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28.2.2023
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Equipe Afya Educação Médica
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Como o próprio nome já indica, os medicamentos antipsicóticos são usados para o tratamento da psicose, uma doença psiquiátrica grave caracterizada pela distorção dos pensamentos.
Tal alteração faz com que a pessoa perca o contato com a realidade. Com isso, muitas vezes, o paciente apresenta delírio, alucinação e/ou pensamento desorganizado. Neste artigo você confere várias informações sobre essa classe de medicamentos fundamental para a Psiquiatria, como:
Aproveite sua leitura!
Os antipsicóticos, também denominados neurolépticos, são medicamentos caracterizados pela ação psicotrópica (por atuarem no cérebro, modificando a maneira de o paciente sentir, pensar e/ou de agir), além de terem efeitos psicomotores e sedativos.
Eles agem diretamente no sistema nervoso central (SNC) e produzem alterações de comportamento, humor e cognição. Por isso, esse seu modo de ação faz com que, além de serem usados preferencialmente para tratar sintomas de psicoses, sobretudo a esquizofrenia e transtorno bipolar esquizoafetivo, mas ainda atuam como anestésicos, além de trazerem benefícios a pacientes com outros distúrbios psíquicos.
Os primeiros antipsicóticos (hoje denominados "típicos") foram criados na França, em 1952, com o antipsicótico clorpromazina, pelo cirurgião francês Henri Laborint, que era interessado em drogas que diminuíssem a ansiedade pré-operatória.
Ele conseguiu convencer o laboratório Rhone-Poulenc da importância da identificação de substâncias que tranquilizassem as pessoas que se submeteriam a cirurgias.
Seus argumentos foram aceitos e, em 1950, o composto foi sintetizado pelo químico Paul Charpenter e os primeiros testes farmacológicos foram realizados pela farmacêutica Simone Courvoisier, também francesa.
A clorpromazina era administrada nas veias em doses que variavam entre 50 a 100 mg, produzindo nos pacientes que seriam operados um comportamento de indiferença ao ato cirúrgico, ainda que eles conseguissem conversar, por exemplo.
Como você viu até aqui, o clorpromazina não tinha como indicação o tratamento de sintomas das psicoses. Mas tudo mudou quando Jean Delay e outros psiquiatras começarem a administrar, no mesmo ano (1952), o que é considerado o primeiro antipsicótico em pessoas com doenças psiquiátricas.
Tais pacientes tiveram seus sintomas psicóticos melhorados consideravelmente. Dessa forma, ainda que produzisse certos efeitos colaterais, a clorpromazina se popularizou no mundo todo para o tratamento da esquizofrenia — um tipo de psicose.
O principal motivo para tal aceitação positiva era a pouca existência de outros tratamentos eficazes para a doença. Na França seu nome comercial passou a ser Largactil, nos Estados Unidos da América, Thorazine e no Brasil Torazina e Amplictil.
Hoje em dia, existe uma nova classe de medicamentos para tratar doenças psicóticas, os antipsicóticos atípicos ou de segunda geração. Esses fármacos foram desenvolvidos no final da década de 1980 e seus efeitos colaterais costumam ser menos impactantes para os pacientes em comparação com os psicóticos antigos — como sintomas similares ao parkinsonismo.
A seguir você conhecerá várias informações a respeito dos antipsicóticos. Sendo que os típicos foram os primeiros a serem desenvolvidos e, mais recentemente, os atípicos. Conheça seus nomes, indicações e efeitos colaterais — todas as informações visam embasar o tratamento dos seus pacientes!
Os neurolépticos mais antigos bloqueiam os receptores de dopamina no cérebro, reduzindo os efeitos da substância, podendo diminuir os sintomas psicóticos. Eles ajudam a reduzir as alucinações, delírios e outros pensamentos ou comportamentos anormais.
No entanto, podem causar efeitos colaterais, como rigidez e tremores, ganho de peso, sonolência, boca seca, constipação, visão turva e retenção urinária, além do risco de desenvolver discinesia tardia (distúrbio caracterizado por movimentos involuntários). Conheça os medicamentos antipsicóticos típicos!
Indicações: usado no tratamento da esquizofrenia, agitação, delírio e síndrome de Tourette, além de sedativo de curto prazo.
Formas farmacêuticas: comprimidos de 1 e 5 mg; injetáveis — 5mg (ampola 1mL) e gotas 2mg por mL gotas (frasco 30 mL) com 0,1mg por gota.
Posologia: Para adultos, a dosagem usual é de 1 a 15mg por dia, via oral. Já em crianças a partir de três anos, a dose inicial oral é de 0,25 a 0,5mg por dia, 2 a 3 vezes ao dia. Essa dose pode ser aumentada de 0,25 a 0,5mg por dia a cada semana, sendo a dose máxima: 0,15 mg por kg por dia e a dose de manutenção: 0,01 a 0,15 mg por kg por dia.
