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16.6.2022
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Equipe Afya Educação Médica
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A asma é uma doença do pulmão, inflamatória crônica, que provoca o estreitamento dos brônquios, o que dificulta a passagem de ar. É por essa razão que há quem se refira à doença como bronquite asmática ou alérgica.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), o problema é um dos mais comuns entre as doenças crônicas, vitimando cerca de 300 milhões de pessoas no mundo. Além disso, cerca de 350 mil brasileiros são internados todos os anos, tornando a asma a terceira principal causa de hospitalizações pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Assim, compreender a gravidade do problema, bem como a necessidade do diagnóstico correto e da sensibilização do paciente para acompanhamento contínuo, é fundamental. É sobre isso, portanto, que falaremos neste artigo. Continue a leitura!
Além dos números citados no começo da nossa conversa, é importante salientar que o SUS registrou mais de 1 milhão de atendimentos envolvendo a asma em 2021, um aumento de mais de 20% no número de casos em relação ao ano anterior. Ou seja, trata-se de um problema muito prevalente e que deve ser bem compreendido.
A condição começa a partir de uma inflamação na região dos brônquios. Estes, por sua vez, são responsáveis pela condução do oxigênio até os nossos pulmões. O estreitamento dessas vias (que, por sinal, é um dos grandes riscos da asma) faz com que a oxigenação fique ineficiente, gerando prejuízos para a qualidade de vida do paciente acometido pela doença.
Devido à dificuldade na passagem do ar, o principal sintoma do problema é a dispneia. É comum que o paciente se sinta “apertado”, como se não conseguisse fazer o ar passar para os pulmões, mesmo com esforço significativo.
No entanto, os sinais não param por aí. É comum que o estreitamento dos brônquios culmine no acúmulo de muco, o que faz com que a passagem do ar fique ainda mais comprometida.
Outros sintomas prevalentes são:
No geral, a asma pode ser dividida em diferentes categorias. Isso ocorre de acordo com as causas do problema, a origem dos sintomas e as manifestações clínicas observadas em cada paciente.
Confira a seguir!
A asma alérgica é desencadeada por alérgenos, substâncias normalmente inofensivas que o sistema imunológico considera perigosas. Na maior parte dos casos, eles são o pólen, a poeira ou os pelos de animais, como cães e gatos. O contato dos pacientes com tais agentes desencadeia uma reação alérgica que pode gerar o estreitamento da região brônquica.
Esse é o nome dado ao problema que é desenvolvido a partir da exposição a gatilhos no ambiente de trabalho. Substâncias como o látex e alguns metais são os exemplos mais comuns. Por vezes, o uso adequado de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) pode ser útil para ajudar no controle dos sintomas.
A asma medicamentosa também pode ser uma realidade. Um fármaco comumente associado a esse tipo de problema é a aspirina, que pode gerar reações em pessoas com sensibilidade ao composto. Além disso, os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) podem estar associados a esse tipo de condição.
Diante disso, é importante que os clínicos também saibam quais são os principais gatilhos ativadores dos sintomas e das crises asmáticas. Assim, é mais fácil orientar os pacientes sobre os pontos que devem servir de observação.
Relembre a seguir!
Conforme mencionado, um dos principais gatilhos da asma é a presença de uma reação alérgica. Exemplos de alérgenos são o ácaro e o pólen. Vale lembrar que resíduos de insetos, como as baratas, também podem estar associados a esse quadro.
A asma pode surgir devido à presença de infecções de origem viral ou bacteriana, como gripes, resfriados e sinusite.
As “viradas de tempo” também podem piorar os sintomas da asma ou desencadear crises.
Cidades muito poluídas são as piores para quem convive com a asma. Além disso, fumaça, cheiros fortes e outros estímulos olfativos podem desencadear as crises.
Há um tipo de asma conhecido como asma induzida por atividades físicas. Como o nome indica, ela está associada à prática de atividades intensas, que dificultam a respiração e geram os sintomas da doença.
O modo como os pacientes se sentem também interfere na qualidade da respiração. Assim, pessoas com asma podem ter crises a partir de emoções intensas, como é o caso da ansiedade.
Como vimos, a asma medicamentosa é um problema no qual as crises são geradas ou agravadas devido ao uso de certos fármacos.
Algumas alterações hormonais, como as que são geradas no ciclo menstrual e durante a gravidez, também podem corroborar para a piora dos sintomas ou o surgimento das crises.
Por fim, um gatilho comum da asma é a presença de refluxo gastroesofágico. Essa relação é multifatorial e pode estar associada à aspiração de conteúdo gástrico, à estimulação de nervos vagais e à promoção da inflamação em regiões associadas.
A SBPT alerta para o fato de que a asma é uma doença bastante variável, tanto de indivíduo para indivíduo quanto no tipo de manifestação em uma mesma pessoa.
Isso porque, a depender do período, a asma pode piorar muito, fazendo com que o portador da doença tenha que recorrer a serviços de emergência e, até mesmo, ser hospitalizado.
Mesmo em casa, as crises podem variar, manifestando-se de maneira mais leve ou intensa a depender da situação. Todo esse quadro implica a necessidade de atenção contínua, acompanhamento e orientação do paciente a fim de evitar desfechos negativos.
