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27.9.2023
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Equipe Afya Educação Médica
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A obesidade é um dos problemas de saúde mais alarmantes dos tempos atuais. O excesso de peso afeta a saúde física em diferentes aspectos, além de ter sérias ramificações emocionais e psicológicas, contribuindo para desordens como depressão e baixa autoestima. Nesse contexto, o balão deglutível surge como uma abordagem inovadora e menos invasiva para o combate a essa doença.
Conhecer essa técnica, os casos para os quais é indicado e os seus resultados é fundamental para o tratamento de pacientes obesos. Afinal, permite oferecer opções terapêuticas personalizadas e mais eficazes, melhorando as perspectivas de saúde e qualidade de vida.
Quer saber mais sobre o assunto? Neste post, vamos explicar como funciona a adesão ao balão deglutível e quais são os seus benefícios. Confira!
Os dados sobre a obesidade no Brasil não são nada animadores. De acordo com um levantamento do Ministério da Saúde, em torno de 22,4% da população brasileira adulta é considerada obesa. Em relação ao público infantil, 3,1 milhões de crianças são obesas e 6,4 milhões apresentam sobrepeso.
Conforme revelado pelo Atlas Mundial da Obesidade de 2023, até o ano de 2035, uma projeção aponta que 41% dos adultos no Brasil enfrentarão a obesidade. Essa condição tem demonstrado um aumento relevante de 2,8% ao ano entre a população adulta e de 4,4% entre as crianças.
Segundo um estudo publicado pela revista científica dos Estados Unidos, Preventing Chronic Disease, 168 mil mortes por ano no Brasil são atribuídas à obesidade ou excesso de peso.
Por outro lado, mais de 74.738 cirurgias bariátricas para combate à obesidade foram realizadas no país em 2022, de acordo com informações da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.
Nos últimos anos, os tratamentos para a obesidade evoluíram significativamente. As cirurgias bariátricas, como a gastrectomia vertical e o bypass gástrico, tornaram-se mais seguras e eficazes, proporcionando uma perda de peso sustentável e melhorando as comorbidades associadas à obesidade, como diabetes tipo 2 e hipertensão.
A aplicação da tecnologia da cirurgia na área da Medicina colaborou para o desenvolvimento de técnicas avançadas e menos invasivas, como o balão deglutível e a cirurgia robótica, que reduzem o tempo de recuperação e o risco de complicações.
Os tratamentos não cirúrgicos também evoluíram, com a introdução de medicamentos aprovados especificamente para o gerenciamento da obesidade, como a semaglutida. Esses medicamentos têm como alvo o sistema nervoso central e o sistema gastrointestinal para reduzir o apetite e melhorar a saciedade.
O balão deglutível é um dispositivo médico usado para tratar a obesidade, tendo sido criado em 1982 pelo médico estadunidense Richard Fogel.
Ele consiste em um pequeno balão inflável engolido pelo paciente, sem a necessidade de cirurgia. Um dos seus principais diferenciais é ser uma alternativa menos invasiva e temporária em comparação com as cirurgias bariátricas tradicionais.
O dispositivo se chama deglutível justamente pelo fato de ser projetado para ser engolido pelo paciente, mas, na verdade, ele é introduzido por endoscopia. Depois desse processo, ele é preenchido com uma solução estéril por meio de um tubo fino e flexível, responsável por inflá-lo no estômago.
Dessa forma, é criada uma sensação de saciedade, fator que diminui a capacidade do estômago de armazenar alimentos, o que leva à redução da ingestão de calorias e, eventualmente, à perda de peso.
Geralmente, o aparato é deixado no corpo do paciente por seis meses e, em seguida, é removido pelo mesmo procedimento de endoscopia utilizado para a sua inserção.
A preferência pelo balão deglutível vem crescendo entre médicos e pacientes obesos, o que se deve aos diversos benefícios proporcionados por essa técnica, que já é comprovadamente segura. Saiba quais são os prós do procedimento.