Efeitos colaterais: os efeitos adversos mais comuns incluem sonolência, boca seca e vertigem.
Contra indicações: esse medicamento não deve ser utilizado para pacientes em coma, depressão do Sistema Nervoso Central causado por bebidas alcoólicas ou outras drogas, Mal de Parkinson, demência com corpos de Lewy e paralisia supranuclear.
Complicações sérias:
Indicações: a clorpromazina é tipo de fenotiazina (composto orgânico que ocorre em várias drogas antipsicóticas) é da classe dos anticonvulsivantes, sendo usada no tratamento da esquizofrenia, transtorno bipolar esquizoafetivo e ansiedade severa. Ainda pode ser utilizada como medicamento anti-náusea.
Forma farmacêutica: 25 a 100mg, intramuscular, 0,5 - 1mg, intramuscular.
Posologia:
Indicações: as mesmas da Torazina.
Forma farmacêutica: gotas de 40mg por mL (frasco com 20mL) para o medicamento.
Posologia:
Efeitos colaterais: sonolência, boca seca, visão turva, constipação e ideação suicida em pacientes predispostos. Nos pacientes acima de 60 anos pode ocorrer efeitos extrapiramidais em cerca de 50% deles. Já a hipotensão e discinesia tardia é observada em 40% dos pacientes idosos. Além disso, os idosos precisam de maior acompanhamento pelo excesso de efeitos parkinsonianos secundários.
Complicações sérias:
Indicações: a flufenazina é um medicamento usado para tratar certos transtornos mentais ou do humor (como esquizofrenia, transtorno bipolar esquizoafetivo e síndrome de Tourette).
Forma Farmacêutica: comprimidos de 5 mg
Posologia:
Efeitos colaterais mais comuns:
Este medicamento também pode tornar a pele mais sensível ao sol, portanto, o paciente deve evitar a exposição prolongada ao sol e usar protetor solar ao ar livre.
Contra indicações: o dicloridrato de flufenazina não deve ser usado por pessoas com discrasia sanguínea, depressão da medula óssea e com doenças hepáticas.
Existem diversas classes de antipsicóticos atípicos usados para tratar episódios psicóticos de esquizofrenia, transtorno bipolar do tipo esquizoafetivo, entre outros transtornos mentais. São efeitos adversos comuns a esses medicamentos: ganho de peso, sonolência e boca seca. Conheça-os!
Indicações: é usada no tratamento de esquizofrenia e episódios maníacos ou mistos de transtorno bipolar esquizoafetivo e esquizofreniforme, estados de agitação psicótica e mania bipolar aguda. Além disso, pode oferecer boas respostas no tratamento do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
Forma farmacêutica: comprimidos de 5 mg.
Posologia: A dose inicial é de 40 mg duas vezes ao dia, sempre com alimentos. A dose pode ser aumentada — sempre embasada na resposta clínica individual — até o máximo de 80 mg divididos em duas tomadas ao dia. Este medicamento não foi estudado em adultos e em idosos acima de 65 anos.
Efeitos colaterais: este fármaco pode causar:
Indicações: este medicamento é usado no tratamento da esquizofrenia em monoterapia ou combinada com antidepressivos e/ou estabilizadores do humor. Além disso, pode ser utilizada para pessoas com outros transtornos psiquiátricos para induzir o sono, mas com acompanhamento dos possíveis efeitos adversos nesses casos.
Forma farmacêutica: comprimidos de 3, 6 e 9 mg. Injetável de 200 mg por ml.
Posologia:
Efeitos colaterais: ela pode gerar sedação, inquietação, além de aumento de peso.
Indicações: utilizado para o tratamento de transtorno de esquizofrenia, transtorno bipolar esquizoafetivo e irritabilidade associada ao autismo.
Forma farmacêutica: comprimidos de 1 e 2 mg, solução injetável de 1 mg por ml (frasco de 30 ml)
Posologia para adultos:
1. Para esquizofrenia:
2. Para a fase mania do transtorno bipolar:
3. Para agitação, agressividade ou sintomas psicóticos em pacientes com demência do tipo Alzheimer:
Efeitos colaterais: ainda que seja menos sedativa do que determinados atípicos, este medicamento costuma ter mais efeitos colaterais motores.
Indicações: usada para tratar a esquizofrenia, transtorno bipolar esquizoafetivo, além de outros transtornos de humor, e insônia por seu potente efeito sedativo.
Forma farmacêutica: 25 e 100 mg.
Posologia Adultos:
1. Transtorno bipolar: a dose inicial para adultos deve ser de 100 mg no primeiro dia, por via oral, uma vez ao dia, 200 mg no segundo dia, 300 mg no terceiro dia e 400 mg no quarto dia. Já a dose de manutenção deve ficar entre 200 a 800 mg por dia.