Além disso, há também um grau da doença que, pelas próprias características, já é classificado como asma grave. Nessas situações, a SBPT, no documento "Recomendações para o manejo da asma grave, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia 2021", destaca que “a identificação desses casos requer seguimento por especialista, preferencialmente em um centro de referência”.
Em adição à recomendação de buscar tratamento referencial, é fundamental que o paciente faça a adesão correta e contínua ao tratamento e o uso adequado dos inaladores, bem como promova mudanças efetivas no estilo de vida e mantenha o controle esperado de comorbidades. Só assim as chances de um resultado ruim podem ser controladas.
Segundo alguns estudos, sim. Um exemplo foi a investigação conduzida por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e publicada pelo Jornal Brasileiro de Pneumonologia.
Esse estudo teve como um dos objetivos avaliar a qualidade de vida de pacientes tratados nos serviços de referência da região e identificar diferenças entre homens e mulheres no que se refere ao controle da asma, função pulmonar e estado nutricional.
Entre março e dezembro de 2013, 344 pacientes foram avaliados, mas, no final da amostra, 198 pacientes seguiram no estudo. Além de outros resultados, a pesquisa demonstrou que a qualidade de vida de pacientes com asma foi menor nas mulheres do que nos homens nos quatro domínios do AQLQ (Asthma Quality of Life Questionare), que incluem:
As mulheres também tiveram maior proporção de asma não controlada quando comparadas aos homens, com 63% contra 44,4%.
Recentemente, um relatório publicado pela instituição de caridade Asthma + Lung Uk revelou que as taxas de internações no País de Gales por asma são praticamente as mesmas entre homens e mulheres na adolescência. Contudo, quando chega a fase adulta, principalmente entre 20 e 49 anos, as internações de mulheres tendem a ser três vezes maiores quando comparadas às de homens.
Os responsáveis pelo estudo ressaltam, no entanto, que faltam pesquisas que possam esclarecer as razões disso. Contudo, a informação em si já deve ser utilizada como um norteador do tratamento de asma entre pessoas do gênero feminino, evitando que elas passem por internações frequentes e tenham perda da qualidade de vida cada vez mais significativa.
O primeiro contato com o paciente asmático geralmente ocorre quando ele busca atendimento médico durante uma crise.
Sendo assim, além de observar os sinais e sintomas, caberá ao profissional de saúde entrevistar o paciente sobre:
Além disso, é importante observar queixas de piora do quadro nos períodos da manhã e madrugada, fazendo com que o indivíduo acorde, inclusive. A partir da anamnese, para confirmação do diagnóstico, é necessário encaminhar o paciente para realização de uma espirometria (prova de função pulmonar).
O tratamento da asma será feito de acordo com a identificação das causas do problema. Continue para entender mais sobre o assunto!
O tratamento medicamentoso da asma é personalizado com base nos sintomas, histórico clínico e avaliação funcional de cada paciente. Os medicamentos são divididos em duas categorias principais: os de alívio rápido e os de controle a longo prazo.
Os broncodilatadores fazem parte do primeiro grupo. Eles são usados para trazer alívio imediato à angústia respiratória do paciente, promovendo a abertura das vias aéreas e facilitando a passagem do ar.
Em longo prazo, por sua vez, podem ser usados broncodilatadores de ação estendida, associados aos corticosteroides. Estes, por sua vez, são a base do tratamento da asma persistente. Além disso, anti-inflamatórios ajudam a reduzir a inflamação das vias aéreas, prevenindo crises, assim como, em casos raros há indicação de antibióticos para asma.
É importante também minimizar a exposição a fatores que podem desencadear ou agravar a asma, como poeira, mofo, pólen, fumo e poluição. Essa medida ajuda a prevenir crises e a manter a condição sob controle.
A educação do paciente é um componente essencial do tratamento da asma. Durante as consultas, eles recebem orientações detalhadas sobre como identificar precocemente os sintomas de uma crise e as ações necessárias para controlá-la. Assim, podem viver com mais qualidade e reduzir a intensidade e a frequência das crises.
Técnicas de respiração podem ajudar a melhorar a função pulmonar. Isso também é válido para a reabilitação pulmonar, feita com a fisioterapia respiratória. Ela é uma ótima estratégia para prevenir problemas e melhorar o controle do paciente sobre a própria saúde.
Por fim, é importante que o paciente aprenda técnicas para gerenciar as próprias emoções para que não fique refém do estresse. Nesse caso, a psicoterapia, a prática de exercícios e a realização de hobbies são formas indiretas de tratamento que costumam dar muito certo.
Como você viu, a doença é conhecida também por seus gatilhos. Portanto, é importante orientar os pacientes quanto a alguns cuidados, como:
Além do pneumologista, o alergologista pode ajudar o paciente a evitar o contato com os agentes que desencadeiam as crises de asma, entre outras estratégias de tratamento que buscam melhorar a qualidade de vida. Se você tem interesse na área e quer saber mais sobre ela, conheça nosso curso de Pós-graduação em Alergologia!
Gostou de relembrar conceitos importantes sobre a asma?
Como você pôde perceber, a asma é uma condição potencialmente grave e que prejudica a qualidade de vida dos pacientes acometidos por ela. Portanto, uma boa abordagem terapêutica é essencial para prevenir novas crises e gerenciar os sintomas associados ao problema.
Agora que você conhece mais sobre a asma, aproveite para assinar a newsletter da Afya Educação Médica e receba as nossas novidades e publicações diretamente em seu e-mail!