos gerais de como funciona o transplante capilar!

Avaliação inicial

Antes do procedimento, o paciente passa por uma consulta inicial com o cirurgião para discutir expectativas, avaliar a área doadora e determinar o plano de tratamento.

Escolha da área doadora

A área doadora é geralmente localizada na parte de trás ou nas laterais da cabeça, onde os folículos capilares são geneticamente programados para serem resistentes à queda de cabelo.

Extração dos folículos capilares

Existem duas principais técnicas de extração:

  • FUT (Transplante de Unidade Folicular), que envolve a remoção de uma faixa de tecido da área doadora, da qual os folículos capilares individuais são isolados e preparados para o transplante;
  • FUE (Extração de Unidade Folicular), na qual os folículos capilares são individualmente extraídos da área doadora sem a necessidade de remoção de uma faixa de tecido. Essa técnica é menos invasiva e não deixa uma cicatriz linear, mas pode ser mais demorada.

Preparação dos folículos capilares

Os folículos capilares extraídos são preparados para o transplante. Isso envolve a separação dos folículos individuais e sua classificação segundo o número de cabelos contidos em cada unidade folicular.

Criação de canais receptores

Na área receptora, o cirurgião cria pequenos orifícios ou canais onde os folículos capilares serão implantados. A angulação e a densidade desses canais são cuidadosamente planejadas para garantir um resultado natural.

Implantação dos folículos capilares

Os folículos capilares preparados são então delicadamente implantados nos canais criados na área receptora. O cirurgião cuida para posicionar os folículos capilares de maneira que o cabelo cresça naturalmente e se misture ao restante do cabelo existente.

Cicatrização e recuperação

Após o transplante, a área doadora geralmente requer pontos ou curativos para ajudar na cicatrização. A recuperação varia, mas muitos pacientes conseguem retomar suas atividades normais em poucos dias.

Crescimento do cabelo transplantado

O cabelo transplantado geralmente cai nos primeiros dias ou semanas após o procedimento, mas os folículos permanecem ativos. O novo cabelo começa a crescer nos meses seguintes, e o resultado é observado após um ano ou mais.

Quem pode fazer o transplante capilar?

O transplante capilar é uma opção para pessoas que experienciam a perda de cabelo permanente, especialmente aquelas causadas pela calvície de padrão masculino e feminino. Indivíduos que têm áreas doadoras adequadas, geralmente na parte de trás ou nas laterais da cabeça, nas quais os folículos capilares são geneticamente programados para serem resistentes à queda de cabelo, são bons candidatos para o procedimento.

Além disso, é essencial que os pacientes estejam em boa saúde geral, sem condições médicas que possam interferir na cicatrização. Por isso, são feitos alguns exames pré-procedimento para avaliar se tudo está bem com o organismo do paciente.

Cada caso é único, e a avaliação de um profissional de saúde especializado em restauração capilar é fundamental para determinar a elegibilidade e criar um plano de tratamento personalizado.

Existem contraindicações?

Sim, existem algumas contraindicações para o transplante capilar, e nem todas as pessoas são consideradas candidatas ideais para o procedimento.

Indivíduos com condições médicas graves, como doenças cardíacas não controladas, diabetes descompensada ou problemas significativos de coagulação sanguínea, podem não ser considerados candidatos adequados.

Além disso, ele é mais comumente realizado em adultos, geralmente após os 25 anos, quando o padrão de perda de cabelo está mais estabilizado. E, por fim, em alguns casos, a área doadora pode ser inadequada ou limitar a eficácia do procedimento.

Como atuar na área de transplante capilar?

O profissional médico que tem interesse em mudar vidas por meio do transplante capilar tem uma opção interessante de qualificação: a pós-graduação em Tricologia em Transplante Capilar da Afya!

O curso oferece uma experiência inovadora e flexível em Tricologia e Cirurgia Capilar, adaptada às necessidades individuais dos participantes. Com módulos semi modulares, práticas imersivas e ensino híbrido, visa aprimorar os conhecimentos em técnicas avançadas de transplante, diagnóstico e tratamento capilar.

A abordagem inclui imersão prática em pacientes reais, apoiada por especialistas, e abrange anatomia e fisiologia do folículo piloso, ciclos de crescimento do cabelo, identificação de diferentes formas de alopecia, ferramentas de diagnóstico e tratamentos estéticos.


Já conhece os cursos de especialização da Afya?

Como podemos ver, a calvície é um problema multifatorial, que afeta a autoestima das pessoas afetadas de maneira muito intensa. Felizmente, há tratamentos que visam retardar a progressão da alopecia ou resolver o problema quase que em sua totalidade, como é o caso do transplante capilar.

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