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17.11.2023
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Equipe Afya Educação Médica
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Vivemos em uma era marcada por avanços tecnológicos e um ritmo de vida acelerado. No entanto, essa modernidade também trouxe consigo um aumento significativo nos casos de ansiedade em todo o mundo, incluindo o Brasil. Com isso, a população recorre de forma progressiva aos fármacos, o que explica o aumento do uso de ansiolíticos, antidepressivos e sedativos nos últimos anos.
O cloridrato de buspirona, por exemplo, destinado ao tratamento de transtornos de ansiedade generalizada, está na lista como um dos medicamentos mais procurados. A versão de referência da buspirona é o Buspar® (Bristol-M-Squibb), mas também há a versão similar Ansitec® (Libbs).
Neste artigo, explicaremos as principais informações a respeito da buspirona e como ela pode ser eficaz no tratamento para ansiedade. Acompanhe a leitura do conteúdo e saiba mais sobre o assunto!
Antes de conhecer as principais indicações da buspirona e como ela pode ser eficaz no tratamento para ansiedade, é importante ressaltar como essa condição tem aumentado consideravelmente e as preocupações que abrangem essa realidade.
A ansiedade emergiu como um desafio global crescente no cenário da saúde mental, afetando milhares de pessoas não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. O problema é notável, tornando-se uma das condições de saúde mental mais predominantes globalmente.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 300 milhões de pessoas sofrem algum tipo de transtorno de ansiedade, estando o Brasil com a maior prevalência de casos do mundo. Essa estatística tem visto um aumento notável nas últimas décadas, representando um desafio considerável para a saúde mental no país.
Diversos fatores contribuem para esse aumento dos casos de ansiedade. O estresse moderno, resultado das crescentes pressões sociais, profissionais e pessoais, desempenha um papel significativo.
Além disso, o acesso ininterrupto à informação, frequentemente associada a eventos negativos, pode contribuir para níveis elevados de estresse e ansiedade. As mudanças nas interações sociais, influenciadas pelas redes sociais e pelas transformações na comunicação, que geram um isolamento social e ampliam os níveis de ansiedade, também são fatores de risco.
Esse panorama tem implicações significativas para a saúde pública, uma vez que a ansiedade não tratada pode resultar em uma redução da qualidade de vida, aumentar o risco de outras condições e sobrecarregar os sistemas de saúde já escassos, além de aumentar o uso indiscriminado de medicamentos para tratamento do transtorno, como o buspirona.
Para enfrentar tal desafio, são necessárias estratégias de intervenção que incluam conscientização pública sobre a condição. Isso torna os cuidados de saúde mental mais acessíveis, fornecendo educação sobre técnicas de gerenciamento da sobrecarga e do estresse, e prevenção da ansiedade, além de trabalhar para eliminar o estigma em torno dos transtornos mentais.
A buspirona é um fármaco ansiolítico que atua no sistema nervoso central, agindo na regulação de neurotransmissores-chave, como a serotonina e a dopamina. A serotonina, em particular, desempenha um papel fundamental na regulação do humor, sono e ansiedade, enquanto a dopamina está associada à motivação e ao prazer.
O remédio foi aprovado pela agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos (FDA), em 1986. Ele pertence ao grupo das azapironas, que atua como agonista parcial nos auto-receptores 5-HT1A — feedback negativo.
Em outras palavras, a buspirona age também na inibição da despolarização dos neurônios serotoninérgicos e redução da síntese e liberação de serotonina (5-HT), sendo diferenciada dos medicamentos ansiolíticos tanto estrutural quanto farmacologicamente. Por isso, ela apresenta menos efeitos colaterais que os barbitúricos e as benzodiazepinas.
É possível encontrá-lo em farmácias ou drogarias, na forma de comprimidos, comportando 5 mg ou 10 mg de cloridrato de buspirona, com o nome comercial Ansitec®. Sua absorção é rápida e a ação máxima se dá em torno de 60 a 90 minutos após a ingestão oral do remédio.
A posologia da buspirona deve ser adaptada pelo médico individualmente de acordo com a situação, avaliando a gravidade dos sintomas e a resposta ao tratamento. Além disso, o remédio deve ser usado com indicação profissional e vendido apenas com prescrição médica, com retenção de receita pela farmácia.
A buspirona se destaca por sua capacidade de atuar como um agonista parcial dos receptores de serotonina, o que significa que ela se liga a esses receptores no cérebro e exerce um efeito parcialmente similar ao da serotonina, ajudando a regular os níveis da substância no sistema nervoso e a equilibrar a atividade dos neurotransmissores, o que reduz significativamente a ansiedade.
A ação do medicamento no organismo é gradual, e seus efeitos ansiolíticos se manifestam ao longo do tempo. Isso a diferencia dos benzodiazepínicos, que agem rapidamente, mas também têm potencial sedativo e podem levar à dependência.
Assim como qualquer remédio, a buspirona pode apresentar efeitos colaterais. Em geral, esses efeitos são mínimos em comparação a outros ansiolíticos e a fármacos que, anteriormente à sua descoberta, eram utilizados para o mesmo objetivo.
Apesar de ser geralmente bem tolerada, é importante estar ciente dessas possíveis reações e discuti-las com os pacientes, sendo algumas delas:
De modo geral, as reações adversas são leves e podem, muitas vezes, desaparecer com o ajuste da dose administrada, com a continuidade do tratamento ou espontaneamente.
Raramente é preciso interromper o tratamento devido aos efeitos apresentados pelo paciente, pois as vantagens que o medicamento proporciona se sobrepõem aos sintomas agressivos. Essa segurança atrelada à eficácia e à maior tolerância são aspectos relatados pelos usuários durante o tratamento.