2. Esquizofrenia: a dose inicial deve ser de 50 mg, via oral, uma vez ao dia, 100 mg no segundo dia, 200 mg no terceiro dia e 300 mg no quarto dia. A dose de manutenção deve ser de 300 a 450 mg por dia.
Posologia Crianças e adolescentes:
1. Transtorno bipolar (10 a 17 anos): para esta faixa etária, a dose inicial é sempre uma vez ao dia, da seguinte forma: começar com 50 mg via oral no primeiro dia, 100 mg no segundo dia, 200 mg no terceiro dia, 300 mg no quarto dia e 400 mg no quinto dia. Já a dose de manutenção fica entre 400 e 600 mg por dia.
2. Esquizofrenia (13 a 17 anos): neste intervalo de idade da adolescência, as doses também devem ser administradas via oral apenas uma vez ao dia. A dose inicial é de 50 mg no primeiro dia, de 100 mg no segundo dia, 200 mg no terceiro dia, 300 mg no quarto dia e 400 mg no quinto dia. A dose de manutenção é de 400 a 800mg por dia.
Efeitos colaterais: ao ser comparada aos demais antipsicóticos, a quetiapina apresenta menor incidência de efeitos colaterais motores, mas pode gerar aumento de peso e hipotensão postural.
Contra indicações: não deve ser utilizada por gestantes ou que estão amamentando, por quem tem problemas no fígado ou no coração, retenção urinária, além de alguns problemas na visão como catarata e glaucoma.
Indicações: é usada para o tratamento de esquizofrenia e transtorno bipolar esquizoafetivo.
Forma farmacêutica: comprimidos de 5mg.
Posologia:
1. Para transtorno bipolar I (episódios agudos mistos ou maníacos):
2. Esquizofrenia:
Efeitos colaterais: Pode levar a um ganho de peso significativo, além de gerar níveis elevados de açúcar no sangue — podendo elevar o risco de resistência à insulina e diabetes. No entanto, esse fármaco conta com uma menor taxa de efeitos motores do que a maior parte dos outros antipsicóticos atípicos.
Outros efeitos que ocorrem em mais de 10% dos pacientes:
Indicações: é utilizada para tratar o tratamento de esquizofrenia, transtorno bipolar esquizoafetivo, mas ainda pode ser usada para o tratamento de transtorno depressivo maior (TDM) em conjunto com um antidepressivo.
Forma farmacêutica: comprimidos de 10 e 15 mg.
Posologia:
1. Esquizofrenia: a dose é de 10 mg ao dia ou 15 mg ao dia, independente das refeições. Não é recomendado aumentar a dose antes de duas semanas, que é o tempo necessário para atingir o estado de equilíbrio.
2. Transtorno Bipolar: a dose eficaz neste caso é de 15 mg uma vez por dia, utilizada como único medicamento ou em conjunto com lítio ou valproato de sódio, independente das refeições.
Pode-se aumentar a dose para 30 mg por dia sempre embasado na resposta clínica do paciente. A segurança das doses maiores de 30 mg ao dia não foi avaliada.
Efeitos colaterais:
Indicações: o primeiro antipsicótico atípico é a opção mais usada para tratar esquizofrenia que não responde ao tratamento com outros fármacos, tendo a vantagem de poder diminuir a ideação suicida, mas tem várias contra indicações.
Forma farmacêutica: comprimido de 25mg.
Posologia:
1. Esquizofrenia resistente ao tratamento: dose inicial é de 12,5 mg, por via oral, uma ou duas vezes no primeiro dia, e depois 01 ou 02 comprimidos de 25 mg no dia seguinte. Vá aumentando aos poucos. A dose máxima é de 900 mg por dia.
2. Transtornos psicóticos que podem ocorrer durante a doença de Parkinson — se o tratamento dessa doença não for eficaz: começar o tratamento com 12,5 mg, por via oral, à noite. As doses administradas subsequentemente devem ser aumentadas 12,5 mg por vez, devendo ser de, no máximo, dois aumentos das doses na mesma semana sem, no entanto, ultrapassar os 50 mg. A dose máxima é de 100 mg por dia.
Efeitos colaterais (em mais de 10% dos pacientes):
Efeitos colaterais graves: agranulocitose — diminuição dos glóbulos brancos a níveis muito baixos — além de poder causar inflamação cardíaca (miocardite aguda).
Contra indicações:
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Esperamos que este artigo tenha sido muito eficiente para o conhecimento de médicos generalistas, psiquiatras e todos os que precisam ajudar um paciente psiquiátrico em crise, sobretudo no atendimento hospitalar de urgência, bem como em consultórios e clínicas médicas para acompanhamento do quadro!
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