Não requer cirurgia, o que significa que não envolve incisões internas ou externas, tornando o método menos invasivo e reduzindo o tempo de recuperação.
É uma opção temporária, o que permite que os pacientes testem a eficácia para o seu caso antes de considerar intervenções mais permanentes.
Ao criar uma sensação de saciedade, o paciente pode controlar o seu apetite e diminuir as porções de comida e, consequentemente, de calorias consumidas, o que culmina na perda de peso.
O emagrecimento inicial com o balão pode motivar os pacientes a adotar um estilo de vida mais saudável a longo prazo. Ela também melhora a saúde, bem-estar e autoestima dessas pessoas.
Embora o dispositivo deglutível tenha os seus prós, também apresenta contras e limitações a serem analisadas antes de o procedimento ser indicado ao paciente. Acompanhe quais são os pontos negativos da abordagem.
Se por um lado permite que o paciente teste a eficácia do método, o uso do balão por seis meses também pode representar um problema. Isso porque, após removê-lo, o paciente pode recuperar o peso perdido se não adotar mudanças sustentáveis no estilo de vida.
A inserção do balão pode causar desconforto inicial, náuseas, vômitos e refluxo ácido. Além disso, em casos raros, pode ocorrer migração ou ruptura do balão, o que requer atenção médica.
O sucesso com o balão depende do comprometimento do paciente em seguir um plano de dieta e exercícios durante o período de colocação do balão e após a sua remoção. Portanto, não são todas as pessoas que atingem uma perda de peso significativa.
Esse método é indicado para pacientes com sobrepeso ou obesidade moderada que desejam uma abordagem temporária para auxiliar na perda de peso e que não desejam se submeter a uma cirurgia mais invasiva.
Mais especificamente, ele pode ser recomendado para pessoas que atendem aos seguintes critérios:
A adoção do balão gástrico deglutível para o tratamento da obesidade oferece vantagens distintas quando comparada a outros métodos com a mesma finalidade.
Por ser um procedimento menos invasivo, não submete o paciente a incisões abdominais, o que resulta no menor risco e tempo de recuperação, nem altera o trato digestivo.
A sua natureza temporária oferece ao indivíduo a oportunidade de avaliar a eficácia da intervenção antes de se comprometer com procedimentos cirúrgicos mais permanentes.
Ademais, o dispositivo é frequentemente associado a programas de apoio que incluem orientação nutricional e apoio psicológico, ajudando os pacientes a adotar mudanças de estilo de vida saudáveis a longo prazo.
Com essa abordagem multidisciplinar, é possível ter um sucesso mais sustentável no gerenciamento do peso, diferentemente das cirurgias bariátricas, que exigem mudanças substanciais no trato digestivo e envolvem riscos e complicações potenciais mais significativos.
O processo de adaptação ao balão deglutível exige um período de ajuste inicial que pode variar de pessoa para pessoa. Nos primeiros dias após a inserção, é comum sentir desconforto no estômago, náuseas e até vômitos à medida que o corpo se adapta à presença do dispositivo. Contudo, esses sintomas costumam diminuir à medida que o estômago se acostuma.
Para promover uma adaptação mais suave, os pacientes devem seguir uma dieta líquida ou semilíquida inicialmente, progredindo gradualmente para alimentos sólidos à medida que se sentem mais confortáveis.
A equipe médica também deve oferecer apoio e orientação ao paciente para ajudá-lo a lidar com quaisquer desconfortos iniciais e fornecer estratégias para uma transição bem-sucedida para uma dieta normal.
O papel do médico no combate à obesidade
O combate à obesidade é de extrema importância para a preservação da qualidade de vida de seus pacientes, dada a sua associação com várias condições crônicas e complicações graves, como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, problemas articulares e patologias renais.
Nesse contexto, o balão deglutível é uma opção que pode ajudar muitas pessoas a iniciar sua jornada rumo a um peso mais saudável, em conjunto com um acompanhamento médico e mudanças positivas no estilo de vida.
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