Diferentemente dos tratamentos com antidepressivos, os quais normalmente duram um ano ou mais, o tempo de uso da buspirona costuma ser, no máximo, seis meses. Isso não quer dizer que a buspirona não pode ser usada por mais tempo, mas que não há muitas evidências que mostram qual o perfil de efeitos em prazos maiores.
De qualquer forma, quem decidirá quando e como interromper o tratamento com a medicação é o médico e, em hipótese alguma, o paciente deve encerrar o tratamento por conta própria.
A buspirona é indicada, principalmente, para o tratamento do transtorno de ansiedade generalizada, um distúrbio caracterizado por preocupação excessiva e persistente, muitas vezes, sem motivo aparente e muito difícil de controlar, que dura por muito tempo. Ela também pode ser usada no tratamento de transtornos de ansiedade social e do pânico, acompanhados ou não de depressão.
Vale destacar que a ansiedade é um fenômeno normal que acontece em condições que envolvem conflito. Dessa forma, nem toda ansiedade precisa ser tratada, somente os transtornos de ansiedade, que são quadros excessivos, duradouros e desproporcionais a qualquer situação enfrentada.
A buspirona é frequentemente prescrita em situações em que a dependência de benzodiazepínicos, que são outra classe de medicamentos ansiolíticos, é indesejável. Isso a torna uma opção atrativa, especialmente para pacientes que não toleram ou não podem fazer uso de benzodiazepínicos devido ao seu potencial de dependência química e sedação.
Ao contrário dos benzodiazepínicos, a buspirona não atua nos receptores GABA (ácido gama-aminobutírico), um neurotransmissor capaz de inibir determinados sinais, que faz com que a ação no sistema nervoso central diminua.
Dessa maneira, sua eficácia reside na capacidade de reduzir os sintomas ansiosos, como inquietação, tensão muscular, preocupação excessiva e palpitações, sem causar sedação significativa. No entanto, é importante lembrar que a buspirona pode levar algumas semanas para atingir seu efeito máximo e seu uso deve ser monitorado e adaptado de acordo com as necessidades individuais de cada paciente.
É necessário destacar, ainda, as contraindicações do medicamento para evitar qualquer tipo de reação indesejada. São elas:
Portanto, a consulta com um profissional de saúde qualificado é indispensável para determinar a adequação da buspirona como parte de um plano de tratamento eficaz do transtorno de ansiedade.
Alguns estudos realizados no Brasil demonstraram a eficácia da buspirona como primeira escolha em algumas condições patológicas em que a ansiedade está ligada e comprometendo o estado geral do paciente. Por isso, a medicação é eficaz no tratamento de sintomas como inquietação, tensão muscular, preocupação excessiva e palpitações.
A ansiedade é, conforme o manual das doenças mentais (DSM.IV), classificada com o CID (Cadastro Internacional de Doenças) F41.1 e caracteriza-se pelo excesso de preocupação e apreensão. Embora seja mais comum em mulheres, o transtorno afeta pessoas de ambos os sexos e de todas as idades.
Entretanto, é importante observar que os efeitos ansiolíticos do medicamento não são imediatos. Pelo contrário, seu início de ação é gradual, podendo levar algumas semanas para atingir a eficácia plena. Nesse caso, a medicação é proposta como uma alternativa no início do tratamento de quadros mais leves.
Diferentemente dos benzodiazepínicos, que podem causar dependência e sedação, a buspirona não é sedativa e seu potencial de dependência é consideravelmente mais baixo. O medicamento pode levar algumas semanas para atingir seu efeito máximo, e, por esse motivo, é importante informar os pacientes sobre a necessidade de paciência durante o tratamento.
A buspirona é menos eficaz que os benzodiazepínicos no tratamento dos sintomas somáticos e independentes do transtorno de ansiedade generalizada, sendo mais indicada quando predominam os sintomas psíquicos, como preocupações, tensão e irritabilidade. As reações adversas mais comumente relacionadas à utilização da buspirona são náusea, vertigem, cefaleia e, ocasionalmente, nervosismo e excitação.
Como dissemos, a buspirona oferece benefícios significativos no tratamento da ansiedade, como ausência de sedação, baixo risco de dependência e eficácia na redução dos sintomas do transtorno. No entanto, é importante considerar as características individuais do paciente, o histórico médico e outros medicamentos em uso.
Por exemplo, a buspirona não pode ser utilizada por pessoas que usam remédios inibidores da monoamina oxidase (IMAO), como isocarboxazida, fenelzina ou tranilcipromina. Essa junção aumenta a chance de causar intoxicações e/ou elevar perigosamente a pressão sanguínea do paciente, exigindo intervenção médica.
Portanto, a avaliação de um profissional de saúde qualificado é indispensável para determinar a adequação da buspirona como componente de um plano de tratamento para a ansiedade. E, para buscar mais segurança e eficácia com o tratamento da buspirona, devem ser considerados alguns cuidados básicos a serem passados aos pacientes:
Vale lembrar que os profissionais de saúde desempenham um papel fundamental ao orientar seus pacientes sobre os benefícios e riscos associados à buspirona. Afinal, os médicos são capacitados para fornecer uma abordagem completa e personalizada para o tratamento da doença com medicações. Isso permite um tratamento mais eficaz e personalizado para a ansiedade, uma das condições de saúde mental mais prevalentes em nosso mundo atual.
Gostou de saber mais como a buspirona pode ser eficaz no tratamento da ansiedade?
Como você pôde ver, a buspirona é uma opção valiosa no tratamento para ansiedade, oferecendo eficácia e segurança em comparação a outros ansiolíticos. Porém, seu uso requer uma abordagem individualizada, considerando as necessidades e as características de cada paciente.
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